Fora do Vestiário



Lílian começava à ficar nervosa. McGonagall estava com o braços em cima da mesa, alguns papéis podiam ser vistos espalhados por toda sua extensão; havia um que parecia ter sido lido à pouco tempo, pois ainda estava meio dobrado. Pelo que parecia era uma carta, tinha um símbolo que, de ponta cabeça, Lílian reconheceu sendo do Ministério da Magia, então algo grave havia acontecido; a professora respirou fundo, tentando disfarçar o quão horrível se sentia naquele momento, olhou nos fundos dos olhos de Lílian e falou:

 - Lílian, você ficou sabendo do casamento de sua irmã, certo?

 - Claro! - Lily ergueu as sobrancelhas. - Petúnia não queria que eu fosse por ser bruxa, ela me acha esquisita desde que entrei em Hogwarts, mas meus pais a obrigaram à me convidar, só que eu não fui, obviamente!

 - Então, ela se casou e já foi morar com o marido... Válter, não é mesmo? - McGonagall leu algo na carta do Ministério.

 - Sim. Professora, aconteceu alguma coisa com a minha irmã? - Lílian se viu desesperada. Mesmo tendo suas diferenças com Petúnia, ela a amava.

 - Não, não. - A professora suspirou. - Sua irmã está perfeitamente bem, quer dizer, na medida do possível...!

 - Como assim?

 - Lílian, essa carta do Ministério da Magia - McGonagall levantou o pedaço de pergaminho, - chegou logo cedo para o professor Dumbledore. Após lê-lo, o diretor me encarregou de lhe informar sobre o que estava escrito nessa carta, enquanto ele ia até o Ministério resolver alguns assuntos e aproveitar para falar sobre esse, em especial.

 - Professora, por favor! - Lílian implorou, seus olhos se enchendo de lágrimas. Mesmo não sabendo do que se tratava, a ruiva sentiu um aperto no peito enorme, como se algo tivesse sido arrancado de dentro de seu peito. - Por favor, eu não aguento mais! Vá direto ao assunto.

 - Esta carta... bem, esta carta dizia que... - McGonagall encarou Lílian, seu olhar era de quem sente muito e pede desculpas por ser a porta voz daquela notícia. - Dizia que, ontem no começo da noite, o bruxo das trevas, Voldemort, invadiu uma casa trouxa e matou um casal. Lamento dizer isso, Lílian, mas esse casal eram seus pais!

 A ruiva sentiu como se tivessem lhe estuporado. Suas pernas quiseram escorregar para fora da cadeira, junto com todo seu corpo; seus olhos não conseguiram conter o turbilhão de lágrimas, e Lílian começou à chorar. A ruiva foi escorregando lentamente da cadeira e acabou sentada no chão, abraçando suas próprias pernas e chorando, com a cabeça entre os joelhos; McGonagall levantou-se rapidamente e parou em frente a ruiva, que chorava copiosamente, soluçando sem parar. Lily sentia como se o seu coração tivesse sido quebrado em pequenos pedaços que, nem daqui à milhares de anos, ela conseguiria consertá-los; seu rosto inchou-se rapidamente, mas Lílian não conseguia parar de chorar e pensar no rosto dos pais, no último abraço, último beijo, última palavra! Era a pior dor que ela já sentira em toda sua vida.

 - Lílian, por favor, se acalme! - a voz de McGonagall estava embargada, ela parecia ter deixado cair algumas lágrimas. A professora foi até a porta e abriu-a. - Potter, pelo amor de Merlin, me ajude!

 - Lily! - Tiago olhou aterrorizado para a figura enrolada em si mesma no chão, próxima à cadeira que estivera segundos antes. - O que aconteceu? - o moreno correu até ela e levantou seu rosto, estava inchado e totalmente molhado.

 - Por favor, Potter! Eu não consigo fazê-la parar de chorar, me ajude! - McGonagall deixou cair mais algumas lágrimas.

 Tiago, mesmo com grande dificuldade, pegou Lílian no colo e sentou-a na cadeira; a professora acenou com a varinha e fez um copo de água aparecer em sua mesa. Lílian não conseguia nem mesmo tomar a água que Tiago lhe oferecia, a ruiva apenas tremia e chorava, seu peito parecia querer explodir. Lily fechou os olhos, imaginando o rosto de seus pais, a última imagem que vira deles antes de aparatar para a plataforma 9 3/4; então abriu os olhos e viu Tiago ali, parado à sua frente, com uma expressão de profundo terror e preocupação, sem entender nada do que estava acontecendo. Mas, o que realmente importava agora, era que ele estava ali! Qualquer um poderia estar com Lílian naquele momento, suas amigas, sua irmã, seus familiares, algum professor ou diretor, mas quem estava lá, demonstrando profunda preocupação com a ruiva, era Tiago Potter. Lílian não soube dizer se foi um sentimento de gratidão que sentiu naquele momento, mas, por impulso, abraçou Tiago e escondeu o rosto em seu pescoço.

 - Lily! - exclamou Tiago, retribuindo o abraço.

 Alguns minutos se passaram, até que Lílian parou de chorar e apenas soluçava. Tiago afastou-a e lhe ofereceu novamente o copo d'água, desta vez a ruiva não rejeitou, tomando tudo em apenas dois grandes goles. McGonagall observava tudo com tristeza no olhar, sentia como se tivesse sido a responsável por tudo aquilo, então caminhou até a garota e ajoelhou à sua frente, junto de Tiago.

 - Lílian, você tem que ser forte! - a professora segurou as mãos de Lily, demonstrando firmeza. - Você terá que superar isso não só por você, mas pela sua irmã também. Lembre-se que você terminará esse ano em Hogwarts com a cabeça erguida, sendo uma das melhores alunas, se não a melhor, então sairá daqui e começará à trabalhar de medibruxa, como sempre quis...

 - Não! - exclamou Lílian, encarando a professora. - Posso até ajudar no St. Mungus, mas acabei de mudar minha decisão!

 - Lily... - Tiago tentou falar algo, mas Lílian o interrompeu.

 - Serei auror! - Lílian encarava os dois com muita firmeza. Sim, ela estava realmente decidida. - Lutarei contra os bruxos das trevas, contra todos que fazem mal aos outros, para que ninguém tenha que passar pelo que estou passando! - As lágrimas voltaram à encher seus olhos, mas Lílian as conteve.

 - Lílian, você precisa se acalmar para pensar direito! - McGonagall levantou-se e enxugou os olhos. - Potter, acompanhe a senhorita Evans até a sala comunal, por favor! Eu mesma farei a ronda essa noite, nossa monitora precisa descansar.

 Tiago assentiu, ajudando Lílian à se levantar. O garoto foi levando Lílian pelos corredores, a ruiva cambaleava às vezes e parecia que ia lhe dar um crise de choro, mas ela levantava a cabeça, fungava e passava a mãos pelos olhos, recomeçando à andar. Tiago ainda não sabia o que havia ocorrido, mas tinha que ver Lílian bem de qualquer maneira, nem que isso custasse sua própria felicidade! Ao chegarem à sala comunal, Tiago se viu num problema: como levaria Lily para cima, se os garotos não podia entrar no dormitório feminino?

 - Tiago? Lily? - Anne aparecera e Tiago agradecera em pensamento.

 - Anne, leve Lílian para o dormitório! O que quer que fosse que McGonagall e ela conversaram, não fez bem algum à essa ruiva - Tiago ajudou Anne à se equilibrar junto com Lílian, então as duas sumiram pelas escadas que davam para o dormitório feminino.

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 Depois de um cansativo teste de quadribol, Tiago havia montado seu novo time: Anne seria a goleira; Sirius e  Lionel, um ruivo do 6º ano, seriam os batedores; dois artilheiros continuavam sendo os mesmos, Gunther, um garoto enorme do 7º ano e Jensey, um garoto pequeno mas extremamente talentoso do 4º ano. A nova artilheira era Elleny, uma loirinha do 5º ano que tinha uma rapidez incrível com a vassoura. Tiago, Sirius e Anne era os últimos no vestiário, a garota não parecia muito bem e Tiago presumiu que fosse por causa de Lílian; o moreno já havia contado para seus amigos o que ocorrera, mas não sabia o motivo para aquilo ter acontecido.

 - Anne, você sabe o que foi, não sabe? - Sirius sentou-se, sem camisa, em frente à morena.

 - Sei... - ela abaixou a cabeça, pesarosa. Tiago juntou-se à Sirius e esperou que Anne explicasse. A garota falou que já havia conversado com Remo e Pedro e que eles já sabiam de tudo, Jessie e ela haviam se encarregado de contar aos amigos. Contou-hes tudo que Lílian havia lhe contado, fazendo-os ficarem estarrecidos.

 - E como ela está? - Tiago sentia-se mal por sua ruiva. Apenas queria que ela ficasse bem.

 - Ah, não está muito bem! - Anne suspirou. - Lily tenta ser forte, mas nós percebemos que ela está se arrebentando por dentro!

 Os três ficaram em silêncio por um longo tempo, ninguém sabia o que falar para acabar com aquele clima horrível que havia se formado. Então, tudo aconteceu muito rápido. Um forte vento entrou pela porta do vestiário, assustando-os. Um barulho de feitiços sendo lançados invadiu o ar, fazendo-os correr até suas varinhas e se protegerem em qualquer parte.

 - O que é isso? - cochichou Sirius, encarando os amigos.

 - Vamos! - Tiago foi na frente, seguido por Anne e Sirius, respectivamente. - Nos jardins de Hogwarts haviam várias figuras cobertas com sobretudos e capuzes pretos, que lhes cobria o rosto. Fora isso, eles usavam máscaras. Alem deles, haviam outros bruxos que duelavam contra esses seres estranhos, eram aurores que trabalhavam no Ministério da Magia. - O que são eles?

 - Comensais da Morte! - exclamou Anne, horrorizada. Os feitiços voavam ao redor deles, então Tiago viu: Dumbledore. Ele duelava com alguns Comensais, mas estava ganhando de todos.

 - Voltem para lá! - Dumbledore gritou para eles, lançando um feitiço protetor neles, quando um Comensal tentava atacá-los. Os três jovens correram novamente para o vestiário e se trancaram lá, preparados com sua varinhas; Tiago e Sirius colocaram suas camisas e capas rapidamente, então se juntaram à Anne para se protegerem, caso algum Comensal resolvesse entrar ali.

 - Como isso aconteceu? - exclamou Anne, encarando os garotos.

 - Nossa, vocês tem noção de quem são eles? - os olhos de Sirius brilharam de excitação. - Comensais da Morte! Seguidores de Voldemort! Estão aqui, em Hogwarts, do lado de fora desse vestiário!

 - E o que isso nos ajuda? - Anne olhava-o, indignada com a animação do rapaz.

 - Nós podemos derrotar eles! - exclamou Sirius, encarando Tiago, que também estava com os olhos brilhando. - Pontas!

 - Almofadinhas, você tem toda razão! - Tiago sorriu. - Nós podemos ajudar à destruir esses desgraçados que só fazem mal para os outros.

 - Não, ele não tem razão. Tiago! - Anne estava perplexa com a burrice dos amigos. - Eles são bruxos das trevas e nós somos três adolescentes! Não temos chance nenhuma contra eles...

 - Mas podemos tentar! - Tiago continuava com seu olhar aventureiro.

 - Pensem, seus idiotas, pensem! - Anne estava ficando exasperada. - O que está acontecendo fora desse vestiário é uma guerra, não mais uma partida do Clube de Duelo! Vocês podem morrer. E vão!

 - Claro que não! - Sirius sorriu, junto de Tiago. - Somos capazes de vencer!

 - Não agora! - Anne argumentava. - Ainda não terminamos o 7º ano, não sabemos nem um terço do que eles sabem! Pensem nas pessoas que vocês amam, quanto iriam sofrer sem vocês... pensem em,... Tiago, pense na Lílian! Ela precisa de você nesse momento!


 - Lílian? - o sorriso de Tiago sumiu e seus olhos foram perdendo o brilho aventureiro. - Sim, ela precisa de mim!

  Os três se encararam, haviam acabado de perceber que tudo estava silencioso lá fora. Esperaram mais algum tempo, então saíram, cautelosamente; fora do vestiário, Dumbledore se encontrava parado em pé, contemplando o céu. Tiago e Sirius pararam um de cada lado do diretor, enquanto Anne parou em sua frente.

 - Professor? - a garota chamou-o, cautelosamente.

 - Vocês estão bem? - Dumbledore olhou para cada um, como se avaliasse-os.

 - Sim! - falaram, em uníssono. Anne prosseguiu: - O que foi isso? Onde estão todos?

 - A guerra começou, agora só nos resta rezar e batalhar para que tudo acabe de uma vez por todas! - Dumbledore suspirou, pensativo. - Todos foram embora, continuar a guerra fora de nosso colégio.

 Após dizer isso, Dumbledore mandou-os para seus dormitórios. Agora tudo estava mais claro que água, a guerra fora oficialmente iniciada e todos precisavam se unir, de uma vez por todas, para terem alguma chance contra as forças do mal e toda a desgraça que poderiam trazer. 

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