As Trevas Aparecem



 Alguns dias se passaram, Lílian continuava à não gostar de Tiago enquanto o garoto falava para quem quisesse ouvir que ele amava a ruiva, e agora era verdade. Remo ainda não tivera coragem de contar para Jessie que estava apaixonado por ela, mas seus pensamentos estavam sempre na loirinha gentil com quem conversava nas aulas de adivinhação; Sirius era o que mais gostava de zoar os amigos porque, para ele, os marotos estavam perdendo suas raízes.

 - Você verá o que é perder as raízes quando se apaixonar, Almofadinhas! - dizia Tiago, rindo da expressão de medo que o amigo demonstrava.

 - Sirius Black, namorando? Duvido que você ouça essa frase algum dia.

 Era sábado, o sol brilhava no céu do lado de fora do castelo e muitos alunos haviam aproveitado para descansar ao ar livre, ou até mesmo fazer seus deveres sem ficarem presos dentro de uma sala. Anne estava recostada em uma árvore, o vento fresco lhe acariciava o rosto, fazendo sua pele ficar esplêndida; Jessie fora visitar Hagrid, enquanto Lílian fazia sua ronda pelos jardins de Hogwarts.

 Sirius estava com uma garota do 5º ano da Lufa-Lufa, os dois se encontravam perto de um enorme carvalho; em meio à beijos e amassos, a garota sorriu e falou para Sirius:

 - Sirius, posso te perguntar uma coisa?

 - O que você quiser! - o casal não ouviu Lílian se aproximar, mas a monitora continuava fazendo sua ronda como sempre.

 - Minha amiga gosta do Tiago, sabe, aí ela queria saber se ele está mesmo apaixonado pela Evans...! - a garota deu um sorrisinho constrangido. Lílian havia escutado seu nome, então se escondera e esperara para ouvir mais.

 - Aquela moreninha? - a garota assentiu. - Ahh, que nada! O Pontas só fala isso porque ele quer ficar com a Lílian, você acha que ele se apaixonaria por ela? Nãaaaao!

 - Vocês dois, parem já com isso! - exclamou Lílian, pegando-os de surpresa. - Voltem já para perto do castelo, aqui é proibido fazer esse tipo de coisa.

 - Lílian, você estava aí faz muito tempo? - Sirius coçou a cabeça, enquanto a garota voltava correndo para o castelo.

 - O suficiente, Black! Agora volte para lá, não vou falar de novo! - Sirius voltou apressadamente para os jardins mais próximos de Hogwarts, queria falar com Tiago. - Pontas, que bom que eu te encontrei!

 - Fala ae, Almofadinhas! - Tiago sorriu, estava deitado na grama junto de Pedro, pois Remo também fazia a ronda. - Onde está a Carol?

 - Que Carol? Ah, a garota da Lufa-Lufa! - Sirius sentou-se no chão, ao lado de Pedro, que começava à roncar. - Então, ela me perguntou se você gostava mesmo da Lílian, porque uma amiga dela quer ficar com você...

 - Eu já te falei que vou conquistar a Lily, não vou ficar com mais ninguém até conquistá-la!

 - Então, mas eu tinha meio que esquecido disso, então falei pra ela que você só disse isso porque queria ficar com a sua ruivinha, só que a Lílian estava fazendo ronda por alí e ouviu isso - Sirius se preparou para o chilique de Tiago.

 - E o que ela falou?

 - Disse que tinha ouvido o suficiente! Aí me mandou embora dali... Por quê? - Remo voltara e estava sentando ao lado de Tiago, quando Sirius acabou de falar. Tiago voltou-se para o loiro e falou: - Você viu a Lily por aí?

 - Sim, acabei de dar o meu relatório para a McGonagall e ela estava lá...Por quê? - Remo bocejou, recostando-se num tronco.

 - Ela falou alguma coisa sobre mim? Ou parecia irritada?

 - Não! - Remo ergueu uma sobrancelha. - Ela estava normal, acho que nem lembrava que você existia!

 Tiago pareceu ficar um pouco decepcionado, mas sorriu e voltou à deitar na grama; Sirius e Remo se encararam e deram de ombros, deitando e fechando os olhos. Próximo dalí, Lílian e Jessie conversavam com Anne, que parecia um pouco assustada; o Profeta Diário estava aberto em seu colo, mostrando uma imagem assustadora logo nas primeiras páginas.

 - Mas o que está escrito exatamente? - indagou Lílian. Anne passou o jornal para a ruiva, que leu em voz alta.

 - "Nesta bela manhã de sábado, algumas ocorrências causaram um certo tumulto no Ministério da Magia. O atual Ministro não quis se pronunciar à respeito dos acontecimentos, mas muitos bruxos temem algo que poucos de nós sabemos o que é. Boatos dizem que, nestes últimos dias, alguns ataques foram feitos contra trouxas na região de Londres; aurores foram mandados para lá na intenção de descobrir e acabar com os ataques, mas a única coisa que encontraram foi um céu negro com um símbolo estranho: uma cobra saindo de dentro da boca de uma caveira. Este símbolo, dizem, está ligado com as artes das trevas, mas ainda não tivemos qualquer confirmação sobre o real fator que causou este estranho alvoroço!" - Lílian fechou o Profeta e encarou as amigas, horrorizada. - Ataques contra trouxas em Londres? Arte das trevas? O que está acontecendo?

 - Foi o que eu disse! - exclamou Anne, pasma. - Algo muito estranho está acontecendo, mas ninguém quer falar nada.

 - E esse símbolo! - falou Jessie, perplexa. - Uma cobra saindo da boca de uma caveira? Definitivamente não é boa coisa!

 - Será que Dumbledore sabe o que está acontecendo? - os olhos de Anne brilharam, a curiosidade estava falando mais alto naquele momento. - Será que ele vai falar alguma coisa no jantar dessa noite?

 - Com certeza Dumbledore sabe de algo! - Lily pensou por um instante. - Pode ser que ele fale alguma coisa, mas não creio que falará grandes coisas.

 - Pelo menos esclarecer algumas dúvidas ele vai, não vai? - Jessie encarou as amigas, mas ninguém disse uma única palavra. Como se algo ruim estivesse para acontecer, o céu começou à escurecer e, em poucos minutos, a chuva desabou do imenso céu negro.

 Os alunos estavam em suas salas comunais, a chuva começara de manhã e continuara por toda a tarde, estragando o dia de todos. Os marotos conversavam animadamente próximos à uma janela; Lílian, Anne e Jessie estavam passando, então Sirius chamou-as.

 - Garotas, por quê você não ficam aqui com os marotos?

 - Porque não queremos! - exclamou Lílian, virando-se para ir na direção oposta da sala, mas Remo não queria que Jessie também fosse, então resolveu ser um pouco persistente.

 - Vamos, nós prometemos que não vamos ser chatos! Podemos até virar amigos de vocês - Remo sorriu, encarando as garotas. Elas pareceram pensar por um tempo, então cochicharam alguma coisa e resolveram ficar. - Então, sobre o que falavam?

 - Ah, algumas coisas do Profeta Diário, e vocês? - Jessie estava sentada de frente para Remo.

 - Nada demais - Sirius deu um sorriso maroto, mas disfarçou ao encontrar o olhar reprovador de Tiago. - Estávamos falando de quadribol e coisas do tipo, mas você não vão se interessar...

 - Quadribol? Eu amo quadribol! - exclamou Anne, sorrindo. - Vocês fazem parte do time, não é mesmo?

 - Sim! - Sirius pareceu se animar com a conversa de Anne. - Sou batedor e Tiago é apanhador!

 - Verdade... eu vou fazer os testes para entrar no time! Quero ser goleira - a morena sorriu e continuou a conversa com Sirius, que parecia bastante animado com os interesses esportivos dela.

 Remo e Jessie ainda falavam sobre a notícia do Profeta Diário; Pedro lia um livro (?) ; Sirius e Anne conversavam sobre quadribol e Tiago e Lílian olhavam para lados opostos. O moreno chegou mais perto de Lílian e cochichou um "oi".

 - Oi, Potter!

 - Tiago! - o garoto sorriu, mas Lílian não parecia nada feliz com aquilo.

 - Er,...Potter! - a ruiva encarava-o, mas queria sair dali.

 - Lily, eu sei que te decepcionei, mas não sei mais o que fazer e nem o que falar pra fazer você enxergar o quanto significa para mim! - Tiago estava sendo sincero. - Eu te amo, já falei para todos. Eu posso ser tudo o que você quiser, posso estar com você para sempre, e é você que me faz bem! Sem você eu não consigo dormir. Você é tudo o que eu quero!

 - Incrível! - exclamou Lílian, rindo na cara de Tiago. - Primeiro você diz que me ama, a escola toda fica sabendo, você me maltrata na frente de todo mundo e diz que nunca amaria alguém como eu; depois que eu já te odeio mais do que odiava antes, você vem me pedir desculpas por algo que eu nem me importava, porque você não significa nada para mim; e, por último, você começa à falar que me ama, que em todos esses anos me chamou pra sair só porque queria ficar comigo, mas que agora me ama de verdade, fala isso pra escola inteira, e espera que eu acredite na sua cara de pau? Francamente, Potter. Eu não sou retardada!

 - Por que você tem que tornar as coisas tão complicadas? - exclamou Tiago, olhando no fundo dos olhos da ruiva. - Eu gosto de você do jeito que você é, Lily. Eu morreria por você! Será que é tão difícil entender que eu te amo de verdade?

 - Claro que é! - Lílian estava começando à se irritar com a petulância de Tiago. - Você é um dos maiores 'pegadores' de Hogwarts e quer que eu acredite que você se apaixonou por mim? Potter, eu nunca gostei do seu jeito. Todo metido, se achando o melhor, pegando qualquer uma, deixando as garotas caídas aos seus pés... eu nunca ficaria assim por ninguém, e você não será o primeiro! Você só quer que eu seja mais uma na sua lista, mas isso eu não serei. Nunca!

 - E o que eu faço? - Tiago já estava exasperado.

 - Prove! - gritou Lílian, fazendo a sala comunal silenciar. - Se é do jeito que você fala, então prove, e depois nós conversamos! - a ruiva levantou-se antes que Tiago pudesse dizer alguma coisa e saiu da sala comunal, era hora do jantar.

 - O que foi aquilo? - questionou Anne, enquanto todos iam para o Salão Principal.

 - Ela não acredita de jeito nenhum que eu me apaixonei por ela! - exclamou Tiago, então viu a expressão da morena. - Ok, eu sei que é difícil de acreditar, mas eu realmente me apaixonei pela Lílian! Então eu estava tentando convencê-la disso, só que ela se irritou e disse que, se o que eu sinto for de verdade mesmo, eu tenho que provar para ela... mas não sei como fazer isso!

 - Nós te ajudaremos! - Jessie deu uma piscadela. - Olha ela alí!

 Todos se encaminharamaté onde a ruiva estava sentada, as garotas sentaram ao lado dela e os marotos ficaram ao redor. O jantar ocorreu normalmente, porém, Dumbledore levantou-se e pediu silêncio. O diretor parecia mais cansado do que de costume, seus olhos expressavam grande agonia por algo que todos desconheciam; sua barba branca estava maior, parecia que o diretor não a cortava à alguns dias.

 - Boa noite à todos! - sua voz reçoou por todo o salão, fazendo os último cochichos se encerrarem. - Gostaria de lhes falar sobre algo que tem preocupado muito o Ministério da Magia. Entretanto, o Ministro não aprova o que estou prestes à fazer: contar tudo o que sabemos. - Os cochichos recomeçaram, mas Dumbledore ergueu uma mão e nem um silvo de coruja pode ser ouvido. Então, o diretor prosseguiu. - Já fazem dias que os trouxas estão sendo atacados, não só em Londres, mas em outros locais também. O Ministério fez inúmeras pesquisas e, finalmente, descobriu que se trata de um terrível bruxo das trevas que, por um terrível acaso, estudou aqui em Hogwarts. - O diretor parou por um momento, organizando seus pensamentos. - Não se sabe bem o porquê, mas parece que este bruxo busca o poder máximo e não gosta muito de trouxas e mestiços! Para ele, os verdadeiros bruxos são os de sangue puro, nascidos totalmente em famílias bruxas, sendo que os bruxos mestiços e os trouxas merecem morrer. Infelizmente, alguns bruxos compartilham essa ideia com ele, então resolveram se juntar à causa e, por essa causa exclusiva, uma guerra parece estar se formando! - Muitos alunos ficaram aterrorizados, outros se chocaram um pouco e, alguns, sorriram com o que acabavam de ouvir; mas, Dumbledore continuou seu relato. - Este bruxo das trevas já se pronunciou, mas isso ocorreu uma única vez e foi somente como o Ministro, que diz que o bruxo se auto denomina Lord Voldemort e que não ficará satisfeito até que a raça pura reine. Seus seguidores estão sendo chamados de Comensais da Morte e tem feito muitas vítimas.

 - Professor?! - Jessie levantou a mão, atraindo todos os olhares para si.

 - Sim, senhorita Lohana?

 - O senhor disse que uma guerra estava començando, não foi? - Dumbledore afirmou e fez um sinal para que ela prosseguisse. - Então, isso quer dizer, que nós teremos que escolher se queremos lutar do lado do bem ou do lado do mal?

 As conversas inundaram o salão, todos queriam saber se estavam se preparando para uma guerra. Dumbledore pediu para que se acalmassem, então explicou:

 - Sempre devemos lutar contra o bem ou contra o mal, senhorita Lohana, mas ninguém está pedindo para que a senhorita escolha um lado! - Dumbledore pensou por um momento, então falou com uma enorme intensidade. - Chegará o dia em que ninguém conseguirá escapar dessa guerra, então deverá escolher entre defender quem ama, buscar poder ao lado de Voldemort ou fugir feito um covarde!

 O silêncio reinou, todos pareciam pensar no que o diretor acabara de dizer. Pedro ficou petrificado no lugar, parecia ter levado um soco no estômago; Anne e Lílian conversavam sem parar; Remo, Tiago e Sirius apenas se entreolhavam; e Jessie refletia sobre o assunto. O terror podia ser visto no olhar de vários alunos.

 - Espero que tenha esclarecido algumas dúvidas. - Dumbledore foi andando para trás da mesa dos professores, onde havia uma porta. - Agora, gostaria de me deitar. Tudo está tão cansativo ultimamente...! Boa noite à todos.

 Dumbledore saiu do Salão Principal, seguido dos professores. Os alunos também começaram à sair dali, indo para seus dormitórios, perplexos. Se o que o diretor falara era verdade, muitas coisas ruins ainda estavam por vir, isso todos tinham absoluta certeza!

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