Praticamente entre família



Capítulo 5: Praticamente entre familia


Jhon não dormira bem nos últimos dias, seu nervosismo o consumia, no inicio a idéia do casamento tinha sido meramente calculista, mas agora seus sentimentos por aquela loira angelical e determinada eram muito maiores do que ele jamais esperou.


Ele estava deitado olhando para o nada em seu quarto, seu roupão de seda verde-escuro estava amassado, de repente houve um estalo em seu quarto um elfo com o nariz redondo e orelhas pontudas, usando uma fronha limpa com o símbolo dos Slytherin apareceu no recinto, fez uma referencia profunda que quase o fez tocar o nariz no chão e disse com uma voz esganiçada:


- Senhor Jhon, o seu pai quer ver o senhor lá em baixo...


-Para quê? – perguntou indiferente.


-Will não sabe meu senhor, seu pai apenas mandou chamá-lo e foi isso que Will fez – respondeu o elfo com outra profunda referencia.


-Diga a ele que já estou descendo – retrucou Jhon, o elfo havia interrompido seus pensamentos distantes.


-Claro, meu senhor – respondeu o elfo e com uma terceira mesura desaparatou.


Jhon ajeitou o roupão e desceu as escadas marmóreas da casa lentamente, pouco antes de chegar ao térreo ouviu a voz rouca de seu pai dizendo:


- Irei à casa do Gryffindor, o filho mais novo dele está com algum tipo de doença séria, o pobre coitado está arrasado, logo após perder a esposa o filho adoece de tal maneira – comentou distraidamente – Eu queria saber se você não vem comigo? Faz dois dias que não sai daquele quarto para nada saia um pouco tome um ar fresco...


- Não, meu pai, não vou à casa do senhor Godric, mas diga a ele que eu espero as mais sinceras melhoras ao pequeno Natanael – falou fingindo se preocupar com o garoto, ou ,como ele costumava pensar, “interpretando o papel de ‘amiguinho’ dos grifinoros”, mas acrescentando uma comemoração silenciosa em pensamento.


“Espero que o fedelho morra logo... Menos um daquela praga que são os Gryffindor” pensou subindo as escadas em um passo animado, pensando em Helena e imaginando-a em um belo vestido de noiva condizente com o poder e o dinheiro que ele tinha.


***


-Encontrei vocês! – falou uma voz fina que Helena sabia que pertencia a um garoto baixinho, robusto como a irmã mais velha com o cabelo cacheado até os ombros e os mesmos olhinhos miúdos e leais.


Helena e Arthur se afastaram um do outro rapidamente, mas o garoto vinha com um sorriso malicioso e disse em um tom cantarolado:


- Espero que eu não tenha atrapalhado os pombinhos – falou de um jeito como se fosse pedir algo em troca de não contar o que vira – mas Helena sua mãe chegou e me pediu para vir chamá-la...


-Chego lá em um minuto... – respondeu ela sem se preocupar com o olhar ameaçador que vinha daquele garoto.


- A mana não vai gostar nem um pouco quando descobrir que a melhor amiga está com o cara que a Nat está afim – cantarolou rindo.


- O que você quer Nelson? – perguntou Arthur tentando não deixar transparecer sua irritação – Eu e Helena estávamos apenas conversando...


- Sei... Conversando... Claro... – murmurou o garoto interrompendo Arthur, depois acrescentou em voz alta – Deixa pra lá, vou fingir que nem vi... Aliás, ver o que?


Helena revirou os olhos e andou apressadamente pelos jardins, subindo as escadas da entrada principal da casa com facilidade, atravessou a sala, abriu a porta da cozinha e viu o senhor Godric com uma expressão abatida e vazia no rosto, sua mãe ao lado dele com um chá na mão.


- Godric, não precisa se preocupar, ele vai melhorar, você sabe que a Helga sempre consegue curar alguém quando quer, o seu filho não está com nenhuma doença de natureza debilitante, você vai ver... Em poucos dias o Natanael vai estar subindo e descendo essas escadas correndo...


Godric deu um gole no chá que Rowena ofereceu-lhe, não iria discutir com a mente brilhante de Hogwarts.


Rowena ao perceber a presença de sua filha caçula, virou-se para ela e disse ao ler seus pensamentos um silencioso “cuidado”. Helena entendeu o recado silencioso passado por sua mãe e perguntou então:


-Mandou me chamar, mamãe?


-Mandei sim, o Salazar está prestes a chegar e... – ela parou um pouco refletindo sobre as palavras certas – ele não sabe do ocorrido na noite de anteontem e creio que será melhor se ele descobrir por seu filho...


“Em outras palavras, ele não sabe que Jhon me pediu em casamento e a senhora acha melhor que ele descubra pelo próprio...?” pensou Helena e acrescentou logo em seguida:


- Não precisa falar em códigos mamãe, o senhor Godric provavelmente já sabe disso... – falou tranquilamente


- Exato – falou Rowena respondendo a pergunta mental de Helena – Mas as paredes tem ouvidos, minha filha...


Assim que Rowena acabou de falar Pixie aparatou na cozinha, fez uma reverencia e com um sorriso forçado disse com sua voz áspera:


- Senhor Gryffindor, meu senhor, o senhor Salazar acabou de chegar...


- Certo Pixie – falou Godric distraído – já estou indo recebê-lo...


Godric se levantou lentamente, como um leão cansado e caminhou até a porta, sendo seguido pelas duas Ravenclaw, Pixie se dirigiu ao fogão a lenha resmungando sobre ter tanto convidados na casa.


Ao entrar na sala Helena viu o senhor Salazar em uma bela roupa pela qual poderia, facilmente, se passar por um nobre nas ruas, ao avistar Helena e sua mãe sua expressão se retorceu um pouco, ele fora dos fundadores o único que tivera alguma espécie de preconceito quando Rowena se casou com um trouxa, no final das contas ele estava certo, o pai de Helena fugiu no mesmo instante em que descobriu que sua mãe era bruxa, chamou-a de demônio entre outras palavras mais ofensivas, entre lágrimas Rowena apagou a memória dele e o confundiu, para ele pensar que havia se perdido, ou algo do gênero, e voltou para casa...


- Olá Salazar – falou cordialmente Rowena.


-Olá Rowena – respondeu ele de uma forma seca, tentando disfarçar ao máximo certo desprezo em sua voz.


- Godric, nós iremos caminhar nos jardins, tenho que conversar algo com a minha filha em particular... – disse Rowena com um leve aceno de cabeça ao se dirigir a porta e fazer um sinal para que sua filha a seguisse.


***


-Você está se metendo no meio do fogo cruzado – falou Rowena tranquilamente assim que se afastaram do belo casarão – Saiba que o Jhon não irá desistir de você tão fácil e o Arthur... bom... ele com certeza deixará a escolha em suas mãos, mas não vai lhe forçar em nada, mas não se engane ele vai brigar por você se necessário...


-Minha mãe eu sei que me meti em um grande e complexo problema, mas o que eu posso fazer? Se me caso com o Arthur serei perseguida pelo resto da vida por um homem possessivo e autoritário, mas se me caso com o Jhon faço o que não acho certo e digno, além do mais estarei acabando com o meu grande amigo... – falou Helena com a voz instável, mas controlada.


-Não sei, minha filha, eu não tenho solução para tudo, mas pense... existem, muitas vezes, mais soluções a nossa frente do que conseguimos enxergar, se você conseguir dê tempo ao tempo e espere um pouco, vejo que já está decidido que você irá se casar com o Arthur, mas não sabe como comunicar o fato ao Jhon – Helena confirmou levemente com a cabeça e Rowena continuou com uma voz que soava sábia e tranqüila – então foque-se nesse ponto, pense! Você é uma Ravenclaw! Pensar é um dos nossos muitos atributos!


***


Jhon estava cansado de ficar em casa, por mais que odiasse admitir seu pai tinha razão ele deveria sair de casa um pouco... Mas aonde iria? A resposta lhe veio a mente assim que a pergunta se formulou, a casa dos Gryffindor, não lhe custava nada interpretar o seu papel mais uma vez, mas estaria em território inimigo, e não havia pessoa pior nesse mundo para se suportar do que o Arthur Gryffindor, mas no fundo ele sabia que teria suas recompensas, se Rowena estava lá certamente Helena estaria junto dela.


- Will! Seu imprestável! – chamou aos berros o elfo que o servia que logo apareceu em seu quarto com uma profunda reverencia – Mande preparar um cavalo para mim, vou sair...


-Sim senhor, meu senhor – falou e com outra mesura desapareceu.


***


-Lena – falou Arthur, mas ao ver Rowena corrigiu-se – Helena eu quero falar com você...


- Vou voltar para dentro – falou Rowena e completou com um olhar significativo para a filha – Está ficando tarde, mas o Godric nos ofereceu um quarto para cada para passarmos a noite... Creio que teremos mais uma visita ainda hoje...


- Certamente, mamãe – falou Helena se perguntando “Que visita?”.


Rowena se virou em um movimento gracioso e se encaminhou ao belo casarão que sob a luz da lua assumia um toque misterioso e mágico. Helena e Arthur passaram a caminhar no jardim até um banco feito da madeira de um Salgueiro.


- Lena... Eu... Eu... Eu queria saber algo de você... – falou Arthur buscando coragem em seu intimo.


-Diga Arth... – falou Helena sentindo seu coração disparando em seu peito, temendo que as batidas apressadas dele se fizessem audíveis


***


Jhon se arrumou apressadamente e desceu as escadas de sua casa com agilidade, seria uma surpresa para os Gryffindor o verem em sua casa, assim de bom grado, sem provocações, sem armas, sem artimanhas, mas seu motivo real era Helena, a sua mente só pensava nela, o que ele podia fazer?


Seu cavalo negro chamado Nightsky estava perfeitamente escovado, o pelo brilhando com a lua prateada refletida, se vestia com alguma simplicidade, pelo menos para ele era uma vestimenta simples, mas ainda assim era uma roupa luxuosa.


Rodolphus passou-lhe seu casaco com uma espada embainhada no cós, Jhon vestiu-o sem dar atenção ao criado que murmurava algo ininteligível sobre umas criadas da cozinha. Sem mais delongas montou o corcel e, tomando proveito de seu corpo magro, o acelerou parecendo uma sombra veloz no meio da noite.


***


-Er... Eu queria saber... se... se... – ele parou de falar e tomou fôlego, não iria bancar o covarde logo agora – Você aceitaria se tornar a minha esposa? Sei que no momento não tenho nenhum anel para lhe propor em casamento, mas resolverei isso assim que meu irmão melhorar...


Helena simplesmente o abraçou e disse em seu ouvido um animado ‘sim’ quase chorando de alegria, agora ela tinha certeza absoluta de que não se casaria com o barão, mas ainda por cima se casaria com o homem pelo qual ela se apaixonara desde muito cedo.


***


Jhon cavalgava tão habilmente que em poucos minutos entrou nos jardins dos Gryffindor e, por mais que odiasse admitir, o jardim era exuberante, lindo e com uma perfeição cálida e aconchegante, mas assim que viu a loira com a qual sonhara durante anos abraçada ao Arthur, aquele grifinoro iria pagar.


O ciúme queimava nas veias do barão como um veneno das najas que sua família criava, sem pensar ele saltou do cavalo e olhou para Helena com uma expressão do mais puro ódio, mas por mais que tentasse não era dela que tinha raiva, era daquele garoto metido a herói do Arthur Gryffindor.


Os dois se separaram rapidamente, esse não era o modo que Helena queria que Jhon descobrisse, mas parecia que agora estava tudo feito, o destino novamente havia bagunçado a sua vida, jogando-a para o alto, mas ela tinha de admitir que o destino tinha um senso de humor irônico...

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