Um pedido, um começo



Capítulo 1: Um pedido, um começo


Décimo quinto dia da construção do castelo de Hogwarts


Ano: 1002


Dia: Com base nas informações passadas por minha mãe e levando em consideração o calendário lunar, vigésimo segundo dia do oitavo mês


Motivo pelo qual este diário está sendo escrito: Segundo minha mãe, e esse é um pensamento que compartilho com ela, devemos escrever nossas experiências, sejam elas boas ou más, para que as gerações futuras possam identificar nossas falhas e não cometê-las, também é um meio de se passar conhecimento, que eu acredito ser o mais importante instrumento que se pode ter, principalmente porque conhecimento não pode ser roubado, pode apenas ser passado adiante e se não é passado adiante é perdido...


                Primeiro vou resumir os últimos quinze dias, desde que foi iniciada a construção do castelo de Hogwarts, um local onde todas as crianças bruxas poderão ser educadas sem medo de fogueiras, inquisições e demais torturas brutais demais para serem citadas.


                O primeiro andar do castelo já está quase terminado e a construção do segundo já foi iniciada, as masmorras estão prontas e nela há uma sala para os jovens seguidores do senhor Salazar Slytherin, ontem fui com o filho de Salazar, Jhon, a obra e fiquei estupefata com a quantidade de trouxas que trabalhavam, carregando pesadas pedras entre outros objetos, alguns agiam sob o efeito da maldição Imperius, outros eram pais de crianças que nasceram com magia em suas veias e buscavam uma maneira de ajudar a construir uma fortaleza para seus filhos e filhas.


                O barão, Jhon, disse que esse era o trabalho que todos os trouxas deviam executar e que esse trabalho brutal condizia perfeitamente com as habilidades dos trouxas; eu discordo dele e lhe disse que existem muitos trouxas com capacidade intelectual, mas que nas atuais circunstâncias esses que são dotados de alguma inteligência se esconderam para não serem queimados, os trouxas não tem culpa de suas mentes não serem aptas a magia, é algo como a sobrevivência na selva... Os bruxos desenvolveram a capacidade de dominar a magia e os trouxas não conseguiram enxergá-la.


                Sir. Godric Gryffindor é o fundador que mais se empenha na construção de Hogwarts, desde que sua esposa foi assassinada brutalmente em uma fogueira armada pela Igreja ele não pensa em outra coisa a não ser na construção do castelo; minha mãe diz que essa é uma boa maneira de ocupar a mente para o coração não doer tanto, todos sentimos muito a falta de Justine, mas nada se pode fazer, Arthur, o filho mais velho de Godric, não para de ajudar na obra e não se deixa apanhar chorando de jeito nenhum, mas no fundo sabemos que a família está abalada...


                O chapéu seletor, uma brilhante invenção do senhor Godric, em pouco tempo estará na cabeça da minha mãe para adquirir uma série de características que devem ter os Corvinos, provavelmente passará pela minha também, já que minha irmã fez o favor de desaparecer com alguma prataria para se casar, esse não foi um ato inteligente dela, diga-se de passagem, mas o amor é tolo, já me disseram, e cego.


                Sinceramente espero que esse diário não caia em mãos errantes, ou, que seja destruído, espero que quem o leia possa tirar de suas páginas algum conhecimento quiçá alguma boa história.


                Helena parou de escrever e fechou o grosso livro com páginas em branco, escrevendo em sua contracapa:


                O maior tesouro do homem é um espírito sem limites


                Esse diário pertence/pertenceu a Helena Ravenclaw, por favor cuide dele com o mesmo apreço de sua (antiga) dona.


                - Helena! Helena, minha filha, temos visita! – gritou Rowena Ravenclaw da sala, sua voz grave, autoritária, mas ao mesmo tempo suave e curiosa como sempre.


                Helena se levantou marcando a página do diário com a pena azul lápis-lazúli que havia ganhado a pouco tempo de sua mãe, ela andou graciosamente, como se flutuasse no chão e desceu as escadas sem emitir som algum.


                Assim como sua mãe Helena tinha longos cabelos de um louro tão claro que dava a impressão de ser prata, seu rosto oval tinha uma pele perfeita, branca como uma boneca de porcelana, Helena era alta e, diferente da maioria das mulheres da época, ela era magra usava sempre vestidos não muito vistosos, mas que dariam inveja a qualquer criada. Andava com graça e falava em um tom quase cantarolado, as palavras saiam da sua boca como música, seu olhos eram de um azul muito profundo, chegando a variar para um tom mais acinzentado quando chovia.


                -Quem é minha mãe? – perguntou Helena ao entrar na sala e ver sua mãe.


Rowena era mais baixa e mais gorda que sua filha, apesar de sua idade ainda demonstrava certa beleza que encantava muitos viúvos, ela estava usando um belo vestido negro com algumas pedrarias que o enfeitavam discretamente, assim como a filha ela não exibia muito luxo ao se vestir, ambas achavam perda de tempo.


Rowena saiu da frente da porta deixando o alto e magro cavalheiro entrar, Helena o reconheceu de imediato mesmo sem ter visto o rosto dele, ele estava bastante elegante, suas roupas ostentavam o poder que sua família possuía, sua voz rouca sibilava em todos os SS da frase, foi somente pelo sotaque que Helena o reconheceu, ninguém pronunciava as palavras do mesmo jeito que o barão Jhon Slytherin.


-Olá Rowena – falou cumprimentando-a com um beijo na mão e se dirigindo a Helena para o mesmo tipo de cumprimento – Olá Helena – falou repetindo o gesto.


-Olá barão – falou Helena olhando questionadoramente para sua mãe “O que ele faz aqui?” pensou e sua mãe apenas deu de ombros em um gesto imperceptível ao barão.


-O barão me disse que queria tratar um assunto comigo, mas eu já sei de que se trata e aviso de antemão que a escolha não é minha Jhon, mas a escolha é da minha filha... – falou Rowena despreocupadamente – Helena, se não se importa eu vou me deitar, estou muito cansada e hoje ainda tive de ir aquela maldita obra, aquilo está me matando – Rowena tossiu, ultimamente Helena se preocupava com a saúde de sua mãe, ela já não era mais tão jovem quanto antes e ainda tinha essa tosse que a atormentava noite e dia tirando seus momentos raros de descanso.


-Mãe, eu já lhe disse que quando quiser que eu a substitua nas freqüentes visitas basta pedir que eu irei, a senhora não está em condições de se colocar no meio daquela poeira... – falou Helena ao ajudar sua mãe a caminhar até o pé da escada e passando o apoio a uma criada que ajudava a tratar da saúde de Rowena.


-Eu estarei vigiando... – falou Rowena sem escutar as reclamações da filha


“Claro! Com uma mãe legilimente tem como se haver segredos nessa casa?” Pensou Helena e mesmo sem ver o rosto de sua mãe percebeu que esta sorria, Jhon observava calado e apenas se movimentou quando Helena disse para ele se sentar.


- Diga-me então, barão, a que veio? – perguntou Helena disfarçando toda a curiosidade de sua voz.


- Minha querida Helena, poderia parar com as formalidades durante este breve momento? – falou Jhon casualmente, mas em sua testa estava estampada a preocupação e o nervosismo que ele tentava tão bem disfarçar.


Helena revirou discretamente os olhos com o ‘querida’ e ficou esperando a resposta em silencio.


- Está bem! – falou Jhon finalmente – Eu ia pedir a sua mãe, mas como nessa casa parece que não existem segredos com ela, e, como ela disse que a escolha cabe a você, então é a ti que me dirijo...


Jhon retirou uma pequena caixa forrada com veludo verde de dentro das vestes, seus olhos normalmente negros e impassíveis tentavam não demonstrar o nervosismo em seu coração, ele se ajoelhou na frente de Helena e abrindo a caixa para exibir o anel que nela se encontrava disse:


- Helena Isabelle Ravenclaw, aceita se tornar a minha esposa? – perguntou Jhon.

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