Capítulo 8



Capítulo VIII


Flashback – Último semestre do último ano
Local: Drayton Manor High School - pátio
Horário: 16:35h
Quando:
25/Março – quinta-feira


Lily ainda estava na escola. Tinha que cuidar de sua matéria no jornal Editorial. Era sobre o protesto que houve em frente ao prédio B, por causa da proibição de óculos e bonés no interior da escola. A menina, por mais que soubesse que a maioria dos alunos não lia o Editorial, gostava de escrever o que lhe mandavam ou o que conseguia para a semana. Sua mãe costumava dizer que aquilo era seu dom. A escrita. Era a única coisa que Lily fazia sem achar que estava se sentindo diminuída. Sua mãe ficava contente por saber que os gastos com as toneladas de livros anuais que comprava para a filha não tinham sido em vão.


Naquela tarde, Lily ainda trabalhava em cima dos detalhes da edição com seus colegas. Sentia-se feliz por estar com aquelas pessoas, pois elas eram verdadeiras e pensavam no futuro. Todas queriam ter uma carreira em jornalismo, e Lily, não ficando muito atrás, almejava a mesma coisa. Seus pais lhe davam apoio e ela sabia que era capaz de fazer o sonho virar realidade. Já tinha ganhado concursos de redação ao longo dos anos e todas as vezes tinha sido muito elogiada. Seus pais eram muito orgulhosos dela.


Assim que saiu da salinha da redação do jornal, seguiu em frente até a saída, onde poucos alunos zanzavam por ali. Não queria interromper o ensaio de Jene, de modo que apenas sentou-se na mesma mureta de sempre e puxou um livro da mochila. Lily, sempre concentrada, não percebeu alguém atrás de si.


- Oi, Lily – a pessoa lhe disse, fazendo-a sobressaltar.


- Ai, caramba, James – ela reclamou – Que susto.


- Você é que nunca sai dos livros – ele riu, apontando para ela com a cabeça – O que vai fazer agora?


- Vou esperar a Jen sair do ensaio de Teatro e ir para casa. Ela vai dormir lá em casa. Por quê?


- Ah, nada. Achei que quisesse jantar lá em casa – ele lhe disse.


Lily e James já tinham saído da formalidade há tempos. Ele já tinha ido um monte de vezes em sua casa e ela à dele. A mãe de James tinha se interessado muito pela vida de Lily, e o pai achou-a brilhante (academicamente). Estavam tão íntimos que Lily se esquecia de Kelly (que não tinha tornado a falar com ela) e dos amigos de James. Conversavam no corredor com Marlene, Dorcas, Remus e Sirius, e Lily pouco ligava para o que os outros achavam. Lily estava sendo, pela primeira vez, feliz de verdade ali dentro.


- Não posso. Mesmo. Mas quem sabe amanhã – Lily sorriu, mostrando suas covinhas.


- Claro.


- Bem, acho que vou ver por que a Jen está demorando tanto. A aula de teatro já deveria ter terminado, não? – Lily olhou para o relógio.


- Acho que sim. Mas espere um pouco. Vamos conversar direito! – ele disse.


Lily riu. Ela estava com pressa. Seu estômago reclamava.


- Tudo bem, então vamos para a cantina. Estou com fome – Lily disse, puxando a mão de James.


Foram caminhando alegremente para a cantina.


- Então, como vai o seu projeto de Biologia? – James lhe perguntou.


Ambos faziam a aula, mas em salas diferentes.


- Estou quase terminando – Lily lhe disse – E você? – perguntou, enquanto dava uma mordida no cachorro-quente.


James riu.


- Nem comecei. Não estou com idéias.


- Eu fiz sobre a Síndrome Cri-Du-Chat. Quer uma dica? Escolha uma síndrome incomum. Tipo, a Carvajal, aquela em que as crianças nascem com cabelo branco – Lily lhe orientou.


- Ah, essa é uma boa! - James comemorou feliz.


Lily terminou o cachorro-quente e ficou olhando para as pessoas que raramente passavam por ali, tentando encontrar Jane.


- Olha, é melhor eu ir. Acho que a Jen saiu pelo outro lado e provavelmente está me esperando lá na frente – Lily disse, em um tom de quem se desculpa.


- Ah, claro – James concordou, sentindo-se mais vazio.


Então eles se levantaram da mesa e seguiram de volta para o jardim principal da escola. Jen também não estava ali.


Lily começou a ficar impaciente, mas James ria (ao menos por dentro).


James não parava de olhar para a menina enquanto ela averiguava o interior do prédio com os olhos.


Tinha uma coisa que ele precisava fazer.


- Lily? – ele James, hesitante.


- Oi, viu a Jen? – ela perguntou ansiosa.


- Hm, não.


- Ah.


James achou que não queria mais falar. Era melhor não avisar, mesmo.


Aproximou-se de Lily em um passo longo. Estava frente a frente com ela e colocou uma de suas mãos em seu ombro.


- Olha...


- O quê? – ela olhou, de esguelha, para os dedos de James em si.


Achou estranho aquilo. Parecia que... bem, parecia que ele fosse beijá-la. Lily, claro, quis rir, porque achava aquela idéia ridícula, por que, por céus, James Potter queria beijar uma impopular, ainda mais uma ruiva, que era tímida e que pouco sabia sobre beijos? No entanto, arregalou os olhos quando sentiu os lábios mornos e úmidos de James tocarem os seus. Estavam simplesmente colados nos dela e ele não os pressionava com força.


- Nos vemos amanhã – ele sussurrou ainda próximo dela. Pôde sentir a respiração acelerada e quente de James em seus ouvidos.


Então, seus dedos desenharam a linha de seu rosto e deu um passo para trás. Distanciou-se dela como se nada tivesse feito. Lily o olhava indagadora e confusa.


- Hm, eu... – ela engoliu em seco, sentindo que o mundo estava girando mais rápido naquele momento – Hm – ela fez de novo, e percebeu que James também estava surpreso – Vou procurar Jene no auditório – disse baixo, por fim, virando-se imediatamente.


- Lily, espere... me desculpe, okay? – ele disse, sem sair do lugar, apenas observando-a afastar-se dele.


Lily se virou.


- James, eu não sei por que você fez isso, de verdade... porque você tem namorada e... bem, você não está apaixonado por mim... ou está? – Lily fez uma expressão de quem tinha tomado um choque.


- Não posso lhe assegurar nada, Lily – James  lhe disse, sincero.


- Ah, não! – Lily gemeu, perdendo o ar – Você... você ama a Kelly, lembra?


- É melhor você ir procurar a Jene. Falamos disso amanhã, certo? – James aconselhou.


- Não sei se é certo esperar.


- É, é sim.


- Tudo bem. Eu...


- Até amanhã – ele falou e logo a deixou sozinha no jardim, rumando para casa.


Lily queria respostas.


O que, afinal, estava acontecendo entre eles?


~~~~ 


Narrado por: Lily Evans
Local: Prédio Lancelot
Horário: 08:30h
Quando:
01/SETEMBRO – domingo


Awn, eu ainda não estava acreditando. O James tinha ido até minha casa. Não que isso fosse novidade, porque ele já tinha estado no lobby algumas vezes, pelo que o Ploo tinha me dito. Mas ele comprou aspirina e Coca Diet. Só porque eu pedi quase chorando no telefone. Quero dizer, o Max nunca teria se prestado para sair do escritório e me fazer esse favor. Isso quando ele estava em casa, claro.


Não que eu estivesse morrendo de amores pelo James agora. Não era nada disso. Só achei um amor ele ter se deslocado para comprar uma Coca e aspirina para mim. Isso que ele tinha um jantar. E ele nem pareceu ficar chateado com o negócio de eu não ter podido acompanhá-lo. Acho que porque James viu o quanto eu estava realmente acabada de tanto ficar no prédio da Fitteen.


E eu achei um amor ainda maior quando eu atendi ao interfone às 08:28h, na manhã seguinte.


Eu ainda estava de camisola e de chinelos de pelinhos (eu gostava, okay? São fofos), mas tudo bem.


- Ploo? O que aconteceu? Aconteceu alguma coisa com o meu carro? – perguntei, porque era o único motivo de ele me interfonar tão cedo.


- Não, absolutamente não, Srta. É que... bem, aquele seu amigo de ontem está de volta – o Ploo me disse com certa impaciência na voz.


Eu quase engasguei com a minha saliva.


- O quê? O James está aí embaixo de novo? – minha voz saiu tão esganiçada que machucou meus ouvidos.


- Hm, é. O que faço? Mando-o esperar ou...


- Mande-o subir, okay? – falei, e aí me dei conta do que tinha dito.


Subir?


É, Lily. Você está de calcinha fio dental, camisola de patinhas e chinelos de pelinhos.


Claro, chame-o subir para me ver tão deplorável quanto jamais me vira.


Aí saí correndo para me trocar. Colocar qualquer roupa que não tivesse patinhas nem pelinhos.


Escolhi um vestido preto com estrelinhas, estilo vintage novamente (e daí? Kath sabia que eu amava aquele estilo), e calcei uma sandália fofa que minha mãe tinha me dado no Natal.


Não sabia como eu tinha me trocado com tanta rapidez, já que eu não era exatamente o tipo de menina rápida nessas coisas de se arrumar.


E, tudo bem, eu estava sem maquiagem, mas e daí?


E me esqueci de tirar a calcinha fio dental, mas e daí também? Ele não iria olhar para a minha bunda mesmo. Hm, achava que não, ao menos.


Quando a campainha soou, quase derrubei o leite desnatado da mesa da cozinha; não sabia por que estava tão nervosa. Eu o tinha visto na noite anterior, não tinha? Então, qual era o meu problema? Ai, caramba, eu estava parecendo a Lily Adolescente Boba e Tímida.


- Oi – falei sem fôlego.


Ele trajava uma camisa social, calça jeans e sapato.


Ele estava... bem, bonito naquela roupa (para não falar outra coisa, porque eu tinha namorado).


- Oi – ele sorriu e eu fiquei sem noção por alguns segundos. Ah, não. Tudo de novo, não! Lily, concentre-se, você não tem mais dezoito anos, mulher! – Só passei aqui para ver como você está. Hm, ontem você não estava muito bem – ele me disse.


- Eu sei, eu, hm, não estava mesmo bem.


- Conseguiu fazer o relatório?


- Consegui – eu disse com certo orgulho, porque, yeah, eu tinha mesmo conseguido terminar aquela maldição – Fiquei bastante tempo tomando café e tal, mas deu certo. O efeito do remédio para o sono parou de fazer efeito e a minha cabeça melhorou drasticamente depois da aspirina. Obrigada por aquilo. Max sempre se esquece de comprar analgésicos.


- De nada. Trouxe outra cartela por precaução – ele me falou, estendendo-me outra cartela de remédio.


Olhei-o surpresa.


- Oh, obrigada – agradeci.


Então ficou um silêncio incômodo, porque estávamos parados ainda na porta e eu não sabia mais o que falar.


- Hm, quer tomar café da manhã? – ofereci, olhando para a cozinha.


Agora ele ficou surpreso e eu gostei de sua expressão.


- Hm, na verdade... – ele ficou embaraçado e sem graça.


- Sem problemas – respondi, rapidamente.


- É que vou me encontrar com a Hannah – ele disse, um tanto quanto constrangido.


E então meu estômago roncou. Não era fome. Bem, era um pouquinho, mas era também por outra coisa.


Eu simplesmente sabia que rolava algo entre ele e essa Hannah! Ela era muito estranhinha por meu gosto e sempre estava olhando para o James de um modo muito carinhoso.


- Ah, vocês abrem o restaurante juntos? – perguntei como quem não quer nada.


- Hm, algumas vezes. Geralmente ela é que abre, já que ela cuida daquele lugar mais e melhor do que eu – ele riu.


- Aaaah – falei.


- E você? Que horas vai sair de casa?


Olhei para o relógio: 08:32h.


- A verdade é que eu já tinha que ter saído, porque tenho que passar na casa da Kath... – falei, meio que segurando o riso.


- Ah, ela ainda está sem carro? – ele riu.


- É, mas acho que até quarta-feira, ele estará de volta. Sério, eu não agüento mais ficar acordando mais cedo só por conta da corona dela – falei.


Ele assentiu.


- Hm, não quero lhe atrapalhar... então vou indo – ele me disse, sorrindo encantadoramente.


- Certo, também não quero lhe atrapalhar – retribuí sem saber o que realmente falar.


Despedimo-nos brevemente e ele se foi.


Eu voltei para a cozinha como alguém que tivesse acabado de ter um encontro com o Johnny Depp.


Terminei de me arrumar, me maquiei e liguei para Kath para ver se ela já estava pronta também.


Ela disse que estava pronta, então peguei o carro e o conduzi até a casa dela.


E ela mal acreditou na história que lhe contei sobre James ter aparecido duas vezes em meu apartamento. Na verdade, tudo o que saia dela era gritinho histéricos.


Um verdadeiro caos.


~~~~ 


Narrado por: James Potter
Local: Spring Restautant
Horário: 19:33h
Quando:
10/SETEMBRO – sexta-feira 


É, eu sei. Foi uma decepção os outros dias. Não tinha voltado a ver nem a falar com Lily. Eu estava ocupado verdadeiramente com o restaurante (por que o Finn simplesmente não começava a ter aulas de equilíbrio para conseguir parar de derrubar as travessas com os pratos e os copos?) e Hannah estava me atazanando acerca de assuntos pendentes com os fornecedores (de modo que tive que pegar o carro diversas vezes e ir tratas com os caras as dívidas pessoalmente). Achava que minha vida estava tão corrida quanto a de Lily. Ainda que eu não tivesse que trabalhar até a meia-noite, eu estava completamente aturdido com tantas tarefas diárias que nunca terminavam.


Até que era uma bela idéia eu estar tão atarefado, porque assim não tinha tempo para pensar em Lily. Certamente não tinha ido mais visitá-la. E ela tampouco entrou novamente em meu restaurante, porém, ainda assim, quando me deitava, perguntava-me o que ela estaria fazendo. Continuava na redação, trabalhando em cima de layouts? Ou será que estava jantando fora com o namorado? Bem, eu não tinha confirmações nenhuma, mas a julgar por aquela noite em que levei a ela a aspirina e a Coca Diet, Lily era realmente uma mulher muito explorada.


- E então? Quando vai voltar a vê-la? – Hannah tinha me perguntado certa manhã.


Eu estava limpando o balcão com cera para móveis claros enquanto ela tentava achar o número de um de nossos clientes (porque ele sempre encomendava nosso almoço, e Hannah queria perguntar se ele aceitava os rocamboles recheados). Eu não pude deixar de notar que a voz de Hannah estava elétrica, como se estivesse acabado de saber que o circo chegara à cidade.


- Não sei – falei – Ela tinha dito que podíamos marcar algo, mas nunca mais apareceu aqui nem nada, não é mesmo?


- Ligue para ela – ela sugeriu, decidida.


Eu ri baixo.


Hannah era a minha melhor funcionária, mas a mais maluca, também.


- Ela é muito ocupada.


- Sabe de uma coisa? Todos vocês usam essa desculpa para adiarem o que realmente importa. Quero dizer, eu não digo que estou ocupada quando o Sam quer me beijar, por exemplo – Hannah falou com voz aborrecida.


- Hannah, você nem é tão ocupada – falei, rindo.


- E mesmo se fosse não ficaria dizendo que estou.


- Que tipo de programa está freqüentando? O “Diga Sim, Sempre”?


- Não, seu bobo. Só acho que isso é desculpa, sabe. Você e ela ficam dizendo que estão atarefados só para não se verem.


- Mas ela não quer me ver, mesmo – dei de ombros.


- Ela pareceu não se importar naquele dia – ela me lembrou.


- Bem, ela não estava bem. O que poderia ter feito?


- Bem, de certo modo ela foi legal com você, ao menos.


- Sim, ela foi. Mas, sabe como é, ela tem namorado.


- Isso é outra desculpa – ela disse.


- Não, é um fato.


- Pelo que eu saiba, se você quiser sair com ele, o namorado dela não pode impedi-la.


- Claro que não, mas...


- Apenas convide-a – ela disse em um tom de voz mandão.


- Certo. Convidarei. Uma hora dessas.


- Você é tão... – ela procurou a palavra.


- O quê? – eu quis saber.


- Sabe como é, covarde.


Eu ri.


- Certo.


- E ela também.


- Tudo bem, não precisa maldizer dela, okay?


- Por quê?


- Ela não tem culpa. Talvez eu não a mereça mesmo.


- Cale a boca. Você sabe que isso não é verdade. Você já dormiu com algumas meninas e alguma vez deixou de pensar na Lily? Não, então. Isso quer dizer alguma coisa.


- Isso não significa que eu a mereça.


- Não, mas que ela merece você.


- Qual a diferença?


- Aposto como o namorado dela não se preocupa com ela tanto quanto você. E você sabe que as mulheres adoram quando os homens se preocupam com elas, mesmo que vocês não saibam o que fazer ou o que dizer.


- Ah. Verdade?


- Verdade.


- Bom saber. Vou praticar isso com a minha próxima namorada.


- Sério? – ela estreitou os olhos, odiando a idéia.


- É. Porque com a Lily não posso praticar isso, ou posso?


- Você podia ser amigo dela. Daqueles de verdade, sabe. Melhor amigo, se quiser.


- Mas não é isso o que quero.


- Sei que não, mas é um motivo para ficar sempre ao lado dela.


- Fala sério – balancei a cabeça – Você tem cada idéia...


- Se eu não as ter, você é que não vai ter, não é mesmo?


- Sou apenas diferente de você.


- É, talvez.


Então, fui para o estoque contar as caixas de vinho encomendadas.


~~~~ 


Narrado por: Lily Evans
Local: Prédio Lancelot
Horário: 23:21h
Quando:
12/SETEMBRO – terça-feira


Não pense que tinha me esquecido sobre aquilo. Eu só estava, como sempre, correndo por causa da Fifteen. E até parece que quando eu chegava em casa eu tinha ânimo para conversar com Maxxie. Bem, ele tinha, mas eu? Nem tanto. Tudo o que desejava quando chegava ao apartamento era de um banho quente e da minha cama. Às vezes da TV, para assistir algum episódio de The Good Wife ou House, mas nem sempre eu conseguia ficar acordada antes da primeira hora. Normalmente eu adormecia com o Maxxie prolatando algo que eu pouco me importava (geralmente era algo ligado à empresa, sobre despesas).


Então, naquela noite, eu decidi que não poderia mais adiar aquilo. Não que Max tivesse mentido para mim, porque o caso não era tão sério, mas com certeza tinha escondido de mim uma coisa importante. Não que ele fosse um príncipe dono de um castelo alemão, mas e a fortuna? Ele tinha uma fortuna que nunca me dissera. Não que eu fosse materialista ou avarenta, mas me esconder algo? Ele nunca tinha feito aquilo. Eu, sim. Mas isso era outro assunto (que com certeza nunquinha debateria com ele).


Eu estava tirando o meu vestido azul marinho enquanto Maxxie estava deitado em nossa cama, vagando entre os canais pagos. Eu não sabia como é que ele nunca chegava tão cansado em casa. Bem, tudo bem, ele não trabalhava tanto fora de casa, porque quase sempre estava de voltar entre as 18:00h ou 19:00h, mas mesmo assim. Ele se enfiava no escritório do apartamento e só saía de lá depois que conseguia responder a maior parte dos e-mails e telefonar para quem deveria conversar. Eu, por outro lado, só levava trabalho para casa quando tínhamos reuniões, por conta dos relatórios de layout.


- Ei, quer ver o quê? Estou entre Sangue e Chocolate e A Casa de Cera – Maxxie me perguntou.


- Tanto faz. Não podemos assistir a Project Runway?


- Por quê? Você nem gosta de moda! – ele riu.


- Eu gosto de ver – apertei meus lábios, indo para a banheira.


- Vai tomar banho?


- Vou.


- Está bem. Então depois que você sair, podemos ver seu programa, certo?


- Certo.


E entrei na banheira. Estava tão abatida que desejava dormir naquela água quente e cheirosa.


Não me demorei muito, porque senão não conseguiria pensar direito quando fosse conversar a sério com meu namorado. Então, enrolei-me na toalha, fui para o quarto e comecei a falar sem nem me vestir.


- Max... – tudo bem, eu tinha mentindo. Eu não estava tão decidida assim. Estava tão hesitante quanto qualquer mulher.


- Já vou mudar de canal, amor. Espere só essa cena – ele se apressou a dizer.


- Não é isso. Acho que precisamos conversar.


- Já estamos conversando.


- Não, conversar de verdade, entende. À sério.


- Sobre o quê?


- Sobre... a empresa.


- Por quê? Você nunca gosta de falar sobre isso!


- Não é da empresa realmente, é sobre você e a empresa.


- Como assim?


- Bem... você nunca me disse que ela dava tanto dinheiro.


- Você nunca me perguntou.


- Achei que não precisava. Que uma hora você fosse comentar.


- Lily, você nunca ligou para dinheiro, porque se ligasse, não estaria trabalhando naquela revista adolescente... sei que não a pagam tão bem e você vive repetindo que não é pelo dinheiro que está lá.


Okay. Por que ele sempre tinha que me ofender tanto sobre meu trabalho?


- É, é verdade... mas você sabe quanto eu ganho.


- E daí? Não entendi o motivo dessa conversa.


- Por que nunca me disse que é praticamente um milionário? – inquiri.


- Quem lhe disse isso? – ele tirou os olhos da TV e soltou uma gargalhada.


- Hm, um amigo. Ele sabe que a empresa vale muito.


- Bem, vale, mas vale tanto quanto qualquer outra de porte.


- Por que nunca me disse isso?


- Você não gosta de falar sobre negócios lembra?


- Falar sobre isso não é falar sobre negócios, é falar sobre a nossa vida.


- Não exagere, Lily. Você, por acaso, está infeliz?


- Não.


- Isso mesmo. E você nunca me pediu dinheiro. Você não precisa do meu dinheiro.


- É verdade, mas você poderia ter avisado que é um milionário. Porque, caso você não tenha reparado, está dormindo com uma mulher que apenas ganha o necessário e que nunca tem tempo para você.


- E daí?


- E daí que você poderia ter arranjado uma garota diferente, mais de acordo com o seu padrão.


- O meu padrão? – a voz dele se esganiçou – Você é o meu padrão!


- Não, você sabe que não.


- Ah, caramba. Qual é o seu problema?


- Nenhum. Só acho que...


- Lily, pare com isso. Você sabe que amo você. Não quero outra garota, okay? Se quisesse não estaria com você, Dividindo a minha vida com você.


- Você tem certeza?


- Não, eu adoro brincar com você e isso é mentira – ele ironizou – Claro que tenho certeza. Quer parar de ficar me perguntando sempre se tenho certeza quando digo que a amo?


- Tudo bem.


- Então... por que você não para com essa conversa e se deita aqui ao meu lado?


- Porque estou me trocando.


- Então pare com isso também.


E aí eu deixei a minha camisola nova na sacola e me juntei a ele, sem roupa alguma.



____

N/a: okay, estou adiantada o/ Eu tinha dito que postaria amanhã, mas eu ainda nem arrumei a mala e tenho que escrever mais e tudo, então acho que não daria tempo para postar amanhã. Por isso estou postando agora. Espero que estejam gostando *-* E obrigada pelos comentários, amores *-*

Nina H.


30/01/2011

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