Chave de portal



Rua dos Alfeneiros, nº 4. Não era só mais um verão na vida de muitos trouxas. O clima estava insuportável. Durante o dia um calor infernal queimava as gramas e tirava a cor das casas, já não tão imponentes da rua. Mas durante a noite, o frio era grande, vinha acompanhado de chuvas fortes e às vezes até nevava. Harry não se importava com nada disso. Ainda se lamentava pela morte de Sirius, perguntava-se como pode ser tão tolo a ponto de cair numa armadilha de Voldemort. Harry mais do que nunca queria fechar sua mente para esses sonhos compartilhados com o Lord das Trevas. A vida não era diferente com os Dursleys. Exceto pelo fato de Duda estar emagrecendo, harry deduzia que era pelo uso freqüente de drogas. Seus tios fingiam nada ver, mas no fundo sabiam onde seu querido filho estava indo. Harry estava saturado de viver daquele jeito. Queria ser maior de idade, partir para um lugar só dele, onde pudesse ficar quieto, sem ser incomodado constantemente com pedidos tolos de seus tios trouxas. Esse ano, não estava nem empolgado com o regresso a Hogwarts, o que normalmente seria ótimo para ele. Ultimamente pensava em como esvaziar a mente e se livrar dos Dursleys. Não queria responder as cartas de Rony e Mione. Não queria falar com ninguém, será que era difícil de entender, protestava o garoto. Até que numa noite fria, harry viu os primeiros flocos de neve surgirem do céu. Ele finalmente teve uma idéia, talvez não fosse tão brilhante, mas nas suas atuais circunstâncias, qualquer idéia que o levasse a ficar um bom tempo fora de casa, era agradável. Desde o episódio de Duda junto a um dementador, os dursleys não se incomodavam tanto com alguns sumiços do garoto. Até torciam para que ele deixasse de vez a casa.

Na manha seguinte, Harry acordou cedo, colocou os óculos e olhou pela janela. Neve grossa em toda rua. Saiu lentamente do quarto, fez um pequeno lanche e se retirou. Pegou uma pá na garagem de tio Valter, e andou pela rua. Mais ele deu de cara na porta de muitas pessoas de má vontade, ou por saberem da fama de garoto mau de harry. Ele já estava desistindo da sua idéia de tirar a neve das casas da vizinhança, quando ele viu uma pessoa acenando ao longe. Foi o mais rápido que pode, a neve não ajudava. Ele agora já não entendia por que a pessoa continuava acenando se o sol escaldante já dava seus sinais, derretendo calmamente a espessa camada de gelo. Harry chegou onde o a tal pessoa acenava, mas apenas encontrou neve e mais neve derretendo. Pensou que talvez estivesse enlouquecendo e a neve o atordoara por um momento. Ele resolveu voltar para a casa dos Dursleys, agora com um caminho aberto pelo sol. Provavelmente ele iria levar uma bronca do tio, os olhares frios de tia Petúnia e nada mais. E foi isso que aconteceu. Ele subiu as escadas, e cruzou com Duda e alguns “amigos” dele.
- Vai Dudão!Mostra pra gente como você tortura ele todos os dias!- falou animado um garoto.
- Hoje não estou com vontade.- mentiu Duda.- Amanhã talvez, hoje temos alguns assuntos a tratar e não podemos perder tempo com esse anormal.
- Você tem razão. Vamos embora.
- Vai tarde Dudiquinho!- respondeu Harry irônico.

Duda se virou para Harry. Ele teve a impressão que a raiva subiu a cabeça do primo de uma maneira maravilhosa. Era incrível como Duda temia Harry depois do episodio do dementador. Os amigos de Duda o incentivava a bater em Harry. Ele resmungou alguma coisa e eles saíram silenciosos, sumindo das vistas de Harry.

Pelo menos agora ele tinha algum motivo para se sentir feliz. Humilhou Duda na frente da sua gangue nojenta.
Ele entrou no quarto, tirou os casacos, pois o calor já tinha chegado. Aproveitou e foi tomar um banho. Escondido de seus tios, pois para ele, era permitido apenas um banho por dia. Voltou ao quarto com cautela, e começou a fazer o habitual dever passado para as férias. Hedwiges ainda não tinha voltado. Harry tinha esperanças de receber uma correspondência de seus amigos. Apesar dele também não ter se manifestado para mandar uma carta a eles. Estava muito triste com a morte de sirius, e queria ficar isolado do mundo onde ele parecia estar destinado a sofrer... até os Dursleys era melhor para ele, do que ter que suportar a dor de perder seus pais e sirius. Terminou um pergaminho de poções e resolveu para e descansar um pouco. Queria não pensar em nada. Mas uma coisa chamou sua atenção no final da rua. Ele se aproximou da janela, pra ver melhor. Era a mesma pessoa que estava acenando para ele naquela manhã. Harry saiu de casa, ainda deu pra ouvir os resmungos de tio Valter, mas ele estava mais interessado em saber quem era aquela pessoa que estava chamando sua atenção. Só que desta vez, a pessoa não sumiu.
- Olá. Você é harry potter?
- Não. O que você quer com ele?
- É confidencial. Só falando com ele em pessoa, trouxa.
- Ah...-então quer dizer que esse cara é bruxo...- pode começar a falar por que você esta falando com ele.
- E por que me negou?
- Por que não se pode confiar em ninguém...que eu não conheça.- se bem que eu também não sei se esse cara é um comensal. É melhor ficar atento a qualquer movimento estranho.-pensou.
- Dumbledore me mandou aqui. Ele precisa fala com você.
- E por que ele mesmo não veio falar comigo?
- Por que ele está ocupado com alguns assuntos importantes da Ordem. E um deles tem que ser tratado com você.
- Sei...e como vou chegar até ele?
- Ele me entregou essa chave de portal e disse pra te entregar.-disse o rapaz, entregando a harry um anel.
- Está bem. E qual...
Harry não concluiu a frase pois o rapaz já havia sumido. Não sabia se deveria usar aquele anel, poderia ser uma armadilha de Voldemort. Mas ultimamente, estava tão revoltado com a vida que não ligava se era uma emboscada ou não. Foi para um lugar mais tranqüilo e encostou-se numa árvore. Colocou o anel no polegar, e uma luz azul surgiu, o deixando cego por alguns segundos. Quando conseguiu enxergar novamente estava num escritório. Por acaso ele já conhecia. Era o escritório da casa dos Black.

Harry observou o lugar por alguns segundos, e reparou numa figura sentada em uma poltrona, com sua longa barba, e os óculos de meia lua sobre o nariz, deixando aparecer seu olhar calmo e tênue sobre o garoto.
- Dumbledore?quem era o garoto que me deu a chave e...
- Isso não importa agora harry. Temos que conversar.
- Pois então fale.- disse harry rispidamente, cruzando os braços.
- Como você sabe, a guerra começou. Ou melhor, ela só foi tomada como oficial, porque ela existe desde que o lord das trevas esteja vivo.
- É mesmo... você me surpreendeu...- falou sarcástico olhando para os tênis velhos que calçava.
- Sei que você ainda está balançado pela morte de sirius, e que não está muito feliz comigo. Mas eu não estou aqui conversando para que você volte a falar direito comigo. Estou aqui pra fazer o que Sirius faria se estivesse conosco.
- Ah que bom...estou lisonjeado por perder seu tempo comigo.
- Não estou perdendo tempo, estou querendo te proteger.
- Não seria melhor que eu morresse logo, pelo menos isso tudo ia acabar.
- Você está muito enganado harry. Se você morresse seria o começo de uma era temida por todos, e você sabe que as esperanças de milhares de pessoas estão depositadas em você. Eu sei que você precisa de um tempo. Mas na rua dos alfeneiros é que não pode ser. Já detectamos sinais de comensais rondando por lá.
- Fico tão aliviado por estar aqui...
- Pela sua expressão, não é isso, mas não faz mal, suas coisas já estão num quarto. Edwiges já está lá a sua espera.
- E quem te disse que eu quero ficar aqui?
- Ninguém. É necessário. Ah não ser que você prefira ficar com seus tios, e decepcionar seus amigos. Eles não iam gostar de ficar aqui sem a sua companhia.
- Que amável. Vou ficar por eles, não pense que é por que você acha perigoso ficar na rua dos alfeneiros.
- Faça como quiser. Agora tenho que ir, tenho muitas reuniões, até mais Harry.-disse dumbledore no seu tom calmo de sempre.
- Velho irritante...-falou Harry quando dumbledore havia saído de vista.-é incrível como consegue ficar calmo, mesmo nas horas que eu tento irrita-lo. –retrucou.

Saiu do escritório e seguiu para a escada. Cada pedaço da casa lembrava Sirius. Era como se a cada passo harry visse Sirius em cada porção de pó, num arranhão da mobília... Sirius era o ultimo que Harry considerava um familiar que pudesse contar sempre. Não que desconsiderasse todos os outros. Ele tinha se tornado uma espécie de pai para Harry. Chegou no quarto onde ia passar o resto das férias. Era o quarto que dividia com Ron. Edwiges estava empoleirada numa cadeira, esperando o dono chegar. Harry acariciou a coruja branca, e a colocou na gaiola. Tinham duas cartas. Ron e mione.


Harry,


Como vai cara? Por aqui na Toca está muito tedioso. Fred e Jorge vivem na loja. Mamãe está angustiada com tudo que esta acontecendo. Papai tem trabalhado muito, além das reuniões secretas... Gina viajou com Luna, ela preferiu ficar com a lunática a ficar aqui em casa. Sorte que breve eu também estarei ai com você. Desculpe não ter dado noticias nas férias, mas mamãe acha que a coruja poderia ser interceptada. Nos vemos logo então. Até mais,


Ron.


Harry ficou um pouco animado com a carta do amigo. Por mais que quisesse era impossível ficar frio com os dois.


Querido Harry,


Como você está? Sei que essa não é a pergunta mais apropriada para o momento, mas não vejo outro modo de começar. Estou em casa, preferi não viajar essas férias, devido as atuais circunstancias. Eu e Ron iremos passar as férias com você em poucos dias,espero. Harry saiba que pode contar comigo sempre. Eu não vou ligar se você estiver irritado, eu sei que está passando por uma fase muito conturbada,pode desabafar. Estou feliz de saber que você já está seguro ai na casa da ordem. Estive muito preocupada. Beijos, até mais,


Hermione.


Era incrível como ela sabia dizer as coisas certas nas horas precisas. Na maioria das vezes, isso não significa que sempre ela acerte o que as pessoas estejam sentindo. Harry estava feliz, mas sem fome. Recostou nos travesseiros e adormeceu.


- Você precisa descobrir onde ele está. Eu quero saber algumas coisas, que ocultaram de mim. E seu dever é esse.
- Mas lord, ele certamente está num lugar protegido por Dumbledore e os mais fortes aurores do ministério!
- Não interessa! Você não está aqui pra dar palpites, sim para seguir as minhas ordens. Não me interessa como você vai fazer. Você tem uma semana para descobrir o que eu quero.
- Sim Milord.
- Eu já tenho um plano em mente. Mas antes preciso saber isso. Você sabe as conseqüências de não cumprir minhas ordens dentro do prazo.
- Sim senhor.Vou fazer tudo que estiver ao meu alcance, modéstia à parte, mas muitas coisas estão ao meu alcance.
- Não seja insolente. Vá de uma vez.
O homem saiu da sala escura, silenciosamente. A porta soou estridente na cabeça de alguém a muitos quilômetros de distancia.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.