Estranha Minerva



Logo todos voltaram a curtir a festa como se nada tivesse acontecido. Porém, todos apenas fingiam que nada havia acontecido. Harry podia perceber os olhares das pessoas que passavam por eles. Todos o encarando, de forma curiosa ou preocupada, de um modo discreto ou não. Afinal, a pergunta que não calava naquela noite era o que o ministro conversou com Harry, que fez o rapaz descer as escadas com raiva isolar-se em um canto apenas com Gina o abraçando?

Harry não queria tocar no assunto novamente. Talvez, em casa, poderia repertir de bom grado todos os mínimos detalhes para o Sr. e a Sra. Weasley, além de Jorge, Angelina e Luna, que provavelmente estariam lá para ouvir também. Mas agora, Harry queria desvanear qualquer pensamento que o lembraria novamente da estressante conversa com o ministro. 

Ele até mesmo sentiu-se um pouco mais arrependido por tamanha grosseria que fez com Kingsley. Harry admirava Kingsley, mas o que o ministro sugeriu era algo que Harry sabia que provavelmente era verdade, mas também algo difícil de aceitar. Será que mais uma vez teria que afastar-se de seus amigos para protegê-los? 

- Harry, em que mundo você está? - perguntou Hermione. Ela parou em frente a Harry, que estava sentado em uma cadeira virada para a janela, apreciando um belo crepúsculo. 

Ele rapidamente sacudiu a cabeça, e disse à ela:

- Estou bem, Hermione. Só pensando em algumas coisas.

- Eu sei muito bem no que você está pensando - disse ela - E tenho certeza que agora não é uma boa hora para se pensar nisso. 

- Mas chegou a hora de pensar nisso, Hermione! - disse Harry. 

Ela permaneceu calada, dando a Harry a chance de continuar. 

- Sempre pensávamos nisso, Hermione! De que mais cedo ou mais tarde, eu sofreria mais algumas perseguições. 

- Mas, Harry, o Ministério capturou quase todos os seguidores de Voldemort! - argumentou Hermione - Acho que não seria muito inteligente se apenas um fiel seguidor de Voldemort tentasse te atacar. Ele seria perseguido até ser preso!

- Mas aí que está o problema, Hermione! - exclamou Harry - Em primeiro lugar, você disse que quase todos os comensais foram capturados. Significa que muitos deles ainda podem estar à solta. 

Hermione rapidamente tentou protestar, mas foi silenciada por um simples gesto das mãos de Harry. 

- E em segundo lugar, Hermione, o maior problema é que se for a mesma pessoa que me mandou a carta e ordenou o ataque à Toca, ou se forem pessoas diferentes, você percebeu que as desgraçadas não se identificam? 

Hermione ouviu essa parte atentamente. Apesar de calada, Harry sabia que a amiga havia concordado com essa parte. 

- Isso significa que elas não se identificarão tão cedo. Que elas estão me ameaçando ou tentanto me matar, o que é pior, anonimamente!

Hermione finalmente se aprontou a falar:

- Com certeza, Harry. Tudo o que você disse é verdade. Faz muito sentido mesmo - começou ela - E eu  também compreendo o traume pelo qual você passou durante dezessete anos de sua vida, principalmente antes e durante a guerra. Quantas pessoas você perdeu, quantas você teve de se afastar... Mas eu não quero que você piore emocionalmente. Não quero pensar que você está se sentindo como se fosse uma ameaça mais uma vez. Que todos ao seu redor morrem. Eu quero que você deixe esse assunto um pouco de lado no momento, ok? - perguntou ela. 

Harry concordou com a cabeça. 

- Vamos pegar uma cerveja amanteigada e vamos nos divertir! Vamos aproveitar esse pouco tempo que nos resta de festa! - exclamou ela, sorrindo. 

Harry sorriu também. Um sorriso pequeno, mas sincero. 

Ele se levantou, e foi em direção à Gina. 

- Olha, vejo que alguém está melhor - disse ela, o abraçando. 

- Eu estou mesmo - confirmou ele - Um pouquinho. 

O grupo estava animado. No momento, Harry e Gina estavam em uma roda com apenas jogadores de Quadribol da Grifinória. Além do casal, Jorge, Angelina, Olívio, Cátia e Alicia lembravam ótimas recordações das perigosas partidas de Quadribol.

- E eu lembro uma vez - começou Cátia, soluçando de rir - Era o meu primeiro jogo, e a Alicia jogou a bola tão longe que eu corri para pegar antes que todos. Mas aquele maldito pomo de ouro me distraiu, e quando eu olhei pra frente: tarde demais! 

- Você bateu de cara com o Karl McDermott! - terminou Alicia, chorando de tanto rir. 

Todos começaram a rir. 

- E não foi o suficiente, Alicia! - disse Cátia - Nós dois começamos a rodopiar em nossas vassouras, em direção ao chão, com as pernas dele em meu pescoço! - dizia ela, sem parar de rir. 

- E o sortudo ainda conseguiu levantar vôo novamente. Agora você, quando vimos, caía sentada no montinho de areia que provavelmente Madame Nora havia defecado! - completou Alicia. 

Foi o ápice. Todos riam sem parar. Talvez a história nem fosse tão engraçada, mas só o jeito das duas contarem a história e de Harry imaginar Cátia rodopiando em direção ao chão com duas pernas envolvendo seu pescoço fizeram Harry rir sem parar. 

- Velhos tempos que não voltam mais - comentou Olívio. 

- Claro que podem voltar! - discordou Angelina - Gente, podemos marcar um dia para jogar Quadribol no campo de Hogwarts! 

Todos se entusiasmaram com a ideia. 

- Genial, Angelina! - concordou Gina. 

- Acho que assim poderemos ver se ainda há a marca da bunda de Cátia no monte de areia!

Não foi a melhor piada de Jorge, mas já era um começo. 

Mas Harry observava o grupo e sentia a falta de alguém. 

- Mas é claro que está faltando alguém! Onde está o Rony, o nosso goleiro? - perguntou ele.

- Ih, isso é outra história! Ele e Hermione saíram do bar não faz nem um minuto - respondeu Jorge. 

Todos riram. 

- Além disso, pessoal, podemos entrar em contato com Jimmy Peakes e Ritchie Coote, que eram batedoras do novo time, e Demelza Robins, que era artilheira - sugeriu Harry.

- Quanto mais gente, melhor - disse Alicia. 

- Acho que poderíamos trocar as posições que estamos acostumados a jogar - sugeriu Angelina - Além de que seria muito divertido, sempre quis ser uma batedora! 

- Acho que agora devemos cancelar essa partida! Não será muito legal Angelina como batedora - brincou Jorge. 

- Idiota! - riu Angelina. 

Assim, a conversa continuou até que o anoitecer já havia chegado. Harry, Gina, Rony, Hermione, Neville, Luna, Jorge, Angelina e Cátia eram os únicos que restaram, além da professora McGonagall, do professor Slughorn, Hagrid e obviamente Madame Rosmerta. 

Usando um pouco de magia, os restantes lavavam e guardavam os copos, pratos e canecas, além de limpar as meses e dobrar os panos.

- Sabe, acho que contratarei vocês para fazer todo o serviço sujo: lavar e guardar as coisas - disse madame Rosmerta. 

- Mas é só usar magia - disse Rony. 

- Não me subestime, querido! - repreendeu ela - São tantas coisas em minha cabeça, que quando vou arrumar o bar muito cansada, nem sei o feitiço que invoco. Certa vez eu destruí minha porta quando disse Estupefaça. 

Rony riu baixo. Ela o encarou zangada.  

Neville aproximou-se de Harry. 

- Harry, eu sei que já está tarde, mas acho que nós podíamos ir à biblioteca e procurar algumas coisas sobre a história que eu contei hoje - sugeriu ele. 

- Ora, Neville, por mim, tudo bem! - disse Harry - Mas fale com os outros. 

- Sim, eu vou falar - Neville falou - Além disso, terei que pedir a chave à professora Minerva. 

- Então peça à ela, que eu chamo o pessoal - disse Harry. 

- Tudo bem - concordou Neville.  


Neville seguiu em direção à professora Minerva, que conversava com madame Rosmerta, enquanto Harry tratou logo de falar com os amigos sobre o plano de ir à biblioteca.


- Pessoal – começou Harry – Jorge, Angelina e Cátia, venham aqui – chamou – Bem, lembram-se da história que Neville nos contou hoje, mais cedo?


- A antiga história dos magos – perguntou Luna.


- Isso mesmo. Lembram-se? – perguntou Harry.


- Sim – responderem todos em coro.


- Ótimo! – exclamou Harry – É o seguinte: estamos planejando ir à biblioteca de Hogwarts para pesquisar um pouco mais sobre essa história, e quem sabe, achar algo sobre o Ciclo das Galáxias.


- Eu topo! – disse Luna, animada.


Hermione encarou Harry de forma séria.


- Acho que isso não é uma boa ideia, gente – começou ela – Quero dizer, não tem necessidade de procurarmos fatos sobre uma lenda.


- E quem disse que é uma lenda? – perguntou Harry.


- Harry, por favor! Você acreditou naquela história? – perguntou Hermione.


Harry concordou com a cabeça.


- Francamente... – disse Hermione, irritada e desapontada.


- Acho que será uma boa ideia, Harry – encorajou Jorge – Nem que seja somente por curiosidade.


Todos os outros se manifestaram, exceto Hermione. Rony parecia gostar da ideia, mas preferiu não contrariar a namorada.


- Então nós podemos ir quando conseguirmos a chave com a professora...


- Mas o que é isso, Longbottom? – exclamou Minerva, nervosa, interrompendo Harry.


- Professora...- começou Neville, mas logo foi interrompido novamente.


Minerva o encarou, e logo em seguida, encarou Harry. Ela percebeu que os olhares de todos voltavam-se à ela, e em seguida, caminhou em direção a Harry.


- Potter, o que você tem na cabeça? – perguntou.


- Fiz algo errado, professora? – perguntou Harry, confuso.


- Erradíssimo! – confirmou ela – Não acredito que vocês planejam ir à biblioteca atrás de uma lenda sobre o Ciclo das Galáxias, magos e Merlin!


- Mas...


- Potter, não me interrompa! – bradou ela – Já não basta o que todos nós passamos? Você quer passar por isso de novo? Meter-se com uma história que pode lhe levar a mais uma batalha?


Harry ouvia confuso, mas percebeu o erro que a professora havia cometido.


- Mas professora... – começou ele.


- Eu não acabei! – bradou McGonagall – Potter, não procure por coisas que talvez possam despertar a sua curiosidade e ir mais fundo nisso! Pode causar certos problemas!


Harry a observava quieto, sem falar absolutamente nada. O único movimento que se percebia era o de sua cabeça, balançando para concordar com tudo o que a professora dizia.


- Posso te perguntar algo, professora? – Harry perguntou – Com todo o respeito?


Minerva afirmou com desconfiança.


- Você acha uma bobeira irmos atrás de uma lenda, ou seja, uma história que não existe? – perguntou, enigmático.


-S-sim, claro! – gaguejou ela.


- Então, por que a senhora disse que essa lenda pode me levar a uma outra batalha, se ela nem sequer existe? – perguntou ele.


Minerva corou. Paralisada, Harry viu seu rosto transforma-se em raiva.


- Todo bem, Potter! Se você realmente deseja isso, não poderei fazer nada! Aqui estão as chaves da biblioteca!


Grosseiramente, ela jogou o molho de chaves em direção a Harry e deu meia volta. Ela passou pelo balcão, indo direto às escadas.


- Deixem tudo arrumado, pelo menos! – gritou Minerva.


Os jovens ficaram parados, tentando observar tudo o que acontecia. Madame Rosmerta ainda estava na mesma posição desde que Minerva havia aumentado o tom de voz.


Neville, então, aproximou-se de Harry. Hermione ainda encarava Harry de cara feia, e um Rony preocupado estava ao seu lado.


- Harry, não irei mais – disse Neville.


- Ora, Neville! Por que? – perguntou Harry surpreso.


- Minha avó! Está me mandando ir embora! Ela já está a caminho! – reclamou ele.


- Poxa vida! Acho que Rony e Hermione não irão também – disse Harry.


- Acertou! – falou Hermione – Não vamos mesmo não!


Rony abaixou a cabeça.


- E eu deveria estar em outro lugar, pessoal. Me desculpa, Harry – disse Cátia – Me mantenha informada sobre o jogo de quadribol, Harry! – pediu ela.


- Pode deixar!  - disse Harry.


Hermione observou Cátia dirigir-se ao lado de fora para aparatar, e seguiu Cátia, com Rony em seu encalço, para chegarem à Toca.


No salão do bar, Harry, Gina, Luna, Jorge, Angelina e Neville estavam encarando um ao outro. O silêncio tomou conta do ambiente.


- Bem, acho que um grupo de cinco está bacana – disse Luna.


“Obrigado, Luna!”, pensou Harry. Mesmo que não passasse de uma lenda, Harry gostaria de saber mais sobre a história dos magos. E Harry queria pesquisar ainda mais depois do estranho comportamento da professora McGonagall.


Harry estava disposto a ir sozinho à biblioteca, se fosse necessário. Mas estava determinado a não sair de lá sem respostas. Por que a professora McGonagall agiu tão estranho? Certamente, algo mais devia estar por trás daquilo. Mas o que seria? A professora Minerva sempre foi tão severa, rígida e discreta. O que a fez dar um comportamento como aquele?


“Certamente deve ser a preocupação de me meter com coisas que não devo”, concluiu Harry. “Afinal, algumas vezes realmente há um fundo de verdade nessa história toda”.


- Então, vamos? – perguntou Gina.


- Estou pronta! – falou Luna.


Os cinco (Harry, Gina, Luna, Jorge e Angelina) dirigiram-se à porta. Neville os encarou, sentado no sofá.


- Eu o deixarei informado, Neville! – disse Harry.


- Tá bom, Harry. Valeu! – agradeceu Neville, emburrado.


- E obrigado, Rosmerta! – agradeceu Harry, em um tom mais alto.


- Foi um prazer, querido! Se cuida! – respondeu madame Rosmerta.


Os cindo deram as mãos. Antes de aparatar, Harry concluiu que alguma coisa da história poderia ser verdade. E que ele iria descobri-la.


E então, os cinco aparataram. 



Nada como fazer aniversário no mesmo dia que Hermione Granger (e digo Hermione, não Emma Watsom)! E por uma feliz coincidência, é hoje! E quem ganha o presente são vocês!  Hahahaha, que belo presente! Um capítulo novinho em folha com Hermione emburrada, Minerva caduca e boas lembranças do quadribol. Só que eu estou sentindo falta dos comentários! Se você estiver lendo essa fic, apenas coloque se está boa ou ruim. Eu iria adorar! E claro, deixa eu aproveitar os últimos minutos do meu aniversário, que é no dia 19 de setembro, por via das dúvidas! Afinal, não se faz 16 anos todos os dias! Abraços, 


                                                        Pedro Rogerio 

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