Nada Além da Verdade



Harry encarava Kingsley, assim como todos os outros no bar. Após alguns segundos encarando o garoto, Kingsley dirigiu-se à Madame Rosmerta:

- Rosmerta, querida. Creio que não seria problema se pudéssemos ir a um lugar mais reservado.

Madame Rosmerta continuava o encarando, mas logo sacudiu-se hesitante, livrando-se do que pensava.  

- Claro, claro! Podem ir ao meu escritório no andar de cima - disse ela - Eu os levo lá!

Kingsley assentiu com a cabeça. Mais uma vez encarou Harry.

- Harry, quero que você e seus dois amigos acompanhem-me até o andar de cima.

Calados, Harry , Rony e Hermione levantaram-se de seus lugares e seguiram o ministro com cautela. Todas as pessoas do bar pairavam seus olhares nos garotos que, agora, pareciam reclusos e preocupados com o que viria a seguir.

Harry viu Gina o encarar com um olhar penetrante. Ele sabia que dependendo dela, ela estaria junto dele no exato momento. Talvez até protestaria para entrar junto, mas dessa vez, ela preferiu ficar quieta, e apenas acompanhá-lo com o coração.

Os três amigos, o ministro, Madame Rosmerta e mais dois aurores prosseguiram com o caminho. No meio das escadas, desapareceram de vista, e continuaram a percorrer por um corredor estreito. Madame Rosmerta os conduziu até uma porta já envelhecida, e girou uma maçaneta com uma pintura dourada já desgastada. Logo, entrou o ministro e os dois aurores ficaram do lado de fora, esperando por Harry e seus amigos.

Um dos aurores era baixo e gordo, com um chapéu pontudo em sua cabeça. O outro era alto e corpulento, com um bigode branco e com vestes verde-escuro. Passando por eles, Harry, Rony e Hermione entraram na sala. Hermione e Harry acomodaram-se em duas cadeiras em frente a qual Kingsley já havia sido acomodado. Rony ficou em pé.  

- Bem, creio que estará tudo bem. Fecham a porta, por favor - disse Kingsley aos aurores.

- Tudo bem, senhor - disse o auror com bigode branco.

Kingsley pousou as mãos na mesa, e verificou os três presentes na mesa.

- Harry, creio que eu e você nunca tivemos problemas durante o pouco tempo que nos conhecemos.

Harry concordou com a cabeça.

- Mas estive ciente do ataque que ocorreu a você cinco minutos depois de ter acabado. E o que aconteceu está sendo uma coisa muito preocupante. 

- Então, por que me chamou aqui? - perguntou Harry.

- Porque eu preciso que você me conte tudo que está acontecendo, Harry. Quero que me revele tudo e que não esconda anda. Eu só quero nada além da verdade - respondeu Kingsley.

Harry olhou para Rony e Hermione. Os dois pareciam tranquilos, e com poucas palavras, encorajaram o rapaz de começar a contar tudo o que estava acontecendo.

- Tudo bem. Eu posso contar - falou.

Kingsley pareceu satisfeito com a resposta, e recostou-se na cadeira para ouvir tudo o que Harry tinha a dizer.

- Começou há alguns dias. Eu recebi uma carta que mais parecia uma ameaça - começou Harry.

- E o que ela dizia? - perguntou Kingsley.

- Em outras palavras, ela disse que eu não vencerei dessa vez. Que uma grande guerra esta por vir - respondeu Harry. 

- Harry, não quero saber da carta em "outras palavras". Preciso saber exatamente o que estava escrito nela - disse o ministro. 

- Mas eu não me lembro exatamento o que a carta dizia - disse Harry, transtornado.

- Mas você devia, não é? - perguntou Kingsley.

- Como assim? - Harry perguntou irritado.

- Ora, se uma pessoa mandasse uma carta ameaçando-me, provavelmente eu lembraria tudo o que nela estaria escrito - rebateu Kingsley. 

- Ora, acontece que não me lembro! - retrucou Harry.

Rony e Hermione encararam Harry.

- Calma, Harry... - disse Hermione.

- Eu estou calmo! - defendeu-se o garoto.

- Muito bem, Harry. Estou gostando da sua colaboração. Não tem problema se você não se lembra exatamente da carta. O que mais importa é sabermos o que ela queria dizer - Kingsley falou.

- Então eu já posso ir? - perguntou Harry.

- Ainda não! - disse Kingsley rapidamente - Tenho ainda mais algumas coisas a lhe perguntar.

Harry permeceu sentado nas cadeiras, e involuntariamente, fez uma cara de impaciência que logo Kingsley percebeu. Mas ele não se importou. 

- Fale-me sobre o ataque à Toca. Em detalhes - ordenou Kingsley.

Então, Harry começou a explicar sobre o ataque. Como tudo havia acontecido, os participantes, o que eles estavam fazendo antes e muitos detalhes. Kingsley ouvia tudo com muita cautela e cuidado. Quando não entendia alguma parte ou queria retomar alguma outra para obter mais detalhes, interrompia Harry com a mão, o que deixava o rapaz muito nervoso. 

Assim que Harry acabou toda a história, o ministro ficou fitando o ar por alguns segundos. Ele levantou-se e deu algumas voltas pela sala, sem importar-se com o trio que ali observava-o encaixar algumas peças de um quebra-cabeça que poderia desencadear uma nova guerra. 

- Harry, talvez algumas medidas que eu irei tomar poderão chateá-lo, mas será preciso - adverteu Kingsley.

O garoto, assim como Rony e Hermione, fitaram o ministro esperando as novas medidas para precaver um possível novo ataque. 

- Primeiramente, a Toca será vigiado por aurores, que trocarão o turno de acordo com as horas do dia - disse Kingsley. 

Harry sentiu raiva somente da primeira medida. Não queria ouvir as restantes. 

- Segundo, pedirei que você e a todos da família que não ultrapassem os limites da Toca. Apenas quando necessário.

A raiva dentro de Harry estava ficando mais quente. Parecia que iria explodir.

- E por último, fique muito atento.

- Eu ficarei - respondeu Harry, secamente.

- Algum problema, senhor Potter? - perguntou Kingsley, percebendo a raiva entalada em Harry.

- Sim, há um problema. Por que tomar essas medidas?

- Porque você pode tornar-se uma vítima. Você pode ser ferido, ou até mesmo morto por alguém que por enquanto, é desconhecido por nós.

- Tudo bem, mas acho que é uma coisa totalmente comum. Derrotamos Voldemort, Lestrange e tantos outros seguidores, mas não vencemos todos. Existem alguns soltos por aí, e que provavelmente, irão desejar completar o serviço que Voldemort não conseguiu fazer!

- E é isso que me preocupa! - disse Kingsley.

- O que te preocupa? - perguntou Harry - Ficar preocupado por que um covarde me ameaçou por uma carta, e provavelmente é tão medroso, que mandou comensais da morte e trasgos para darem conta do que ele não daria! - exclamou. 

- Senhor Potter, abaixe o tom de sua voz - adverteu Kingsley.

Os dois aurores do lado de fora da sala abriram a porta pra verificar o que estava havendo.

- O que me preocupa - disse Kingsley - é que talvez não possam ser comensais buscando vingança.

- Mais um bruxo das trevas para eu batalhar? É isso que você está insinuando?

Kingsley permaneceu calado, observando o garoto. Não com medo, mas com desprezo.

- Pensei que você levaria a situação mais a sério, senhor Potter. Voltaremos a falar em breve - disse o ministro. Kingsley fez um sinal para os aurores juntarem-se a ele nos fundos do escritório. Um penetrante olhar a Harry foi a última coisa que Kingsley dirigiu a Harry. 

- Ah, e diga à Madame Rosmerta que agradeço pela hospitalidade de sempre! - exclamou Kingsley a Rony. 

- Eu direi - disse ele. 

Kingsley e seus dois aurores aparataram. Harry observou o espaço que há dois segundos, era ocupado pelo ministro. Ele saiu do escritório, e dirigiu-se à sala onde a festa aparentemente ainda estava ocorrendo.

Harry deu passos pesados a desceu a escada, seguido de assustados Rony e Hermione em seu encalço. 

As pessoas no bar estavam os encarando, com olhos arregalados e curiosos. Provavelmente, todos já sabiam do ocorrido na Toca. Ninguém juntou-se a ele para perguntar o que havia acontecido,  o que ele e o ministro haviam conversado. 

Ele dirigiu-se a um espaço mais reservado do bar. Ele sentou ali e ficou parado, observando o local. Hermione começou a dispersarm as pessoas, fazendo com que voltassem ao que faziam antes. Neville retomou uma conversa animada sobre a história dos magos, e Rony e Hermione conversavam com Gina. A menina encarou Harry, e foi ao balcão pegar uma caneca cheia de cerveja amanteigada. Ela sentou ao lado de Harry, deixou a caneca na sua frente, e começou a acariciar os cabelos do namorado. 

- Hermione me disse que você foi muito rude com Kingsley - comentou ela.

- Fui mesmo - confirmou Harry.

- Harry, por que? Ele estava tentando lhe ajudar - disse Gina.

- Não quero esse tipo de ajuda, Gina - retrucou Harry.

- Então me diga! Eu quero lhe ajudar!

- Ele queria me prender dentro de casa, que eu não fizesse nada. Que eu ficasse atento a tudo que acontecesse - começou Harry - Como se fosse Voldemort me caçando mias uma vez.

- Voldemort está morto, Harry. Eu sempre achei que você poderia sifrer um pouco de perseguição quando derrotasse Voldemort - disse Gina.

- Você sempre pensava que eu ganharia aquela batalha? - perguntou Harry, dando uma risada.

- Não é isso - respondeu ela - Mas não conseguia imaginar você ganhando porque imaginar você morrendo... Eu te perder... Não era tão fácil.

Harry a beijou.

- Gina, Kingsley me passou uma impressão que ele sabe de algo que não quer me contar. Quando perguntei a ele se ele insinuava que outro bruxo das trevas possa estar me ameaçando, ele resolveu parar a conversa. Apesar de querer que isso não fosse aparente, eu percebi - falou Harry.

- E o que o preocupa então? - perguntou ela.

- Eu perdi muitos amigos, pessoas que eu amo, os meus pais durante a vida que segui até hoje. Não quero imaginar que outra batalha, outro conflito faça tudo acontecer de novo. Não posso correr o risco de te perder, Gina - disse ele. Lágrimas brotaram do canto de seus olhos.

- E você não vai, Harry. Vai ficar tudo bem - disse ela, o abraçando. Harry retribuiu o abraço e a beijou novamente.

Eles ficaram ali, como se nada mais existisse.

- Eu te amo, Harry. E o meu amor por você é que você nunca perderá.


Capítulo pequeno, mas cheio de conflitos! Pois é. Mais uma vez estou aqui de volta. Há mais de um ano que eu não postava um capítulo dessa fic! Como passa rápido! Sempre prometia a mim mesmo que voltaria a escrevê-la, mas o tempo vai passando e gente vai se esquecendo das coisas. Mas ela sempre esteve na minha cabeça, aqui, guardadinha. E espero que dessa vez, eu possa chegar até o fim sem ter que dar um espaço de um ano para retomar a escrita (acho que será difícil). Mas vamos aproveitar que agora eu estou escrevendo, e mandar mais um pouco de conteúdo. Novas surpresas estão por vir, e essa antiga história dos magos ainda promete muitas coisas! Esperando que tenham uma boa leitura, 

                                     Pedro Rogerio 

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