C. III



Dorcas Meadowes; ouvindo: meus próprios pensamentos e posteriormente minha mãe.






- Dorcas – ouvi minha mãe gritar lá debaixo – Um moreno bonito de olhos azuis tá te chamando aqui na sala. Ele disse que não é pra você demorar!


- Tô descendo, mamãe – WTF moreno de olhos azuis? Será que minha mãe tá daltônica agora e tá enxergando o Remus todo errado? Porque ele é a única pessoa que poderia estar na minha sala à uma hora dessas.


De qualquer forma, não custa nada me arrumar um pouco mais rápido e descer pra ver quem é. Só falta eu pegar minha mochila e passar meu perfume lindo de bebê.


- Pronto – falei chegando ao fim das escadas e dando de cara com – Sirius Black? – perguntei atônita.


- Eu mesmo – ele sorriu – Bora?


- Ahm? – Ahm?!


Ele continuou sorrindo e então, como viu que eu aparentemente não ia fazer nenhum tipo de movimento pra sair, despediu da minha mãe por mim e me puxou pra fora de casa.


- Oi? – eu ainda estou meio confusa.


- Ah. A gente veio te buscar pra ir pro colégio. Só que o Remie teve que ir com o James olhar um negócio do carro do James que acabou de estragar, e eu vim te chamar.


- Agora sim – sorri pra ele – Bom dia. E calma, o que especificamente estragou no carro do James?


- Deu uns problemas no motor lá, acho. Nada muito sério. Relaxa.


- Tudo bem. Contanto que eu não chegue atrasada nem nada, porque eu tenho um pseudo-trabalho pra entregar no primeiro horário.


- É o que?


- O horário? História.


- Você tem aula com o Box, né? – balancei a cabeça afirmativamente – Então é mais tranqüilo.


- Mas eu não vou chegar atrasada, vou?


- Não. Mas caso aconteça alguma coisa, é mais tranqüilo – e então ele olhou pra mim – Relaxa, Dorcas – passou a mão nos meus cabelos, bagunçando eles.


- Sirius! – resmunguei e voltei a arrumar meus cabelos logo depois.


Ele só riu e depois fez uma cara indecifrável de “desculpa por isso, não foi minha intenção” misturada com “MWA HAHAHAHA”.


                                                                     X



- Você tá bem? – ele perguntou se aproximando de mim.


- Não – continuei com meu bico enorme e os braços cruzados.


Ele suspirou e se sentou do meu lado.


- Você não precisa ficar assim, sabe. O Aluado vai falar com o Box e vai ficar tudo bem. Seu trabalho vai valer ainda.


- Aluado?


- É. O Remie. Ele nunca te contou que o apelido oficial dele entre eu e o Pontas é Aluado?


- Calma, Pontas é o James?


- Sim.


- E não. Nunca contou.


- Ah. Não sabia que ele tinha tanta vergonha do apelido assim – ele riu.


- O seu é qual?

- O meu o quê?


- Apelido, oras.


- Almofadinhas.


- Por quê? Quero dizer, por que o seu é Almofadinhas, o do James é Pontas e o do Remie é Aluado?


- Porque eu sou um cachorro, porque o James é corno e porque o Remie vive no mundo da lua.


- O que cachorro tem a ver com almofada?


- A pata do cachorro, po. Parece uma almofadinha – ele sorriu besta pra mim.


- Ah sim – eu ri – E o James é corno?


- Ah, ele é sempre o último a saber das coisas, o que faz dele um corno, o que nos leva ao apelido de Pontas.


- Por que chifres têm... pontas? – pergunta retórica – Ah sim.


- São apelidos legais. Todos da época que a gente andava junto e enchia o saco do Seboso. Ainda não tinha as meninas nem nada. Quer dizer, tinha a Marlene e a Emmy, mas elas não andavam muito com a gente.


- Por quê?


- Elas amadurecem mais rápido, né. Acho que a gente ainda era muito criança. Principalmente pras duas, elas sempre foram... mulheres demais. E a Lily era amiguinha do Seboso, então detestava a gente.


- E como ela acabou brigando com o Seboso e namorando o James?


- Longa história... Ele se apaixonou por ela, digo, o James, e o Seboso retardado fez umas palhaçadas com a menina, daí ela saiu chorando e o James foi atrás pra consolar, se aproveitando do momento fraco. O que fez a Lily se apaixonar por ele também – Sirius sorriu – Ela sempre foi meio retardada, do tipo que se apaixona fácil. Ela é meio da roça, sabe?


- Coitada – eu ri um pouco – Ela parece ser fofa.


- É. Ela é a mais fofa dali. A Marlene agora também é, só que a Emmy ainda tá na fase de “quero ser popular e má”, sabe. Pelo menos é o que eu acho.


- É... É o que eu acho também.


- Eu sinto um pouco de pena do Aluado às vezes... Ele podia estar com uma pessoa que goste mais dele, mas ele é louco com ela e ela nem aí.


- Oh – CONCORRÊNCIA! – Tem tanta menina assim que gosta dele?


- Dentre as retardadas ele deve ter até fã clube – Sirius riu – Mas eu falo alguém tipo você... Uma amiga – ele olhou pra mim como quem me dá alguma indireta.


Ou direta.


- Posso te fazer uma pergunta? – hora de mudar de assunto sutilmente. Ele balançou a cabeça de maneira a dizer que sim – O que aconteceu entre você e a Marlene?


- Ah – ele nem notou, a meu ver, a minha sutil mudança de assunto (pelo que parece não foi uma direta ou indireta, foi uma pura coincidência) – Umas coisas aí...


Inclinei minha cabeça tentando o convencer a continuar.


- Não foi nada demais. Eu peguei uma outra menina, num dia que a gente brigou, pra fazer ciúmes nela, aí ela foi lá e pegou meu atual inimigo, daí eu fiquei bem puto e a gente brigou mais feio ainda.


- Oh. Mas por que vocês brigaram a primeira vez?


- Sei lá, alguma besteirinha do tipo ciúme.


- Não sei por que você e ela teriam ciúme um do outro. Tipo, vocês são as duas pessoas mais lindas do colégio, então você não precisa se preocupar com a concorrência e muito menos ela. Fora que pelo que eu pude ver vocês se amam tanto.


- Ah cara, eu não sei. Eu não sei de nada, eu morro de medo de perder a Marlene pra qualquer um. E meio que me assusta um pouco o quanto eu amo ela, saca?


- Eu sei como é – o abracei de lado, tentando passar qualquer mínima sensação de conforto – Mas vai acabar tudo bem entre vocês, dã, isso é fato – sorri pra ele.


E essa é a primeira vez que um amigo do Remie parece ter sentimento. Pelo menos pra mim.



                                                              
X


 


- Espero do fundo do meu coração que o Sirius não tenha abusado de você nem nada – o Remie disse enquanto me ajudava a sair do carro.


- Acho que eu tô muito feia hoje, ou ele tá muito apaixonado pela Marlene, porque ele nem deu em cima de mim – brinquei, tentando arrancar um sorriso dele.


E consegui, HIHI.


- Com certeza ele tá muito apaixonado pela Marlene – me deu um beijo na testa e me entregou minha mochila – Preparada?


CALMA REMIE PO, ME DEIXA ASSIMILAR O CONTATO AQUI E.


- Não – gemi – Não quero ir andando, é longe.


- É nada. E isso vai te deixar mais saudável ainda – ele riu.


Provavelmente da cara que eu fazia.


- Falando em saudável – tentei falar qualquer coisa e por um minuto eu fiquei em silêncio enquanto lembrava o que eu ia dizer – Então, falando em saudável, você correu hoje?


É difícil pensar quando se sabe que Remus John Lupin acabou de te dar um super beijo na testa. E te chamou de o contrário de muito feia. Tipo assim, são duas coisas que sozinhas já teriam um efeito avassalador em mim; juntas elas me fazem querer viajar em sonhos lindos nos quais o Remie é meu, eu sou dele, e nada mais importa. E têm girassóis, sempre têm girassóis, porque eu amo girassóis.


 - Corri – deu um super sorriso daqueles que eu mais amo, que podem iluminar a cidade e tudo mais – Os meninos correm também, daí corremos nós três.


- Eca – mostrei língua – Quanta gente saudável num lugar só.


Ele riu. E o James e o Sirius apareceram do nosso lado.


- Tá sabendo que o Aluado tem vergonha do apelido dele, Pontas? – o Sirius falava enquanto ria, preparado pra tirar uma com a cara do meu Remie lindo.


Fala sério, ele é tão lindo, tão perfeito, tão tudo!


- Ah é, Almofadinhas? – o James ria também – Tô sabendo não.


- Eu, se fosse vocês, parava – Remie disse pra eles, fingindo estar realmente ofendido.


- Qual é, Aluado!


- Aluado é um apelido bonitinho – eu falei em meio aos risos deles.


Porque de fato é um apelido bonitinho.


- Bonitinho? – ele olhou pra mim.


- Sim. Eu acho, pelo menos.


- Considere-se a futura sra. Lupin então – ele riu.


- É... Agora você conquistou de vez nosso lobinho, Dorc – Sirius ria mais do que todo mundo.


Não, não era uma indireta, nem direta, nem nada. E eu acho que se alguém jogar qualquer tipo de indireta pra mim, não vai ser o Sirius, porque ele é muito lerdo pra alguma coisa que não seja ele mesmo.


E sim, percebi isso conversando com ele por uns vinte minutos ou mais, porque eu sou foda.


 


                                                             X


 


- A Emmy não gosta do seu apelido? – perguntei de repente.


Ele não se assustou nem tirou os olhos das nuvens.


- Não muito.


- Por quê?


Ele não respondeu. Continuou encarando o céu azul cheio de nuvens branquinhas e gordas. E, também de repente, ele olhou pra mim.


Eu fui totalmente pega de surpresa, considerando que eu tava encarando ele com um sorriso super apaixonado, analisando todos os detalhes que fazem dele o cara mais perfeito da face da terra.


- Sabe, Dorc – ele suspirou – às vezes eu queria que a Emmy pudesse ser um pouco como você – deu um sorriso fraco, me deu um segundo beijo na testa em menos de 24 horas, se levantou e foi embora.


E eu, dã, é óbvio que eu não consigo pensar/fazer/afins. Acho que... Acho que esse foi o momento mais lindo de toda a minha vida! Quero só ficar aqui, deitada na grama, sonhando com como eu e ele seriamos perfeitos juntos, porque eu amo ele muito mais do que aquela loira um dia vai ser capaz de amar, conheço ele muito melhor do que ela um dia vai ser capaz de conhecer, e sei que faria ele muito mais feliz do que ela ou qualquer outra mulher no mundo seria capaz de fazer.


- Ah, Remie – suspirei, mais do que apaixonada – Casa comigo! – e ri sozinha.


E eu ouvi uma risadinha, o que fez meu coração antes calmo de paixão, se transformar num coração desesperado, batendo mais forte que o Mike Tyson no Peter McNeeley. O que não foi uma comparação nem boa, nem lógica. Mas enfim, e mais rápido do que o Airton Senna, provavelmente.


O dono da risadinha que quase me matou do coração e me deixou com ódio no peru? James Potter.


- Então você é apaixonada pelo lobinho? – ele perguntou, se sentando do meu lado na grama.


- Lobinho? Por que lobinho? – sutil arte de tentar mudar de assunto...


- Porque lobos gostam de luas e ele é o aluado. Não muda de assunto, Dorcas -...e falhar.


Respirei o mais fundo que eu pude, antes de ter que abrir meu coração pra um dos melhores amigos do homem da minha vida (que por sinal, não faz e nem pode fazer idéia desse fato).


- Eu sou. Mas não é nada que eu queira que você conte pra ele, obrigada.


Ele riu mais um pouco: - Você acha mesmo que eu vou contar? Eu não. Você é quem decide sua vida, eu não tenho nada a ver com isso. Só acho que você devia.


- Contar pra ele? Ah, tá. Aham – revirei os olhos.


- Qual é, Dorc. Você se subestima muito. Eu nunca falei com você, hoje foi a primeira vez, e vou te falar o que eu já penso sobre você: você é fofa, principalmente na aparência; você parece ser a amiga mais decente e verdadeira que o Aluado já teve, além do mais você parece ser realmente importante pra ele; você é linda, de um jeito diferente da atual namorada dele, mas com certeza de um jeito bem mais... útil. Você é legal, simpática e ainda ajuda caras que nem conhece a resolver problemas amorosos, vide episódio de ontem. E o mais importante: você parece gostar mesmo do Remus. Eu já tinha suspeitado, pra ser sincero, desde que eu vi você olhando pra ele no carro, alguma hora lá.


- Muito legal isso, James. E eu agradeço de verdade. Só que não muda em nada o fato dele amar a Emmeline e dela ser bem melhor do que eu.


- Ela não é melhor que você, velho. Ela é uma porcaria. Eu só não falo isso pro Aluado e não mando ele terminar com ela, porque ele gosta muito dela. Só que ele não ama também.


- Mas gosta muito. Já é mais do que o suficiente.


- Sei lá. Talvez, se ele soubesse que você gosta dele, ele mudasse de idéia e resolvesse tentar esquecer a loira, e descobrisse no fim das contas que nunca gostou realmente dela.


- Tá. Muito bonito na teoria, mas na prática não funciona. Eu sei, eu conheço essas histórias e sei bem como elas terminam. Por favor, não conta nada pro Remus – implorei pra ele.


- Não vou, relaxa. Mas continuo achando que você devia – ele olhou pras nuvens e nós ficamos em silêncio por um tempo longo, até ele resolver falar de novo – Sabe, quando eu conheci a Lily, eu senti uma coisa muito esquisita. Esquisita porque eu não fazia idéia do que era. Eu sabia que ela era tipo, diferente de todas as outras meninas, ela era realmente importante pra mim. Mas ela praticamente me odiava, porque o melhor amiguinho dela era alvo das minhas brincadeiras mais divertidas.


- Divertidas, né? – brinquei.


Ele apenas sorriu e concordou antes de continuar.


- Só que um dia, como previsto, ele bobeou com ela. E eu fui atrás, não só porque eu sabia que era um bom momento, mas principalmente porque eu me preocupava com ela, me matava saber que ela estava em algum canto do colégio chorando sozinha.


- Aí ela se apaixonou por você – soltei.


- Quem me dera. Aí ela me deu um tapa na cara, por ser tão aproveitador. O Sirius que deve ter te contado a versão menor da história. Eu lutei por ela, velho, lutei por ela por longos seis meses. Eu que nunca tinha desperdiçado mais do que cinco minutos pra pegar uma menina, fiquei seis meses fazendo de tudo pra provar pra ela que eu estava apaixonado e todo o resto.


- Seis meses – me assustei.


É mais bonito do que na versão tosca do Sirius, sabe.


- Sim. E sabe qual é? Valeu muito a pena. Eu não me arrependo de todos os quinhentos e quarenta e cinco milhões de “não” que eu levei, porque hoje eu tô com ela do meu lado, e cara, isso faz qualquer coisa valer a pena. Então, o meu conselho por experiência própria, é que você pare de ostentar a bandeirinha da inferioridade e levante a bandeirinha de guerra, vai à luta, po. Faz o Remie entender que com você ele vai estar melhor do que com ela.


Eu ri um pouco. O James é até bem legal, mas sonhador demais.


- Você sonha muito, James.


- Eu não sonho, velho. Tô te falando na real o que aconteceu comigo. Eu prefiro o Aluado com você do que com a Emmy, então me seria um grande favor. Assim como seria um grande favor pras meninas e pro Sirius e até pro Peter, que é todo... coadjuvante, sei lá – ele deu de ombros, fazendo uma careta esquisita – Conta pra ele, Dorcas.


- Posso prometer, então, que vou pensar no seu caso? – perguntei.


- Já é o suficiente – ele sorriu e o Remie apareceu bem lá longe, vindo na nossa direção, com o diretor.


Hora de ir para a sala, ou hora de ir para a encrenca. Uh, que empolgação.

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N/A: Capítulo três postado, AE AE! E bom, obrigada mesmo pessoinhas lindas, por comentar e tal. Eu nem consigo expressar em palavras a minha alegria ao ver comentários novos aqui! E desculpa matar vocês com a história da gaveta, AEUIAHEUAIEHUAI Mas relaxa, esse assunto ainda volta a tona, ok? Enfim. Eu até acho a história bonitinha, mesmo que o Sirius tenha ficado muito gay /uhm/ Mas sei lá, eu acho a Dorcas muito fofa nessa fic HEHE. Enfim. Posto o quarto logo. Comentem, fofuxos da tia Lene. Beijos e queijos e tomates secos, porque foi o que eu comi no almoço e u_u Até o próximo! 
P.S: preciso concordar com a Jaque.. não são capítulos tão mini assim, HIHI.  

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