Corsário



Já anoitecia, a lua se mostrava cheia e brilhante, iluminando o manto de estrelas.


- E é isso... – finalizou Astoria.


- É  uma situação, no mínimo, complicada. – fala Harry pensativo. – E eu que pensava que a minha vida era complicada. – comenta Harry com um sorriso acolhedor e divertido, fazendo Astoria rir de leve.


Meu coração tropical
Está coberto de neve, mas
Ferve em seu cofre gelado
E a voz vibra e a mão escreve: Mar
Bendita a lâmina grave
Que fere a parede e traz
As febres loucas e breves
Que mancham o silêncio e o cais



- Eu sou uma garota mimada, que sempre teve tudo. Acho que é o motivo de tudo ter acontecido. Eu estraguei tudo. Fui mesmo muito burra por ter confiado em alguém que eu nem conhecia. Ela salvou, mas também destruiu minha vida. E agora eu... estou fazendo isso de novo: Confiando em alguém que acabou de me salvar de um incêndio e desabafando com ele sobre a minha vida... por favor, me perdoe, eu tenho que ir... – fala Astoria nervosa e fazendo menção para se levantar, mas é interrompida por Harry que a segura de leve pelo pulso impedindo-a de continuar.





Roseirais! Nova Granada de Espanha!
Por você, eu, teu corsário preso,
Vou partir a geleira azul da solidão
E buscar a mão do mar,
Me arrastar até o mar,
Procurar o mar






- Não se desculpe. Fique. Eu prometo que não vou te decepcionar. –fala Harry e Astoria sorri novamente:


- Saiba que mesmo sem te conhecer direito, já gosto de você. Fez eu me sentir bem melhor.




Mesmo que eu mande em garrafas
Mensagens por todo o mar
Meu coração tropical
Partirá esse gelo e irá
Com as garrafas de náufragos e as rosas
Partindo o ar
Nova Granada de Espanha
E as rosas partindo o ar!









- Eu também sinto isso. – responde Harry sorrindo para ela.


********************************                                                                                   MANSÃO DE VLADIMIR – ROMÊNIA


********************************


- Já te mostrei as lembranças que roubei de Harry, já cumpri minha parte do acordo. Agora é a sua vez. – fala Gina, ofegante. Seus cabelos estavam despenteados e seus olhos revelavam olheiras profundas.


- Tudo a seu tempo, amor – diz Vladimir com sua voz que fazia a ruiva se contorcer. – Mas agora tenho que cumprir uma tarefa: todas as pistas a meu respeito devem desaparecer. Confesso que Potter se saiu melhor do que eu esperava, nunca ninguém conseguiu tantas informações sobre mim em tão pouco tempo. Claro que nada que foi descoberto me preocupa, mas ainda assim, tenho que impedir Potter de leventar mais informações...


- Não vai machucá-lo, vai? – Interrompeu Gina alarmada. Ela temia a resposta do vampiro e deixou uma lágrima escapar, enxugando-a rapidamente. Vladimir se levantou da elegante poltrona na qual ele estava sentado e caminhou em direção a cama, onde a ruiva estava ajoelhada.


- Você me disse que não o amava. Mentiu para mim? – disse ele com um tom de voz ameaçador. Gina olhou para baixo e deslizou para fora da cama em silêncio.


- ME RESPONDA GINEVRA WEASLEY. AINDA AMA HARRY POTTER? – urrou o vampiro prendendo-a na parede e forçando-a a encarar seus olhos.


- Eu não o amo, mas não quero que ele sofra. – disse ela com um fio de voz.


- Jura?


- Eu juro. – confirma ela, assim que Vladimir a soltou ela se ajoelhou no chão de mármore e continuou:


- Eu amo você, Vladimir. Você é o único que me entende. Ele me questiona. Somente você me apóia. Eu não amo e nunca amarei Harry Potter. – ela se levanta e o vampiro a segura pela cintura. Ambos aparatam.




***********************                                                                                                       MANSÃO MALFOY


***********************


Draco andava de um lado para outro, pensando no que fazer. Hermione estava sentada no sofá com a cabeça baixa e também não tinha ideia do que fazer para resolver a situação.


- Precisamos agir rápido. Temo que Astoria faça alguma besteira, você sabe como ela é, mas aonde ela pode ter ido? – pergunta Draco. Somente agora havia percebido que deveria ter prestado mais atenção em Astoria. Ele não a amava, mas ela não merecia tudo aquilo. Enchia-se de dúvidas: Ficar com Hermione, mesmo que por pouco tempo, era o que ele mais queria, para isso, foi necessário magoar Astoria.


- Ela pode ter ido a qualquer lugar. Eu deveria ter prestado mais atenção nela, mas acredito que ela queira ficar sozinha, duvido que queira ver algum de nós. Devemos respeita isso. – diz Hermione.


“Ela tinha razão” pensava Draco, “Deviam respeitas pelo menos essa decisão de Astoria.”


- Vou ver a Rose. – fala Hermione tirando Draco de seus pensamentos. Assim que a morena subiu as escadas, Marvin, o elfo apareceu acompanhado de Ellie:


- Sr. Malfoy, se me permite, o que faremos a respeito do casamento? – pergunta Marvin.


- O casamento... hã... – Draco suspira derrotado – Eu não sei. Realmente não sei. Pergunte a Hermione.


Marvin se retira, enquanto Ellie permenece.


- Mestre, tenho algo a dizer.


- Diga Ellie.


- Sobre o paradeiro da Srta. Greengrass. Deveria perguntar a Srta. Parkinson, afinal elas sempre foram amigas.


- Obrigado Ellie, isso vai ajudar, eu espero que ajude.


***************************


Draco aparata até a casa de Pansy. Era uma casa simples e ficava num bairro afastado de Londres. Após a guerra, os Parkinson foram retidos em Azkaban, exceto Pansy, que passou a ser secretária de membros do ministério da magia. Mesmo com um emprego sério, a garota não mudara tanto na personalidade. Estava mais independente porém continuava a mesma no resto.


A garota atendeu a porta e sorriu perversamente.


- Há quanto tempo, Draquinho – disse com sua voz estridente e irônica – Saudades de mim?


- Só vim aqui em sua...chama isso de casa? – disse Draco com desprezo. –Enfim, apenas quero saber se Astoria passou aqui.


Ela pareceu surpresa.


- Então sua noivinha desapareceu? Eu sempre soube que aquilo não era nem nunca seria mulher pra você. A Daphne dizia que não, mas agora vejo que se eu e ela tivéssemos apostado eu teria...


- Pansy só me diga o que perguntei: Astoria esteve aqui? – Interrompe Draco já cansado da morena.


- Não sei por que perdeu seu tempo com ela. Ela é ridícula, mimada, sem graça, você poderia ter qualquer uma e quis justamente ela. Eu duvido que ela conseguisse se levantar como eu, mas você nunca olhou para mim não é? Mesmo quando namorávamos. Você nunca olhou para mim como olhava para ela.


- Eu conheci Astoria de verdade só depois da guerra. – fala Draco curioso, não podia ser Astoria de quem Pansy falava.


- Me refiro a sangue-ruim. Você sempre gostou dela. – diz Pansy com os olhos marejados de lágrimas, lágrimas de raiva, ódio e ciúme.


- O que a Granger tem a ver com isso? – fala Draco fingindo não entender o que ela dizia.


- A última vez em que vi Astoria ela disse que a Granger havia salvo a vida dela e estava trabalhando na mansão. Agora que ela fugiu, tudo faz sentido: Ela pegou vocês juntos.


Draco não respondeu, afastou-se e foi em direção a porta. Toca na maçaneta e antes de abri-la e sair diz somente uma frase:


- Se vir Astoria, diga-a que preciso vê-la.


***************************


Draco retorna a sua casa e se depara com Hermione andando de um lado para outro, transtornada.


- Rose desapareceu! Já alertei o departamento de aurores, mas não consigo falar com Harry, nem por corujas ou telefone. A Ellie e o Marvin também estão procurando-a. - fala Hermione rapidamente quase sem respirar.


“Isso é um pesadelo” penava Draco “Rose e Astoria desaparecidas!”


- Já avisou o Weasley? – perguntou Draco.


- Não, nem irei avisá-lo. – respondeu Hermione tensa.


- Ele é o pai dela. Tem que ser avisado.


- Pra que? Pra jogar na minha cara como fui irresponsável? Não, ele não ficará sabendo. – disse Hermione entre lágrimas, porém confiante. – Vamos ao Beco Diagonal. Tenho que encontrar Harry.


Draco não queria ter que pedir ajuda ao Potter, mas não tinha outra alternativa, e ele faria qualquer coisa para encontrar Rose. Lembrava que no início não a suportava: a menina era metida a sabe-tudo, intrometida e era filha de uma sangue ruim e um Weasley. Mas aos poucos foi vendo como estava enganado, pois aquela menina havia tocado sua vida de um jeito e (não sabia como), mas já a amava como se fosse sua filha. Agora ele via que as pessoas que mudaram seu jeito de ver as coisas haviam sumido. Isso lhe causava raiva e frustração. Quem quer que fosse o responsável pelo desaparecimento se Rose iria pagar com sua vida. Era impressionante como o aparecimento de Rose em sua vida mudara as coisas: Ele se convenceu de que amava Hermione, e apesar de não ter dito isso a ela ainda, não via a hora em que esse pesadelo terminasse, se desculpasse com Astoria e se declarasse para Hermione. Iram se casar e Rose moraria junto com eles, como uma família feliz de verdade, a família que nunca teve. Aprendera a ter fé e esperança graças a Rose.


Chegaram ao Beco Diagonal e o local estava deserto. Algumas lojas estavam com vidraças e portas quebradas e o Caldeirão Furado estava úmido e carbonizado. O interior era iluminado por algumas velas e em uma das mesas que estava inteira, via-se Harry e Astoria conversando. Hermione se adiantou:


- Harry, Astoria, tenho que falar com vocês...


- Eu não tenho nada para falar com você. – cortou-a Astoria levantando-se. – Não é capaz de notar o sofrimento que me causou?


- Astoria me perdoe...


- Nunca vou te perdoar, Draco. Nenhum de vocês. Eu tenho nojo de vocês. Vocês se merecem! – disse ela saindo e dando uma última olhada para Harry. Seus olhos, ao encontrarem os dele se tornaram ternos e as lágrimas pararam de escorrer durante aquela fração de segundo. Draco foi atrás dela. Harry entendeu tudo. E ele nunca imaginou que a amiga pudesse fazer algo do tipo.


*******************


- Astoria, espere!


- Me solte! – fala para Draco, que a segurava firmemente pelo pulso.- Me deixe...Por favor... – sua voz ia morrendo, de tento chorar.


- Me perdoe. Só me escute, eu preciso te explicar...


- Não...Um dia talvez, mas hoje...Hoje não...Deixe-me ir.


- Rose desapareceu – disse ele, sabia o quanto Astoria gostava da menina. Astoria olha nos olhos dele, respira fundo e fala com uma voz mais forte:


 - Não me importa. Quem sabe a Hermione se importe...Ah não, ela não se importa, prefere ficar se agarrando com você. – e dizendo isso, se solta e aparata.


*******************


- Harry, a minha filha desapareceu, eu preciso que me leve ao departamento de aurores e me ajude a encontrá-la.


- Eu te ajudo, mas pela Rose, porque ela não merece uma mãe como você. Ajudo pelo Ron, que é o pai e a ama. Eu nunca imaginei que fosse capaz disso... – fala Harry a mirando com desprezo.


- Falamos disso outra hora, tenho que achar a minha filha. Mas saiba que eu me arrependi e ...


- Não. Ambos sabemos que você não está arrependida. Pare de mentir, Hermione. A verdade é que você não vale nada. Só eu que não enxerguei isso... Mas agora de nada adianta, temos que encontrar Rose. Não podemos perder tempo.





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