Não é como num conto de fadas’

Não é como num conto de fadas’



Não é como num conto de fadas’


 


Digitada: 01/08/10


Madrinha: Srta. Rouge


Ouvindo: Today Was a Fairytale


 


 


 (...)


E aquilo ia contra todas as leis da natureza, não deveria haver cuidado e carinho e sim pressa e volúpia, devia ser como instinto animal, completamente irracional e feroz, mas não, era desejo, desejo humano, desejo que queima que exala de cada poro do corpo de uma intensidade que até dor causava. E doía.


Doeu porque ele alcançou seus lábios de forma calma e quente, doeu porque com um movimento seu ele gemeu seu nome, não Granger, mas Hermione.


E doeu, e você Malfoy sentiu-se quebrar, sentiu nojo de si mesmo por estar com ela, asco por saber que ela levantaria daquela cama, da sua cama, tão ou mais imunda do que quando chegara, do que quando fora ali pela primeira vez, e ele sabia, sabia que ela continuaria a mesma Granger de sangue-ruim de sempre, a mesma amiguinha do garoto-que-sobreviveu e rata de biblioteca e ele teria continuado a sentir nojo se tivesse tempo e se ela não tivesse chamado por ele, chamado por Draco e se ele não tivesse esquecido o peso de seu sobrenome, se não tivesse ido contra tudo o que fora criado para ser só para tê-la ali, gemendo seu nome.


Ela sabia que quando saísse dali voltariam a se encontrar, mas não em uma cama, nus e com os corpos unidos como um só, mas de lados opostos de uma guerra sem propósitos, sabia que ambos poderiam morrer, então não teve medo de só naquele momento enquanto juntos alcançavam o ápice dizer que o amava.


As palavras o atingiram não com tanta força como ele imaginara, mas sentiu-se zonzo por um segundo e em seguida respondeu-lhe roucamente: Eu também... Te amo. Não era uma declaração ou algo sublime e mágico como que num conto de fadas onde todos têm um final feliz. Era um fato, uma constatação da realidade, clara, nua e fria como costumava ser, sem encanto e sem final feliz, como foi provado quando o corpo sem vida dele alcançou o chão e o grito de desespero dela ecoou pelos jardins.


As suplicas dela para que ele lhe respondesse não eram atendidas e então como em toda tragédia a peça alcançou seu ponto alto quando a mocinha politicamente correta e perfeita tirou a própria vida num ato de desamor e ao mesmo tempo amor incondicional pelo vilão da historia. Não faria sentido. Não faria, se ela não fosse tão intimamente anti-heróis.


Tão trágico que chegava a ser maravilhosamente belo aos olhos de quem viu os castanhos dos olhos dela tornarem-se opacos e cinzas ao atingir o mesmo estado de plenitude que ele.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.