Capítulo dois.



Capítulo dois


 


Domingo, 1º de agosto de 2010- Highlands - Escócia


Rodovia que leva ao Instituto Mundial de Educação e Tecnologia de Hogwarts, 16h22min


 


Perfeito. Essa era a única palavra que Lilian Evans podia usar para definir o que estava vendo.  Não fazia nem dois dias que estava na Europa e já se sentia parte do lugar. Claro que a garota já havia estado no velho continente, mas a sensação de morar lá ao invés de fazer aqueles roteiros turísticos comuns com a família era indescritível.


Highlands com certeza teria um inverno rigoroso esse ano. As paisagens que surgiam a caminho de Hogwarts demonstravam isso. Lily suspirou. Seria a primeira vez em sua vida que ficaria tanto tempo longe de casa. “Até o Natal...” pensou.


 Não era tanto tempo assim. Sabia que sentiria falta do calor texano e de suas amigas sempre cheias de vida, mas sem sombra de dúvidas seria um alívio ficar longe de Petúnia. A realidade é que, por ela, passaria não só os quatro anos em Hogwarts, mas sim toda sua vida.


Esse sempre foi o sonho de Lilian. Viver em um lugar onde pudesse se desprender totalmente de quem era.  A nerd que se sentava na frente da sala de Cálculo Avançado deveria permanecer nos Estados Unidos. Tinha prometido a si mesma que seria outra pessoa agora, uma que fosse respeitada e querida pelo que era e não por causa de seu sobrenome, porque as vantagens de ser filha de Harry Evans, maior petroleiro do Texas e terceiro dos Estados Unidos, era proporcional às desvantagens. Isso, aliado ao fato de ser extremamente tímida, fazia de sua vida social uma lástima.


- Qual o problema princesa? Não está gostando da sua nova casa? - Lily olhou para seu pai, que ia sentado em sua frente na luxuosa limusine alugada para ocasião. Não pôde deixar de sorrir.  Sua mãe sempre lhe dizia que seu pai, mesmo tendo nascido em uma família rica tradicional, parecia ser um novo rico, daqueles que ganharam algum reality show, desses que estão na moda. Mas ao mesmo tempo isso só o fazia parecer ainda mais divertido.


- Problema nenhum, por quê?


- Conheço essa sua expressão.  Mordendo o lábio inferior, franzindo o cenho... Ou é um problema com a Europa ou algum problema de álgebra. – Sr. Evans riu com a expressão de desgosto da filha. Ela odiava ser tão transparente.


-Nenhum nem outro, só estava pensando que talvez a sua amada filha Petúnia pudesse ter ficado em casa.


Lilian olhou com uma cara de nojo pra irmã que estava ao seu lado com uma máscara facial verde no rosto twittando alegremente com seu iphone Pink.


- Acha mesmo que eu perderia uma super festa? – Petúnia, a típica cheerleader americana, nem se deu ao trabalho de olhar para a irmã enquanto falava com sua melhor amiga em um celular e atualizava seu twitter. As duas deviam estar fofocando sobre a vida de um pobre coitado do colégio.


- Mesmo que a festa em questão seja em MINHA homenagem? - Alfinetou Lily.


- Iria, mesmo que isso fosse verdade. Venhamos e convenhamos irmãzinha, no dia que alguém fizer uma festa pra você com certeza será aquela breguice de festa surpresa com um ou dois nerds de novo...


- Fala isso porque suas amigas são tão fofoqueiras que não conseguiriam fazer surpresa alguma pra você! – Lily riu da expressão furiosa da irmã, apesar de não saber o porquê de a garota ter se irritado, afinal ela e as amigas eram as criaturas mais fofoqueiras do planeta! E com certeza a festa de despedida surpresa que Alice, Frank e todos os seus amigos do clube de xadrez fizeram, de longe, foi a melhor festa de sua vida. Petúnia não sabia o que estava perdendo.


- Pelo menos minhas amigas são bonitas!


- E isso é de grande importância pra mim porque... – Lily fitou o rosto da irmã com sua melhor expressão de indiferença, gesticulando com as mãos para que a irmã completasse a frase. O fato de Petúnia sempre apelar para esse argumento só demonstrava uma coisa: sua irmã tinha que achar um marido rico UR-GEN-TE-MEN-TE, senão teria um futuro vazio.


- Talvez se você tivesse amigos que prestassem você conseguisse partidos melhores do que Amos Diggory. - Por um segundo a máscara fria de Lily escorregou, mas logo ela se recompôs.


Amos foi o seu primeiro e único amor, mas as coisas não tinham ido tão bem quanto os filmes de romance sugeriam, por isso Lily também fez uma promessa relacionada a isso. Nunca mais se apaixonaria de novo!


- É agora que eu começo a chorar? Porque eu quero seguir a risca seu planinho diabólico de me infernizar! Você é tão esperta irmãzinha...


- O.K garotas! Já tivemos desavenças demais hoje... - Sr. Evans se arrepiava só de lembrar da briga das duas no saguão do hotel hoje, mais cedo.


Nessas horas a presença de Hilary Evans fazia ainda mais falta. Desde que a matriarca da família Evans faleceu suas duas herdeiras não conseguem passar um dia sem discutir. A ausência do pai também influenciou muito. Sr. Evans não sabe o que é férias desde 2005, época em que sua esposa morreu.


Petúnia olhou para o pai com a sua melhor expressão de “Eu não tenho culpa”. Que culpa tinha se sua irmã anormal não sabia que a Miley tinha namorado com o Nick Jonas? Quem no planeta não sabe disso? Era de se esperar um escândalo, afinal ignorância não é uma benção...


Lily se limitou a revirar os olhos.  Sabia que quando o pai chamava a atenção, não fazia isso com ela, afinal para que droga ela usaria a maldita informação que a Hannah Montana namorou com um dos pentelhos dos Jonas Brothers? [N/A: Sem ofensas! Os personagens têm gostos próprios...] Graças a Deus não teria que ouvir mais esse tipo de coisa!


Olhou pela janela e ficou encantada: os contornos de Hogwarts já apareciam no horizonte.  O colégio era simplesmente divino! Os muros altos que lembram os de um castelo, emoldurados por uma floresta densa, cujas árvores já possuíam uma coloração alaranjada, o que dava ao lugar um toque mágico.


- Nossa! Achei que era um colégio moderno... Isso parece um daqueles castelos chatos que você e a mamãe nos obrigavam a visitar lá na Inglaterra! – Petúnia disse enquanto se debruçava sobre Lily pra visualizar melhor o novo alvo de suas críticas.


- E depois você me pergunta por que não te convidaram pra vir pra cá. – Lily disse tentando disfarçar um sorriso.


Mesmo com todo o dinheiro do pai, Petúnia nunca iria pra Hogwarts. Esse foi um dos motivos para a mudança de status de Lilian em seu antigo colégio: de obtusa, palavra que as clones de farmácia aprenderam assistindo Gossip Girl, para anormal.


Petúnia tem tentado fazer Hogwarts perder seu encanto a cada dia, “mas afinal o que é um pássaro tentando apagar um incêndio?” pensou Lily, divertida, usando uma das metáforas que sua mãe usava para fazer com que as filhas pensassem que podiam mudar o mundo.  “Minha mãe sempre foi uma sonhadora mesmo!”.


Olhou para a irmã com saudosismo. “Petúnia parece tanto com ela...”.  Mesmo se divertindo chamando a irmã mais velha de cara de cavalo, não podia deixar de admirar a beleza dela. Ela simplesmente tinha herdado todos os traços perfeitos da mãe, exceto os cabelos ruivos.


Lily pegou distraídamente em um cacho de seu cabelo. Com certeza era bom sentir que havia herdado algo dela. Seu pai sempre lhe dizia que ela havia herdado mais de Hilary do que ela imaginava, mas simplesmente era ridículo tentar comparar a intensidade do otimismo da mãe com o seu frio ceticismo. Talvez seu pai só quisesse tentar consolá-la mesmo...


 


 


Domingo, 1º de agosto de 2010- Highlands - Escócia


 


Instituto Mundial de Educação e Tecnologia de Hogwarts, 17h03min


 


 “É impressionante como as pessoas mudam!”. Dorcas olhou espantada para seus pais. Nunca em toda sua vida imaginou os dois fascinados por algo construído pelo homem.  "É bem verdade que o lugar é impressionante e que não falta natureza por aqui, mas ainda sim é estranho."


- Vocês não têm nada a dizer sobre o fato deste local ter derrubado milhares de árvores e usado mais milhares delas para ser construído? – Dorcas não queria parecer irônica ou agressiva, ela realmente estava admirada com esse fato, afinal seus pais eram dois ativistas ambientais de renome.


-Infelizmente foi preciso... Acredite ou não, esse foi sem dúvida o projeto menos agressivo, por isso a Konstruktionen LTDA conseguiu ser A ESCOLHIDA...


Dorcas olhou para seu pai de soslaio e lhe deu um sorriso. Sem dúvidas esses filmes de terror que o Sr. Meadowes tem assistido ultimamente tiveram um efeito estranho na personalidade dele.


- Pra explodir? Pobrezinhos... – A senhora Meadowes entrou na conversa. Ela sim estava sendo irônica. Nunca gostou de filmes de terror e agora que o marido era fã, gostava menos ainda.


Dorcas continuou seu caminho pelo grande corredor de pedra que se estendia até uma bifurcação. Hogwarts não tinha placas, mas era fácil saber onde daria cada lugar. O corredor do lado esquerdo certamente daria em uma área com lugares para as pessoas se trocarem, porque ainda havia gente ansiosa para se “destacar” no baile indo pra lá. Dorcas revirou os olhos com o pensamento.


Estava de longo, mas se vestiu com o vestido de gala mais simples que pôde pensar: longo, verde esmeralda de um ombro só, de chiffon com uma tira bordada na cintura. “Simples, pratico e ainda combina com meus olhos.”


Mas não precisou ir muito longe pra ver que era a única que pensava assim. O salão já estava cheio de pessoas em trajes luxuosos. Em pensar que era uma festa que só iria durar até meia noite... Os acompanhantes tinham que se retirar do colégio até as duas da manhã, afinal amanhã à tarde a aula inaugural seria realizada.


Dorcas olhou para seus pais e viu que ainda estavam entretidos com a conversa sobre a empresa alemã. Resolveu que o melhor a fazer era dar uma volta. Talvez pudesse juntar informações suficientes para fazer um blog sobre vestidos de festas: ‘o que usar e o que definitivamente NÃO USAR em um baile formal. ’


Só para confirmar seus pensamentos, uma loira com um tomara-que-caia branco, com direito a cauda de sereia e bordados brilhantes, passou jogando seu “charme” de líder de torcida na multidão.


- Só muito álcool pra me fazer aguentar essa noite... – Dorcas pegou o primeiro drink que viu passar. A taça estava enfeitada com um guarda-chuvinha o que significava que tinha o que ela queria. Virou tudo de vez.


- S'il avait de l'alcool, je me considère chanceuse! (Se tivesse álcool, eu me consideraria sortudo!) – Uma voz rouca disse em seu ouvido.


Ela respirou fundo. Seu francês e sua paciência não andavam muito bem ultimamente. Virou-se lentamente para dispensar o garoto que teve a ousadia de se aproximar tanto dela, mas parou surpresa ao ver quem era.


Na verdade Dorcas não tinha a menor ideia de quem era, mas podia defini-lo em uma palavra: DESLUMBRANTE!


 Um moreno de olhos azuis acinzentados a olhava curioso com um sorriso de lado. Ele com certeza já estava acostumado a causar certo choque nas mulheres. “Mulheres como a noiva sereia que passou aqui neste instante.”, pensou recobrando a postura de indiferença.


- Excusez-moi, ne parlent pás votre langue três bien. (Desculpe-me, não falo seu idioma muito bem.)- Disse isso na tentativa de se esquivar do garoto. Ele deu um passo para a esquerda, fechando sutilmente seu caminho.


- Eu sei falar o seu muito bem- O garoto disse se aproximando. Dorcas o olhou meio hipnotizada, meio aborrecida. Era muito atrevimento o dele querer algo com ela sem nem se apresentar, mas ao mesmo tempo ele era do tipo em quem o atrevimento caía bem.


Ele a encarou sorrindo maliciosamente, mas seu sorriso morreu ao ver algo que não lhe agradou. Dorcas virou o rosto levemente para tentar ver o que havia acontecido, mas só conseguiu enxergar um moreno sendo arrastado para o lado de fora do salão.


-C'est le genre de chose que James Potter ne peut pas faire, mais faire quand même! (Esse é o tipo de coisa que James Potter não pode fazer, mas faz mesmo assim!)- O garoto disse bastante irritado, mas tentou não demonstrar ao sorrir pra Dorcas como se estivesse pedindo desculpas.


- Vai! Não preciso de um gato pra me fazer companhia nessa tediosa super produção Holly...


- Quanta amargura! – Outro cara falou no seu ouvido, dessa vez com um sotaque bem forte. “Se for bonito, eu vou fingir um desmaio pra ele não ir embora!”, pensou divertida.


Virou-se e não pôde conter um super sorriso. O loiro à sua frente era mais do que bonito! Ela olhou automaticamente pra cima e murmurou um 'obrigada'. O garoto olhou pro teto também, tentando ver o que havia chamado a atenção da garota.


- Qual o seu nome?- Ela disse tão rápido que o assustou. Ele olhou pra ela com curiosidade. A garota não parecia ser do tipo apressada, mas estava sendo.


-Remus Lupin. – Ele estendeu a mão pra ela que logo aceitou.


-Dorcas Mea... – Ela se interrompeu quando o viu beijando a sua mão. Corou automaticamente. “Não seja idiota, ele só está sendo gentil, sua encalhada!”, pensou chutando a si mesma, mentalmente.


- Mea? De que lugar você vem?


- Na verdade é Meadowes, mas os meus amigos me chamam de Mea. – “O QUE? Alguém me mate pelo amor de Deus!”. Dorcas tirou rapidamente sua mão das mãos do garoto. Talvez assim conseguisse pensar direito.


- Hum... Interessante. – Foi a única coisa que ele disse. Parecia mais assustado do que interessado. Ela olhou novamente para cima como se esperasse alguma ajuda divina. Estava se comportando como uma garotinha inexperiente! – Gostou do teto?


- Como?  - Se sentia como se tivesse sido arrancada de um sono profundo, estava perdida em algum lugar desconhecido.


- O teto. Você sempre olha pra ele como se tivesse algo muito importante lá. Acho que ele foi feito com a intenção de fascinar as pessoas mesmo...


Dorcas pela primeira vez na noite realmente olhou para onde Remus estava olhando, tentando ver o que havia lá em cima. O teto parecia encantado. Permitia ver todo o céu lá fora, que estava realmente estrelado, talvez por pertencer a uma área longe da poluição humana.


Algumas velas flutuavam acima dos convidados, algum truque de luzes e imagens, muito bem pensado. Finalmente conseguiu entender o que estava dando a festa aquela atmosfera de mistério. Isso e o fato de parecer que os caras mais gatos estavam se sentindo atraídos por ela. Voltou sua atenção para o garoto em sua frente.


- Você tem razão Remus Lupin. É fascinante! – Conseguiu fazer sua voz sair calma e baixa, o que aos olhos de qualquer garoto pareceria fazê-la segura e sensual. Sorriu pra si mesma, mas principalmente, para o belo loiro de smoking que a olhava com um lindo sorriso.


- Pode me chamar de... – Ele não completou a frase, por que foi interrompido por um grito histérico.


-REMUS! – A festa toda olhou para aquela garota alta de cabelos negros presos em um coque. O fato de estar com um vestido Pink também não ajudou muito na sua discrição.


Remus parecia que iria ter uma síncope naquele momento. Se a garota não o tivesse abraçado, ele provavelmente teria se escondido  debaixo de alguma mesa. Ele olhou para Dorcas como se pedisse ajuda, mas o máximo que ela fez foi se afastar dele. Seria uma pessoa a menos pra ele se preocupar em demonstrar vergonha pelo comportamento da “amiga”.


- Chega de garotos por hoje Dorcas! – Murmurou pra si mesma, enquanto se desviava da multidão que ainda parecia deslumbrada com Hogwarts... “Ou com o que ela representa em suas vidas.”, pensou sem humor.


 


[N/A: Apresento-lhes, Lily e Dorcas! Haha, q besta q eu sou... Gostei de escrever descrevendo um pouco as meninas... Demorei porque estava meio sem inspiração pra continuar a história (Percebe-se)... Mas ao menos todo mundo já chegou em Hogwarts! Dá um crédito, vocês vão entender o que aconteceu realmente na festa, narração do Remus e da Lene de novo! Acho que vou seguir esse padrão... Não sei, vai depender da história. Chega de blábláblá, comentem!!! Bjuxxx]


 


[N/B: Eu estou criando um carinho especial por essa fic. Espero que a autora não demore pra atualizar. Na verdade, não se preocupem. Eu vou ameaçá-la fisicamente se ela ousar atrasar. Se bem que ela é mais forte do que eu. De qualquer forma, acho que agora a máquina engrena. O enredo é ótimo, mas os personagens são melhores ainda. E ainda tem cultura: aprendem Francês e sobre bom gosto musical (brincadeira. Ou não.) Beijinhos e comentem.] 


 

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