Sempre um amor



 04 – Sempre um amor


 



Disclaimer: '' Devemos tudo isso a admirável, incomparável e extraordinária genialidade de J. K. Rowling, eu só pego emprestadas suas criações para me divertir um pouquinho ''.


 


Essa história se passa em Harry Potter and the Order of the Phoenix (Harry Potter e a Ordem da Fênix).


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Preocupada demais para juntar todos os seus materias que caíram no chão quando Pansy Parkinson, uma aluna irritante e também monitora da Sonserina, esbarrara nela na tentativa inútil de derrubá-la, Hermione achava-se a espera de Snape junto com seus colegas da Grifinória, que diferentes dela, estavam contentes na esperança de que o professor de que menos gostavam faltasse à aula logo no primeiro dia.


 


A garota olhava para o corredor, imaginando a cada segundo que surgisse um vulto alto vestido de negro andando a passos largos em direção a porta da sala de aula. Mas nada. Isto era impossível, Snape nunca se atrasava para uma sequer aula em todos os cinco anos de experiência que Hermione tivera, ao menos que algo muito ruim tivesse acontecido. Quando estava quase perdendo a pequena brisa de esperança que tivera dele chegar, o vulto que ela tanto imaginara surgiu ao fim do corredor. Com um súbito sentimento de alivio, Hermione rapidamente abaixou-se e recolocou seus pertences na mochila, jogando-a nas costas. Snape passou por ela e escancarou a porta da sala. Os alunos, tristes, entraram e sentaram-se. Ela própria sentara-se na rotineira carteira ao fundo da sala junto com Rony e Harry.


 


 


 


- Hoje, iremos estudar a poção do Acônito, ou, como é conhecida por vocês, a poção do morto-vivo. Fica claro que não teremos no mínimo uma poção aceitável na sala, sendo ainda que a poção do Acônito é de nível avançado. Vocês a estudaram novamente no sexto ano.


 


 


 


Fez-se uma pausa.


 


 


 


- Potter?


 


 


 


Hermione olhou para o lado, Harry estava com a mão levantada.


 


 


 


- Se a estudaremos de novo ano que vem, por que está nos ensinado agora? - Disse ele, com um tom de voz de incompreensão, embora sua expressão fosse de sarcasmo.


 


 


 


- Dez pontos a menos para a Grifinória por se meter em assuntos que não são de sua competência.  - Disse Snape, rapidamente.


 


 


 


- Alguém poderia me dizer qual é a função da poção do morto-vivo?


 


 


 


Hermione levantou a mão.


 


 


 


- Ninguém? Que pena.  - Snape falou, ignorando a mão de Hermione no ar.


 


 


 


A garota abaixou a mão lentamente, com a preocupação anterior pelo professor sendo substituída por raiva, embora ela ainda estivesse curiosa para saber como ele escapara aparentemente imune das garras de Você-Sabe-Quem, pois estava agindo com a mesma rispidez de sempre.


 


 


 


- A poção do Acônito tem por objetivo controlar os sintomas de um lobisomem durante a lua cheia e é bastante complexa. Sigam – ele fez um aceno com a varinha – as instruções no quadro.


 


 


 


Snape sentou-se na cadeira em frente a sua escrivaninha e Hermione rapidamente pegou da sua mochila o “Contravenenos Asiáticos”, livro que usavam este ano, e o folheou. Mas não havia nada escrito sobre a poção do Morto-vivo no seu exemplar da quinta série. Ela, que tinha esperança de obter mais alguma instrução, virou-se relutantemente para o quadro e começou seu trabalho. Na metade do processo, a poção de Hermione apresentava-se lisa e cor de groselha, exatamente como as instruções de Snape no quadro negro. Hermione, contente em ter conseguido um resultado que, segundo Snape, ninguém conseguiria, continuou o processo complicado da poção. Ela tentava cortar a vagem soporífera, numa tentativa quase inútil de conseguir seiva. Depois, a poção tomou uma cor lilás-clara, novamente de acordo com as instruções de Snape. Mexendo-a no sentido anti-horário, terminou-a. No final, não ficou exatamente de acordo com o que estava no quadro, mas, considerando que era uma poção dificílima, Hermione achou que estaria, contradizendo o que Snape dissera, no mínimo aceitável. Ela colocou uma amostra em um pequeno frasco de vidro e, rotulando-o com o nome da poção e o da aluna, levantou-se para entregar. Passando pelo caldeirão de Rony, percebeu que sua poção estava densa e escura, exatamente igual à de Harry, e com um odor horrível. Snape levantou uma sobrancelha quando ela chegou em sua mesa, o que Hermione entendeu como um ‘’já?’’. Ela assentiu, dando de ombros. Depositando a poção na mesa dele, voltou a sua carteira e guardou o material, e, aguardando os companheiros, sentou-se em silêncio em sua cadeira. Depois de algum tempo, levantou novamente os olhos para a mesa do professor, e, com um sustou, percebeu que ele analisava sua poção e preenchia uma folha ao seu lado, certamente a folha de resultados. É claro, ela fora a primeira a entregar, então, enquanto os outros alunos ainda faziam o trabalho, ele analisava a poção dela. Malfoy levantou-se e foi até a mesa do professor, também entregando a sua poção. Snape colocara a dela de lado e agora analisava a de Malfoy. Hermione, desviando um pouco sua atenção do professor, olhou para Harry. O garoto também arrolhava a sua poção e a levava ao professor. Com o tempo, todos já tinham entregado e a sineta soava, duas aulas já haviam se passado e ela nem percebera. Hermione levantou-se e guardava os livros na mala quando Snape chamou.


 


 


 


- Srta. Granger, Sr. Malfoy, Srta. Parkinson.


 


 


 


Hermione virou-se assustada, pensando que podia ser algo sobre o que aconteceu no corredor, mas Snape só entregava os resultados do trabalho de hoje. Ela encaminhou-se a mesa do professor e pegou seu próprio pergaminho, um grande P estava escrito com caneta vermelha. P de Péssimo.  Hermione, brava, mas ainda analisando o pergaminho retirou-se da sala e encontrou Rony e Harry esperando ela do lado de fora. Os três seguiram para a próxima aula, que era Trato das Criaturas Mágicas. Foi quando Hermione percebeu que havia um papel, liso e preso por magia, junto com sua folha de resultados.


 


 


 


Srta. Granger.


 


 


 


Favor compareça ao meu gabinete esta noite, temos alguns assuntos a tratar.


 


 


 


Dumbledore.


 


 


 


P.S: Traga alguns sorvetes de limão.


 


 


 


Hermione, entendendo que sorvete de limão era a senha, dobrou cuidadosamente o papel e o colocou na mochila. A aula de Trato das Criaturas Mágicas correu perfeitamente, igual ao resto do dia. Depois do DCAT, Hermione foi ao seu dormitório, deixando lá sua mochila, jantou e foi em direção ao gabinete de Dumbledore se perguntando o que teria acontecido desta vez.


 


 


 


- Sorvete de limão.


 


 


 


A gárgula saltou para o lado; A parede oculta se abriu, e surgiu uma escada circular de pedra, na qual Hermione pos os pés para ser levada até a porta com a aldrava de latão que dava acesso ao escritório do diretor. Ela bateu.


 


 


 


- Entre.  - Soou uma voz conhecida de dentro.


 


 


 


Hermione a abriu e entrou.


 


 


 


- Boa noite, Senhor.


 


 


 


- Boa noite Srta. Granger.


 


 


 


Ele indicou a poltrona na frente da escrivaninha. Hermione sentou-se.


 


 


 


- Infelizmente, terei de lhe informar que esta noite trataremos de assuntos que realmente não seriam consideradas boas noticias.


 


 


 


Hermione olhou intrigada para o diretor.


 


 


 


- Hermione, como sabe, o professor Snape foi torturado por Voldemort há alguns dias atrás.


 


 


 


Ele fez uma pausa.


 


 


 


- E... receio que Voldemort tenha descoberto a verdadeira posição de Severo nesta guerra.


 


 


 


Hermione, que por um momento analisava o grande armário preto ao lado, voltou rapidamente sua atenção para Dumbledore.


 


 


 


- Embora, eu não saiba como.


 


 


 


- Mas, senhor... Você-sabe-quem não teria matado o professor Snape?  - A voz de Hermione tremeu ao enunciar a palavra matar.


 


 


 


- Este é o ponto que não deixa minhas suposições seguirem em frente. Mas, de acordo com minhas suspeitas, e Severo ainda não sabe delas e acredito que não seja à hora de contar, de agora em diante, Voldemort o manterá por algum tempo como preparador de poções. Tomando o cuidado para que ele sempre fique longe de ter conhecimento dos seus planos. Severo trabalhava para Voldemort somente por que podia trazer informações úteis à ordem, e ainda receava de às vezes ter que matar pessoas, algo que definitivamente fazia severo querer desistir desse trabalho. Mas agora, só o que ira fazer é cometer essas atrocidades, tenho certeza de que não gostara nenhum pouco da idéia.


 


 


 


Hermione ficou perplexa ao enfim saber ao que Snape era submetido a fazer.


 


 


 


- Eu a chamei aqui hoje à noite Hermione, não somente para lhe contar tudo que contei até agora, mas também por outro motivo: Snape não sabe ao certo o que aconteceu. Não sabe que feitiço foi lançado nele. Ele está sofrendo com os sintomas dignos de um feitiço das trevas desde que voltou daquela noite, e insiste em trabalhar, embora eu diga que ficar de repouso seria o melhor a fazer, é claro que talvez nem isso adiantasse muito contra o que quer que esteja no corpo de seu professor. Eu quero Hermione, se você puder fazer este favor, que você me ajude a achar qual foi o feitiço que Voldemort lançou em Snape. Não parece, mas sei que isto é importante. Quando essa guerra realmente começar, Snape precisará de apoio.


 


 


 


- Eu... – Começou ela – Mas como... Professor, o senhor disse que me diria o que fazer. Como poderei ajudar a combater Você-sabe-quem?


 


 


 


- Bom, o primeiro passo seria ajudar Severo em tarefas simples, para dar a ele uns instantes de descanso. – interrompeu Dumbledore – Se você pudesse comparecer na sala dele alguns dias por semana, começando por amanha, seria de grande ajuda. Ajudando Severo, você estará ajudando a acabar com Voldemort.


 


 


 


Hermione assentiu. Depois de dispensada, ela foi fazer sua diária ronda pelos corredores, e depois ainda subiu ao seu quarto. Ela deitou-se na cama. Embora estivesse cansada, não conseguia dormir, pensando no que ouvira no escritório do diretor. Agora sim, ela estava definitivamente com pena de Snape. Ele não merecia isso, e ela, em partes, entendia por que ele era tão arrogante e sarcástico em suas aulas, como, por exemplo, fora com ela hoje. Como um homem que era obrigado a violentar, torturar e matar poderia ser diferente? Como todos poderiam esperar palavras doces e gentis de um homem que só conhecia a dor e o desespero? Depois de muito refletir e continuar sem respostas, o sono tomou conta da garota.


 


No dia seguinte ela levantou cedo e foi à biblioteca; queria ver se achava algo sobre o tal feitiço que atingira Snape, mas não conseguiu. O resto do dia passou-se normalmente, e quando faltavam cinco minutos para as oito horas, o horário combinado, ela estava se dirigindo para a sala do professor. Depois de descer as escadarias já conhecidas ela viu-se em frente a uma porta de madeira escura. Batendo, chamou:


 


 


 


- Professor?


 


 


 


Ela escutou arranhaduras na porta e depois a mesma se abriu de súbito. Ao lado dela achava-se uma figura alto com os cabelos oleosos e vestido de preto.


 


 


 


- Está atrasada Granger.  - Falou ele secamente.


 


 


 


Ela consultou o relógio de bolso. Oito e um. Balançando a cabeça como quem tenta espantar uma mosca voltou sua atenção ao professor. Este, deixando espaço para garota passar, conduzia-a por uma porta ao fundo da sala. A porta dava diretamente para uma escadaria circular de granito que subia muito acima da cabeça dela. Eles avançaram pelas escadas; o lugar era escuro, embora houvesse algumas tochas nas paredes ao longo de todo o percurso. Quadros encardidos também podiam ser vistos. Ao final da grande escadaria, eles achavam-se novamente em frente de outra porta. Quando ele a abriu, Hermione surpreendeu-se. Aquela porta dava para uma sala circular bem ampla; as paredes brancas exibiam quadros lindos. Do outro lado do aposento, uma grande lareira de mármore crepitava com chamas muito vermelhas; á frente da mesma um sofá de couro preto exibia seu esplendor. Ao lado, uma estante com muitos livros e uma poltrona; uma mesa a acompanhava, em cima da mesa encontrava-se uma grande pilha de deveres. Um carpete marrom claro estendia-se por toda a sala. Duas portas de madeira escura podiam ser vistas; uma próxima á lareira e a outra ao lado de uma grande janela. Hermione, olhando pela janela, surpreendeu-se novamente; a vista era extremamente maravilhosa. O lago estava longe, mas podia-se perceber a lua refletida nele. A garota percebeu estar muito acima do solo; talvez na altitude do salão comunal da Grifinória. Snape mais uma vez conduziu-a; agora pela porta ao lado da janela. Esse aposento era diferente; retangular, do tamanho de uma cozinha em um apartamento, tinha encostado em uma de suas paredes uma grande estante que, Hermione viu, estava repleta de poções, instrumentos que ela não conhecia e ingredientes. Na outra parede, uma grande bancada de madeira clara; sobre ela encontravam-se dois caldeirões. Uma lista com nomes de várias poções estava grudada na parede. Na frente dos dois caldeirões podia-se ver duas banquetas de bar de couro preto e carvalho.


 


- É aqui que você irá trabalhar. – falou Snape, assustando-a: ela tinha se esquecido que ele estava ali – Madame Pomfrey entrega listas semanais das poções que necessita. – ele apontou para lista na parede e acrescentou: – o que agora é sua tarefa. Acredito que você já saiba preparar tudo que está na lista desta semana, o que significa que já pode começar.


 


Ele mesmo adiantou-se para o caldeirão mais próximo da porta e começou o preparo de alguma coisa que Hermione nunca tinha visto, mas que tinha uma cor perolada muito parecida com os sedosos fios de lembrança; porem esta com uma consistência mais liquida. Ela foi até seu caldeirão;  um certo tremor se apoderou dela: e se ela errasse alguma coisa? ‘’Calma Hermione’’- disse para si mesma. Ela viu que no topo da lista estava escrito: Solução para Fortalecer.  ‘’Ótimo’’ – pensou novamente. Sabia muito bem como preparar a Solução para Fortalecer. Ela virou-se para a grande estante atrás e localizou os únicos dois ingredientes: Suco de Romã e Sangue de Salamandra. Ela girou a chave na fechadura prateada na porta de vidro do armário olhando para Snape, este pareceu nem perceber o movimento dela. A menina pegou os dois potes de vidro que estavam no topo da estante e os colocou com cuidado na bancada. Depois de fechar o armário começou o preparo da poção. Colocou no caldeirão o Sangue de Salamandra, no fogo baixo, e começou a mexer. Depois de quinze minutos mexendo, lançou um feitiço de êxtase: tinha que deixar a poção descansar por mais quinze minutos antes de acrescentar o Suco de Romã. Quando ela virou para o lado assustou-se com o que viu. Snape fazia uma careta de dor e segurava com uma de suas mãos o braço esquerdo, onde, Hermione sabia, estava tatuada a fogo a marca negra. Ela, sem pensar em suas ações, correu até onde seu professor encontrava-se e colocou a mão na parte exposta do braço dele. A pele dele era macia e ao mesmo tempo muito masculina. Ela estacou. Ele olhou para ela com aparente fúria, a menina, acordando, retirou rapidamente sua mão como se tivesse sido queimada. Ele virou-se para trás fazendo sua capa voar alguns centímetros, e, com rápidos movimentos, saiu do aposento indo novamente para sala circular e fechando a porta com um baque surdo. Ela ficou ali, imóvel, fitando inconscientemente o lugar em que antes ele se encontrava. Hermione não sabia o que tinha ocorrido. Neste momento, ela sentiu algo que antes nunca tinha sentido por alguém, ainda mais por um homem com o dobro da sua idade.


 


 


 


- Pelas barbas de Merlim.


 


 


 


Sussurrou ela para si mesma. Mas felizmente ela saiu do transe, e entendeu o que tinha acabado de acontecer: ele fora chamado para uma reuniãozinha intima dos seguidores de Voldemort. Ela lembrou-se das palavras de Dumbledore, de que não sabia por que Voldemort não havia matado Severo. A garota de repente caiu na real. Abriu a porta pela qual Snape saíra, mas a única coisa que viu foram chamas agora muito verdes na lareira, que desapareceram em alguns segundos. Ela só pode pensar em uma coisa: ir ao escritório de Dumbledore do jeito mais rápido. Entrou na lareira e pegou o pó de flu que estava sobre a mesinha de centro, e gritando: Escritório de Dumbledore! Rodopiou nas chamas. Ela foi jogada no tapete da sala de seu diretor, e levantou-se rapidamente. Dumbledore encontrava-se sentado em sua cadeira, vestindo um magnífico pijama carmim. Ele levantou os olhos para ela.


 


 


 


- Srta. Granger, já sei o que aconteceu, embora, é claro, eu aprecie a sua preocupação.


 


 


 


Ela ficou irritada pelo diretor estar lidando com a vida de Snape com tanta calma.


 


 


 


- Professor, Severo pode estar morto! - Ela falou, com raiva. Foi ai que ela se deu conta de ter usado seu primeiro nome.  


 


 


 


Dumbledore analisou-a pensativamente.


 


 


 


- Não se preocupe, tudo ficara bem.


 


- Como o senhor sabe? – retrucou ela, com a voz tremula, sendo insolente sem nem mesmo ter consciência disso.


 


 


 


Dumbledore fez silencio por alguns segundos.


 


 


 


- Senhorita Granger, não acredito que Voldemort vá matá-lo. Se tivesse em mente este plano, isto já teria acontecido há muito tempo.


 


 


 


Hermione olhou para baixo para esconder as lágrimas que escorreram sorrateiramente pelo seu rosto. Não, ela não acreditava no que Dumbledore estava dizendo. Onde Severo estaria agora? O que estaria acontecendo com ele?


 


 


 


- Senhorita Granger, se quiser voltar à torre da...


 


 


 


- Não! - Hermione interrompeu com agora firmeza na voz; mas percebendo que tinha sido grosseira com o diretor, acrescentou: - não irei conseguir dormir, preciso saber o que esta acontecendo.


 


 


 


- Então acredito que seria mais sensato a senhorita esperá-lo nos aposentos dele – falou Dumbledore – Se quiser, pode usar a rede de flu.


 


 


 


Ela levantou-se e entrou na lareira. Dumbledore lhe entregou o pó de flu. Ela o jogou no chão e desapareceu nas chamas verdes escaldantes.


 


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Já fazia mais de duas horas que ela estava esperando, e ele ainda não chegara. Ela falou com sigo mesma e com um grande pesar no coração.


 


- E se ele não voltar? Não, não, não... isso não vai acontecer! – exclamou - Ou espero que não aconteça...


 


Ela andava de um lado para o outro em frente á lareira. Vislumbrou de repente a estante de livros, e pensou que não teria problema tentar se distrair com um deles, já que não tinha mais nada para fazer (já tinha completado a poção). Depois de pegar um a seu gosto, sentou-se no sofá de couro e tentou ler, mas essa distração somente a entreteve por cinco minutos, pois depois ela não conseguiu mais ler. Já passava da hora de Snape ter chegado! “Talvez... talvez ele esteja com Dumbledore? Não, Dumbledore me avisaria se ele estivesse lá. Então onde ele está?” - Perguntou-se ela. Foi ai que finalmente irromperam da lareira de mármore chamas verdes, e depois delas, o vulto já tão conhecido por Hermione. Ela soltou a respiração que não percebera estar prendendo.


 


 


 


- Granger, posso saber o que está fazendo aqui? - Falou ele irritado, quando percebeu a presença da garota.


 


 


 


Uma reação que Hermione já esperava. Ela tinha a resposta pronta:


 


 


 


- Sim Professor, pode. Acontece que eu me preocupo com você, e não conseguiria dormir sem saber como o senhor está.


 


 


 


Ela ficou chocada por ter realmente dito isso. Era verdade que ela bolara essa resposta, mas não pensara que teria coragem suficiente para dizê-la. Snape lançou-lhe um olhar terrivelmente familiar.


 


 


 


- Fora!


 


 


 


Ela olhou para ele com um olhar suplicante.


 


 


 


- Eu disse FORA!


 


 


 


Hermione, inconformada virou-se e saiu pela porta que dava para a grande escadaria.


 


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Isso não podia estar acontecendo, definitivamente não podia. Qual foi a última vez que alguém disse que se preocupava com ele? Certamente nunca. Talvez uma vez há muito tempo e com depois muito arrependimento Lílian teria dito isso. Ele continuou fitando o local onde á segundos atrás a grifinória sabe-tudo estava. Ele tentou esquecer, e foi para o seu quarto pela porta ao lado da lareira. O ambiente lá dentro estava escuro; as cortinas verde-musgo estavam fechadas e o único ponto de luz era um candelabro sobre a cama. Ele sentou-se na mesma, afundando levemente, e sentindo que precisava descansar. Deitando-se puxou o lençol da cor verde como a cortina e tentou fechar os olhos, mas não, não conseguia. A imagem da menina de cabelos cacheados ainda estava em sua mente.


 


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Foi de repente que Hermione se achou em frente à mulher gorda. Ela disse a senha e entrou. A única luz na sala comunal era a da lareira, e todos já estavam dormindo. Ela subiu ao seu quarto, puxando a varinha e encostando-a na maçaneta para destrancar a porta. Ela entrou e sem despir-se deitou na cama. Estava cansada demais, mas ainda assim suas duvidas não a deixavam dormir. Ela olhou para o quarto direito pela primeira vez desde que chegara ali. O quarto era grande, tinha uma cortina com o brasão da grifinória igualmente ao lençol que estava sob a cama. Um armário preto cobria uma das paredes. E ainda, tinha uma porta de madeira perto do armário que dava acesso ao banheiro. O seu malão estava encostado na cama junto com o cesto de Bichento, sobre o qual o gato dormia. Ela, que não ia conseguir dormir, levantou-se e começou a desfazer o malão, colocando tudo no armário. Ela notou que neste existiam vários compartimentos, alguns para roupas, e alguns para materiais. Em cada compartimento para material tinha o nome da matéria. Hermione achou ótimo, muito mais fácil de organizar do que os dormitórios comuns. Ela pegou todos os livros que a Sra. Weasley comprou para ela, e colocou-os no armário. Fez a mesma coisa com suas roupas. Depois, conformando-se em não ter mais nada para fazer, deitou-se novamente na cama, pensando. Aquele dia tinha sido realmente... diferente. Ela tinha sentido algo por Snape no momento em que o tocara, e... não sabia dizer muito bem o que era.  E ela sabia muito bem que o que dissera para ele naquela noite era a mais pura verdade, embora tivera sido completamente idiota. Depois de muito refletir e continuar sem respostas para suas muitas duvidas, ela teve de fechar os olhos, e afundando a cabeça no travesseiro conseguiu dormir.


 


No dia seguinte Hermione levantou-se cedo para ir ao corujal. Precisava corresponder com sua mãe, conforme o combinado, uma vez por semana. Na carta, Hermione explicou que tudo corria bem e contou as novidades; como o colégio estava indo e como era ser monitora. Depois de mandar a carta por uma coruja das torres, pois Edwiges estava em viagem, Hermione desceu para o café da manhã. Entrando do salão principal, a sua primeira reação foi olhar para a mesa dos professores. Snape sentava-se ao lado de McGonagall, e virando de súbito a cabeça encontrou o olhar de Hermione. Ela sustentou o olhar até Snape ser obrigado a desviá-lo, pois a professora Minerva falava com ele. Hermione se perguntou o que ele estivera pensando; incrivelmente, quando ele olhara para ela, seus olhos não estavam como sempre, frios e distantes, completando a mascara de indiferença que era suas feições, mas sim muito expressivos e intensos. Ela sentou-se à mesa da grifinória. Rony, Harry e Gina vinham entrando pelas grandes portas. Eles sentaram ao lado da garota. Ela não escutou muito a conversa deles por estar absorta em seus próprios pensamentos, enquanto comia suas costumeiras torradas. Depois, eles foram para a aluna de Defesa Contra as Artes das Trevas com o professor Lupin.


 


A semana passou em um piscar de olhos, Hermione nem se deu conta de que era terça-feira novamente. Ela encontrava-se na biblioteca, em uma aula vaga antes da última do dia, á procura de algum sinal do que fora lançado em Severo aquela noite.


 


 


 


- Harry, me dá uma ajudinha aqui? – Falou ela, indicando a pilha de livros que levava nos braços. O garoto levantou-se da mesa em que estava fazendo o dever e pegou alguns deles.


 


 


 


- Hermione, para que tantos livros?


 


 


 


Ela murmurou um “pesquisa” e sentou-se aonde Harry os colocara. Ela pegara cerca de doze livros, mas eles não serviram para nada. Como ela imaginava o que quer que fosse que tivesse ocorrido aquela noite era com certeza Arte das Trevas, e, ela não encontraria nada disso na biblioteca de uma escola. Bom, a não ser talvez, na seção restrita. Ela anotou mentalmente que deveria falar com o diretor sobre uma permissão para entrar lá. Depois de saírem da biblioteca, foram para a abençoada última aula daquela tarde.


 


 


 


- O feitiço de desaparição se torna mais difícil quanto maior for à complexidade do animal a se fazer desaparecer. Hoje, irão praticá-lo em ratinhos. - Começou a Prof.ª McGonagall, quando todos já tinham se ajeitados em suas carteiras na classe de transfiguração.


 


 


 


- Na aula passada, vocês o praticaram em lesmas. A lesma, como invertebrado, não apresenta grande desafio; o ratinho, como um mamífero, oferece um desafio muito maior. Não é, portanto, um feitiço em que se possa realizar com a cabeça no jantar. Vocês já conhecem a formula cabalística, então vejamos o que são capazes de fazer...


 


 


 


Hermione, que não estava com a cabeça no jantar, mas sim aonde iria depois dele, pegou seu ratinho da caixa que Lilá passava e o colocou sobre a mesa. Concentrou-se no feitiço, lembrando-se das instruções da aula passada de McGonagall. Ela agitou a varinha, apontando-a com excessiva concentração para o ratinho marrom. Com surpresa, pois não pensara que conseguiria na primeira tentativa, Hermione se viu olhando para onde o ratinho estava há segundos atrás.


 


 


 


- Muito bem Srta. Granger, dez pontos para a grifinória. – disse a professora Minerva, que passava pela sua carteira no exato momento.


 


 


 


Depois de fazer o rato reaparecer, Hermione esperou quieta em sua carteira a sineta tocar. Finalmente, depois do que parecerem horas, a professora McGonagall os mandou guardar o material e sair.


 


 


 


- Bom, é um começo. - Disse Rony, erguendo um rabo de rato comprido e retorcido e largando-o de volta na caixa que Lilá estava passando pela classe.


 


 


 


Hermione saiu apressada da sala deixando Rony e Harry para trás. Ela foi até seu dormitório e deixou seu material por lá, depois desceu em direção as masmorras, sem mesmo jantar. Ela encontrava-se um tanto indecisa. Depois da noite na semana passada, ela não sabia se Snape a receberia. Ela fora idiota de simplesmente dizer o que disse e achar que tudo ficaria bem. Hermione postou-se em frente à porta da sala de aula esperando que às oito horas chegassem. Consultava o relógio a cada segundo, agora um tanto acostumada com o tempo passando mais devagar do que o normal. A noite de terça-feira passada tinha sido uma tortura. Finalmente oito horas. Ela, com vontade de virar-se e sair correndo, bateu na porta. Snape a abriu. Crispando os lábios, ele falou, parecia a Hermione, de contra gosto:


 


 


 


- Entre, mas antes... – ele sacou a varinha e encostou-a na maçaneta; a mesma tomou um azul forte. Depois ele acenou para que ela fizesse o mesmo, e a maçaneta tomou uma cor vermelha brilhante, “apagando” em seguida. – assim terá mais fácil acesso.


 


 


 


Eles subiram pelo percurso da longa escadaria, parando nas portas para repetir o processo. Quando Hermione chegou ao “laboratório” viu que uma nova lista estava na parede e que Snape estava preparando algumas poções da antiga lista que não tinham ficado prontas. Hermione se perguntou se não devia vir mais vezes, pois somente um dia na semana não seria o suficiente para realizar a longa lista exigida pela enfermaria da escola. Ela começou seu trabalho, e quando terminou, tinha feito cinco poções da lista e Snape a dispensou. Quase todo o tempo em que ela estava lá, a garota surpreendeu-o olhando para ela, mas ele desviava rapidamente o olhar. Antes de ir embora, Hermione lembrou-se de algo:


 


 


 


- Professor, eu pensei se talvez o senhor não pudesse me dar uma autorização para entrar na seção reservada, na biblioteca. – pelo olhar que ele lançou a ela, não, ele não ia dar a autorização. Então ela teve que improvisar: - é um trabalho para a Professora Sprout, eu queria complementá-lo com algumas informações sobre um planta venenosa, e não encontrei nada na biblioteca, então achei que talvez na seção reservada...


 


Snape crispou mais uma vez os lábios e Hermione surpreendeu-se quando viu ele se virar e assinar um pedaço de pergaminho que estava sobre a bancada. Ele entregou o  pergaminho a ela.


 


 


 


- Obrigada. – falou, saindo pela porta do outro lado.


 


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No caminho da torre da grifinória, ela percebeu que seu estomago roncava. Ela não tinha jantado e malmente almoçara ao meio dia. Pensou que talvez não faria mal se usasse o que tinha aprendido com Fred e Jorge somente uma vez na vida. Desviando o caminho, ela despistou pirraça, que estava jogando baldes com água em quem passasse, e foi parar em frente ao retrato que era a entrada para a cozinha. Fazendo cócegas na pêra sobre a cesta, se viu entrando na cozinha. Ali minúsculos seres orelhudos corriam de um lado para o outro, carregando xícaras de chá, bolinhos, pães, sucos...


 


 


 


- Deseja alguma coisa, senhora?


 


 


 


Uma elfa doméstica, com grandes olhos escuros e uma tanga branca encardida e rasgada falava com Hermione. Olhando para baixo, a garota respondeu:


 


 


 


- Uma tigela de sopa de cebola, por favor.


 


 


 


A elfa, que com certeza não estava acostumada com este tipo de tratamento, olhou com indignação a Hermione e retirou-se para pegar o pedido. Hermione aproveitou para analisar o ambiente. A cozinha era espantosamente grande. Ao lado esquerdo da garota, encontrava-se um sofá aparentemente aconchegante junto com duas poltronas iguais, a frente do mesmo, uma lareira cor de madeira que crepitava. Já do lado direito, o ambiente com certeza era muito menos aconchegante. Distribuídos em várias e várias mesas compridas, elfos trabalhavam sem parar. Cozinhando, limpando, lavando, arrumando, preparando ingredientes... Realmente, o ambiente parecia mais com um restaurante trouxa super popular. As milhares de criaturinhas não paravam. Hermione sentou-se em uma das poltronas, e aproveitou o calor do fogo. Logo a elfa domestica que a atendera estava de volta trazendo com sigo uma tigela artesanal com sopa fumegante em uma bandeja.


 


 


 


- Obrigada. Como é o seu nome? - Perguntou Hermione a ela.


 


 


 


- Andy. - Respondeu ela, com a voz esganiçada. 


 


 


 


- Andy... - Repetiu Hermione, acostumando-se com o nome.


 


 


 


A garota tomou um pouco de sopa. Estava deliciosa, até mesmo melhor do que a da Sra. Weasley. A sopa desceu queimando sua garganta, aliviando um pouco do frio.


 


 


 


- Você é a Senhorita Granger, não é? – perguntou a elfa.


 


 


 


- Hermione. - Corrigiu ela.


 


 


 


Andy pareceu simpatizar com Hermione. Ela terminou sua sopa e entregou a tigela fazia a elfa.


 


 


 


- Muito obrigada. - Hermione pegou do bolso interno das vestes uma carteira, e de lá, tirou alguns galeões, que entregou para Andy.


 


 


 


- Não posso aceitar, elfos domésticos não podem receber pelo que fazem, mas eu agradeço - Disse ela, fazendo uma profunda reverencia a Hermione e com os olhos brilhando de felicidade.


 


 


 


- Não precisa pedir obrigada, não é mais que meu dever pagar algo a vocês elfos. – mas Andy ainda assim empurrou a mão de Hermione com o galeão.


 


 


 


- Quando precisar me chame senhorita. – disse ela.


 


 


 


Hermione assentiu e saiu da cozinha, pensando em como Andy sabia seu nome.


 



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O sábado chegou logo. Hermione encontrava-se à mesa de almoço, vestindo cachecol e gorro de lã igualmente a todos os outros no salão principal. Quando terminou de almoçar, dirigiu-se para as masmorras. Chegando em frente à agora tão conhecida sala de poções, tocou com a ponta da varinha na maçaneta, e a mesma, com um clique, abriu. Ela encontrou-se sozinha no aposento. Então dirigiu-se para a outra porta que dava acesso a escadaria; abriu-a e depois de subir as escadas e passar ainda pela outra porta encontrou-se na sala de estar de Snape. Entrando no laboratório, o encontrou pegando alguns potes e colocando nos bolsos.


 


- Espere aqui Granger. – falou ele ríspido, e saiu do aposento indo, Hermione viu pela porta ainda entreaberta, para fora dos seus aposentos.


 


Ela perguntando-se aonde ele fora, ia começar seu trabalho quando viu algo que chamou sua atenção. Na parede, entre a bancada e o armário, uma portinhola estava entreaberta e por ela Hermione viu uma luz prateada. Tomada por grande curiosidade, e olhando onde Snape estava, ela abriu-a. Dentro encontrava-se uma bacia rasa de pedra, com runas gravadas na borda que Hermione já conhecia: a penseira de Dumbledore. Hermione, mais curiosa ainda, pegou a penseira e colocou-a sobre a bancada. Então olhando dentro do liquido prateado percebeu o rosto de Snape e de alguém muito parecido com Harry. Ela aproximou-se mais e mais, até que ela inspirou um grande sorvo de ar e mergulhou o rosto na superfície dos pensamentos de Snape. Na mesma hora, o chão da sala sacudiu, empurrando Hermione de cabeça dentro da Penseira.


 


Ela começou a cair por uma escuridão fria, rodopiando vertiginosamente e então...


 


Encontrou-se parado no meio do salão Principal, mas as mesas das quatro casas haviam desaparecido. Em seu lugar, havia mais de cem mesinhas, todas dispostas da mesma maneira, e a cada uma delas se sentava um estudante, de cabeça baixa, escrevendo em um rolo de pergaminho. O único som era o arranhar das penas e o rumorejar ocasional de alguém ajeitando o pergaminho. Era visivelmente uma cena de exame.


 


O sol entrava pelas janelas altas e incidia sobre as cabeças inclinadas, refletindo tons castanhos, acobreados e dourados na luz ambiente. Hermione olhou atentamente a toda volta. Snape devia estar por ali em algum lugar... era a lembrança dele...


 


E lá estava ele, a uma mesa bem atrás de Hermione. A garota se admirou. Snape adolescente tinha um ar pálido e estiolado, como uma planta mantida no escuro. Seus cabelos eram moles e oleosos e pendiam sobre a mesa, seu nariz aquilino a menos de cinco centímetros do pergaminho enquanto ele escrevia. Hermione se deslocou para as costas de Snape e leu o cabeçalho da prova: DEFESA CONTRA AS ARTES DAS TREVAS – NIVEL ORDINARIO EM MAGIA.


 


Portanto Snape devia ter uns quinze ou dezesseis anos, aproximadamente a idade de Hermione. Sua mão voava sobre o pergaminho; já escrevera pelo menos trinta centímetros do que os vizinhos mais próximos, e sua caligrafia era minúscula e apertada.


 


- Descansem as penas, por favor! Você também, Stebbins! Por favor, continuem sentados enquanto eu recolho os pergaminhos. Accio!


 


A voz sobressaltou Hermione. Virando-se ela viu o cocuruto do Prof. Flitwick. Mais de cem rolos de pergaminho voaram para os braços estendidos dele, derrubando-o para trás. Varias pessoas riram. Uns dois estudantes nas primeiras mesas se levantaram, seguraram o professor pelo cotovelo e o levantaram.


 


- Obrigado... obrigado – ofegou ele – Muito bem, todos podem sair!


 


Hermione olhou para o lado e viu de relance que, a uma pequena distancia, Snape já caminhava entre as mesas em direção a porta para o Saguão de Entrada, ainda absorto no próprio exame. De ombros curvos, mas angulosos, andava de um jeito retorcido, que lembrava um aranha, e seus cabelos oleosos sacudiam pelo rosto. Ela segui-o quando ele saiu pelo gramado e sentou-se a sombra de uma arvore em frente ao lago. Depois de um bom tempo em que ele analisava suas respostas do exame, ele levantou-se novamente e guardava-as na mochila. Quando deixou as sombras dos arbustos e começou a atravessar o gramado, Hermione a turma do pai de HARRY. Com um meio sorriso no rosto por estar os vendo quando mais jovens, ela percebeu que Sirius e Tiago se levantaram.


 


Lupin e Rabicho continuavam sentados; Lupin lendo um livro, embora seus olhos não estivessem se movendo e uma ligeira ruga tivesse aparecido entre suas sobrancelhas; Rabicho olhava de Sirius e Tiago para Snape, com uma expressão de ávido antegozo no rosto.


 


- Tudo certo, Ranhoso? – falou Tiago em voz alta.


 


Snape reagiu tão rápido que parecia estar esperando um ataque: deixou cair a mochila, meteu a mão dentro das vestes e sua varinha já estava metade para fora quando Tiago gritou:


 


- Expelliarmus!


 


A varinha de Snape voou quase quatro metros de altura e caiu com um pequeno baque as suas costas. Sirius soltou uma gargalhada.


 


- Impedimenta. – Disse, apontando a varinha para Snape, que foi atirado ao chão ao mergulhar para recuperar a varinha caída.


 


Os estudantes ao redor se viraram para assistir. Alguns haviam se levantado e foram se aproximando.  Outros pareciam apreensivos, ainda outros, divertidos.


 


Snape estava no chão, ofegante. Tiago e Sirius avançaram empunhando as varinhas, Tiago, ao mesmo tempo espiando por cima do ombro as garotas a beira do lago. Rabicho se levantara assistindo a cena avidamente, contornando Lupin para ter uma perspectiva melhor.


 


 


 


- Como foi o exame, Ranhoso? – Perguntou Tiago.


 


 


 


- Eu vi, o nariz dele estava quase encostando no pergaminho – disse Sirius, maldosamente – vai ter manchas enormes de gordura no exame todo, não vão poder ler nem uma palavra.


 


Várias pessoas que acompanhavam a cena riram; Snape era claramente impopular. Rabicho soltava risadinhas agudas. Snape tentava se erguer, mas a azaração ainda o imobilizava; ele lutava como se estivesse amarrado a cordas invisíveis.


 


- Espere... para ver – arquejava ele, encarando Tiago com uma expressão de mais pura aversão – espere... para ver!


 


- Espera para ver o que? – retrucou Sirius calmamente – Que é que você vai fazer Ranhoso, limpar o seu nariz em nós?


 


Snape despejou um jorro de palavrões e azarações, mas com a varinha a três metros de distancia nada aconteceu.


 


- Lave a sua boca.-  Disse Tiago friamente – Limpar!


 


 


 


Bolhas de sabão cor-de-rosa escorreram da boca de Severus na hora; a espuma cobriu seus lábios, fazendo-o engasgar, sufocar...


 


- Deixem ele em PAZ!


 


Tiago e Sirius se viraram. Tiago levou a mão livre imediatamente aos cabelos.


 


- Tudo bem, Evans? – Disse Tiago, e o seu tom de voz se tornou imediatamente agradável, mais grave e mais maduro.


 


- Deixem ele em paz! – repetiu Lilian. Ela olhava para Tiago com todos os sinais de intenso desagrado. – Que foi que ele lhe fez?


 


- Bom – explicou Tiago, parecendo pesar a pergunta –, é mais pelo fato de existir, se você me entende...


 


Muitos estudantes que os rodeavam rira, Sirius e Rabicho inclusive, mas Lupin, ainda aparentemente absorto em seu livro, não riu, nem Lílian tampouco.


 


 - Você se acha engraçado – disse ela com frieza – Mas você não passa de um cafajeste, tirano e arrogante, Potter. Deixe ele em paz.


 


As costas deles, a azaração do impedimento ia perdendo o efeito. Snape estava começando a se arrastar pouco a pouco em direção à sua varinha caída, cuspindo espuma enquanto se deslocava.


 


- Eu não sairia com você nem que tivesse de escolher entre você e a lula-gigante – replicou Lílian.


 


- Mau jeito, Pontas – disse Sirius, animado, e se voltou para Snape. – OI!


 


Mas tarde demais; Snape tinha apontado a varinha diretamente para Tiago; houve um lampejo e um corte apareceu em sua face, salpicando suas vestes de sangue. Ele girou: um segundo lampejo depois, Snape estava pendurado no ar de cabeça para baixo, as vestes pelo avesso revelando pernas muito magras e brancas e cuecas encardidas.


 


Muita gente na pequena aglomeração aplaudiu: Sirius, Tiago e Rabicho davam gargalhadas.


 


Lílian, cuja expressão se alterara por um instante como se fosse sorrir, disse:


 


- Ponha ele no chão!


 


- Perfeitamente. – e Tiago acenou com a varinha para o alto; Snape caiu embolado no chão. Desvencilhou-se das vestes e se levantou depressa, com a varinha na mão, mas Sirius disse: ‘’Petrificus Totalus’’ e Snape emborcou outra vez, duro como uma tabua.


 


- DEIXE ELE EM PAZ! – Berrou Lílian. Puxara a própria varinha agora. Tiago e Sirius a olhavam preocupadas.


 


- Ah, Evans, não me obrigue a azarar você – pediu Tiago sério.


 


- Então desfaça o feitiço nele!


 


Tiago suspirou profundamente, então se virou para Snape e murmurou um contra-feitiço.


 


- Pronto - disse, enquanto Snape procurava se levantar. – Você tem sorte de que Evans esteja aqui, Ranhoso...


 


- Não preciso da ajuda de uma sangue-ruim imunda como ela!


 


Lílian pestanejou.


 


- ótimo – respondeu calmamente – No futuro, não me incomodarei. E eu lavaria as cuecas se fosse você, Ranhoso.


 


- Peca desculpa a Evans! – berrou Tiago para Snape, apontando-lhe a varinha ameaçadoramente.


 


- Não quero que você o obrigue a se desculpar. – gritou Lílian, voltando-se contra Tiago. – Você é tão ruim quanto ele.


 


- Que? Eu NUNCA chamaria você de... você sabe o que!


 


- Despenteando os cabelos só porque acha que é legal parecer que acabou de desmontar da vassoura, se exibindo com esse pomo idiota, andando pelos corredores e azarando qualquer um que o aborreça só porque é capaz... ate surpreende que a sua vassoura consiga sair do chão com o peso dessa cabeça ceia de titica. Você me da NAUSEAS.


 


E, virando as costas, ela afastou-se depressa.


 


- Evans! – Gritou Tiago – Ei, EVANS!


 


Mas Lílian não olhou para trás.


 


- Qual é o problema dela? – perguntou Tiago, tentando, mas não conseguindo fazer parecer que fosse apenas uma pergunta sem real importância para ele.


 


- Lendo nas estrelinhas, eu diria que ela acha você metido, cara. – disse Sirius.


 


- Certo – Respondeu Tiago, que parecia furioso agora - certo...


 


Houve outro lampejo, e Snape, mais uma vez, ficou pendurado no ar de cabeça para baixo.


 


- Quem quer ver eu tirar as cuecas do Ranhoso?


 


Mas se Tiago realmente as tirou, Hermione nunca chegou, a saber. Uma mão a agarrou com forca pelo braço. Fazendo uma careta de dor, Hermione se virou para ver quem o agarrava e deparou, com uma sensação de horror, com um Snape totalmente crescido, um Snape adulto, parado bem ao lado dele, lívido de raiva.


 


- Esta se divertindo?


 


Hermione se sentiu erguida no ar; o dia de verão se evaporou a sua volta; flutuou por uma escuridão gelada, a mão de Snape ainda apertando seu braço. Então com uma sensação de desmaio, como se tivesse dado uma cambalhota no ar, seus pés bateram no piso de pedra do laboratório de poções de Snape, e ela se viu mais uma vez ao lado da Penseira sobre a bancada do bruxo.


 


- Então – disse Snape, agora afrouxando um pouco o aperto – Então... andou se divertindo, Granger?


 


- N-não – respondeu Hermione, começando desesperadamente a soluçar.


 


Era apavorante: os lábios de Snape tremiam, seu rosto estava branco, seus destes arreganhados.


 


- Um homem divertido, o pai do seu amigo, não era? – perguntou Snape.


 


- Eu... não...


 


Mas Snape explodiu de repente, berrando:


 


 - Você não vai contar a ninguém o que viu!


 


- Não – disse Hermione – Não, claro que...


 


- Fora daqui, fora daqui, nunca mais quero ver você por aqui!


 


- Professor, por favor, me desculpe...


 


- Fora! – e dizendo isso, jogou um frasco de baratas mortas por cima da cabeça da garota.


 


Hermione foi em direção a porta, atendendo ao pedido do professor, e depois de estar fora das vistas dele correu o mais que pode, nem ela sabia por que. Quando já estava na metade do caminho para a Torre da Grifinória, entrou em um corredor escuro e escorregou pela parede; não tinha a menor vontade de ir para a sala comunal agora.


 


A julgar pelo que ela tinha acabado de ver, o pai de Harry era tão arrogante quanto Snape sempre o acusara de ser. Mas o que deixou Hermione mais aterrorizada não foi ele ter gritado com ela e jogado frascos; mas saber o que era ser humilhado em publico, saber exatamente o que Snape sentira.


 


Talvez essa tivesse sido a grande causa pela qual Snape veio futuramente a se tornar um Comensal da Morte. Ele queria alguém em quem pudesse confiar, queria talvez um amigo: é claro que Voldemort não era a melhor pessoa neste caso, mas fez Snape, no desespero, procurá-lo. E então um sentimento muito forte tomou conta de Hermione, e ela entendeu. Entendeu o que Dumbledore queria.  Queria que alguém fora ele próprio apoiasse Snape, que essa pessoa pudesse ser seu amigo, que pudesse arrancá-lo da amargura que o cercava. E que a pessoa que o Diretor escolhera para “ajudá-lo” era ela. Hermione não sabia dizer por que ela fora à escolhida de Dumbledore, ela em meio a tantas, mas isso não importava porque ela decidiu aceitar essa proposta, pois tomou conhecimento de outra coisa: uma coisa que se passava em seu coração há alguns dias. Ela amava e daria a sua vida por Severus Snape.


 


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N/A: É, Hermione está apaixonada. Será que podemos dizer o mesmo de Severo?


Não tenho certeza, pois no próximo capitulo alguma coisa irá acontecer a Hermione Granger.

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