Tarde de estudos



Capítulo 7 – Tarde de estudos


Emmeline estava sentada com suas amigas no salão comunal estudando quando viu Remus entrar.


Ele acenou para elas que prontamente retribuíram.


- Bem vindo de volta – Emmeline disse enquanto o via se dirigir para a escada do dormitório masculino.


- É bom estar de volta – ele sorriu e deu uma pequena piscadela. – Triste é saber que terei que repor muitas matérias.


- Não é triste quando se tem amigos para ajudar. – ela respondeu ficando de pé.


- Mas meus amigos devem estar muito agitados com a visita a Hogsmeade.


- Isso é verdade. Mas, e eu? Não conto como sua amiga?


- Está dizendo que perderia a visita pra me ajudar a estudar?


- Sim.


- Não posso pedir que faça isso.


- Não precisa pedir.


- Mas você não tem... planos? – ele completou a frase com muito custo.


- Tenho como plano ajudar meu amigo a repor as matérias. – ela sorriu.


- Obrigado Emme.


- Imagina! Quando for estudar me avise.


- Se importa de estudar mais tarde?


- Claro que não. Aqui mesmo no salão?


- Acho melhor a biblioteca.


- Está bem então.


- Mais tarde nos encontramos para ir para lá.


- Até mais tarde.


Ele acenou para todas e subiu as escadas. Enquanto isso as meninas encaravam Emmeline curiosas.


- Emme você tratou o Remus com tanto carinho – Alice exclamou sorridente.


- Olhando de certa forma, vocês formariam um casal muito bonito. Você fica bem melhor com ele do que com o Fabian. – Selene disse enquanto Emmeline corava furiosamente e as outras riam.


- Por que esse comportamento agora? – Marlene questionou.


- Isso é simples. Ele ficou ausente por dias e nem dá para imaginar as coisas que ele passou. Ele é nosso amigo, eu apenas quero vê-lo bem. Deve ser difícil ter que sair cada vez que alguém da família dele fica doente.


- Ao que parece a família dele é muito frágil. – Lily acrescentou. – Esses dias devem ter sido difíceis. Ainda bem que a nossa amiga tem a sensibilidade de perceber isso.


- Bem, acho que vou subir para pegar meus materiais. Afinal não sei qual matéria ele vai querer estudar primeiro.


Dizendo isso Emmeline sobe as escadas de seu dormitório e para sua surpresa uma corujinha bem conhecida estava pousada em sua cama.


- Ártemis! Está aqui há muito tempo? – a coruja deu um leve piado que a fez sorrir. Mas dessa vez ela não entregara nada. Aparentemente a coruja apenas voara para seu dormitório. – Será que seu dono sabe que está aqui?


A pequena coruja voou pelo quarto até encontrar um pedaço de pergaminho e depositá-lo no colo de Emmeline.


- Você quer que eu escreva para ele? - indagou pensativa. – Acho que não há nada de errado nisso, certo?


Ela mal terminara seu raciocínio e pegara pena e tinta para escrever um bilhete.


Lynx, resolvi escrever somente para informar que sua coruja linda estava aqui. Não sei se você precisou dela, mas parece que ela gostou de ficar aqui. Espero que isso não o incomode.


Emmeline prendeu o bilhete na pata de Ártemis e pediu para que levasse para seu dono. Em seguida reuniu suas coisas em sua cama separando todo o material que seria necessário para o estudo com Remus. Quando tudo estava separado foi tomar um banho para relaxar e se esquentar. Mas não teve tempo, pois a corujinha já voltava com uma resposta.


"Olá Emme! Não me incomoda se Ártemis ficar aí com você. Ao que parece ela realmente te adora. E não se preocupe que não precisei escrever nenhuma carta hoje. E como você está? E seu 'namoro'?"


Emme ficou pensativa em sua cama enquanto o barulho do chuveiro preenchia o quarto. Ártemis estava deitada de maneira aconchegante ao seu lado. Naquele momento, entretanto, ela não estava refletindo sobre quem seria seu correspondente misterioso.


A loirinha não conseguia se lembrar de ter ficado muito tempo sem falar com ele desde que chegaram ao castelo. E, como ela não sabia quem ele era não tinha como lhe enviar cartas, era sempre ele quem começava a conversa. Só então, com Ártemis já em seu quarto, é que lhe era possível enviar uma carta para ele. E ele sempre mandava uma carta. Animado, fazendo perguntas, querendo saber mais sobre ela, de como fora seu dia, querendo conversar...


Isso só faz sentido quando se chega à conclusão de que ele sente alguma coisa por ela.


Mas e aquela garota de quem ele falava? A que ele está tentando conquistar? Teria desistido? Quem seria? Ele não falava muito sobre ela.


E ainda havia outro problema: se ele gostasse mesmo dela, o que ela faria? Gostava de conversar com ele, é claro, mas será que sentia algo além de amizade?


Fico feliz então. Eu também adoro a Ártemis, ela é muito fofa. Estou bem. Aos poucos as coisas vão se acertando. Conversei com a Lily e durante a conversa eu realmente cheguei à conclusão que já está na hora de terminar. Agora tenho que ir, vou estudar com Remus. Tenha uma boa noite.


E assim, fazendo um último carinho em Ártemis antes de vê-la voar lá fora, Emmeline pega suas coisas e desce para encontrar seu amigo.


######


Remus ainda não conseguia acreditar no que estava escrito naquele pedaço de pergaminho. Emmeline estava decidida a terminar seu namoro. Agora sim ele teria que pensar na melhor forma de conquistá-la. Teria que se aproximar mais dela e não só através de cartas.


"Tenho que começar a pensar em como vou agir daqui para frente. Não posso errar."


Ele saiu da casa dos gritos e finalmente poderia voltar a sua rotina de estudos e ficar por perto de Emmeline. Subiu rapidamente a escadaria para chegar à torre da Grifinória. Passou pelo portal guardado pela mulher gorda e avistou as meninas em um canto estudando. Ela estava ali. Mais linda que nunca. Assim que elas o olharam fez um breve aceno, que todas corresponderam.


Ele ia subir as escadas quando ouviu a voz dela.


- Bem vindo de volta!


Remus mal conseguia acreditar que ela sentira sua falta. Mas ela estava ali de pé olhando para ele, com um sorriso maravilhoso e os olhos brilhando. E então a primeira chance de estar mais perto dela surgiu. Iriam estudar juntos. Ele sobe as escadas após marcar com Emmeline e entra em seu dormitório. Seus amigos ainda não estavam ali. Remus aproveitou para tomar um bom e demorado banho. Enquanto se secava ouviu pequenas bicadas na janela. Enrolou a toalha na cintura e foi abri-la para que Ártemis entrasse. Ela trazia um pergaminho na pata. Quando viu de quem pertencia a caligrafia, Remus tratou de ler e responder o mais rápido que podia. E aproveitou para tentar obter uma confirmação acerca do conteúdo da conversa dela com Lily. Confirmação essa que não tardou a chegar.


Ele não podia se atrasar. Pegou seus livros, pergaminhos, pena e tinta e desceu encontrando Emmeline olhando para o local onde suas amigas estavam. Ao que parecia James estava provocando Lily.


- A resposta é não. – gritou ela.


- Eu não perguntei nada. – ele riu.


- Mas vai perguntar.


- Não vou. – ele ainda ria.


- Não? – descrença evidente na voz dela.


- Não. Eu vou pedir algo.


- Pedir pra sair comigo é uma pergunta. – disse impaciente.


- Evans, você é péssima em adivinhação. Acredito que a professora já tenha lhe dito isso. – ele ainda ria.


- Certo, pode pedir, acabe logo com isso.


- Eu queria uma chance. – ele sorriu gentilmente.


- Uma chance? – disse num misto de surpresa e desconfiança


- Sim, uma chance. Uma chance pra te mostrar quem eu realmente sou. Por trás dessa imagem magnífica que você vê – ele deu seu sorriso galanteador – existe um garoto que você desconhece e que nunca me deixou te apresentar.


- Essa é nova, Potter. Mas a resposta continua sendo a mesma. Não existe nada além de mentiras por trás desse seu sorriso. Agora me deixe continuar a estudar em paz.


- Certo. Mas, pense com carinho nesse pedido – disse James, sem perder a pose. – Até mais meninas.


Ele se virou e encontrou seu amigo parado em frente à escada do dormitório se segurando para não cair na gargalhada.


- E aí meu caro amigo. Bem vindo de volta!


- O que foi isso agora?


- Só tentando fazer a Evans me dar uma chance. Mas ela é bem teimosa. – ele disse rindo. – E você, aonde vai com todos esses livros?


- Estudar com a Emme. Ela vai me ajudar a repor as matérias que perdi.


- Com a Emme? – James ergueu a sobrancelha e deu um sorriso malicioso.


- Pare de pensar besteiras. – Remus ralhou, mas não conteve um sorriso.


- Mas você não pretende fazer nada? Por acaso não leu o pergaminho?


- Li e agradeço por terem enviado. Vou tentar me aproximar mais dela. Conquistá-la aos poucos.


- Esse é o Aluado que eu conheço. Não vai desistir hein


- Um maroto jamais desiste – Remus piscou – Agora eu tenho que ir. E não me leve a mal, mas a companhia dela é bem mais agradável.


- Assim você me magoa.


- Você supera. – disse enquanto andava até Emme. – Quer ajuda com os livros?


- Humm... Não precisa – ela sorriu. Remus se aproximou e pegou os livros que ela estava segurando.


- Eu levo para você. Vamos? – ainda surpresa ela concordou e saiu rumo à biblioteca.


Os dois se sentaram em uma longa mesa de madeira na quase deserta biblioteca e abriram alguns livros.


- Por qual você prefere começar?


- Acho que pode ser História da Magia. Isso se não tiver problema para você Emme, é que essa matéria é a mais tediosa então seria bom terminá-la de uma vez.


- Tudo bem – ela sorriu – Acho que vamos ter que repor juntos. Eu não estava prestando muita atenção na aula. Eu e as meninas ficamos conversando através de bilhetes a aula inteira.


- Não acredito nisso! Vocês aéreas? Mas são as únicas que realmente prestam atenção as coisas que ele fala!


- Mas como você mesmo disse a aula é meio tediosa. O assunto era "Rebelião dos duendes." Ele pediu para que fizéssemos um resumo dos acontecimentos e que entregássemos na próxima aula.


- Vamos aproveitar que estamos aqui e pesquisar o assunto. – ele completou rindo.


- Qual é a graça?


- Quem diria que vocês fossem capazes de desrespeitar um professor trocando bilhetinhos na aula. Não conhecia esse seu lado. Tenho que tomar cuidado antes que você me corrompa. – ele fez uma falsa cara de amedrontado e riu, fazendo Emmeline rir também.


- Bobo! – ela exclamou dando leves tapas no ombro dele e se levantando para pegar um livro. – Acho que esse vai servir. Escuta.


"Com a existência dos bruxos, o fluxo mágico tornou-se mais intenso e importante. A criação da varinha como um controle de poder mágico causou uma grande histeria entre os Duendes, que eram os maiores dominadores da mágica no mundo. Na tentativa de tentar reconquistar suas terras perdidas e sua magia, os duendes começaram com rebeliões no norte europeu em busca do direito a varinha aos duendes."


Aquele final de tarde passou rápido para os dois que estavam entretidos ora estudando ora conversando e rindo. Remus estava feliz como nunca. A companhia dela era muito mais agradável do que ele poderia imaginar. Ela era divertida. E Emme sentia a mesma coisa. Jamais poderia imaginar que História da Magia se tornaria uma matéria divertida. Mas também como ela poderia imaginar que Remus tinha um lado tão brincalhão. Ela chegou à conclusão que não o conhecia direito e que agora teria uma chance de conhecer realmente seu amigo.


- Sabe, não sabia que você era tão divertido assim – ela falou meio envergonhada.


- Sinto muito se atrapalhei seu estudo com minhas brincadeiras e meu falatório.


- Atrapalhar? – ela ria divertida – Nunca me diverti tanto assim estudando. Foi diferente.


- Não foi ruim? – ele perguntou rindo.


- Não, não foi. E pensando bem acho que vou adotar você como minha companhia de estudos, todos os dias.


- Mas para isso eu terei que aceitar.


- Ah Remus, não seja estraga prazeres. Assim vou pensar que não gosta da minha companhia. Ou será que fui tão ruim assim te ajudando a estudar?


- Claro que não. E eu adorei sua companhia Emme. É claro que estudo com você. – ele riu do biquinho que ela fazia. – Vai continuar com esse biquinho?


- A culpa é sua se estou de bico


- Sério? – ele arqueou a sobrancelha e deu um sorriso maquiavélico. – Então acho que assim esse bico sai.


Emmeline não estava preparada para aquilo. Ele a pegou de guarda baixa. Agora ela era alvo fácil das cócegas que ele fazia. Ela não conseguia sair e muito menos parar de rir.


- Es...Está bem... pode parar – disse entre risos. – Assim não vale!


- Por quê?


- Você descobriu meu ponto fraco, mas eu ainda não sei o seu.


- Um dia você descobre.


Os dois riram.

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