Clichê



Capítulo Um


Clichê  


A escola inteira estava no corredor do segundo andar. Sério, a escola inteira. A profª McGonnagal tinha entrado no banheiro com Kieran e não saído mais. Por dentro, a cada segundo que passava, eu desejava que não fosse Jenny. E que se fosse, que ela não estivesse morta. E se estivesse, que tivesse morrido devido a um ataque da Murta que Geme (que é completamente louca) e não morta por Kieran, o amor da vida dela.


Minha melhor amiga. Ela não podia estar morta. Poderia ser sido apenas um acidente e ela estava machucada, mas não morta. Jenny não estava morta. Jenny não podia estar morta.


 -

Horas parada ali. Todo o tipo de pessoas – do ministério e tal – tinha entrado e saído daquele banheiro. Todo mundo foi embora, alguns obrigado pelos professores. Eu e Kieran continuamos lá. Kieran ainda coberto de sangue.


Nunca tinha ficado tanto tempo parada em pé e sem falar. Não disse uma palavra a Kieran. Não queria saber, não podia saber se Jenny estava realmente morta. Mas não estava. E eu espero que não tivesse sido Kieran a matá-la. Isso acabaria com a crença no amor de todas as meninas da escola e Kieran... Kieran era perfeito. Ele nunca mataria Jenny.


Era mais de meia noite quando saíram, levando um corpo coberto por um lençol. Eu deveria ter ficado seis ou sete horas parada lá, sem demonstrar cansaço ou fraqueza. Mas assim que eu vi aquilo, o corpo de Jenny, coberto por um lençol, como uma completa desconhecida sem nome ou rosto, sem ser a minha melhor amiga. Não podia ser Jenny,  a minha melhor amiga e garota perfeita. Garotas que morriam em banheiros eram putas drogadas. Não Jenny.


Ouvi um auror – auror não caçam bruxos das trevas? O que esse estava fazendo ali? falando para Kieran “é melhor você vir conosco”.


E daí eu desmaiei.


 -

Chegou o assunto, acabou o assunto.


Era assim que eu me sentia na manhã seguinte. Madame Pomfrey não me deixou faltar às aulas, mesmo tendo passado a noite na enfermaria. “Era só choque”, ela disse. Por ter dormindo na enfermaria, minha aparência estava péssima. Eu andava sozinha pelos corredores, porque Jenny estava morta. Jenny era o assunto, mas ela não estava mais lá para ouvir, então era quando eu chegava que as pessoas paravam de falar.


Kieran também não estava em nenhum lugar visível. É claro que todo mundo sabia que Jenny tinha sido morta por Kieran. De repente, o Casal Perfeito não era mais perfeito e todo mundo já tinha ouvido falar de algum grande problema no namoro deles. Mas não havia nenhum. Esse era o problema. Jenny me contava tudo, eu sabia de tudo da vida dela. Por que não me contaria de problemas no namoro?


Não tinha sido Kieran.


Matei todas as aulas da manhã no  banheiro, ouvindo todo o tipo de fofoca, até que alguma idiota me denunciou a profª McGonagall. Eu ouvi ela (a idiota) e a professora entrando no banheiro. “Ela parece estar tendo algum tipo de ataque psicótico ou coisa assim”. E saiu, provavelmente para espalhar a fofoca “Nicole está tendo um ataque psicótico” para a escola toda. A professora me obrigou a ir para as aulas da tarde, mas eu não almocei.


A minha primeira aula da tarde era DCAT. Assim que entrei na aula, todo mundo ficou quieto, me olhando. Eu não poderia ir lá e me sentar no meu lugar de sempre, que era junto com Jenny, então passei pelos três lugares na primeira carteira (é, Jenny era meio nerd) onde sentávamos eu, Jenny e Kieran. O único lugar vazio na sala era o lado de uma garota ruiva com unhas vermelhas, aparência assustadora e uniforme da Sonserina. Quando eu digo “assustadora” eu não quero dizer feia. Porque a garota era maravilhosa, outra daquelas Garotas Perfeitas. Havia algo nela que a tornava assustadora.


É claro que já houve essa coisa de rivalidade entre Grifionoria e Sonserina, mas Jenny é, era, da Grifinoria e Kieran da Sonserina.


E olha como isso acabou – disse uma vozinha FDP na minha cabeça – Jenny está morta.


Foda-se, pensei. E me sentei ao lado da garota. Todo mundo olhava para mim e também para ela.


-Perdeu alguma coisa aqui? – ela disse para um garoto da Lufa-Lufa que era um dos que encaravam mais descaradamente. Era muito pequeno, não era possível que ele estivesse no sétimo ano. Ele corou e virou para frente e pouco a pouco os outros fizeram o mesmo.


-Você não deveria ter dito nada – eu disse a garota. – Quem é você?


-Danielle Montrose, mas me chamam de Dannie.


-Sou Nicole Atkins.


-Acho – ela respondeu – que nesse momento, todos na escola sabem que você é.


-Não que isso seja ruim – eu respondi, tentando sorrir – todos queremos ser conhecidos.


Dannie Montrose riu.


-É, mas não por esse motivo.


Então me lembrei de alguma coisa. Ela também estava no sétimo ano da Sonserina, a mesma casa de Kieran. Talvez ela tivesse o visto... Talvez se eu falasse com ele, eu pudesse entender o que aconteceu.


-Você viu Kieran Watts? – eu perguntei.


Ela me olhou, como se decidisse se eu merecia essa informação ou não.


-Kieran está sendo interrogado pelo Ministério.


-Por quê? – falei, alto demais e algumas pessoas olharam para nós. A aula tinha começado e deveríamos estar fazendo exercícios, mas ninguém prestava atenção.


Ela, baixando a voz, disse:


-Ele é suspeito, obviamente.


-Kieran não matou Jenny. Ele amava Jenny.


-Amor não impede ninguém de fazer nada, Nicole. Você está sendo ingênua.


-Eles eram o Casal Perfeito.


Ela riu.


-Não sei dizer se você não conhecia Kieran ou se você não conhecia Jenny. Eu, obviamente, não conheci Jenny, mas conheço Kieran e sei que ele é tudo, menos perfeito.


-Do que você está falando?


Ela sacudiu a cabeça, claramente me negando a informação.


-Mas – ela falou – saiba que Kieran não está tão ferrado assim. Eles vão interrogar e investigar todos os alunos.  Estão com uma força tarefa do ministério, umas 30 pessoas ou mais ainda.


-Como sabe disso? Com certeza não foi revelado aos alunos.


-Não foi. Mas eu tenho as minhas fontes.


E então alguém bateu na porta, e chamou:


-Nicole Karolyn Atkins, poderia vir aqui?


E eu sabia que eu estava sendo chamada para interrogatório.


-Toda essa história – falou Dannie enquanto eu arrumava meu material e me preparava para sair – pode ser uma coisa anormal escondida por um grande clichê.  E sabe qual é o problema das pessoas?


-Qual? – perguntei. Eu tremia de medo do interrogatório e de tudo aquilo que Dannie estava me revelando, também. E por que a minha melhor amiga tinha morrido assassinada. O namorado dela era o principal suspeito e eu tinha sido obrigada a ir para a aula mesmo assim e agora seria interrogada.


-As pessoas adoram acreditar num clichê. E nunca se esforçam muito para descobrir a verdade.


Sai da sala, pensando no que ela tinha dito. Essa garota – eu não me lembrava de ter visto ela durante o ano passado. Afinal de contas, ela conhecia realmente Kieran? Parecia que ela estava querendo fazer uma piadinha comigo. Danielle Montrose tinha cara de quem gostava de fazer piadinhas com pessoas com cara de acabada como eu estava.


Mas uma coisa eu tinha certeza: Kieran não matou Jenny.


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oi!
primeira coisa: obrigada a todos os comentários! obrigada mesmo. fiquei tão feliz =]
segunda: espero que tenham gostado do capítulo. 
terceira:eu não tenho beta, então sempre tem um erro ou outro por ai, então desculpem qualquer erro.
quarta: comentem de novo que logo o 2 vem! e acho que até ele, vai ter uma atualizada nos personagens... mais algumas pessoas.
bjos,
Jeh


 

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