O PODER QUE CORROMPE AS PESSOA



Fudge sentou-se aprumado na grande cadeira de couro e arrumou seu chapéu. Seu olhar ainda estava preso à criatura que tinha acabado de batizar, A Besta.
— Diga-me, Joey. – O cientista aproximou-se do ministro – Qual o poder de destruição dessa criatura?
— Não sei dizer ao certo, Sr. Ministro. – Joey disse num sussurro. – Não fizemos testes, umas vez que a criamos a pouquíssimo tempo.
— Mas você deve ter observado alguma coisa – Fudge insistiu – enquanto a criava.
— Sr. Fudge – O cientista falou com um leve tom de advertência – Podemos dizer que todas as criaturas criadas até o momento são brinquedos perto dessa.
— Era exatamente o que eu queria ouvir. – Ele sorriu satisfeito.


Cornélio Fudge nunca duvidara do seu plano. Tudo tinha corrido perfeitamente bem, embora tivesse enfrentado alguns acidentes de percurso. Os dois jovens que sobreviveram na pirâmide quase tinham colocado tudo a perder, mas aquela altura deviam estar, no mínimo, mortos.

Tudo começou numa bela manhã, quando Cornélio foi trabalhar e não viu nenhuma matéria sobre sua pessoa no Profeta Diário. Observou que o fato se repetiu diversas vezes durante toda a semana. Reparou também que a população bruxa não mais se importava e nem mesmo comparecia aos eventos promovidos pelo Ministério da Magia. Eles o tinham abandonado.

Foi então que o ministro resolveu que não poderia deixar que aquela situação ficasse extrema: era hora de reverter a situação antes que os bruxos decidissem que não precisavam mais de um Ministro e resolvessem tirá-lo do cargo. Primeiro pensou em promover uma guerra. Sem dúvida alguma tropas armadas fariam com que todos ficassem alarmados. Logo desistiu da idéia, pois o mundo bruxo estava perfeitamente em paz e inventar um motivo para começar uma guerra não parecia uma das idéias mais inteligentes.

Entretanto, o medo de ser derrubado de sua posição a cada dia o fazia recolher-se mais e mais. Aos poucos, a loucura deu lugar a sanidade e a inteligência deu lugar a engenhosidade. Aproveitou sua influência e procurou por livros que contassem a história dos Necromantes, assunto por ele proibido de ser conhecido pela população bruxa. Passou noites em claro recluso em seu escritório, estudando com afinco sobre a Irmandade. Em pouco tempo sabia tudo sobre eles, inclusive sobre a promessa de Liz para Seth e o processo de Possessão. Aproveitou sua influência e seu alto poder de persuasão para convencer as pessoas mais influentes e ricas de que estavam em perigo, e conseguiu convencê-las a ajudá-lo.

Firmou um acordo com o espírito de Liz: se ela aceitasse ajudá-lo deixaria e contribuiria significativamente para que ela conseguisse cumprir sua tarefa para descansar em paz.

O primeiro contato que fez foi com o diretor da Universidade Especial para Bruxos recém-formados de Bruxelas. Convenceu-o a fazer expedições anuais até a Pirâmide de Gizé, no Egito. Sem seu conhecimento sacrificava um estudante por ano, certificava-se de alguém ocupar seu lugar tomando a poção polissuco e em seguida fazia com que a pessoa sumisse misteriosamente. No início não foi difícil, pois na época negra de Voldemort as pessoas sumiam sem deixar rastro. Depois de um tempo as coisas ficaram um pouco mais complicadas, e o diretor percebeu que havia algo errado nas expedições, chegando a tentar proibi-las. Foi então que o destino ajudou o Ministro, fazendo-o conhecer Jack Myers.

Naquela época Myers era apenas um estudante de História Bruxa Antiga. Mas ele era ambicioso e sonhava em alcançar poder e fama. Fudge conseguiu convencê-lo a se juntar ao seu clã, e em pouco tempo fez com que começasse a dar aulas na Faculdade de Bruxelas. Para demonstrar gratidão, Myers conseguiu que as visitas a pirâmide continuassem todos os anos.

Seguindo ordens do Ministro, garantiu que os estudantes fossem sacrificados e em seguida levados para o laboratório subterrâneo no Ministério na calada da noite, onde eram transformadas em monstros através de experiência genéticas.

Liz apontou todos os caminhos que os cientistas deviam seguir para obterem sucesso em suas criações. É simples ela dizia as pessoas tem medo do próprio medo. Do desconhecido. Daquilo que não podem ver. Daquilo que não podem tocar. Lendas urbanas. Esse é o segredo.

Aquele tinha sido o último ano, o último sacrifício. Ele já tinha dado um jeito em Elizabeth, tirando-a do seu caminho, juntamente com Seth.

Tinha tudo sob controle. Nada poderia sair errado.

Fudge suspirou longamente. Parecia que tinha começado ontem, mas na verdade há mais de dez anos tinha tudo planejado. E agora estava a poucos segundos de conseguir atingir seu objetivo. A idéia de ter todos aos seus pés lhe deu uma gostosa sensação.
– Ela foi feita de qual medo da humanidade? – Ele disse olhando fixamente para o cientista.
— O pior de todos os medos, Sr. Ministro. – O cientista sentiu um leve arrepio. - O fim do mundo.



— Vamos. – Elizabeth disse jogando uma capa preta que tinha acabado de conjurar nos ombros. Não era um pedido ou um chamado. Era uma ordem. – O mundo deve estar afundado no mais completo pânico enquanto ficamos aqui contando casos e nos tornando amigos de infância.

Gina e Draco trocaram um rápido olhar. No mesmo instante Draco duvidou se tinha feito a coisa certa em soltar aquela mulher, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa sentiu a mão de Gina apertar a sua, passando-lhe força e confiança. Eles seguiram Elizabeth pelos túneis de pedra acompanhando-a de perto. Suas passadas era largas e ritmadas; ela não demonstrava qualquer sinal de fraqueza.

Assim que chegaram na porta da caverna viram a lua encoberta pela mancha vermelha. A mulher balançou negativamente a cabeça, indicando que aquilo era um mau sinal. Antes que seus acompanhantes pudessem dizer qualquer coisa tocou-os levemente nos ombros e os três aparataram.



O primeiro feitiço foi lançado por Jorge na direção que a criatura estava. A luz vermelha iluminou o quarto por uma fração de segundos e saiu pela janela quebrada. A criatura não estava mais ali. Fred jogou-se em cima do corpo do pai, protegendo-o como se fosse um escudo. Preferia morrer mil vezes a ver aquela criatura monstruosa fazer qualquer coisa com uma pessoa indefesa. Rapidamente Hermione conjurou vários fogos de artifício Gemialidades Weasley e os fez estourar no teto do quarto. A luz intensa fez com que todos apertassem os olhos e tapassem os ouvidos. A criatura não estava mais ali. Tinha desaparecido mais rápido do que a fumaça-que-some-instantânea dos fogos. Todos se olharam extremamente confusos. Vermelha como um pimentão de tanta raiva, Molly Weasley saiu do quarto batendo a porta com toda a sua força e caminhou, mais decidida do que nunca, até a lareira.

Infelizmente ninguém se lembrou de olhar debaixo da cama, onde as criaturas que amedrontam todas as crianças que dormem costumam se esconder.



A primeira coisa que Gina percebeu ao sentir seus pés em terra firme foi o cheiro de almíscar no ar. O aposento onde aparataram estava fracamente iluminado e por isso a garota não conseguia destingir nenhum objeto a sua frente.

Elizabeth não pareceu ao menos se dar conta de que estavam no escuro. Sem duvidar de seus passos caminhou até o que parecia uma larga mesa. Gina ouviu o barulho de gavetas serem abertas e fechadas e só quando seus olhos se acostumaram à penumbra viu que Elizabeth procurava alguma coisa em uma escrivaninha. A sala tinha vários objetos de gosto duvidoso, (o que não significava que não era ricamente decorada) e todas as paredes tinham prateleiras com livros.

Draco, afastou-se um pouco de onde Gina estava e deixou-se cair em uma poltrona. Assim que chegaram sentiu o cheio do ambiente e identificou o lugar onde estava. Fechou os olhos com força, desejando sair dali o mais rápido possível.
— Draco – Elizabeth se virou de repente, o encarando diretamente nos olhos – Onde o seu pai colocou o Neferti?
— Eu não sei.

Gina olhou confusa para os dois. Não conseguiu articular as palavras por quase um segundo.
— Onde nós estamos? - Ela perguntou confusa.
— Na minha casa – Draco respondeu num sussurro.
— Preciso do Neferti. Caso contrário, Lúcio pode matá-la quando bem entender. E a você também, Draco.

O garoto levantou-se da cadeira num salto. Arregalou os olhos, escancarando a surpresa.
— O seu pai é um monstro. Aquele Neferti possui o sangue de vocês dois.



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