chapter three



She & Him
chapter three




Dorcas Meadowes, Ethan Cassay Editorial Office, Cidade de Londres – Londres, 11:45


Estava cansada. Cansada de fingir que eu não estava ligando para o Lupin, que nunca sequer trocou uma dúzia de palavras comigo e me julgava, falava coisas de mim que nem minhas piores inimigas no colegial diziam. Ou pelo menos elas tinham desculpas para não gostar de mim, mesmo que fossem as mais ridículas possíveis. Mas ele não tinha nada. Eu havia chegado a menos de uma semana e ele mal me conhecia para falar algo de mim.


Já por parte dos outros, eu fui muito melhor recebida do que eu imaginei. Marlene era um amor, e eu nunca imaginei que uma modelo pudesse ser tão legal e humilde como ela é. Lily era a figura engraçada entre nós, apesar se ser um pouco cética algumas vezes. Emmeline era a regulada, tudo para ela era matemática, e tudo exigia cálculos. Ela era meio dura com todos os assuntos, menos Peter. Era incrível como todos os relacionamentos deles eram em torno do mundo da moda e da Vogue.


Emmeline namorava Peter, Lily namorava James, Marlene (até onde eu sabia) ficava com Sirius num relacionamento aberto e só eu era a solteira. Assim como Lupin, não que ele contasse no meu ângulo de opções. Na verdade eu sabia que Lupin nunca ia ser uma opção para nada, e que eu nunca iria poder contar com ele.


Eu só não entendia como uma pessoa podia se achar tanto. Era como se ele fosse a ultima bolacha do pacote, a última coca-cola do deserto, e afins. Eu odiava o jeito como ele me olhava, como se eu fosse a escória da humanidade por ser americana. Acho que a maioria de seus problemas comigo eram por eu ser americana.


Como se isso fosse algum tipo de crime, quero dizer, eu não tenho culpa nenhuma dos meus pais não serem ricos para morarem aqui em Londres, então eu nasci em Everwood. Aposto que se eu fosse de NY ninguém ia está falando merda nenhuma, e o Lupin não teria nenhum motivo para me odiar de tal forma.


Na verdade, eu acho que ter nascido e vivido em Colorado não é um motivo para uma pessoa me odiar, essa é a coisa mais ridícula que eu já vi. Preconceito de nacionalidade, em outras palavras, xenofobismo irracional.


Eu não tinha nada que ficar me importando com o que ele pensa sobre mim, isso sim. Eu deveria pensar mais em mim, e se eu acho que estou indo bem, é isso o que importa, e não é a opinião aleijada de um modelo burro que vai me fazer mudar. Não mesmo.


Eu gostaria que fosse assim na prática. Gostaria que eu pudesse parar de me importar com o modo com que ele me trata. Gostaria que eu pudesse parar de me sentir uma merda quando estou perto dele. Talvez por ser tão bonito eu me sinta milhões de vezes inferior a ele. Eu sei que deveria parar de pensar nessas coisas, nesses detalhes sórdidos e cretinos que insistiam em fica rondando minha cabeça enquanto eu estava trabalhando, mas era impossível afastar tais pensamentos, quando ele havia acabado de passar por mim para falar com Sirius.


Tampei meu rosto com as mãos e fiquei ali inspirando e expirando profundamente, na intenção de pelo menos desviar meus pensamentos para alguém que valesse a pena pensar. Alguma coisa que não se relacionasse direta ou indiretamente como o Sr. eu-sei-de-tudo Lupin.


Bufei quando percebi que não ia conseguir desviar meus pensamentos dele. Revirei os olhos, indignada comigo mesma. Eu nunca tinha agido assim, por ninguém, e agora eu conheço um cara de não dá a mínima para mim e aparentemente me odeia e começo a pensar dessa maneira? Que tipo de masoquista eu sou?


Já sei, uma das piores.


Não me culpem, ok? Eu não tenho culpa se ele é tão lindo que eu chego a chorar lágrimas de sangue. Ironicamente, claro. Como alguém pode ser tão lindo dessa maneira? Não sei, é uma incógnita para mim, de verdade. Mas eu desejaria nunca tê-lo conhecido, seria mais saudável eu admirá-lo pela revista, sem ter nenhum motivo ou motivação para pensar nele. Quero dizer, a partir do momento que eu sei que ele não gosta de mim, eu começo a fazer o possível para que esse conceito mude, mas parece que só com ele isso parece não funcionar.


Quer saber? O problema é comigo! Eu não vou ficar me esforçando para fazer uma pessoa tão antipática quanto, gostar de mim. Já vi que isso é impossível, além do mais, eu tenho muito mais o que fazer, do que ficar tramando uma maneira de um cara arrogante pelo menos simpatizar comigo. Isso não vai acontecer, tenho que me conformar. É isso.


- CO-LO-RA-DO! – Marlene chamou entusiasmada, e eu me assustei.


- Que susto, Marlene! – eu disse massageando as têmporas.


- Dor de cabeça?


- Não muita. Cabeça cheia é um problema. – falei sorrindo e ela se sentou na poltrona da minha “sala”.


- Então, estava conversando com as meninas... Elas gostaram de você. – VIU SÓ? Até elas gostaram de mim, só aquele idiota, ridículo, arrogante, prepotente, soberbo, cretino, maldito e estúpido do Lupin fica com aquele preconceito irracional comigo. Que ódio!


- Eu gostei delas também. – eu falei, tentando esconder o tom de desespero em minha voz, por causa Lupin. Como sempre.


Eu precisava parar com isso. Seria minha meta de ano novo: nunca mais, em nenhuma hipótese ou circunstância, seja ela urgente ou banal, pensar em Remus Lupin.


- Você tem muita coisa para fazer? – ela perguntou, enquanto eu consultava a minha agenda.


- Hum, não muito. Logo depois do almoço tenho alguns ensaios com o Pete. O dia do Sirius está tranqüilo, então só vou sair com ele depois dos ensaios, para conferir a preview da próxima coleção da Hugo Boss, antes da Fashion Week. Por quê?


- Nós íamos sair para almoçar. Restaurante japonês aqui perto. Um luxo, e não é caro.  – ela disse.


- Imagino que deve ser bom. Tanta propaganda. – eu disse fechando a agenda e guardando.


- Ele é, acredite ou não. Vamos, Colorado, vai! – ela disse, insistentemente, e eu cedi.


- Está certo. Só preciso avisar o Sirius, e nós iremos. – eu disse, sorrindo.


- YEEEY! – Marlene gritou, jogando os braços para o alto. – Lil, Emm! A Colorado vai com a gente! – ela falou indo até a sala de Emmy.


Levantei do meu lugar e fui até a porta de Sirius, rezando para que Remus tivesse se jogado da janela para que eu não precisasse encará-lo, mas eu não precisava pensar nessa possibilidade nem duas vezes, eu tinha certeza que isso nunca ia acontecer. Ele era o tipo perfeito de narcisista que se amava demais para de matar.


Me amaldiçoei por ainda estar pensando sobre esse assunto e bati na porta. Ouvi Sirius dizer para eu entrar, e abri a porta. Nem preciso dizer que o Lupin nem se deu ao trabalho de me olhar. Eu sorri ironicamente, querendo pular no pescoço dele e o estrangular até ele ficar roxo e pedir pinico.


- Sirius, queria perguntar se você tem mais algo para eu fazer. As meninas me convidaram para almoçar. – eu disse e ele desviou o olhar do computador, para me olhar, sorrindo.


- Não, pode ir, mas às duas você tem que acompanhar a seção de fotos com o Pete, ok? – ele me alertou e eu assenti.


- Claro. Tchau, Sirius. – eu falei, acenando e olhei para o Lupin, que ainda olhava para algo do lado de fora da janela.


Viado.


x


Estávamos no tal restaurante e eu beliscava o meu sushi com shoyo sem muita vontade. Eu adorava sushi, de verdade, mas eu me sentia estranha. E eu sabia o porquê. Porque eu sentia necessidade de que todo mundo gostasse de mim, todo mundo aprovasse as minhas atitudes, o que me tornava uma grande idiota. Digo, eu não precisava de ninguém para ser eu mesma, e eu estava ficando viciada em querer fazê-lo gostar de mim.


- Eu não sei, eu só acho que a gente deveria sair esse fim de semana. – Lily falou mastigando um pedaço de seu salmão.


- Por mim ok. No lugar de sempre? – Marlene falou, tomando um gole de sua Diet Coke.  Mesmo com pouco tempo de convivência, eu sabia que eu e Marlene seriamos grandes amigas, seja pelos nossos vícios partilhados (Diet Coke, por exemplo) ou pelos assuntos intermináveis entre nós.


- Como se houvesse outro lugar a altura, né, Lene? – Emmeline falou revirando os olhos e rindo. Marlene assentiu e sorriu.


- Onde seria esse lugar? – eu perguntei interessada, esperando que o convite se estendesse a mim. Claro que não fazia sentido ela chamar as garotas para saírem na minha frente e não me convidar.


- Leaky Cauldron. Uma boate-bar super high society. Só o pessoal da rodinha dos famosos frequentam. Não me surpreenderia se encontrasse o Robert Pattinson ou o Ed Westwick lá qualquer dia. – Lily falou rindo.


- Certo, então está combinado. Colorado, quer que eu passe na sua casa? – Marlene perguntou.


- Hm, meu carro está para chegar amanhã e eu espero que ele realmente chegue. Não agüento mais ficar sem meu bebê. Enfim, então eu posso passar e te pegar. Eu moro em Notting Hill. – falei, terminando o meu ultimo sushi.


- Seu bebê? É o carro? – eu afirmei quando Lily perguntou – Qual é?


- Um Fiat 500 vermelho. – eu disse sentindo uma pontada no coração de saudades do baby.


Eu poderia parecer meio maluca, mas eu realmente amava aquele carro. Amava muito, tanto que eu conversava com ele muitas vezes, o que pode ser considerado um mau sinal. Loucura total.


- Certo, então depois eu te passo o endereço. Você vai amar o lugar. Principalmente porque você vai estar com a gente! – Marlene falou toda convencida.


- Ok. – eu falei e ri depois, seguida por elas.


Nos levantamos e fomos pagar nossas contas. Saquei o meu São Mastercard e entreguei ao caixa, temendo a facada no peito.


- £30, crédito ou débito? – até que não foi tão caro.


- Crédito.


x


Cheguei na Vogue depois do almoço e Sirius estava procurando por mim desesperadamente, dizendo que tinha esquecido que antes da seção de fotos eu teria que ir buscar chapéus da Calvin Klein para a própria seção, e ainda perguntava porque ninguém ainda tinha me dado um Blackberry.


Saí do prédio correndo e eu teria que atravessar a cidade a pé se eu quisesse chegar à loja da Calvin Klein ainda hoje, devido ser hora do almoço e Londres estar no seu “horário do rush”. Corria pelas calçadas, tomando cuidado para a minha boina não sair voando, ou não quebrar o salto do meu Jimmy Choo novinho.


Com sorte chegaria antes das 1:45PM, e se eu pegasse e saísse de lá correndo, conseguiria chegar bem a tempo. Isso se os chapéus já estivessem separados, como Sirius disse.


Sorte minha que o trajeto não era longo. Quero dizer, não tão longo. O suficiente para que eu começasse a ofegar, devido a minha preparação f
* src="includes/tiny_mce/themes/advanced/langs/en.js" type="text/javascript">
cute;sica. Ou a falta dela. Entrei na loja escura, de decoração alternativa e de muito bom gosto. Fui até o caixa, me identifiquei, e a funcionária me entregou algumas sacolas. Algumas várias sacolas.


Saí da loja com pressa. Chequei o relógio e vi que estava dentro da minha previsão. Estaria lá dentro do horário previsto, e ainda ganharia alguns pontos a meu favor na corrida por um emprego fixo na British Vogue.


Andava desajeitadamente pela rua, tentando achar um balanço entre as mil sacolas presentes em minhas mãos, mais a minha LV Speedy na outra, tentando me equilibrar sobre meus saltos, sem fazer movimentos muito bruscos que pudessem fazer a boina cair.


Meu estado era o que eu podia dizer de miserável, mas eu sabia que o fim de semana ia chegar e eu ia poder descansar, sem nenhuma cara feia de nenhum Lupin para encarar. Aquele... aquele... argh.


Eu nem sei por que ainda penso nele, e porque meus devaneios sempre caem nesse assunto. Acho que sou repetitiva e previsível, isso sim que eu sou. E eu deveria mesmo, para a minha própria saúde mental, parar de pensar no jeito como ele me olha. Totalmente desprezível.


Nota mental: eu te odeio, Lupin.


Entrei pela porta de vidro do edifício Ethan Cassay, e passei correndo por Isabella, que começou a rir de mim e dos meus sapatos que escorregavam no chão encerado de mármore. Droga. Consegui me recuperar, e fui até o elevador que estava parado de portas abertas.


Apertei o botão do andar do estúdio, com o cotovelo, e, finalmente, consegui respirar novamente. Segurei minha bolsa na boca para checar o horário. 1:55PM, e eu tinha conseguido ir e voltar da Calvin Klein em meia hora. Eu merecia meu nome no Guiness Book por atravessar a cidade (ok, percorrer uns quatro ou cinco quarteirões) de salto e tendo que segurar seu chapéu.


O elevador chegou no andar, e Sirius estava andando de um lado para o outro. Assim que me viu suspirou e foi me ajudar com as sacolas.


- Uau, você foi de quê? De helicóptero ou o quê? – ele disse tirando os chapéus e colocando em cima da bancada, ao lado de Mendez.


Mendez era o styling exclusivo da Vogue, ou seja, ele trabalhava fazendo os looks dos editoriais, com as peças que ele queria, e ele tinha total liberdade para isso, ele era um dos dinossauros da Vogue. Eu brincava que queria ser como ele quando crescesse.


Ele era totalmente gay e um gay super bem vestido por sinal, queria ter metade do talento que ele tem para ser styling, por isso que eu sou jornalista de moda, e não styling.


- Fui a pé.


- Nesses saltos? – Peter perguntou, entrando no meio da conversa.


- É meio que inevitável quando você trabalha na Vogue. Você tem que ter o mínimo de classe, e se fingir de fina e rica, pelo menos né? – eu falei rindo e Peter me abraçou.


- Você tem um ótimo senso de humor.


- Se isso foi um elogio, muito obrigada. – eu disse, tirando a boina, arrumando minha franja, e colocando no mancebo ao lado de toda a bagunça de araras de roupas, estantes de sapatos e modelos que andavam para lá e para cá.


- VAMOS COMEÇAR! – Pete gritou e os modelos começaram a formar filas orientados por uma moça que eu não fazia ideia de quem era.


Nenhum sinal de Lupin, o que me deixou mais a vontade para curtir o editorial. Sirius olhava Peter fotografando com atenção, e seus olhos não paravam um segundo, como se não fossem perder um detalhe sequer, mas acho que isso fazia parte, a partir do momento em que você vira o editor-chefe da Vogue, não?


Notei que não era só um ensaio fotográfico, havia mais alguém filmando os modelos, que faziam poses e mais poses para as fotos, acho que para uma espécie de “backstage” do editorial. Cutuquei o braço de Sirius e ele me olhou, distraído.


- Por que tem um cara filmando?


- A BBC está fazendo um documentário sobre “o lado não glamoroso da moda”. Acho bem legal isso, digo, mostrar para as pessoas que esse mundo não é fútil e banal como elas pensam. A maioria das pessoas acha que o mundo da moda é puro glamour, e na verdade não é. Os modelos que o digam. – ele comentou, voltando sua atenção para a seção de fotos.


- Entendi. – eu disse.


Eu realmente entendi essa coisa de moda sem glamour, principalmente depois que eu corri por Londres com os meus Jimmy Choos novinhos, pobrezinhos.


- Hey, Colorado! – ouvi a voz da Marlene vinda mais de dentro do stage. Olhei para trás e lá estava ela, vestida e maquiada.


- Não sabia que você ia fotografar.


- Nem eu. Mas convidaram de última hora, e eu não recuso uma boa câmera, principalmente quando a câmera é do Pete. Ele sabe todos os ângulos em que eu fico melhor. – ela riu e olhou para baixo, mordendo o lábio, como se quisesse me dizer algo e não soubesse como. – Você se importa se eu chamar Remus? Digo, sei que vocês não se dão muito bem, mas ele é nosso amigo, e... bem, imagino que ele ficaria chateado se não o convidasse.


Eu congelei. O que eu faria agora? Recusar só seria um modo de fugir daquilo que eu, mais cedo ou mais tarde, encararia de uma forma ou de outra. E ela poderia tomar isso como algo pessoal com Remus, e bom, na verdade era, mas eu só queria me mostrar superior a ele.


- Por mim tudo bem. – eu respondi, finalmente. – Só resta saber se ele vai sabendo que eu vou. – dei de ombros.


- Eu não mencionei que você iria. Acho uma boa oportunidade para vocês encararem esse preconceito bobo, não?


- Preconceito dele, oras. Eu não fico o chamando de americano terrorista.


- Vamos lá, Colorado! Entenda... – ela começou e eu revirei os olhos rindo.


- Tudo bem, estarei na sua casa ok? – eu falei e ela deu pulinhos batendo palmas.


Ela estava feliz por isso, por eu querer ir, mesmo sabendo que Lupin iria, e eu não entendi bem qual era o motivo. A não ser que ela quisesse dar uma de mãe de santo e jogar uma macumba em mim e nele para que nós nos acertássemos, mas como eu sei que isso não existe, eu sei que nós nunca vamos nos dar bem.


A mulher que eu não sabia o nome a chamou. Era a vez dela.




Remus Lupin, Leaky Cauldron, Cidade de Londres – Londres, 20:46


Como de costume, eu fui o primeiro a chegar.


Estava sentado no banco perto do bar, tomando meu wisky com gelo e limão, e batucando na mesa, ao som de Bad Romance, da Lady Gaga, que tocava na pista, que já estava fervendo. Era como eu dizia: toca Lady Gaga que a pista ferve. Não que eu costumasse dançar, não mesmo. Eu era Remus Lupin, e não levava o mínimo jeito para dançar. Meu negócio era desfilar, isso sim.


Tomei mais um gole do meu wisky e encarei a entrada do bar, avistando James, Sirius, Emmeline e Peter, que provavelmente teriam vindo juntos. Eles me viram e vieram em minha direção, conversando animadamente. Eu sorri e depositei meu copo na mesa.


- E aí, cara? – Sirius disse, me cumprimentando, batendo sua mão na minha, fazendo um barulho alto.


- Beleza? – eu falei.


Eles se sentaram a começaram a conversar sobre assuntos variados e aleatórios, fazendo com que eu tivesse um pouco de dificuldade de acompanhá-los, já que eu não estava muito bem interado nos assuntos, já que a maioria deles envolvia de qualquer forma a Meadowes.


É como se eles não soubessem mais viver sem a garota, como se ela já participasse ativamente de nossas vidas há muito tempo. Não que ela participe da minha, eu trabalho duro para que isso não aconteça. Acredite, evitá-la está ficando cada vez mais difícil, com a quantidade de tempo que Marlene fica buzinando na minha orelha sobre como ela é legal, e como eu deveria parar de tratá-la assim, e que eu estou sendo um idiota e blábláblá. A parte do blábláblá é o momento em que eu paro de prestar atenção.


Além do mais, de certa forma eu estava bem cansado. Começo de temporada é um inferno, com todos os trabalhos promocionais, desfiles e previews de coleção... estou um lixo. Moído, dos pés a cabeça. Sem esquecer-me das gravações de propagandas, entrevistas para TV, revistas e etc.


Sabe, é um saco ser eu.


- Você está acompanhando a conversa, Remus? – ouvi Pete me perguntando e eu o encarei.


- Uh, tentando. – falei rindo e tomando mais um gole de wisky.


- Se você não fosse assim, arrogante e pretensioso, você estaria acompanhando e saberia exatamente do que estamos falando. Dorcas Meadowes, que por sinal é uma ótima pessoa. – Pete disse e eu revirei os olhos.


- Não começa, tá legal? Não me venha você também com esse discurso de bom samaritano para cima de mim. Você sabe muito bem o que eu penso sobre essa história.


- Acho que então está na hora de você mudar de conduta. – Emmeline disse sorrindo e eu bufei.


- É só o que me faltava. Eu vou dar uma volta. – eu disse me levantando e indo até o bar, pegar outro wisky.


Cruzei o ambiente e me debrucei no balcão, enquanto o garçom fazia uma daquelas doses de wisky arrebatadoras, que derrubavam até bêbado de quinto grau, quando eu senti duas mãos gélidas tamparem meus olhos. Eu não tinha palpites. Não depois a conversa que tivemos agora a pouco, então seria bem pouco provável que Emmeline fizesse essa brincadeira nessa altura do campeonato.


Eu sorri, apalpando as mãos tentando decifrar quem era. Tentativa inútil.


- Desisto. – peguei as mãos e tirei dos meus olhos.


- Olá! – Marlene disse rindo e beijando minha bochecha.


- Tudo bom, Kinn?


- Ótimo! Vamos para a mesa, o que está fazendo aqui sozinho, Lupin? – ela me perguntou e eu revirei os olhos, pegando o meu copo de wisky.


- O mesmo assunto de sempre. A Meadowes é a certa, e eu sou sempre o errado. Como sempre... – eu disse, andando ao lado dela calmamente.


- Remus, você sabe que...


- Não venha você também, ok? – falei e ela me olhou indignada.


- Será que você vai me deixar terminar? – Marlene perguntou e eu dei de ombros. Na verdade, eu sabia que o que ela ia dizer entraria por um ouvido e sairia pelo outro, assim como o que os outros fizeram. Eu tenho uma ótima habilidade de bloquear tudo aquilo que eu não quero ouvir.


Então, o que não me serve, é simplesmente ignorado pela minha mente.


- Certo, Remus, você sabe que ela está se esforçando para que você ao menos pare de ignorar completamente a presença dela. Pelo amor de Deus, Remus, ela não merece isso, sério. Ela é super legal, e se você ao menos desse uma chance para ela v...—


- Pode parar por aí. Não vai rolar, Kinn. Sabe, não é preconceito e nem nada do tipo, é só que, sabe quando o seu santo não vai com o de alguém? – ela bufou e fez que sim com a cabeça. – Então pronto. Sem mais discussões, ok?


Ela deu de ombros e sorriu pegando no meu braço e me segurando no lugar, antes que eu pudesse chegar à mesa. Eu a olhei confuso e abri a boca. Ela riu e mordeu o lábio, nervosa.


- O que foi? Marlene McKinnon parecendo nervosa para mim é algo completamente novo. Estou chocado. Manda, o que foi? – ela mostrou a língua e eu revirei os olhos, rindo.


- Rems, eu acho que eu vou falar com o Sirius. Hoje. – ela disse e eu abri a boca ainda chocado.


- Você está demorando até demais. Vamos lá, assumam, oras. Não é como se metade do mundo já não soubesse do rolo de vocês. Marlene, você é diva, sua anta, os paparazzi estão em todos os lugares, toda hora. – ela riu e continuou o caminho na minha frente.


Eu soltei um riso enquanto a observava e fui até a mesa.


Era incrível pensar no quando eu realmente considerava Marlene. Quero dizer, para muitas das pessoas que realmente me conhecem eu sou mais um bad boy qualquer, mas para Marlene não. Para Marlene eu sou só o irmão mais velho dela, e eu realmente me sentia como um, não que irmãos se beijem, mas você entendeu. Para Marlene eu era uma pessoa normal e não era Remus Lupin, o modelo, e eu me sentia bem com isso.


Eu adorava Marlene, e isso não era segredo para ninguém.


Marlene cumprimentou o pessoal devidamente e se sentou ao lado de uma garota de franja e cabelo liso e repicado, que, mais tarde, eu percebi que era a Meadowes. Uma Meadowes muito mais bonita do que eu me lembrava, de qualquer forma. Não que isso mude alguma coisa, porque definitivamente não muda.


Assim que percebeu minha presença ela deu uma bufadinha e virou o rosto de lado, murmurando algo para Peter. Eu ri de sua atitude infantil e me sentei ao lado de Lily, que eu ainda não tinha visto e a cumprimentei.


Na verdade, eu não tenho ideia de quanto tempo se passou e ficamos conversando, até o momento em que Lily e James, Emmeline e Peter se retiraram sutilmente e foram em direção a pista de dança ao som de um remix de Tik Tok, da Ke$ha. Então eu vi Marlene dar alguns sorrisos nervosos antes de por a mão no ombro de Sirius e murmurar algo inaudível. Eles saíram da mesa e foram para o outro extremo do bar, conversar “a sós”.


Eu respirei fundo, ao perceber que só estávamos eu e Meadowes na mesa. Ela mantinha uma postura encolhida, como se estivesse com frio, ou algo do tipo, e eu a observava de canto de olho. O que? Eu não tenho culpa se ela estava realmente bonita.


Eu não diria que era um ambiente confortável, com aquele “silêncio”, mas é que não ia falar.


O garçom lhe trouxe um Absolut Cosmopolitan e ela agradeceu. Assim que tomou um gole, fez uma careta e deixou a taça em cima da mesa, e eu não pude deixar de rir. Ela me olhou, surpresa e sorriu.


- Certo, talvez isso pareça loucura, e bom, deve ser, depois que eu parei o elevador e tudo mais, mas você está rindo de mim? – ela perguntou e eu a ignorei por alguns instantes. – Tudo bem, já sei, talvez seja mais fácil a porta responder, ao invés de você. Whatever, Lupin.


Ela desviou o olhar e eu a encarei.


- É um pouco forte para os desavisados. – eu disse ainda rindo.


Ela me encarou por alguns segundos e tentou, inutilmente, segurar o riso. Eu abracei o encosto da cadeira ao meu lado e mirei a pista de dança que estava lotada ao som de um remix de Bad Romance com Viva La Vida.  A música mudou para um remix de Fallin’ For You da Colbie Caillat e Dorcas respirou fundo, de animação.


- Ai meu Deus! – ela murmurou pondo os punhos cerrados sobre a boca e sorrindo sob eles. – Ai meu Deus! Ai meu Deus! Ai. Meu. Deus!


Eu revirei os olhos ainda rindo ela me olhou.


- Já sei, ama a música.


- Muito! Muito mesmo! Eu amo a Colbie. – ela disse animada.


- Vá dançar. – eu disse revirando os olhos e ela se encolheu, hesitante.


- Não gosto muito de dançar. Não faz meu gênero. – ela disse e eu sorri.


- Bem vinda ao clube. – eu disse dando de ombros e ela riu.


- Me pergunto o porquê de você estar aqui se não dança. – ela disse com uma sobrancelha arqueada e eu fiz o mesmo.


- O mesmo para você. – eu comentei e ela riu.


- Certo. Você me pegou... – ela disse e se encostou na cadeira.


Ainda não acredito que eu estou realmente conversando com a Meadowes. Quero dizer, ela não parece ser tão ruim assim, de perto. Qual é, estou só fazendo uma pesquisa de campo... talvez, não sei, eu possa ser menos inflexível, e ser um pouco mais bem educado. Certo, admito, tenho sido um idiota.


Ah não, qual é. Eu mal troquei um diálogo com ela e já estou me arrependendo de tê-la tratado dessa forma? Que inferno. O que ela tem, é mel? Todos gostam dela e eu me recuso e sentir o mesmo. Ai, merda.


Ela se sentou ao meu lado e me encarou.


- Tudo bem, sei que não começamos com o pé direito. Ainda mais depois do ocorrido no elevador e... eu não devia ter feito aquilo. Devo ter parecido meio terrorista e tal... – ela começou e eu arregalei os olhos.


- Bom, é, você pareceu. – eu concordei, rindo.


- Whatever, Lupin, mais uma vez. – ela disse revirando os olhos.


- O que você quer que eu diga agora? – eu perguntei arqueando uma sobrancelha, e ela me encarou cética.


- Que podemos começar de novo. – concluiu como se fosse óbvio.


- Certas impressões nunca mudam. – eu disse tomando um gole do meu Absolut Blues, e ela revirou os olhos.


- Achei que tínhamos deixado esse tipo de mal-criações para trás. Como queira. – ela falou, fazendo menção de se levantar e sair da mesa, quando eu a segurei.


- Tudo bem. Então “vamos começar de novo”. – eu disse fazendo aspas com os dedos e ela sorriu de ponta a ponta. – Remus Lupin. – estendi a mão para que ela a apertasse.


- Eu não acredito que você está fazendo isso. Eu não disse exatamente esse começo.


- Ah, cala a boca e faz aí. – eu disse rindo e ela se fez de indignada.


- Dorcas Meadowes. – apertou minha mão, rindo. – O que você tem contra estagiárias? – ela emendou a pergunta e eu comecei a rir descontroladamente. – O que eu disse?


- Nada. É só que você emendou um assunto no outro. – comentei e ela revirou os olhos.


- Ah, cala a boca e faz aí. – ela me imitou com uma sobrancelha arqueada.


- Nada contra estagiárias. Tenho algo contra estagiárias estrangeiras. – frisei a palavra estrangeiras – Elas tiram a vaga das garotas e garotos daqui.


- Você está enganado. – Dorcas afirmou, soberbamente – Dei muito duro para conseguir essa vaga, e não estou tirando a vaga de ninguém. Eu mereço tanto quanto qualquer um, e se eu consegui, acho que é porque eu mereço mais que elas e eles, como queira.


- Faz sentido, nunca tinha pensado por esse lado. – falei ainda ponderando sobre os dois lados. – Mas você poderia ter conseguido na Vogue de NYC.


- Não é tão glamorosa quanto a daqui. – ela disse pegando seu Cosmopolitan e dando mais um gole, antes de fazer uma careta.


- Você não deveria tomar isso.


- E você não deveria tomar isso depois de ter tomado sei lá quantos wiskys. – Dorcas falou e eu sorri.


- Eu tenho um nível de aceitação alcoólica muito maior que o seu, aposto.


- Aposta? £10 que eu viro um Blues desse de uma vez só. – ela disse.


- Nem pensar, você não vai voltar carregada para casa. Esquece. – falei tomando mais um gole do meu Blues e ela revirou os olhos mais uma vez. Era como um tique nervoso, sei lá.


Ela chamou o garçom e fez o pedido de seu Blues. Ela batucava o pé no chão, marcando a batida de Blah Blah Blah, da Ke$ha (ft. 3OH!3), enquanto esperava o drink que havia pedido. Alguns minutos depois o drink chegou. Ela o pegou e seus olhos iam de mim ao drink. Ela sorriu um sorriso (?) presunçoso.


- Você não— - eu comecei quando ela levou o copo na boca e o virou com tudo.


Meu Deus! Meu Deus! Ela vai entraram em coma alcoólico! Meu-Deus!


- Meadowes! Meadowes! DORCAS! – eu exclamei tentando tirar o copo da mão dela. Aposto que se ela ficasse bêbada todo mundo ia por a culpa em mim. Como se eu fosse o responsável por ela.


Tirei o copo da mão dela, mas não rápido o suficiente para ela não poder secar até a última gota do copo. Coloquei o copo em cima da mesa e ela remexeu a cintura, levando os braços ao ar e fechando os olhos. Eu a encarei, cético, e ela riu quando abriu os olhos a me viu.


- Eu te disse, não disse? Ah, você me deve £10 e eu acho que vou desmaiar. – ela falou começando a rir.


- Sério?


- Claro que não. Mas eu preciso de uma bala. E isso é sério. – Dorcas disse e eu ri.


Enfiei a mão no bolso, tirei uma caixinha de balas de lá de dentro e a entreguei. Ela sorriu e pegou três.


- Muito obrigada. Chegar em casa cheirando vodka vai ser meio complicado. – falou, me devolvendo a caixinha.


Olhei para o meu lado e Marlene vinha em nossa direção, acompanhada por um Sirius sorridente ao extremo, nos olhando. Marlene sorriu mais ainda quando percebeu que eu e Dorcas tínhamos nos falado, e eu não pude deixar de me sentir um idiota por isso. Por tê-la tratado daquela forma. Talvez o que eu tinha mesmo era preconceito, ou sei lá. Quero dizer, eu não a conhecia direito, se bem que eu ainda não a conheço, mas foi o suficiente para que eu me arrependesse de ter sido um completo idiota. Mas é claro, é ÓBVIO que eu não vou comentar sobre esse arrependimento com ninguém. Dãr.


- Dorcas, você não... ah meu Deus, você bebeu? – Marlene perguntou se sentando ao lado dela, que começou a rir.


Dorcas começou a negar com a cabeça e eu ri.


- Ela bebeu sim, bebeu tudinho, virou um copo inteiro de Absolut Blues, num gole só! – eu falei e Marlene abriu a boca horrorizada. – Depois de ter bebido um Absolut Cosmopolitan.


- MEU DEUS! DORCAS, VOCÊ QUER ENTRAR EM COMA? – ela gritou e Dorcas me censurou, quando eu comecei a rir. – Vamos embora!


- Mas não são nem duas, Mar! – engraçado, nunca tinha ouvido ninguém chamar Marlene assim, Mar... Bizarro.


- Sem ‘mas’! Vamos para casa. Cadê a chave do carro? Eu dirijo. – Marlene concluiu, arrancando as chaves do carro da mão de Dorcas.


- Você me paga, seu merdinha. – ouvi Dorcas sussurrar no meu ouvido antes de sair arrastada por Marlene.




N/B: GENTE! Que capítulo foi esse, hein? Ficou simplesmente perfeito! Eu amei ele, de verdade. Ficou simplesmente tudo. Adorei o Lupin fazendo o recomeço e ela falando ‘não esse’, hahaha. Fora que eles começaram a conversar, own. E a Dorcas em coma alcoólico, hein? Isso me lembra o Legolás e o Gimili, que disputam quem bebe mais no filme das duas torres. Ficou muito bom, gihzão. Eu adoro esse apelido da Dorcas, ‘Colorado’. Achei ele muito tudo *-*. Só isso, então. Beijos, galera. Comentem muito, ok?      
Chel Prongs 


N/A: Acabei de perceber que a Chel sempre põe N/a invés de N/B e eu sempre ponho N/B, até nas minhas fics. Eu sou uma antona, mesmo HIUSAHD Enfim, gente, milhões de desculpas pela demora. Essa capítulo está bem velhinho até já, até porque eu estou no... bem, no capítulo 8. E de pensar que eu só tenho mais 4 para escrever me dá dor no coração já. Mas quando eu terminar essa aqui vai ter a Sunshine que é super fofa e eu estou adorando escrevê-la. É... enfim, é isso aí, comentem, me façam feliz, ok? Ah, eu amo tanto essa fic e esse Remus. Tenho que admitir que esse Remus é o estereótipo de homem para mim HSDUIH But that’s alright... Preciso ir, vou ver se consigo terminar de passar meu trabalho de física para o computador... Beijo gente, prometo que o próximo não vai demorar muito, ok?


Gih Meadowes

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.