Capitulo III



 




James estava desconfiado. Eu notei assim que cheguei ao estacionamento. Eu não sei por que, já que eu realmente sou uma excelente atriz e tudo mais. Aquilo no refeitório foi... Um momento de fraqueza. O choque de ver que o Remus podia mentir pra mim com aquela facilidade me fez fraquejar. Minha primeira reação foi correr, claro.


Depois de 200 ml de toddynho e uma rodada de conversa com um cara gato, eu estava me sentindo mais animada. Falando sério: O Toddynho me fez rir. Isso aí. Depois da decepção que eu passei, isso é muita coisa. Ele me animou o suficiente pra que eu o agradecesse e lhe desse um beijo no rosto antes de ir em busca dos meus supostos amigos.


É claro que todos estavam no estacionamento ao redor do carro novo de James. Assim que cheguei lá, estava sorrindo com naturalidade ao dar um selinho no Remus. Emmeline estava me olhando com aquela expressão maldosa de “haa há, eu dormi com seu namorado e você nem imagina”. Bem... Aquela expressão superior pra lá de irritante. Isso por que ela não sabe o que a aguarda.


Mas enquanto isso, James me olhava todo desconfiado. Assim que as atenções estavam desviadas de mim, ele me puxou pelo pulso para cima do capô do carro, onde ele estava sentado.


- O que foi aquilo na hora do almoço? – ele me perguntou olhando diretamente nos meus olhos.


- Não tenho a menor idéia do que você está falando. – Respondi sustentando o olhar.


- Não minta pra mim, McKinnon. – James falou com firmeza – Eu conheço você desde que você só tinha dez anos e ainda podia ser chamada de garotinha inocente.Você passou o dia meio estranha, você estava falando com o Remus toda hesitante e depois dele te falar algo, você saiu correndo do refeitório com lágrimas nos olhos.


- O que? – eu dei uma risadinha – Não viaja, James. Claro que não.


- Você é mesmo uma excelente atriz, mas eu posso ver que está sofrendo nesse par de olhos azuis aí. Vamos, Marlene. Somos amigos há tanto tempo... Tem algo errado com o seu namoro? Quer que eu fale com o Remus, ou coisa assim?


- James, é mesmo uma gracinha da sua parte se preocupar tanto. – falei com firmeza – Obrigada, mas eu estou muito bem. E não há sentido nenhum em falar com o Remus. Qual é, o cara passa mais tempo chapado que eu passo no shopping, Jimmy. Não rola.


- Então é o lance das drogas? – perguntou James preocupado – Eu também fico preocupado com o Remus por ele viver fumando e coisa e tal... Talvez nós dois possamos ajudá-lo.


- James, quando foi que você ficou tão sentimental e preocupado? – perguntei, agora irritada. Então tive uma idéia. Fingindo estar horrorizada, cobri a boca com a mão e exclamei: - OMFG! James, você é... Gay!? Quer dizer... Puxa vida, eu nunca imaginei isso. Bom, é um disperdicio e tanto, mas quero que saiba que eu estou do seu lado quer você goste de meninas ou de meninos.


- Há há. – fez James, rolando os olhos irônicamente – Eu aqui preocupado com o que você está sentindo e você vem fazer comentários ofensivos à minha sexualidade.


- Jaaaames.... – Chamou Narcissa com uma voz melosa.


Narcissa empinou a bunda para ele perguntando em que parte de suas costas ela devia fazer uma tribal. Eu me virei para Dorcas, aproveitando para escapar de James. Ela estava olhando para trás de mim. Um sorriso maldoso surgiu em seu rosto e ela me indicou a entrada do colégio.


A ruiva estranha estava saindo. Para meu completo horror, ela estava usando shorts jeans velhos na altura dos joelhos. O jeans era tão surrado e tão folgado que me surpreendeu que não escorregasse e caísse revelando a calcinha. Ou talvez ela nem usasse calcinha e sim uma cueca.


Para combinar com o jeans, ela estava usando uma camiseta roxa. Uma camiseta que, se não era masculina, era dois números maior que ela. Completando o quadro de filme de terror, ela estava com aquela mochila de skatista horrorosa e um par de all stars.


- Alguém, por favor, diga àquele ruivo que cabelo comprido em homens está fora de moda. – pediu Dorcas quase gritando.


- Não, não, Dor! – Emmeline falou no mesmo tom alto – Eu acho que é uma garota!


- Oh, mas que horror! – falou Dorcas fazendo uma expressão de grande surpresa – Virgem santa, de onde saiu essa coisa?


A ruiva nos lançou um olhar maligno.


- Oh, meu Deus! – exclamei – Deixem-na em paz, garotas. – James me olhou de olhos arregalados até que eu continuei: - Não estão vendo que isso pode jogar um feitiço em vocês ou coisa assim? Sabe-se lá de que religião ela faz parte. Mas será que todos da religião dela tem que se vestir assim?


As garotas uivaram de riso. Os meninos apenas sorriram e sacudiram a cabeça como se dissessem “Ah, essas crianças”. Quer dizer, todos menos o Remus e o James. Remus, por que estava chapado demais pra notar qualquer coisa e James por que, ao ver a ruiva nos lançar outro olhar ressentido e sair de perto, fechou a cara e falou:


- Que coisa idiota. Qual é o problema da garota usar aquelas roupas?


- Qual NÃO é o problema de usar aquelas roupas. – Emmeline arregalou os olhos – James, pelo amor de Deus, olha pra AQUILO e diz se não é uma coisa grotesca.


Prevendo uma briga longa, eu me levantei e me despedi rapidamente de todos antes de ir em direção ao meu carro. Se eu me lembro bem, eu  ainda tinha uma vingança a bolar. Claro, facilitaria tudo se eu estivesse com mais raiva. Ou talvez não.


O fato é: Eu estava terrivelmente sem criatividade. É claro, é muito fácil pensar “Há há, eu vou te ferrar! Vou acabar com sua vida”. Mas vai colocar isso em prática. É, é mais complicado do que parece. E oque a Emmeline me fez foi muito grave. Eu preciso de uma vingança a altura. Do nada, decidi não ir pra casa.


Eu rodei por uns bons dez minutos, até passar por uma pracinha com um ar particularmente encantador. Parecia ter saído de um filme antigo, onde todas as pessoas costumavam sair às tardes de domingo e fazer piqueniques. Sem pensar, estacionei o carro.


Havia um jardim e, pasme, vendedores de pipoca e algodão doce. De repente notei por que pracinha me parecia tão familiar. Eu tinha dez anos quando havia ido ali pela primeira e ultima vez. E naquela vez eu estava com a Emmeline, o James e o Remus.


Enquanto eu andava pela lugar que parecia mais saído de um conto de fadas, eu me lembrava. Lembrava do quanto era fácil naquela época. Remus não usava drogas. Emmeline era realmente minha amiga. James... Bom, o James sempre foi o James. As coisas mudam tanto... Eu era tão diferente naquela época. Será que isso faz parte de crescer? Você se torna alguém que nunca esperava se tornar?


Estava começando a ficar nostálgica. Mas não foi para isso que eu vim aqui. Eu estava em busca de inspiração pra uma vingança, e não de lembranças. Entrei na porta de vidro mais próximo só para descobrir que era uma sorveteria. Unf.


Um sino dos ventos anunciou a minha entrada. A moça do balcão olhou para a porta, esperançosa. E sua expressão brilhante se desfez ao me ver.


 - Posso ajudar? – ela perguntou sem ânimo.


- Eu vou dar uma olhada nos sorvetes primeiro, obrigada – respondi indo olhar os freezers.


O sininho tocou outra vez. Não me virei pra olhar, mas deu pra ver que era quem a balconista esperando, pois ela falou na maior animação:


- Ah, Sih! Você veio?


- Eu disse que viria, não disse? – respondeu uma voz profunda – E trouxe o que você pediu. Aqui, tome.


- Obrigada, Sih! – A balconista parecia que ia derreter.


É claro que não se deve demonstrar tanto interesse por um cara, então nem me virei para olhar para aquela cena patética. Continuei examinando os sorvetes. Ouvi silêncio (?) atrás de mim. Me perguntei se a balconista tinha desistido, foi quando ouvi uma voz bem junto a mim:


- Ei, posso pagar um sorvete para a linda morena?


Eu me arrepiei. Era o paquera da balconista. Claro, antes eu tinha que me virar e ver se ele era feio ou bonito, pois ele podia ser um psicopata. E se era pra ser seqüestrada por um tarado, eu preferia ser seqüestrada por um tarado bonito.


Era o Toddynho. PUTA, QUE MERDA!


- Ah. Oi. – falei usando de toda a minha brilhante inteligência.


- Olá, Marlene. – Ele sorriu – Hmm... Eu sei que isso vai parecer uma cantada bem capenga, mas... Você não vem sempre aqui, vem?


- Não – respondi rindo – Depois da experiência traumática na escola, eu resolvi arejar a mente e vim parar aqui.


- Ah, claro. – ele franziu a testa – Então... Sorvete por minha conta?


- Você já me deu Toddynho hoje.  – falei – Já engordei por sua conta.


- Então engorde mais um pouco. – ele indicou uma das mesas atrás de nós com a cabeça. O gesto me fez ver além das mesas, me fez ver o balcão.


- Sua namorada não vai ficar incomodada? – eu perguntei erguendo as sobrancelhas para  a balconista.


- Ah, ela? – ele sorriu – Que nada, ela sabe que eu sou de todas.


Eu sorri e meio que mordi o lábio ao mesmo tempo, franzindo a testa para ele. Ele riu da minha expressão.


- Suze é apenas minha amiga. – ele falou ainda rindo – Ela normalmente me pede livros emprestados.


- Ela não quer ser só sua amiga. – comentei olhando-a de soslaio.


- Bem, é o que ela é. Pelo menos pra mim. E não tem por que ela se irritar. Afinal, você acaba de sair de um relacionamento conturbado e não entrará em outro tão cedo, certo?


- Hmm... Errado. Não saí do relacionamento conturbado. – murmurei finalmente escolhendo um dos sorvetes.


Toddynho me olhou com curiosidade e então pegou sorvete para mim e para ele, pagou e caminhou comigo até uma das mesas de plástico que ficavam dentro da sorveteria. Sentamos e eu não disse mais nada.


- Ele dormiu com sua melhor amiga. – disse Sirius do nada – Você o ama a ponto de perdoar isso?


- Perdoar? – eu o olhei surpresa – Você é meio inocente, não acha? Simplesmente... Ele me traiu. Com minha melhor amiga. E ela provocou. Eu não vou deixar isso barato, é claro.


- Você está com ele pra se vingar. – ele franziu a testa


- Garoto esperto. – respondi indiferentemente. – Sinceramente, Toddynho, você não achou que eu fosse terminar com ele, parar de falar com ela e deixar por isso mesmo, achou?


- Bem... Achei. – ele admitiu baixando a colher de sorvete – Você parecia tão... Triste. O jeito que chorava...


- Aquilo foi... Um momento de fraqueza. – murmurei – Eu sempre soube que Emmeline era uma vadia. Eu esperava que Remus estivesse com a consciência pesada e admitisse. Como ele não admitia, deduzi que não sabia por onde começar. Então eu perguntei.


- E ele disse que nunca trairia você. – ele adivinhou


- É. – parei de encarar o sorvete e olhei-o nos olhos – E ninguém pode fazer isso comigo. Me enganar assim e achar que vai ficar tudo bem. Emmeline vai pagar primeiro, Remus depois.


- Eu normalmente sou contra planos de vingança maquiavélicos, não devia deixar você continuar com isso.


- O que você vai fazer? Contar a eles que eu estou planejando algo? - Eu entreabri os lábios e arregalei os olhos numa expressão de surpresa muito inocente – Eu? Eu jamais faria mal a ninguém! Por que está dizendo isso de mim?


- Meu Deus, você é o demônio encarnado – ele falou e deu uma risadinha.


- Francamente, fique fora disso. – falei sorrindo agora – Você parece um cara muito legal, não gostaria nada de brigar com você.


- E eu certamente não quero você como inimiga. – ele fez cara de horrorizado. Era quase tão bom ator quanto eu – Você poderia proibir todos os mercados da cidade de venderem Toddynho pra mim.


Com essa, eu ri alto.


- Você é um cara legal, Toddynho. – falei fazendo-o rir também.


- Obrigada, Marlene. Mas você pode me chamar simplesmente de Sirius. – ele falou rindo.


- Acho que isso facilita as coisas. – eu sorri para ele e voltei a me concentrar no meu sorvete, tomada por uma súbita e inexplicável timidez.


Passamos a temas mais leves depois disso. Eu nem sei por que eu disse isso a ele. Eu nunca conto meus planos a ninguém! As pessoas só sabem que Marlene McKinnon agiu depois que já está feito e a vítima já está ferrada.


Talvez fosse um erro, mas eu queria pensar nisso depois.


Nós dois estamos no penúltimo ano de escola. Alguém pode nos culpar por começar a falar de faculdade? Toddynho – é difícil abandonar o hábito – queria ser cineasta. Ele estava me falando sobre um documentário que ele havia visto e o que podia melhorar nele.


Por incrível que pareça, prestei atenção. Ouvi tudo o que ele falou, era interessante. Ele me fazia rir muito fácilmente e logo nós saímos para dar uma volta pela pracinha. De qualquer modo, a moça do balcão “Suze” estava prestes a pular no meu pescoço e eu não estava nada a fim de uma briga agora.


Enquanto estávamos andando, ele perguntou algo que eu preferia que não tivesse perguntado:


- Mas chega de falar de mim! Nossa, como eu me empolgo quando falo de cinema! – ele riu de um jeito meio constrangido, como se pedisse desculpas por ser um tagarela – E você, Marlene? O que pretende fazer na faculdade?


- Ahr... Eu queria... – gaguejei – Não sei, todos os meus planos de vida ficaram inválidos agora.


- O que? Por que?


- O certo era eu me casar com o Remus. – respondi meio triste agora – Ele passaria a administrar a empresa dos nossos pais e eu podia fazer qualquer coisa, viver como perua o resto da vida e essas coisas.


- Isso é o que seus pais decidiram por você. – ele deduziu


- É. E é o que minha mãe fez e provavelmente minha avó também. – falei olhando algumas crianças que corriam por ali.


- Mas não foi isso que eu perguntei. Eu perguntei o que você quer fazer. Você tem algum sonho? Algum plano? Ou estava tão certa do plano dos seus pais que nem pensou nisso?


- Eu tentei não pensar. – admiti – Eu queria... Ah, você vai rir de mim!


- Rir? Eu não seria capaz de tal falta de cavalheirismo. Ah, diga, eu sou curioso!


- Eu queria ser atriz – corei – Não uma atriz como Sophia Bush ou Lindsay Lohan. Eu queria ser como Audrey Hepburn. Ela é meu modelo. E também queria trabalhar em musicais da Broadway. A sensação de cantar e dançar no palco deve ser... Extasiante.


- Por que você nunca entrou pro grupo de teatro da escola? – ele perguntou, sem qualquer sinal de que quisesse rir.


- Teatro é pra perdedores. – respondi mecanicamente – Eu sou uma McKinnon, tenho que ser a rainha da escola e não me misturar com qualquer um. Eu tenho que ser uma rainha desde agora, para poder continuar a ser quando o reino for a minha casa  e a empresa do papai.


- Isso não é justo, Lene. – disse ele parecendo magoado por minha historia – Você não tem nada que fazer o que querem que você faça. Eles são seus pais, cuidaram muito bem de você, mas tem que entender que você deve ser quem você quer ser e não o que eles querem.


- Você me chamou de que? – perguntei surpresa.


- Ah... Lene. – ele pareceu envergonhado – Você se importa?


- Não. – eu sorri. Um sorriso verdadeiro como não dava a anos. – Eu gosto. Obrigada, Toddy... Sirius.


- Faz o seguinte: - ele sugeriu rindo – Você me deixa chamar você de Lene e eu deixo você me chamar de Toddynho. Como apelidos do nosso próprio clubinho.


- Ou codinomes de agentes secretos.


- Você pensa grande demais, Lene. – ele revirou os olhos.


Eu estava sorrindo quando uma loja me chamou a atenção. Uma loja de artigos punks. Mas não foi isso que me atentou. Foram os vários vidros de tintas coloridas que estavam expostos na vitrine. Sem pensar, comecei a me encaminhar para a loja.


Peguei a tinta mais próxima, a verde-cor-de-vômito. O vendedor logo se aproximou:


- Se vai usar, vai ter que descolorir seu cabelo, linda. – ele falou com um sorriso realmente maldoso – Eu posso descolorir e pintar pra você, se quiser.


Sirius estava do meu lado na mesma hora, o que era ótimo. Não estava a fim de dar um chute nas partes daquele vendedor tarado pra poder sair dali sem ser bolinada ou qualquer coisa pior.


- O que está procurando, Lene? – perguntou Sirius passando a mão pela minha cintura possessivamente e olhando para o vendedor, parecendo realmente intimidante.


- Já achei. – sorri para a tinta – É um presente para uma amiga. Ela já é loira e descolore o cabelo há um tempo, a tinta vai pegar fácilmente no cabelo dela.


Sirius ergueu as sobrancelhas como se quisesse perguntar para que era essa tinta, mas resolveu que era preferível não saber. Garoto esperto.  Bem, meu plano está formado e a guerra vai começar.


Nem sei por que eu contei tudo ao Sirius, mas ele não vai se meter. Eu sei que não. Esse Sirius é tão... Perfeito. Não sei não. Ele é simplesmente...


Cara, esse foi o sorvete mais quente que eu já tomei. E como é quente. Preciso me abanar.


N/A: GENTE! Desculpem a demora, eu estava sem pc =X Perdi todos os capitulos da fic, tive que escrever tudo de novo! Eu ainda estou escrevendo capitulo das outras fics, lutanto pra atualizar logo! Whatever, espero que gostem... E deixem comentários pra mim, meu aniversário é HOJE e eu quero comentários de presente, hein? =*


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