Apreensão



Já fazia mais de trinta minutos desde que eles haviam saído da mansão e iniciado uma trilha que contornava a área da plantação de cerejas. Luna decididamente era a mais animada do grupo, enquanto Rony tentava esbanjar seu mau humor para Harry e Hermione, já que conter a grande animação daquela loira era algo aparentemente impossível.
Todos estavam concentrados na paisagem a sua volta e no caminho certo a seguir, pois se eles se perdessem, seria um tanto difícil achar o caminho de volta e assim evitar grandes problemas para o mordomo de Lorde Tensill. A passagem por onde eles caminhavam era composta de mármore e contornada por inúmeras orquídeas que exalavam um odor muito agradável. A trilha chegava a uma cachoeira da qual os habitantes da aldeia se abasteciam de água e pesca. Harry nunca conhecera nenhuma cachoeira, de modo que, apesar do cansaço, ele tentava lembrar a si mesmo de que no final tudo valeria a pena.
- Falta muito? – perguntou Rony errático.
Hermione estava com um mapa que ela mesma arranjara nas mãos. Grande parte do que dizia nele estava em inglês, mas havia alguns códigos e dizeres estranhos, adjacentes a certos pontos de onde a cachoeira se encontrava.
- Segundo o mapa, - respondeu ela – mais uns trezentos metros e chegamos.
Rony fechou a cara e começou a resmungar, porém ninguém estava dando ouvidos ao que ele dizia. Harry apressou o passo com o intuito de alcançar Luna e se livrar de seu amigo resmungão, enquanto Hermione, que possuía uma paciência divina, tentava alegrar o ruivo com as maravilhas da cachoeira e das frutas que por lá havia.
- Luna! – chamou Harry.
Ela parou de saltitar por um instante e se virou para esperar por ele. Harry logo a alcançou, deixando Rony e Hermione para trás e continuando a seguir pela trilha.
- Olá Harry, é sempre bom ter uma companhia para variar. – Luna não parara de sorrir nenhuma vez desde que Harry se juntara a ela, porém ele sabia muito bem que aquilo só se devia ao grande afeto de amigo para amiga que um sentia pelo outro. Não chegava a uma amizade semelhante a sua e de Hermione, mas era muito boa de se cultivar, além de que os dois tinham muito em comum. – Pelo que vi, parecesse que Rony está morrendo ali atrás.
- Eu diria que sim, - concordou Harry dando uma vislumbrada rápida nos dois amigos que haviam ficado para trás e que agora estavam entretidos em uma boa conversa – mas acho que Hermione já está dando um jeito nele.
- Eu sempre soube que algum dia eles iriam se entender... – comentou Luna pensativa – Fico muito feliz de ver que isso já esteja acontecendo, mas admito que não havia pensado nesse entendimento dos dois para tão cedo assim, pois eles são como um Hipogrifo e um Testrálio, ou seja, praticamente não se atraem um pelo outro.
Harry estava pensando em algo para dizer sobre o comentário de Luna, porém nada lhe veio à mente, já que Testrálios e Hipogrifos não eram um assunto de seu interesse. No entanto, não foi preciso que ele arrumasse algo para quebrar os instantes de silêncio entre ele e Luna, pois de repente, no centro da plantação de cerejas, houve um estrondo e algo ou alguém muito grande pareceu aterrissar ali bruscamente.
- O que foi isso?! – perguntou Luna apavorada.
- Harry! – chamou Hermione já ao lado do garoto – É minha impressão ou algo aterrissou ali?
Todos encaravam Harry apreensivamente. Era como se esperassem dele alguma resposta que provavelmente não viria, pois ele não se sentia diferente de nenhum de seus amigos em relação ao fato de que algo realmente estranho acabara de acontecer. Ele olhou inexpressivamente para Hermione e ela logo entendeu que Harry estava tão atordoado quanto qualquer um deles. Sem ter a quem recorrer, Hermione começou a tagarelar compulsivamente, porém Harry nada ouviu, pois apesar de as palavras da amiga serem escutadas por ele, nada do que ela dizia era processado ou assimilado por Harry. Ele simplesmente fitava o local em que tudo acontecera com uma vaga esperança de encontrar algo um pouco esclarecedor.
Seus olhos estavam fixos no pedaço de terra marrom cheia de orquídeas estraçalhadas, até que algo se mexeu em meio a elas. Foi um movimento debilitado e lento, mas que não fazia duvidar de que havia alguma coisa ali. Logo em seguida, outra figura menor do que a ao lado se levantou bruscamente. E foi nesse momento que Harry percebeu as curvas humanas que nela eram bem visíveis.
- Parem de falar agora! – bradou ele irritado – Eu acho que são humanos lá no meio da plantação, então que tal vocês pararem de discutir e darem uma olhada?
Todos pararam subitamente e foram ao encontro de Harry tentar ver sobre o que ele falava. Naturalmente, Hermione foi a primeira a perceber do que se tratava.
- Por Merlin! – exclamou ela com um espasmo de incredulidade – Você tem razão Harry!
- Nós precisamos ir até lá ajudar! – alegou Luna sempre prestativa – Eles parecem estar machucados!
- Mas e se forem comensais da morte ou algo do tipo? – retrucou Rony temeroso – É muito arriscado!
- Não sei quanto a vocês, mas eu vou lá ver quem são e se precisam de ajuda. – decidiu Harry corajosamente – Além do mais, não penso que sejam pessoas as quais devemos temer, até porque elas parecem necessitar de ajuda.
- Luna, você poderia aguardar com Rony aqui enquanto eu e Harry vamos ver quem são eles? – Apesar de a frase de Hermione ser uma pergunta, a mesma soava mais como uma sugestiva afirmação.
- Sem sombra de dúvida. – respondeu Luna.
- Certo. – refletiu Hermione – Então vamos Harry?
O garoto assentiu e logo em seguida, os dois começaram a correr em direção aqueles desconhecidos. Eles resolveram ir pelo meio da plantação, de modo que ficassem camuflados e em segurança para caso aquelas pessoas tivessem más intenções. Depois de alguns minutos correndo, Harry e Hermione já estavam sem fôlego, mas pelo menos conseguiam ouvir alguns murmúrios e até mesmo ver de relance se eles eram mulheres ou homens.
- Ele não está bem! – lamentou uma voz feminina – O que faremos?
- Temos que conseguir ajuda! – respondeu uma voz masculina.
- Fizemos bem em ter vindo aqui ver se precisavam de ajuda. – murmurou Hermione no ouvido de Harry – Eles não parecem ser pessoas más e certamente estão com problemas.
Harry se limitou a assentir e a continuar prestando atenção no que estava acontecendo a sua volta. Eles já estavam muito próximos do local, quando o céu começou a escurecer anormalmente, dando sinal de que uma tempestade provinda do leste estava ganhando espaço.
- Não consigo achar Rony e Luna lá atrás. – avisou Hermione preocupada.
- Estamos muito longe e uma tempestade está por vir. – respondeu Harry não muito positivo quanto à situação em que encontravam – Mas já estamos perto não é? Consigo interpretar o que eles dizem, mas não entendo claramente a voz de nenhum deles.
O caminho por onde Harry e Hermione andavam era repleto de plantas muito grandes e grossas, de modo que eles não tinham outro jeito de ver quem estava ali a não ser chegando bem perto.
- Vamos para aquela árvore! – gritou Hermione devido ao forte som do vento em contato com a plantação – Podemos ver eles dali.
Harry seguiu a amiga e logo que os dois se postaram atrás da árvore, puderam saber de imediato quem eram os necessitados de ajuda, e ao reconhecer as pessoas ali presentes, eles ficaram pasmos com a cena que presenciaram.


Inicialmente, Harry ficou feliz em reconhecer que eram Gina, Fred e Neville que estavam no meio da plantação, no entanto, após observar melhor as condições em que seus três amigos se encontravam e assimilar o fato de que uma grande tempestade estava a minutos deles, o garoto já não se sentia mais tão feliz.
Hermione foi a primeira a conseguir tomar alguma atitude, saindo de trás da árvore e se colocando no campo de vista deles. Harry, por sua vez, não conseguiu se mexer, pois ele estava totalmente perplexo e paralisado devido a saliência dos hematomas que se alastravam por todo o corpo de seus amigos. Harry não queria, porém aquela cena obrigava-o a refletir sobre quais poderiam ter sido os horrores pelos quais eles provavelmente haviam passado para estar naquela situação deplorável, de modo que ele continuou imóvel atrás da árvore, mais abismado do que nunca.
- Hermione! – exclamou Gina com os olhos lagrimejando de felicidade e uma certa amargura que Harry não conseguiu compreender – Não acredito que você está aqui! – Gina já estava se preparando para pular em cima da amiga e abraçá-la, porém Fred a deteve.
- Fique onde está Gina! – gritou ele agarrando seu braço – Talvez essa não seja a Hermione, você não lembra o que aconteceu com Olho Tonto? Temos que ter certeza de que ela é ela.
- Fred, o que você está dizendo? – indagou Hermione fitando ingenuamente o ruivo, que além de não ter retribuído o olhar, ainda apontou sua varinha para o peito de Hermione.
Ao perceber o que estava acontecendo, Harry logo foi ao encontro da amiga para socorrê-la.
- O que está acontecendo aqui? – perguntou ele confuso – Por que estão fazendo isso?
- Somos nós que fazemos a perguntas por aqui. - disse Fred de um jeito que ninguém jamais o tinha visto - O que veio fazer aqui e quem acompanhou você? Responda para termos certeza de que você é Harry Potter e ela é Hermione Granger. – Ele continuava com os olhos fixos em Harry, enquanto Gina observava Hermione levemente, ambos com as varinhas ainda apontadas uns para os outros.
- Vim para a reunião da Ordem da Fênix e estou acompanhado do lobisomem Remo Lupin. Acidentalmente, Hermione e Rony também vieram junto conosco. – respondeu Harry rapidamente – Isso é o bastante para provar que eu sou eu?
Fred continuou com a postura rígida por alguns segundos e então trocou olhares com Gina, que assentiu com a cabeça, deixando-o convencido de que eles estavam dizendo a verdade.
- Nos desculpem por isso, - pediu Gina envergonhada – mas depois do que acabamos de passar, todo cuidado é pouco.
- Eu também peço desculpas, mas isso era necessário. - completou Fred, ainda com uma expressão totalmente diferente da que ele usualmente tinha em sua face.
- O que houve com vocês? - perguntou Harry nem um pouco cauteloso, mas muito preocupado.
- Acho melhor eles explicarem o que está acontecendo no caminho para casa, Harry. Precisamos dar um jeito em seus ferimentos e rápido! – interveio Hermione, não conseguindo tirar os olhos dos cortes na testa de Gina, dos arranhões de Jorge e em Neville, que estava inconsciente.
- Mas Neville está desacordado e Jorge foi procurar ajuda! – relatou Fred, confirmando cada vez mais que eles não poderiam estar em uma situação pior.
- Sem contar a tempestade que está vindo depressa... – comentou Gina – O que faremos?
Como de costume, todos esperavam de Harry alguma atitude, porém dessa vez, ao invés de ele simplesmente olhar interrogativamente para Hermione como sempre fazia, o garoto começou a pensar em alguma solução, pois caso não o fizesse, a vida de Gina, Neville e Fred estaria correndo perigo, pois a cada minuto que passava, era mais sangue perdido por eles.
- Hermione, quando tempo leva daqui até a mansão? – perguntou Harry tentando decidir o que fazer.
- Quase uma hora, se levarmos em conta a condição física deles e o tempo ruim. – respondeu Hermione, que sempre fora a mais bibliófila de Hogwarts, e que, para a sorte de Harry e Rony, às vezes era mais útil do que uma varinha.
- E até a cachoeira? – voltou a questionar ele, com o intuito de descobrir qual caminho valia mais a pena.
- Uns quinze minutos, eu acho. – respondeu ela tentando decifrar as intenções do garoto – O que você tem em mente, Harry?
- A tempestade está chegando e precisamos nos abrigar, – começou a explicar ele – se irmos para casa, demorará muito tempo e ela nos atingirá, então é mais sensato irmos em direção a cachoeira, onde provavelmente haverá algum tipo de abrigo. – Ele fez uma pausa momentânea e então analisou Hermione, que estava muito compenetrada no que ele estava dizendo, de modo que Harry não encontrou nada que o impedisse de continuar – Hermione e Fred vão procurar Rony e Luna e deixá-los a par do plano, enquanto eu, Gina e Neville procuramos Jorge. Vamos marcar de nos encontrar na cachoeira. O que você acha?
Harry perpassou seu olhar por todos os rostos inexpressivos de seus amigos e parou sua expectativa em Hermione, que logo respondeu:
- Perfeito.
Ele esboçou um sorriso, porém aquele pequeno momento de felicidade durou pouco, pois um raio furioso relampejou no centro do céu que agora estava quase todo possuído pela escuridão.
- É melhor irmos. - concluiu Fred apreensivo – Vamos Hermione?
- Vamos, - concordou ela – mas Harry, tenha cuidado.
- Pode deixar. Boa sorte para vocês! - desejou Harry enquanto seguia com o olhar Hermione e Fred se afastarem. Quando eles já não estavam mais visíveis, voltou sua atenção para Gina, que estava parada ao lado de Neville tentando acordá-lo. - Como ele está, Gina?
- Nada bem, infelizmente. - respondeu ela bem abatida – Eu preciso de tempo para conjurar alguns feitiços para melhorar tanto os ferimentos dele quanto os meus, por isso teremos de apressar o passo e chegar logo a cachoeira, além do fato de que temos que procurar por Jorge no caminho.
- Sem problemas. - respondeu Harry, colocando logo em seguida, Neville sobre suas costas.
- Queria poder ajudá-lo a carregar Neville, mas acho que minha ajuda não seria inútil... - comentou Gina observando o tamanho esforço de Harry para carregar o amigo.
- Tudo bem, - disse Harry tentando sorrir e tranquilizar Gina – mas me conte o que aconteceu enquanto caminhamos.
Ela baixou a cabeça e entristeceu sua feição. Algo havia acontecido à ela, Fred e Neville, e sabe-se lá em que situação Jorge estava também. A verdade era que, até aquele momento, Harry conseguira controlar seus impulsos e não perguntar o que estava acontecendo, para assim decidir o que eles haveriam de fazer para se proteger da tempestade, mas agora ele necessitava saber qual era a causa daqueles ferimentos horríveis que cercavam todo o corpo de sua amada.
- Gina, eu preciso saber o que aconteceu com você. - a voz de Harry saiu firme e preocupada ao mesmo tempo. Ele a fitava com tamanha intensidade, que consequentemente, atraiu seu olhar para o dele.
- Nós fomos atacados. - respondeu ela enfim – Mamãe a papai haviam combinado com a avó de Neville que ela e seu neto se esconderiam com a gente lá em casa, e por isso, teríamos que abrir por um instante o feitiço escudo que protegia a casa, já que os dois ainda não eram reconhecidos pelo nosso feitiço, de modo que não podiam atravessá-lo.
Gina e Harry estavam atravessando a plantação de cerejas agora já obscurecida devido a tempestade, porém nenhum dos dois estava prestando atenção para onde estavam indo, pois o que Gina estava dizendo requeria mais do que a atenção completa de ambos.
- Tudo aconteceu em uma questão de segundos, - continuou ela – Tonks abriu o escudo por uma fração de tempo e quando nos demos conta, já estávamos sendo atacados por Comensais da Morte. Todos começaram a duelar e eu e os meninos também queríamos fazer o mesmo, porém mamãe nos obrigou a tomar uma chave do Portal que era destinada a ela e acabamos vindo parar aqui. Acho que mamãe vinha buscar Rony e Hermione, você não faz ideia de como ela ficou furiosa ao perceber que os dois haviam fugido. O caso é que agora nós estamos aqui, em segurança, enquanto eles estão lá, lutando pela vida. Nem sabemos em que situação estão nesse exato minuto, eles até podem estar mortos! Você tem ideia do quão péssima eu estou me sentindo agora, Harry? - Gina começou a chorar compulsivamente. Harry queria confortá-la e dizer que tudo acabaria bem, mas o problema era que, além de ele estar levando Neville nos ombros, de modo que não conseguia para abraçá-la, tudo estava realmente ruim, pois as pessoas que eles amavam poderiam estar mortas naquele momento. Harry não conseguia compreender como aquilo poderia estar acontecendo, já que a ideia de perdê-los era mais do que insuportável.
Lágrimas e mais lágrimas escorriam pela face de Gina. Harry não sabia direito como agir nessas horas, resolvendo assim, seguir seu instinto e encostar a cabeça da amada em seu peito. Ela parou de chorar e começou a dar leves soluços, enquanto ele limpava seu rosto na medida do possível. Aquela era a hora perfeita para os dois se entregarem às suas emoções, porém Harry estava com um grande peso sobre as costas e eles estavam prestes a serem atingidos por uma grande tempestade.
- Eu entendo como você está se sentindo e acredite, não estou muito diferente de você. - disse ele suavemente. Gina estava com os olhos brilhantes devido à agua que não parava de transbordar deles, e ao fitar Harry, foi como se ele pudesse enxergar além do que as pupilas dela permitiam – Você pode estar chorando litros enquanto eu tenho que me manter firme agora, mas a verdade é que eu estou acabado por dentro, pois sei que isso tudo é culpa minha.
- Como você pode dizer uma coisa dessas, Harry? - perguntou Gina incrédula – Você foi a melhor coisa que nos já aconteceu... - Ela passou a mão pelo rosto rígido, porém suplicante de carinho dele – Não quero nunca mais ouvir você dizendo isso.
- Vocês também foram a melhor coisa que já me aconteceu e é por isso que me sinto mais culpado ainda. - disse Harry afagando a mão de Gina – Mas eu tive uma visão, Gina. Um visão dele ameaçando vocês, porém eu não dei ouvidos. Eu simplesmente não quis pensar na possibilidade de que ele pudesse machucá-los. Agora me diga, como eu posso me isentar de culpa?
Gina continuou olhando para Harry, porém nada disse. Ela simplesmente foi se aproximando dele e abolindo todos os obstáculos até seus lábios. Quando eles já estavam a milímetros um do outro, um relâmpago cortou o céu e começou a chover gradualmente. Os dois se separaram contra suas vontades e começaram a correr. Gina corria o mais rápido que podia apesar de estar toda machucada e Harry ia a uma velocidade razoável devido a Neville.
Eles tentavam se proteger da chuva e dos clarões assustadores que emergiam no céu, porém os mesmos os perseguiam incansavelmente. Os dois estavam pagando o preço por não terem dado prioridade a chegar o mais rápido possível até a cachoeira, e como consequência disso, estavam sendo submetidos a uma tempestade furiosa. Além disso, eles haviam esquecido completamente de procurar por Jorge, que poderia estar em uma situação tão complicada quanto a deles naquele momento.


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