18 a 27 de Fevereiro

18 a 27 de Fevereiro



Capítulo 18
de 18 a 27 de Fevereiro


Dia 143, Quinta


Pansy caminhou pelo corredor, fumegando. Que dia podre. Primeiro, todas suas anotações de Poções foram destruídas por uma gota de poção ácida, e Millicent Bulstrode seria uma pessoa muito, muito infeliz se não aparecesse com uma compensação adequada para aquilo. Depois, aquele lufa pentelho Zacharias Smith tinha zoado da cara dela em Runas, com ajuda entusiástica de Queenie. E então o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas tinha decidido agitar a aula e formar “grupos estabelecidos” de trabalho entre pessoas que não ficavam juntas muito freqüentemente, e um feitiço de combinação randômica determinou que Pansy e Draco ficariam com Potter, Weasley e Granger. Para fazer um trabalho em que eles precisariam praticar feitiços juntos depois das aulas. Pelo resto da semana. Lindo.


A única coisa que tinha ido bem até agora era que todas as aulas do terceiro andar foram canceladas quase uma hora mais cedo, porque um garoto do sexto ano tinha lançado acidentalmente um feitiço Sonorus tão poderoso que transformou o andar inteiro em um inferno cacofônico. O que era ótimo, porque liberou Pansy da aula de História da Magia com os sonserinos e lhe deu vinte minutos para estudar em paz antes do encontro com o grupo idiota de Defesa na sala 11.


Pode não ser tão ruim, ela refletiu enquanto se aproximava da porta. Por mais irritada que estivesse com Draco por ele querer estar com Potter, isso pelo menos daria uma chance para os dois estarem juntos sem terem que se preocupar em dar bandeira sobre o relacionamento renovado.


Weasley e Granger, felizmente, não estavam dando uma de lufas felizes com a aventurazinha entre Draco e Potter; na verdade, os dois estavam preocupados. Ainda que Granger tivesse estranhamente começado a dizer algo um dia desses, sobre como era compreensível que Potter quisesse voltar com Draco, já que ele “não tinha sido criado com afeição física o suficiente” e, por isso, “era natural que quisesse retomar o único relacionamento onde tinha-”, antes que Pansy pedisse (muito educadamente, também) que ela, por favor, mantivesse suas idéias trouxas para si mesma e se concentrasse em ajudá-los a tirar aquilo do organismo deles logo.


Tirar aquilo do organismo deles, sei, Pansy murmurou para si mesma. Draco não estava tirando nada do organismo dele. Ele estava animado demais para um garoto tendo uma última aventura. O idiota parecia realmente contente. Com Potter. Se não fosse pela identidade da pessoa em questão e pela pilha de nervos que isso fazia de Pansy, ela ficaria feliz por ele também.


E agora eles todos tinham que trabalhar juntos. Até segunda. Ela abriu a porta da pequena ante-sala de depósito designada para as aulas de Defesa, pensando que não havia como seu dia ficar pior, e depois abriu a porta da sala de aula em si e ficou paralisada imediatamente.


Seu dia tinha acabado de ficar pior.


Draco e Potter estavam entrelaçados em uma cadeira, Potter sentado em cima de Draco, os lábios deles unidos furiosamente, as camisas desabotoadas até a metade, a gravata vermelha e dourada de Potter no ombro de Draco, seus dedos no cabelo do loiro. Draco respondia ao abraço de Potter forçando o corpo ao encontro dele, e o sonserino inclinou a cabeça para trás e gemeu quando a boca de Potter se moveu na direção do seu pescoço. Evidentemente, os dois estavam muito entretidos um com o outro para terem ouvido Pansy, ou notá-la de pé a apenas alguns metros de distância, nas sombras da ante-sala.


E, oh deus, lá estava algo que Pansy não precisava ver, Potter deslizando a mão para baixo e abrindo a calça de Draco, e Draco murmurou em aprovação, sua respiração ofegante. O loiro retribui o favor entusiasmadamente, escorregando uma mão na direção da calça de Potter.


Oh, merda, aquilo era — argh! Pansy reprimiu um grunhido enquanto Potter levantou rapidamente e se ajoelhou diante da cadeira. Draco se remexeu um pouco e sufocou um grito e- a visão de Pansy ficou bloqueada por uma mesa, e ela não conseguia ver exatamente o que estava acontecendo, mas, julgando pelos gemidos de Draco, pelo jeito que seu pescoço arqueava e seus olhos fecharam de prazer, era bastante óbvio, e tudo aquilo era-


... perturbadoramente excitante.


E completamente histérico.


Pansy fez menção de dar um passo à frente, mas se interrompeu, seu primeiro e indignado impulso de gritar com eles para fazê-los parar substituído por um repentino pensamento de como tudo aquilo era hilário e uma firme determinação de não fazer nada para perturbá-los.


Ela deu um sorriso malicioso, lançou um feitiço de disfarce visual em si mesma e um feitiço à prova de som na sala e simplesmente se acomodou para esperar. E observar. Muito, muito de perto. Porque nunca deixaria Draco esquecer que ela o tinha visto daquele jeito, tão íntimo e tão de perto, tendo sua varinha polida por ninguém menos que O-Menino-Que-Sobreviveu em pessoa.


Também poderia aproveitar para pegar umas dicas enquanto isso, ela pensou, reprimindo uma onda de risadas. Porque Draco nunca tinha ficado tão desinibido assim com ela. O que quer que Potter estivesse fazendo, tinha deixado Draco gemendo e cobrindo os olhos com uma mão, as pernas trêmulas. Pansy considerou se deveria chegar mais perto para observar de um ângulo melhor ou se isso a denunciaria.


"Não, mas por que você não fica, é só prática de Defesa. Nós estamos aprendendo feitiços contra vampiros-" Pansy se virou rapidamente quando Granger e Blaise entraram na sala, antes de se lembrar que, é claro, não importava quanto barulho eles fizessem, Draco e Potter não poderiam ouvi-los.


"Você não estava indo para a biblioteca estudar História da Magia?", ela perguntou para Blaise de modo brusco, colocando-se na frente deles para bloquear a visão de dentro da sala e tentando freneticamente pensar em um modo de distrair o sonserino.


"Hermione se ofereceu para me ajudar com Feitiços depois que vocês- mas que diabos?", ele olhou por cima dos ombros de Pansy e ela resmungou, o segurando pelo ombro, mas era tarde demais. "Que merda é essa, Pansy?"


"Blaise-"


Granger também tinha visto Draco e Potter e assumira uma cor vermelho vivo, se posicionando fora do alcance de visão da cena.


"Parkinson! O que-"


"Você sabia sobre isso, não sabia?", o choque de Blaise se transformou rapidamente em ultraje quando ele confrontou Pansy.


"Blaise, me deixe expli-"


"Há quanto tempo isso está acontecendo?" Blaise perguntou.


"Nós precisamos-" disse Granger, nervosa, acenando para que eles voltassem pela porta aberta.


"Por Merlin, Granger eles não podem nos ouvir", Pansy disse, impaciente. "Eu fiz um feitiço, e eles estão meio ocupados de qualquer jeito- Blaise, por favor-"


"Há.".


Pansy respirou fundo. "Um pouco mais de uma semana".


"Merda. Por Mordred. Por deus, que IDIOTA!" Blaise disse, se apoiando contra a parede e batendo a cabeça nela. "O que é que ele está pensando?"


"Ele não está pensando. Não com o cérebro, pelo menos".


"Pelo amor de deus", Granger murmurou. "A gente não pode ficar aqui de pé enquanto-"


Pansy deu uma espiada por trás dos ombros, notou que ela estava perdendo Potter levar Draco cada vez mais perto do êxtase e resmungou, "E o quê? Você quer ir lá e mandar eles pararem? Eles não vão te agradecer por isso, sabe?", Blaise deu uma risada curta, e isso encorajou Pansy, que notou que ele parecia um pouco menos irritado. "Eu achei que você estava a favor desse relacionamento terrivelmente romântico-"


"Eu já te disse, não acho que seja romântico, acho que é perigoso-"


"Bem, pelo menos isso", Blaise disse de maneira seca, e Granger o encarou.


"Por quê? Você achou que eu ficaria encantada por Harry estar dormindo com Draco Malfoy?"


Blaise a encarou de volta. "Deus me livre", ele lhe lançou um sorriso maldoso, que se tornou malicioso quando espiou por cima dos ombros de Pansy de novo e notou que Potter aparentemente tinha feito um bom trabalho, já que Draco estava largado na cadeira, ofegando por ar. Granger se manteve propositadamente de costas para o casal, o rosto vermelho.


"Olha, Granger, se você está tão preocupada com a privacidade deles, por que não vai garantir que ninguém os interrompa? Como, por exemplo, Weasley? Vá esperar por ele lá fora, isso, boa garota", Pansy disse com maldade enquanto Granger saía, mal resistindo à vontade de adicionar um "Xô, xô!"


Ela e Blaise se voltaram para Draco e Potter, notando que Draco tinha se recuperado o suficiente para retribuir o favor, e Potter parecia estar aproveitando bastante.


"Draco parece ser bom nisso", Blaise disse com sarcasmo quando Potter jogou a cabeça para trás e mordeu o lábio inferior.


"Não tão bom quanto Potter foi com ele. Acho que nunca vi Draco gemer desse jeito quando estava comigo", Pansy admitiu.


"O Profeta iria matar por- não, bem, isso seria meio pesado para o Profeta, mas O Pasquim ou O Inquisidor matariam por uma foto exclusiva disso. O-Menino-Que-Chupou. Eu poderia me aposentar com o lucro de uma foto dessas".


"Não só você. Eles precisam ser mais cuidadosos; era para essa sala de aula estar vazia, mas da próxima vez pode entrar alguém que não esteja do lado dele-"


"Morda a língua. Eu não estou do lado dele, não no que diz respeito a isso".


"Blaise-"


"Não se preocupe, não vou espalhar o segredinho, mas bem que o Draco merece. Agora, fique quieta. Já que você está aqui e eles não podem te ver, aproveite para aprender alguma coisa útil", Blaise disse, mal-humorado. Ele balançou a cabeça quando olhou para o casal no centro da sala, e Potter ofegou e abaixou o braço, provavelmente para tocar o cabelo de Draco. "Aliás, belo feitiço de disfarce. Você é uma completa pervertida, Pansy."


"Você também está assistindo".


"É mais por curiosidade intelectual do que qualquer outra coisa. Você sabe que garotos não me dizem nada. Mas, se qualquer um deles se oferecesse para fazer isso comigo, eu duvido que iria recusar…", Blaise ficou quieto quando Potter gemeu e fechou os olhos com força, claramente chegando no clímax. "Ah, finalmente". Blaise esperou até que Potter tivesse acabado e puxasse Draco para seu colo, o beijando, ofegante, antes de entrar na sala de aula, batendo palmas.


"Ótimo show, rapazes".


Pansy teve que rir enquanto os rostos de Potter e Draco passavam por estágios idênticos de choque ao total constrangimento. Eles se apressaram para se arrumar, rapidamente vestindo as calças e abotoando as camisas, mortificados e furiosos.


"Você é um idiota", Blaise disse para Draco, sem enrolar, ignorando Potter. "Um perfeito idiota, e você ainda vai acabar se dando mal. Você já deve ter pensado nisso".


"Seu idiota pervertido de merda!", era tudo que Draco parecia conseguir dizer enquanto acabava de abotoar a camisa, a respiração ainda ofegante e o cabelo despenteado.


"Isso não é da sua conta, Zabini!" Potter disse com raiva, ajeitando a gravata.


"Você não tinha direito de nos espionar!"


"Eu não estava espionando. Estava entrando em uma sala de aula, como qualquer um poderia fazer. Como alguém vai fazer um dia desses, e, quando isso acontecer, essa merda vai vir ao público com tanta força que vocês vão precisar de um Protego só para impedir que ela caia bem em cima de vocês".


"Eu odeio acabar com suas ilusões", Pansy comentou, "mas você não é um vidente de verdade, você não pode-"


"Eu não preciso ser. Eu tenho um cérebro. E, deixe-me dizer, quando você for descoberto, vai desejar que aquele feitiço tivesse te matado". Ele registrou a exclamação de alarme de Potter e rodou os olhos impacientemente. "Não, eu não vou contar para ninguém. Mas, Draco, não pense por um segundo que vou te apoiar quando isso vier a público".


"Certo. Registrado", disse Draco, sua voz cortante.


"Bom".


Eles caíram em um silêncio desconfortável enquanto Draco e Potter acabavam de se arrumar, e Pansy refletiu que era uma pena que Potter também tivesse cortado o cabelo; ele ficava muito pior curto e bagunçado do que mais comprido e penteado para trás. Ela acenou para a roupa deles. "É melhor vocês lançarem um feitiço para ajeitar as roupas ou algo assim. Vocês estão meio… amarrotados".


Draco encarou Blaise quando ele riu.


"Foi sorte que fomos nós dois que achamos vocês", Pansy acrescentou. "Vocês precisam ter mais cuidado. Por deus, imagine se fosse Nott? Ou quem quer que tenha ajudado McKay a lançar o feitiço? Ou então Crabbe ou Goyle?"


De repente, Draco e Blaise começaram a rir, e a tensão no ambiente diminuiu um pouco. "Nossa, o Goyle," Blaise riu. "O coitado ficaria com tanta inveja"


"Inveja?" disse Potter. "De quê?"


"De vocês dois. De sexo, em qualquer forma".


"Ele nunca teve uma namorada?"


Blaise, Pansy e Draco o encararam de modo estranho. "Não, é claro que não", Pansy disse.


"Por quê? Ele não é tão ruim".


Os sonserinos trocaram um olhar divertido, e Draco riu. "Não, mas ele é mais gay do que uma moeda de três nuques¹, Harry".


"Como?"


"Goyle é gay. Você com certeza sabia disso".


"Erm... não, eu não sabia".


"Oh, eu não acredito, você está- sim, é verdade, você está corando!", Blaise zombou.


"Bem, eu não sabia que… quer dizer-"


"Está pensando que Goyle pode ter ficado de olho em você quando você dormiu no nosso dormitório?" Pansy disse maldosamente, e Potter ficou mais vermelho ainda.


"Não, não é isso..."


"Preocupado com a idéia de Goyle dar em cima de você?" Blaise perguntou, e agora todos eles estavam rindo do desconforto de Harry. "Não se preocupe — tirando as diferenças políticas entre vocês, Goyle não conseguiria dar em cima de um garoto nem se estivesse colado nele com Poção Adesiva", ele desdenhou. "Ele é mais gay do que uma fada, mas mais tímido do que um tronquilho²."


"Sério?"


"Sério", respondeu Pansy. "Ele tem a aparência de um gorila grande, idiota e violento — que, para falar a verdade, ele é — mas, no que diz respeito a garotos que ele gosta, vai por mim, ele é completamente inútil e perdido".


"Nós deveríamos avisar Granger que ela já pode entrar", Blaise considerou. "E Weasley, ele provavelmente está lá fora também".


Pansy foi até a porta, e lá estavam Weasley e Granger, ambos muito, muito vermelhos — mas o constrangimento deles não era nada comparado ao de Potter quando ele percebeu por que os dois estavam esperando lá fora, e Blaise se divertiu muito lhe contando o quanto Granger tinha visto.


"Oh, vamos lá, Granger," ele disse quando acabou. "Não é nada que você já não soubesse que estava acontecendo".


"Saber e ver são duas coisas diferentes, cara", Weasley murmurou, acariciando o braço de Granger.


"Um conselho para vocês dois: é melhor serem um pouco mais discretos", disse Blaise. "Sala de aula de Defesa, antes de uma reunião, sem feitiços de alarme ou de proteção? Não muito inteligente. Sim, eu sei, vocês provavelmente não estavam planejando fazer nada disso e se empolgaram no calor do momento, me poupem das desculpas. Mas vocês já tentaram o dormitório próprio de vocês? Eu duvido que alguém tenha mudado a senha".


Draco e Potter se entreolharam, surpresos.


"Ou vocês poderiam ser inteligentes e ficarem longe um do outro, mas essa provavelmente é uma causa perdida. Por deus, Draco. Se seu pai descobrir…" Blaise balançou a cabeça.


"Por quê? O que você acha que o pai do Malfoy pode fazer?", Granger perguntou.


"O pai do Draco é violento", Blaise disse sem enrolar, e acrescentou, "Draco, todos eles viram suas lembranças, e você não está em posição de brigar comigo, então cale a boca". Draco cruzou os braços, cerrando os dentes em uma raiva ressentida, tanto pelas palavras quanto pela atitude de Blaise. "Sim, é um segredinho sujo na Sonserina, que as tendências de Lucius Malfoy agir como um filho da puta sádico quando é contrariado se estendem para seu próprio filho".


"Blaise-", Pansy começou.


"E, pelo que eu vi das lembranças de Potter, eu diria que vocês dois formam um belo casal", Blaise continuou, sua voz severa e fria. "Dois garotinhos maltratados que encontram conforto nos braços um do outro e toda essa besteira. É muito romântico e encantador, só que, ao contrário dos trouxas imundos com quem você viveu, Potter, o pai de Draco também tem muito dinheiro e muita, muita influência. Assim como controle sobre a família, e uma causa que Draco não vai abandonar por uma aventura. Vai?", ele sorriu com maldade quando o rosto de Draco permaneceu cuidadosamente sem expressão. "Ele não vai abandonar a fortuna ou a posição política dos Malfoy por você, Potter, não importa o quanto você seja bom quando está de joelhos".


"Seu-", Potter começou, furioso, mas parou quando Draco o segurou pelo braço e balançou a cabeça. Potter apertou os lábios, visivelmente lutando para se manter controlado.


"Ouça, Draco", Blaise disse, quase bondoso, ignorando Potter completamente. "Ponha os pés no chão. Não é errado admitir que algumas coisas que seus pais te disseram não estão certas ou, na sua idade e hoje em dia, ser visto se associando com trouxas e traidores do sangue. Mas, isso?"


Draco desviou o rosto dele, o olhar ainda carregado de ressentimento.


Blaise soltou a respiração pela boca e abriu a porta. "Com licença. Tudo isso está me dando azia. Sem falar que eu, ao contrário de vocês, tenho senso de auto-preservação e, por isso, não quero ter nada a ver com esse assunto quando as coisas explodirem".


Blaise saiu, e eles caíram em um silêncio pesado, interrompido quando Granger limpou a garganta.


"Bem", ela disse, determinada. "Vamos ver esses feitiços contra vampiros. Eu quero que a gente consiga lançar e desarmar todos os dez até segunda-feira".


E todos eles abriram os livros, apreciando a distração.


ooooooo


Dia 145, Sábado


Harry olhou ao redor do quarto deles distraidamente, acariciando o ombro de Draco. Aquilo era muito melhor do que uma sala de aula vazia. Como era bastante improvável que alguém os fosse interromper lá, eles puderam fazer as coisas com mais calma naquele dia: se despiram totalmente, usaram a cama ao invés do chão, de uma cadeira caindo aos pedaços ou da parede mais próxima e agora estavam apenas abraçados na cama, conversando sobre o seu dia. Ele teria que descobrir quem era responsável por mudar as senhas dos quadros no castelo e mandar um presente anônimo para essa pessoa por ter negligenciado o serviço, porque Sir Xander não tinha sequer piscado quando eles disseram ‘Hades’. O quadro apenas lhes deu boas-vindas e abriu a porta.


Provavelmente esse era trabalho de Filch. Ele iria ver se a Dedosdemel vendia Língua de Gato.


Mas aquilo era tão estranho. Se ele não pensasse muito a respeito e ignorasse as paredes vazias e o fato de que eles não poderiam ficar lá durante a noite toda, dava até para fingir que eles estavam de volta à época antes do final do elo.


Mas não era exatamente como antes do final do elo, ele pensou, franzindo a testa quando notou a cópia aberta do Profeta que Draco estava lendo quando Harry entrou, e deixou de lado enquanto eles se empolgaram, cumprimentando um ao outro.


Malfoy: não podemos confiar em trouxas, precisamos de líderes que não tenham medo de fazer o que é necessário


A manchete não estava na primeira página, mas era bem grande e difícil de ignorar. Ele desejou que Draco não tivesse trazido o jornal. Os dois notaram que ambos estavam olhando para a matéria e desviaram olhar. E então Harry decidiu que não gostava daquele silêncio cuidadoso que eles estavam cultivando desde o confronto com Blaise. Ele sentou na cama, acenando com a cabeça na direção do jornal. "O que você acha que ele quer dizer com isso?", perguntou casualmente.


Draco deu de ombros.


"Parece que ele está lentamente voltando à retórica pró-Voldemort". Ele manteve a cabeça erguida quando Draco previsivelmente estremeceu ao ouvir o nome. "Ele está mudando de lado de novo, não está?"


"Eu realmente não sei".


"Mas você tem suas suspeitas".


Draco soltou a respiração pela boca. "Sim". Ele também sentou e correu a mão pelo cabelo, tentando parecer casual. "Eu espero que isso não seja exatamente uma surpresa".


"Não. Não mesmo". Harry se interrompeu, sua mente gritando para que ele simplesmente calasse a boca e não fizesse perguntas das quais não quisesse saber as respostas. "Mas e você?"


"Harry...", Draco disse suavemente.


"Você também está mudando de lado?"


Draco o encarou, uma série de emoções passando em seus olhos. Harry refletiu que, mesmo sem o elo, ele ainda conseguia ler Draco melhor do que qualquer outra pessoa. Aborrecimento, desafio, hesitação… tristeza…


Draco limpou a garganta. "Eu nunca mudei de lado de verdade. Você sabe disso".


Harry mordeu o lábio. "Então… o que você vai fazer, se vier a guerra? Você realmente mataria para o seu lado?"


"Você mataria pelo seu?"


"Sim, em auto-defesa. Seu lado está atacando o meu".


"O seu está atacando nosso estilo de vida".


"E você ainda consegue dizer isso, mesmo depois que Hermione ajudou a salvar sua vida".


"É nisso que eu acredito. Que a minha família acredita".


"Acreditam que pessoas como Hermione merecem ser torturadas e mortas?", Draco hesitou, mas seu rosto ainda estava firme. "Você é inteligente demais para isso. Você está apenas repetindo essas palavras, porque é nisso que seu pai acredita. E seu pai pode ser um homem bastante inteligente, mas, por alguma razão, ele é completamente cego no que se refere a Voldemort e sua causa".


"Meu pai é realista. O Lorde das Trevas é poderoso. Ele seria morto se-"


"Não tente me dizer que seu pai apenas segue Voldemort por medo".


"Não, não é apenas medo, mas você não pode ignorar que o medo está lá, e por um bom motivo".


Harry balançou a cabeça, descrente. "E mesmo assim você o apóia, mesmo sabendo que ele é um lunático perigoso e-"


"Ele está certo. Sobre muito do que diz. E ele tem poder — poder que é necessário ser usado para coisas boas".


"Você é tão-"


"Eu acredito no que meu pai acredita, nós dois apoiamos o Lorde das Trevas, e você sempre soube disso. Você não pode- não é só porque a gente está transando de novo que você tem o direito de me dizer que o que eu acredito é-"


"Eu não estou te dizendo nada-"


"Ou me pedir para mudar-"


"Eu não estou te pedindo para-"


E então eles estavam encarando um ao outro, suas vozes se tornando cada vez mais altas, e Harry só conseguia pensar ‘Não’ e ‘Droga’ e ‘Por que eu não fiquei de boca fechada?’ e ‘Isso não vai terminar nada bem e eu vou perdê-lo…’


Ele de repente se obrigou a parar. "Eu- Draco. Eu...", ele engoliu em seco. "Talvez eu não devesse ter tocado nesse assunto".


"Talvez não."


"As coisas estão diferentes agora, não estão?"


"Por deus, Harry, o que te deu a dica?", Draco rebateu.


Harry reprimiu sua raiva repentina. "Eu tenho que ir para o treino de Quadribol", ele murmurou e levantou, pegando e vestindo suas roupas sem olhar para Draco quando o sonserino levantou e começou a fazer o mesmo.


"Até mais", Draco disse, andando até a porta, e Harry foi dominado por um desejo intenso de não deixá-lo ir embora sem saber se ele voltaria ou não.


"Espera".


"O quê?", Draco disse, impaciente.


"Er... amanhã?", ele se forçou a perguntar casualmente. Draco apertou os lábios e estreitou os olhos, mas por fim deu um curto aceno com a cabeça e saiu.


ooooooo


Dia 147, Segunda


Draco encarou o fogo na lareira do salão comunal da Sonserina enquanto Pansy se mexeu do lado dele e virou uma página do livro.


Aquilo não podia continuar. Ele estava louco. Estava arriscando muita coisa por algo tão pequeno.


Ele e Harry estavam juntos, sim. Eles se beijavam, se tocavam, faziam sexo e até passavam algum tempo juntos, conversando, zoando Zacharias Smith, extravasando a irritação de Draco com o capitão do time de Quadribol da Sonserina…


Mas Pansy e Blaise e Weasley e Granger estavam certos; o que eles estavam fazendo era perigoso e idiota. Aquilo não podia acabar bem; eles não ficariam juntos para sempre, eles não podiam aparecer juntos em público de jeito nenhum, e eles acabariam sendo descobertos de um jeito ou de outro. Naquele dia, a sala de aula pareceu segura; ninguém apareceria por pelo menos vinte minutos e ela ficava em uma parte pouco movimentada da escola. Mas então Pansy tinha aparecido mais cedo por acaso, lançado um feitiço de silêncio e de repente Blaise sabia sobre eles também.


Até estar no dormitório próprio deles era perigoso. E se alguém desconfiasse e os seguisse ou lançasse um feitiço localizador…


E, mesmo que nada disso acontecesse, não havia futuro naquilo. Blaise estava certo. Draco não estava pronto para abandonar sua família ou seus ideais políticos pelo Menino-Que-Sobreviveu, independente das coisas que O-Menino-Que-Sobreviveu podia fazer com a língua. Independente de como Draco ficava excitado por tocá-lo e estar perto dele. Independente de como Draco se sentia feliz quando Harry ria das suas imitações de McGonagall e Filch, ou do quanto o sorriso de Harry o aquecia por dentro.


Ele suspirou profundamente. Não havia futuro naquilo, e mesmo assim ele sentira uma vontade patética de voltar para Harry no dia anterior, mesmo depois da semi-briga no sábado.


"Sobre ontem, eu… eu não queria…" foi tudo que Potter tinha dito como desculpa, depois deles terem passados minutos desconfortáveis tentando fingir que nada tinha acontecido.


E ele ficara tão aliviado por Harry tocar no assunto antes que apenas concordou com a cabeça e murmurou algo como, "Está tudo bem, me desculpe também", e partiu para agarrá-lo até que os dois perdessem o sentido.


Era como se ele não tivesse mais nenhum orgulho quando estava com Harry. Nenhum senso, também.


"Querido, é melhor você parar de fazer esses ruídos", Pansy disse distraidamente, correndo os dedos pelos seus cabelos.


"Que ruídos?"


"Esses patéticos, que dizem que você está profundamente em dúvida em relação a alguma coisa. Pare com isso".


Ele se desvencilhou dela, impaciente.


"Vocês dois se acertaram pelo quer que estivessem brigando outro dia?"


"Como?"


Pansy lhe lançou um olhar de 'Oh, por favor', e ele respirou fundo em irritação. “Como você sabe que a gente estava brigando?”


"Eu tenho olhos. Falando em olhos, você sabia que Millicent fez aquela nova poção de ressaca? Eu subi na torre de astronomia para pegar um pouco com ela, você sabe que ela faz Astronomia, certo? Eu dei uma olhada em um telescópio que estava lá para observar Órion".


"E?"


"E Órion aparentemente está surgindo bem perto da janela do seu dormitório antigo. É melhor fechar as cortinas quando vocês estiverem lá".


Draco concordou com a cabeça. Que idiota incorrigível que ele era.


Pansy fechou o livro e se acomodou perto dele, deitando a cabeça em seu ombro, e ele acomodou a bochecha no cabelo dela. Ela tinha começado a agir mais como uma namorada ultimamente, o que era legal. Não apenas era reconfortante, mas também útil para tornar mais difícil as pessoas desconfiarem sobre ele e Potter.


"O que você vai fazer, Draco, se alguém descobrir?", ela perguntou baixinho. Ele ficou um pouco tenso. "Não, eu não vou fazer outro sermão sobre como você deveria terminar com ele antes que isso lhe cause sérios problemas, mas você deveria. Eu só estou perguntando".


"Eu não sei".


"Você já pensou sobre isso?"


"Não".


"Bem, eu já". Ela começou a puxar um fio solto do sofá. "Para começar, você teria que dizer adeus à Sonserina. Você não teria mais nenhuma credibilidade aqui. Se nem mesmo Blaise ficar do seu lado, ninguém vai ficar".


"Ninguém?", ele perguntou em voz baixa.


"Eu tenho que pensar em mim também, querido", ela disse gentilmente.


Ele concordou com a cabeça, desanimado.


"E, sobre seu pai, Blaise está certo. Você deveria ter medo dele, ele ficará furioso se descobrir".


"Pansy, não", ele se afastou dela e ela o segurou, sorrindo levemente e mordendo seu lóbulo da orelha, dando um show para os outros ocupantes do salão comunal.


"Tudo bem, eu não vou dizer mais nada sobre isso, mas ouça, é importante!", ela sussurrou na orelha dele.


Ele se acomodou de novo no sofá, mal-humorado.


"E, quando você estivesse fora da Sonserina e com sérios problemas com seu pai, você basicamente teria que se juntar ao outro lado".


"Eu não quero me juntar ao outro lado".


Ela respirou fundo. "Draco. Por que não?"


"Como?"


"Você é mesmo tão leal assim ao Lorde das Trevas?"


"Sim. É claro. Você não é?"


Ela levantou a cabeça e o encarou seriamente.


Draco engoliu com dificuldade. Eles estavam conversando sobre traição. Era uma coisa, falar sobre estar no outro lado por circunstâncias, ou sobre ampliar suas apostas tendo amigos entre os opositores do Lorde das Trevas. Aquilo…


Pansy sustentou seu olhar por vários minutos, e então voltou a deitar a cabeça em seu ombro e disse em voz baixa. "Eu sou leal. Você sabe disso. Mas eu entendo por que algumas pessoas não são. Ele é poderoso, mas não tanto assim. E ele… ele é meio assustador. E seu pai mostrou que há um outro caminho. Que há muitas pessoas que não acreditam em Dumbledore e também não acreditam no Lorde das Trevas".


"Eu não quero ser uma dessas pessoas".


"Porque você teria que abandonar sua família?"


"Não só por isso".


Pansy concordou com a cabeça. "Bem, de qualquer forma, se você tiver que mudar de lado, você sabe que Potter não é uma má escolha para recorrer. Além do fato de que o Lorde das Trevas quer matá-lo e pode acabar sobrando para você".


"Já sobrou".


"Você estaria se arriscando a isso de novo".


"Não me lembre".


"Mas eu estou falando sério; não seria uma má escolha, Draco, grudar no queridinho do outro lado. E ele tem bastante dinheiro. Não se compara com os recursos dos Malfoy, mas pelo menos você estaria confortável e não teria que trabalhar para viver".


"Pansy, fala sério. Eu não vou 'grudar' no Potter — não estou mais casado com ele, eu só estou-"


"Só está tirando ele do seu organismo, sim, sim, eu sei. Só que Potter pode não pensar o mesmo".


"E se ele pensar?"


"Eu não consigo imaginá-lo te abandonando, independente do que acontecer. Se você deixasse seu mundo inteiro para trás por causa dele, e então ele decidisse que não te queria mais… você realmente consegue imaginá-lo te jogando de volta à mercê da sua família e do Lorde das Trevas?", Pansy perguntou. "É claro que não. Ele te protegeria, por princípio e por culpa, se por nada mais. Olhe como ele é com o Weasley. Aquele idiota foi o primeiro amigo de verdade que Potter teve, e ele ainda é fiel a ele, mesmo tendo muito mais dinheiro, influência e poder e podendo ser amigo de pessoas muito melhores. Ele faria o mesmo por você".


"Que lindo. Eu e Ron Weasley, os casos de caridade da vida de Harry Potter".


Pansy riu.


"Por que você está dizendo tudo isso?", ele perguntou, curioso.


Ela apertou os lábios e olhou para o fogo. "Nós estamos no sétimo ano. Eu estava estudando para os NIEMs. E… e… de repente percebi que nós estamos em fevereiro e, em quatro meses, vamos embora".


"E?"


"E eu estava pensando em como você se tornaria um paria da Sonserina se fosse descoberto e considerei que, bem, seria diferente se você ainda tivesse que ficar na escola por mais um ano, mas… nós estamos indo embora em alguns meses. A escola não é para sempre. A Sonserina não é para sempre", ela parou, e lançou um feitiço no fogo para que as chamas assumissem forma de cobras e dragões. "E, como eu disse antes, se tudo der errado com o Lorde das Trevas, eu gostaria de ter alguém a quem recorrer do outro lado. Eu não iria poder me associar com você publicamente, é claro, mas…"


Draco olhou pensativo para o fogo.


Ela hesitou por um momento, e então acrescentou baixinho, "Outra coisa que eu pensei esses dias é que você… parece estar feliz".


"Como?"


"Você parece… vocês ficam bem juntos".


"Nós não ficamos nada bem juntos", Draco disse bruscamente. "Nós somos idiotas juntos. Não pegue leve comigo".


"Eu não tenho idéia do motivo, mas ele te faz feliz. Muito mais feliz do que já te vi antes".


Draco olhou para Pansy, e ela suspirou. "Não, querido, eu não estou pegando leve com você. Só estou dizendo. Não se importe comigo". Ela suspirou de novo. "Com sorte, tudo isso vai ficar só na conversa. Eu ainda tenho esperanças de que você caia na real e termine com ele antes de ser forçado a tomar qualquer tipo de decisão".


"Sim", Draco disse secamente. "Eu também".


ooooooo


Dia 152, Sábado


"O que foi agora?", Draco disse, irritado, quando Pansy soltou uma exclamação de surpresa. Ele olhou por cima do ombro da amiga, para o jornal que ela tinha acabado de abrir, e sentiu seu coração parar.


Primeira página. De novo. Ele automaticamente levantou o rosto e encontrou os olhos verdes arregalados de Harry. Era como se não houvesse qualquer som ou movimento no Grande Salão, ainda que ele pudesse ouvir alguns sussurros, risadinhas, alguns assobios e murmúrios de descrença e apreciação. Ele sentiu os olhares carregados de maldade vindo na sua direção da mesa da Sonserina, e Pansy segurou sua mão.


O casal na foto da manchete do jornal tinha acabado de se beijar, com mais carinho que ele jamais imaginaria, e eles estavam rindo juntos, a mão do loiro na bochecha do moreno, e quem quer que fosse que tivesse tirado a foto tinha conseguido capturar, de uma boa distância e através da janela, a amizade e o sentimento entre eles. A maneira como um provocava o outro, que rodava os olhos em amigável repreensão antes de calar o primeiro com outro beijo.


A mão de Pansy apertou a de Draco quando os dois encararam a foto, e uma parte do cérebro de Draco registrou vagamente as palavras do texto. "Um Elo Renovado", rumores confirmados, Comensal da Morte condenado Lucius Malfoy não fez comentários sobre seu filho-


"Certo, Draco, eu vejo a situação desse jeito", disse Pansy baixinho. "Você tem duas escolhas: pode sair daqui de um jeito digno — erm, esqueça isso, você parece estar prestes a vomitar seu café da manhã — bem, sair do Grande Salão tão rápido quanto possível e retomar o controle fora daqui ou apenas olhe para Potter calmamente e deixe-o saber quer você quer falar com ele depois que acabar de comer. Você confia em mim?"


Ele concordou com a cabeça, entorpecido.


"Fique. Todo mundo pode ver que você está abalado, sem surpresas quanto a isso, mas eles também verão que você não está intimidado". Ela levantou a cabeça e ficou visivelmente pálida. "Oh, por deus e… prepare-se para um Berrador".


"O quê?"


Ela apontou para cima, e Draco parou de respirar. Lá estava a coruja de seu pai, graciosamente vindo na sua direção, uma carta vermelha no bico.


Ela pousou, e todo o Grande Salão acompanhou seus movimentos. Malfoys não recebiam berradores; berradores são para Weasleys.


"Abra, Draco", Pansy sussurrou. "Não hesite. Finja que tudo isso está acontecendo com outra pessoa".


Draco engoliu com dificuldade, incapaz de se obrigar a se mover.


"Se seu pai um dia te perdoar por isso, ele vai ficar satisfeito por você pelo menos ter mostrado alguma coragem. Se não, você vai precisar de toda a coragem que conseguir".


Ele se obrigou a assumir uma expressão neutra e abriu a carta, ignorando o tremor em suas mãos.


O Berrador abriu, mas não assumiu a forma de uma boca e começou a gritar, como todos os outros Berradores que ele já tinha visto. A carta assumiu a aparência de um pergaminho simples, e a voz, apesar de alcançar todas as orelhas no Grande Salão, era baixa, precisa e firme. Seu pai no modo mais perigoso.


"Draco, você é o primeiro Malfoy em mais de um século a receber um Berrador, e o único Malfoy em mais de um século a merecê-lo. Você já me decepcionou severamente muitas vezes no passado, mas eu nunca senti tanta vergonha de você como sinto agora. Você é uma desgraça para o nosso nome e para a nossa família. Em função disso, eu acabei de concluir uma reunião com o representante da nossa família para te deserdar legalmente. Sua herança ficará confiscada até que um herdeiro apropriado possa ser encontrado entre nossos parentes, e seu nome será banido dos registros da família. Você não tem mais permissão para usar nosso nome ou o anel com o brasão da família-”e Draco de repente sentiu uma pontada de dor na mão e tirou o anel, jogando-o na mesa e assistindo enquanto ele rolava para o chão quase em câmera lenta, e a voz de seu pai continuou. "Em consideração à bondade da sua mãe, eu vou permitir que você se apresente para uma reunião daqui a dois dias para que possa argumentar em causa própria e tentar ganhar permissão para retornar à família. Não espere ter sucesso nisso".


Crabbe e Goyle assumiram uma cor meio verde e desviaram o rosto do dele. Blaise lhe lançou um olhar duro e então lhe deu as costas.


"Se eu pudesse partir sua varinha ao meio à distância, eu o faria", a voz de seu pai continuou, sem demonstrar qualquer emoção. "Como eu não posso, apenas espero que alguém em Hogwarts faça esse grande favor à nossa família. Devo adicionar que, se alguém desejar te disciplinar pela desgraça que você trouxe à família Malfoy e à casa da Sonserina, terá meu apoio e minha garantia de retribuição quer você consiga retornar à família ou não".


Draco cerrou os dentes, se recusando a verbalizar o terror que se espalhava dentro de si. Sem família, sem nome, sem proteção, e um convite aberto a qualquer um que desejasse atacá-lo.


"A partir desse momento, você não é mais meu filho".


A carta tremulou por um momento, e então se incendiou e foi reduzida às cinzas na sua frente. Houve um longo silêncio.


"Bem. Ele não mede as palavras, não é mesmo?", Pansy disse, e casualmente passou manteiga numa torrada com as mãos tremendo só um pouco. "Certo, esqueça sobre se encontrar com Potter agora. Acabe seu café da manhã e então nós vamos para a biblioteca",


"Tem certeza?", ele perguntou, a voz trêmula. "E o que aconteceu sobre eu cair em desgraça?"


"Besteira. Você tem dois dias para convencê-lo a te aceitar de volta". Ela pegou o jornal. "Tome seu suco, querido. Oh, meu deus, Draco", ela disse, olhando para a foto. "eu devo dizer que se você me beijasse desse jeito eu me arriscaria a ser deserdada também". Ela fez uma pausa. "Qualquer um de vocês dois, para falar a verdade. Uau".


Draco tremeu, incapaz de acenar ou sorrir. Ela colocou a mão no braço dele para confortá-lo e se inclinou para perto. "Querido, eu espero que você saiba que vai ficar em dívida comigo pelo resto da sua vida por isso", ela murmurou em seu ouvido.


Ele concordou com a cabeça.


"Vamos, tome seu suco, querido", ela colocou o copo na mão dele e voltou a olhar o jornal. "Por deus, Celestina Warbeck está de volta ao noticiário. Essa mulher não consegue ficar com um cara por mais de um mês?"


Draco fechou os olhos e tentou se concentrar na corajosa tentativa de conversa de Pansy e simultaneamente ignorar as vozes ao redor se tornando mais altas e animadas, o eco da voz do seu pai e o terrível ar de ameaça crescendo na mesa da Sonserina. Ele levantou o olhar para a mesa dos professores quando uma tossida leve silenciou o Salão e todos os olhos se voltaram para Dumbledore.


"Se eu puder fazer um comentário", Dumbledore disse suavemente. "Eu gostaria de lembrá-los que todo estudante aqui está sob a proteção da escola. Qualquer pessoa com a intenção de ferir um aluno imaginando que não haverá conseqüências para seus atos deve ser avisada que, independente de ter que responder à família desse estudante, ela terá que responder a mim".


Houve uma curta pausa. E então, da mesa da Grifinória, uma voz firme acrescentou, "E a mim também".
ooooooo


Notas da Autora:
¹“Ele é mais gay que uma moeda de três nuques: em inglês, um trocadilho com a palavra “queer”, que é tanto usada para se referir a gays quanto, numa acepção mais antiquada, a coisas estranhas, incomuns — como seria uma moeda de três nuques.
²Tronquilhos são criaturas normalmente pacíficas, mas extremamente tímidas, que guardam árvores que possuem madeira própria para fabricação de varinhas. São mencionados em “A Ordem da Fênix”.


ooooooo


Nota geral: Mais uma ilustração sensacional da Chibitoaster, dessa vez de uma cena deste capítulo: os garotos se encontrando para… hmmm… estudar juntos (cof-cof):


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