Solidão



Solidão







"Odeio quem me rouba a solidão sem verdadeiramente me oferecer companhia" (Nietzsche)




Ele estava ao seu lado sem convite, nem permissão. Por algum motivo, toda vez que ficava sozinha, lá estava Draco Malfoy encontrando um modo de se aproximar, furtivo como um gato e perigoso como uma cobra.


Gina o odiava. Ele era a prova de tudo que havia de errado em sua vida. Uma sombra sorrateira que a seguia, esperando o momento mais oportuno para atacar, quando o cansaço e tristeza eram demais para Gina suportar, quando estava em seu momento mais frágil e vulnerável.


Ele tinha plena consciência do que a afligia. Sabia o que ela escondia. As noites solitárias, bebericando algo sem álcool e lutando contra o desejo de trocar por algo bem mais forte. As festas com sorrisos falsos e filhos cada vez mais distantes. Não havia brigas, escândalos ou corações partidos, apenas uma crescente solidão melancólica como uma manhã chuvosa de domingo.


Quem deveria roubar-lhe dos momentos solitários era seu marido, não aquele homem falso e suas promessas baratas, as quais Gina sabia que não eram verdadeiras. A companhia de Draco Malfoy era vazia.


E, no entanto, nunca o expulsava ou empurrava para longe. Talvez fosse o desespero que sentia a cada toque e beijo. Quem sabe ele também a odiava por ser igualmente vazia.


Concluiu finalmente que os dois se mereciam, meros espectros incapazes de oferecer conforto real um para o outro.

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