Sem desculpas



Sem desculpas







"Beijos não são contratos e presentes não são promessas." (William Shakespeare)







Ele nunca se desculpava em voz alta, havia algo intrínseco em sua personalidade que o impedia de agir como um ser humano normal e abrir a boca para pedir perdão. Como se sofresse uma doença crônica que o obrigava não admitir erros para outra pessoa.


Demorou para ela aceitar esse hábito destrutivo e até hoje não sabia se era uma boa idéia conviver com alguém beirando a um sociopata. Apesar de que podia admitir que havia algumas vantagens.


Enquanto a palavra “desculpe” era inexistente em seu vocabulário, “compensar” definitivamente era sua favorita.


Após mais uma briga, em que ele estava errado obviamente, Draco voltava silencioso, mas segurando um buquê na mão esquerda e um presente na direita. Aproximava-se devagar, como um gato que testa os limites de seu território, e ao vê-la impassível lhe entregava as ofertas de paz, com um sorriso inocente.


Era o jeito dele se desculpar e Gina aceitava um beijo para selar suas pazes. O tempo passava e eventualmente o ritual se repetiria.


A cada vez, Gina tornava-se mais e mais hesitante em perdoá-lo e ele trazia presentes cada vez mais caros. Pórem, chega uma hora em que flores e beijos não são suficientes.


A questão era: quem iria mudar primeiro?


Ela e suas expectativas? Ou ele e seu orgulho?


Ganhou quem apostou em nenhum dos dois.

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