A longa viajem a Hogwarts PT 1




   - EI!


   O berro de Harry ecoou pela sala da Toca, o que foi o suficiente para calar a boca de todos os bruxos entusiasmados. Alguns olharam para ele se perguntando se tivessem fazendo algo de errado, mas era evidente que não, Harry só queria colocar um novo assunto em questão.


   - Agora que já temos um grupo de bruxos para lutar contra Voldemort, temos que pensar em como resgatar o Gui. Não podemos deixar ele com os comensais da morte, ele se entregou nos salvar!


   Todos ali se entreolharam. De fato deu para se entender que a maioria também havia esquecido completamente de Gui, com exceção de Fleur, que olhava para Harry coma expressão muito esperançosa.


   - Isso é um assunto muito inquietante Potter – começou a dizer Malfoy – esse Weasley tem alguma coisa importante para que o lord das trevas de interesse nele?


   - Gui non tem nada – se apressou a responder Fleur.


   - Tem certeza? Não é possível que ele só queira esse Weasley para brincar com vocês – insistiu Malfoy.


   - Vai ver ele quer alguma coisa, e está usando o Gui como escudo – chutou Rony.


   - Não deve ser isso Ronald – disse Hermione antes de todos olhando para o marido – você estava lá e viu muito bem que os comensais queriam especificamente o Gui – ela levantou uma das sobrancelhas muito confusa – quero dizer, se eles quisessem pegar um de nós para fazer escudo, poderiam ter pegado qualquer um não é? Não especificamente o Gui como queriam.


   - Vamos pensar então – disse Harry olhando atentamente para cada um – o que Gui tem que não sabemos, e que pode ser de boa importância para Voldemort?


   - Talvez...talvez sua influencia em Gringotes. – disse Ted inseguro.


   - Isso! – exclamou Hermione estralando os dedos.


   - É uma boa teoria – concordou Carlinhos que estava parado do lado da passagem que levava a cozinha – o Gui tem boa influencia no banco, talvez...


   - Talvez Voldemort queira alguma coisa em um cofre, ou sei lá o que? – Harry arriscou a falar.


   - Poderia ser sim – concordou Kingsley.


   - Mas não deve ser muito difícil você-sabe... Voldemort... roubar um banco não é? – perguntou Rony recebendo vários olhares de como se ele tivesse falando alguma besteira – quero dizer, não é muito difícil – ele olhou de Harry para Hermione, lembrando que os três já tinham roubado Gringotes uma vez – pra ele não deve ser difícil.


   O bruxo Edward riu, e falou.


   - Você tem noção de como é Gringotes? Aquelas câmaras subterrâneas são um labirinto, e tem muitos feitiços em volta daquele lugar, sem contar que falam que existem dragões guardando os cofres!


   - Olha Sr. Taylor, cale sua boca – mandou Hermione irritada com os comentários daquele bruxo, muitos ali olharam impressionada para ela – nós sabemos MUITO bem como é Gringotes.


   Harry notara que a amiga estava se sentindo ofendida, era como se tivessem tentando explicar algo que ela já sabia. Ele mais do que ninguém naquela sala sabia que tentar ser mais inteligente que Hermione não era a melhor idéia do mundo.


   - Desculpe então senhorita sabe tudo – debochou Edward em resposta.


   - Ele ta morto – sussurrou Jorge já percebendo o que vinha a seguir.


   E sem a menor duvida de erros, eles viram a outra sacar a varinha e apontar para Edward já investindo.


   - Pullus!


   Com a mira perfeita, o feitiço acertou em cheio o rapaz, que fez ele se transformar numa galinha bem no meio da sala. O tom hilariante na sala foi de todos vendo a humilhação da outro ciscando entre as pernas de todos.


   - Perfeito, agora ele quem sabe ele cale a boca – aprovou Malfoy.


   - Ele vai calar sim, e ninguém se atreva a trazer ele de volta até acabarmos a reunião – Hermione já ameaçou todos.


   Ninguém se atreveu a fazer nada.


   - Certo – recomeçou Harry – não vamos pensar nos motivos de Voldemort, vamos pensar em uma maneira para resgatar o Gui.


   - Primeiro precisaríamos saber onde o lord das trevas escondeu ele – disse Malfoy.


   - Vai ver naquela casa que você estava quando te resgatamos – Neville falou sentindo Ana Abbott apertar seu braço.


   - Obvio demais – respondeu Harry olhando para o amigo.


   - Fora de questão mesmo – concordou Kingsley – você-sabe-quem não ficaria num lugar que nós já conhecemos, os comensais já devem ter informado para ele que sabemos a localização daquela casa.


   - Ah Harry, você não tem aquele ligação esquisita jinki? – perguntou Rony esperançoso – lembra, que você conseguia ver tudo que a nojenta da Bellatriz via.


   - A ligação que fizeram em mim com aquele bracelete? – perguntou em resposta – faz muito tento que não tenho crises com isso Rony.


   - É claro que faz tempo – Hermione falou olhando para ele rindo – você não esperava que eles mantivessem essa ligação por muito tempo não é? Não depois daquela sua ultima crise. Você descobriu muitos planos dele naquela ocasião, seria muito arriscado.


   - Ligação? – perguntou Malfoy confuso.


   - Magia antiga Draco – respondeu Harry calmamente – acredito que pensavam que Bellatriz podia tirar informações de mim, ou tentar me enlouquecer – ele deu uma risada abafada – mal sabiam eles que eu já sofri com esse tipo de coisa e tenho muita experiência com isso.


   - Então a jinki fica fora de questão? – Rony perguntou já fazendo uma cara de decepcionado.


   - Provavelmente não exista mais ligação, então, acho que sim, fora de questão – ele respondeu sinceramente.


   Novamente a sala foi tomada por silencio. A única coisa que ainda fazia barulho era a galinha-Edward que caminhava entre as pernas das pessoas. Ted arriscou dar um beijo em Victoire olhando de esguelha para ver se Fleur estava olhando, mas a veela parecia não estar na sala, vagando apenas em pensamentos.  Foi então que Kingsley decidiu falar.


   - Talvez seja melhor, vocês todos voltarem para suas casas, acho que essa reunião já rendeu o suficiente por hoje, acredito que muitos queiram descansar...hm... assim que nos reunirmos de novo eu dou um jeito de avisar todos.


   E o barulho foi alto quando no mínimo uns quinze bruxos se levantaram dos sofás e cadeiras ou já caminharam na direção da porta de saída. O Sr. Carter e a Sra. Carter levaram alguns de seus parentes e amigos que tinham decidido ficar na reunião para fora da Toca, a fim de se despedir deles. O mesmo fizeram o Sr e a Sra. Brown. A bruxa Susan fez com que a galinha-Edward, voltasse a ser uma pessoa. O bruxo voltou xingando mil palavrões e foi logo ameaçado por Ted a tomar um soco se voltasse a xingar Hermione.


   Aproveitando a movimentação dos membros que iam se retirando da casa, Harry se apressou a liberar Percy e Audrey para visitarem Molly no St. Mungus. Logo depois ele fez sinal para que Rony, Hermione e Gina o seguissem para o quintal de trás da Toca, onde poderiam conversar um pouco sozinhos.


   Saíram discretamente para a orla da casa, onde alguns gnomos estavam caminhando. Rony não se demorou para chutar um para bem longe, que voou xingando indignado.


   - Vocês estão pensando a mesma coisa que eu? – perguntou assim que pararam de caminhar e viraram-se uns para os outros.


   - Que Voldemort quer algo em algum cofre, muito mais difícil de se chegar? – perguntou Hermione em resposta – sim Harry eu penso a mesma coisa.


   - Pensei bem no que o Rony disse, bom, nós mesmo conseguimos entrar uma vez no cofre da Bellatriz, foi meio difícil é claro, mas entramos – ele disse olhando para a pequena orla como se lá a imagem deles invadindo Gringotes pudesse aparecer – se Voldemort realmente precisa de Gui para entrar em algum cofre, deve ser um bem difícil de se chegar.


   - A pergunta é: qual cofre e o que tem nele? – disse Hermione colocando uma duvida no ar.


   - Talvez ele queria a mesma coisa que da ultima vez. – disse Gina olhando para a cara de cada um deles.


   - Com certeza não amor, ele até expressou ter um interesse na varinha das varinhas quando matou o Edgar, mas até agora não parece estar procurando isso – respondeu Harry.


   - E o Gui também não tem nada a ver com essa varinha – reforçou Hermione.


   Harry começou a caminhar olhando para o chão, o que ele queria? Seria alguma arma? E se o Gui não ajudasse, ele o mataria? Ficou andando de um lado para o outro pensando a todo o momento numa resposta. As que vinham sempre era uma mais improvável que a outra. Sentiu alguém lhe abraçar e ele parou de se mover.


   - Fique calmo querido, vai dar tudo certo – Gina falou suavemente em seu ouvido.


   - É que... eu preciso resgatá-lo, sei que devo...


   - Nós vamos dar um jeito Harry, vamos sim – tranqüilizou Hermione.


   Um rangido da porta da cozinha fez que os quatro virassem instantaneamente suas cabeças para ver quem era. Eram Kingsley e Draco Malfoy, ambos com a mesma expressão de que tinham algo muito importante a dizer.


   - Precisamos de um espião Potter – Malfoy falou sem cerimônia alguma.


   - Ou de uma isca – falou Kingsley parando poucos passos depois da porta.


   - Isca? Nem morto que colocaria alguém como isca, não quero arriscar a vida de ninguém – respondeu Harry indignado.


   - É fora de questão isso Kin – disse Hermione que conhecia muito bem o amigo para afirmar que ele nunca colocaria alguém em risco.


   - Vocês querem descobrir o que o lord das trevas quer não é? Precisamos se infiltrar – disse Malfoy num tom afirmativo – agora como vamos fazer isso eu não sei, mas estou avisando que vamos precisar fazer isso.


   - E quem seria o louco para ser espião seu doente! – rosnou Rony arrogantemente.


   - Existe um plano melhor? – respondeu o outro abrindo os braços.


   - Talvez pudéssemos colocar guardas na entrada de Gringotes não? – disse Kingsley olhando para cada um – parece que é o ponto suspeito não?


   - É uma idéia – concordo Harry – poderíamos usar a poção troca de corpos também, ou algo do tipo para ele não reconheça quem são os guardas.


   - Eu poderia ficar de guarda sem problemas – arriscou a dizer Gina.


   - Não, você vai ficar onde eu achar seguro querida.


   - Super protetor – resmungou Rony baixo rindo.


   - Rony!


   - Só estou dizendo Harry – riu o ruivo.


   - Se quiser eu fico – disse Hermione.


   - Ah nem pensar! – se apressou a dizer o ruivo – você não Mionezinha.


   - Olha quem é o s-u-p-e-r p-r-o-t-e-t-o-r agora.


   - Querem parar vocês dois – disseram Gina e Hermione ao mesmo tempo.


   Mas antes que eles falassem algo, Kingsley se adiantou.


   - Pode deixar que eu vou arrumar um pessoal para ficar de vigia, a qualquer movimento de você-sabe-quem, estaremos alertas. – o bruxo olhou o imenso relógio de ouro que havia em seu pulso – acho que vou indo também, Arthur me pediu para encontrar o primeiro ministro trouxa e avisar sobre as tais circunstancias.


   - Não é o ministro da magia que tem que fazer isso? – perguntou Hermione.


   - Tem, mas vendo que o Arthur tem que resolver um certo problema com as magias que seus filhos usaram por serem menor de dezessete anos, ele vai ficar meio ocupado, Tom acabou de mandar pela rede flú uma penca de carta – respondeu Kingsley agora começando a caminhar se afastando da casa – até breve – ele deu mais alguns passos até ficar o suficientemente distante e aparatou.


   - É melhor pensar rápido Potter, o lord das trevas não costuma ser piedoso com seus prisioneiros – disse Malfoy virando-se para entrar de novo na casa – até breve também, já me vou indo.


   Os quatro ficaram olhando o outro sumir para dentro da casa e chamar sua esposa e seu filho para irem embora. Rony falou.


   - Não gosto dele.


   - Você devia parar com essa implicância Ronald, vocês já são bem grandinhos – falou sua esposa.


   - Papai deserdaria o Rony se ele não odiasse um Malfoy como toda a família – explicou Gina.


   - É verdade maninha.


   Harry riu. De fato seria muito estranho ver Rony e Draco um dia como amigos, dando abraços um no outro ou se elogiando. Era o mesmo que pensar em Voldemort dançando balé, algo muito improvável.


   - Estou exausta amor, vamos dormir – bocejou Gina passando os braços entorno do pescoço de Harry.


   - Boa idéia – disse Rony – acho que já podemos dormir juntos aqui não é Mione.


   - Mas... você é um safado Ronald Weasley – riu Hermione sendo abraçada por ele.


   - Fala serio, eu já to com saudades de você – ele se justificou.


   - Eu também amor... mas não vamos dormir antes de dar uma bronca na Rosa e no Hugo.


   - Pelo o que?


   - Pela demolição no quarto que eles provavelmente já fizeram desde que chegaram.


   - Ah eu também vou lá – disse Gina pensando a mesma coisa.


   E as duas entraram na Toca apressadas, deixando risos abafados chegarem nos ouvidos dos outros dois.


   - É, sobramos aqui Harry, é a vida – disse Rony olhando para o céu.


   - É a vida – concordou ele.


   - É...


   - Pois é...


    O problema na Toca do espaço havia se resolvido depois que muitos bruxos tinham partido ao término da reunião. Entre os sobreviventes que iam passar noite na casa estavam Harry, Gina, Hermione, Rony, Ted, Victoire, Fleur, Vitor Krum – que decidira ficar por causa da ordem – Carlinhos, Maya, o Sr e a Sra Carter, tia Muriel, os filhos de Harry e os filhos de Rony. Todos os outros haviam partido, sempre alertas a quaisquer movimentações suspeitas.


 


    Era uma ruazinha de pedra estranha toda esburacada. As luzes dos raios solares não conseguiam esconder a podridão daquela cidade. As poucas casas que ainda restavam de pé estavam com suas vidraças todas quebradas. Algumas portas estavam entreabertas e rangiam forte à medida que o vento soprava.


   Por alguns segundos parecia que aquela cidade estava tão morta quanto o pequeno jornal que voava de um lado para o outro sem rumo, mas, ao fundo, surgiu duas pessoas caminhando lentamente, andavam com dificuldade sobre o sol escaldante, em cada braço traziam baldes cheios de água. As vestes das duas pessoas estavam totalmente rasgadas e encardidas como rua que caminhavam.


   - Ande logo Petriki, antes que eles voltem – disse o primeiro homem olhando para os lados assustado.


   - Estou andando, estou andando – rosnou o tal Petriki em resposta.


    Os dois caminharam mais um pouco, sempre mantendo a velocidade lenta, carregando os baldes com dificuldade como se fossem enormes rochas.


   - Não quero fazer pressão, mas sabe como eles são – voltou a dizer o primeiro – bichos voadores dos infernos.


   - Quer parar de falar na minha orelha – disse o outro impaciente.


   - Só quero ser...AH


    Os dois foram jogados ao chão olhando assustados para uma fumaça negra que surgira bem diante de seus olhos. Não só uma. Mais duas apareceram ao lado da primeira fumaça, delas três pessoas com capuzes negros e mascaras de prata encararam os dois homens ao chão.


   - Eu te disse Petriki... – choramingou o primeiro homem.


   - Eu não sabia que gente morta falava – rosnou o primeiro encapuzado dando um chute na cabeça do que falara.


   Os outros dois gargalharam.


   - Pensei que tinham extinguido todos os trouxas dessa região – comentou o segundo encapuzado.


   - Deve ter um pequeno bando que conseguiu se refugiar em algum lugar, o lord das trevas vai ficar feliz quando nós os eliminarmos.


   - Por favor,... tenha piedade – disse o primeiro homem ao chão.


   - Cale-se verme – mandou o terceiro encapuzado chutando o balde de água que os dois apouco carregavam – vocês já estão mortos.


   - Já estão sim – disse o primeiro – ei olhe isso... é Potter – ele se abaixou e pegou um jornal sujo que vagava no meio da rua.


   Em seu letreiro de destaque estava escrito “Harry Potter, está vivo ou morto?”.


   - Eles ainda têm esperança de que Potter volte para salvá-los, tolos, Potter já está morto – riu o segundo encapuzado – o lord das trevas enfiou um avada bem no meio da cara nojenta dele.


   - Quem manda nesse mundo agora é o lord das trevas – disse o terceiro – mate esses trouxas logo.


   - NÃO! – gritou os dois homens.


   - Avada Kedavra...


   A luz verde saiu forte da varinha. Harry gritou como se estivesse no lugar dos homens, mas então tudo a sua volta se mudou. Um corredor apareceu...


   - Sei por que você voltou... voltou porque o Lord tinha seu sangue no corpo dele, o que o fazia mais ou menos como uma horcrux sua – este era Aberfoth.


   - E dai? – respondeu Harry agora frente ao bruxo.


   - E daí? – exclamou Aberforth – não parou pra pensar? Você não morreu porque ele tinha seu sangue no corpo... ele era você... mas não parou pra pensar que o caso possa se inverter, você tem o sangue que ele usava no corpo... uma parte dele...


   - A horcrux dele que estava no meu corpo foi morta...


   - Não estou falando disso, estou dizendo que como você... ele pode voltar... porque você tem o sangue dele no corpo também... ele poderia fazer a mesma coisa que você.


   - Vendo por esse ângulo...


   - Mas por que ele não voltou Potter?


   - Não sei, por quê?


   - Porque a alma dele era má, diferente da sua... não tinha como salvar ela daquele lugar...


   - Que lugar?


   - Do lugar onde você foi parar quando morreu é claro... você provavelmente chegou lá com todo o seu corpo... ficou semi-morto, o Lord das trevas provavelmente é apenas um pedaço de carne que mal consegue se mover.


   - Acha que é por isso que ele não volta?


   - Provavelmente...mas saiba... nada... NADA... nesse mundo pode trazer os mortos de volta a vida. O que aqueles bruxos das trevas estão querendo fazer é resgatar o único suspiro do Lord das trevas daquele lugar... do lugar que liga os dois mundos... o Edgar sabe muito bem disso... por isso quer pegar os objetos, os treze objetos, é uma maneira de dar um empurrãozinho no Lord deles...


   Sua cabeça doeu. Doeu como se tivesse recebido uma pancada muito forte, as palavras do outro se perderam por uns instantes, mas logo voltou.


   - Não, não estou oferecendo esse poder, ele é seu, estou oferecendo o poder de dominá-lo, se você aprender a arte do Potere Dominatore, você tem o livro, mas nunca leu, não é, não é muito de ler? – riu.


   - Tenho um livro com esse nome, ganhei de aniversario, é em latim não sei ler, também nunca soube quem me mandou o livro, mas na carta dizia que era importante, que era pra eu ler... como sabe que ele está nas minhas mãos?


   - Eu vejo – sorriu – não, não sou vidente, não se preocupe, eu vejo coisas que acontecem ou aconteceram, eu vejo porque meu destino é prover, é abrir portas, eu sou o porteiro... sabe Potter... tenho quase certeza que o livro foi lhe mandado pela pessoa que fez aquela profecia.


   - A Trelawney?


   Novamente tudo começou a girar, como se algo sugasse para dentro tudo a sua volta, apenas algumas palavras ecoavam no vazio.


   - Você tem que ler... você não leu o que lhe pedi...


   - Eu me esqueci – respondeu para ninguém.


   - Leia, domine como sua mãe, não haverá outra maneira de vencer, leia...


   - Eu vou...


   - Peça ajuda a quem aprendeu, peça ajuda a única das quatro que ainda tenha raciocínio.


   - Ah Morgan?


   - Ela é a chave, é a chave para as trevas e para a luz...


   - Não entendo...


   - As quatro são as chaves para as trevas, para a lua negra que se aproxima...


   Um grito agudo e alto ecoou pelo vazio de tudo. A única coisa que via era escuridão, nada mais, além disso, não existia nada, era só ele perdido...


   - Você viu o que vai acontecer com os trouxas quando você falhar...


   - Eu não vou – disse.


   Uma luz forte brilhou. Tão forte que cegou seus olhos por uns segundos, novamente o grito agudo veio, então tudo voltou a ser nítido.


   Harry havia acordado. Viu que estava suando, como se tivesse corrido por quilômetros. Ainda estava deitado na cama do quarto que era de Gina na Toca. Olhou para o lado para ver à outra, mas estava vazio.


   Sua cabeça doida, tinha acabado de acordar um sonho muito real, era mais do que real, era como se ele tivesse vivido o sonho. Decidiu se levantar e procurar Gina seja lá o que ela estivesse fazendo a essas horas da noite. Andou lentamente pelo quarto para não fazer barulho e saiu. Pouco mais além os roncos de Rony eram inconfundíveis, mas duelavam bem com um outro que vinha de um outro quarto, provavelmente Vitor Krum.


   Desceu as escadas, ainda pensando no sonho que acabara de ter. Tinha certeza que a imagem daqueles trouxas tinham sido reais, era sim, é o que vai acontecer se ele falhar, Voldemort vai tomar o poder, vai matar os trouxas, mas... algo gelou sua espinha. Ele estava morto no sonho, os comensais disseram que ele havia morrido, que Voldemort o havia matado. Mas não, pensou, foi só um sonho, nada mais.


   Chegou na cozinha, estava vazia, onde se metera Gina? Decidiu checar na orla da casa. As palavras de “Você não leu” começaram a martelar, como se tivesse alguém ao seu lado nesse momento repetindo sem parar as mesmas palavras. Lembrou de Morgan, no sonho algo lhe disse que ela era a chave, a chave para as trevas e para a luz, o que isso queria dizer?


   - Caramba Harry, você vai ficar maluco, foi só um sonho – disse para si mesmo quando saiu da cozinha e avistou um vulto de cabelos vermelhos sentado olhando para o céu.


   Mesmo sendo um sonho se lembrou de algo inquietante. O livro que Aberfoth o tinha mandado ler, tinha se esquecido completamente disso, na ocasião havia ficado tão entusiasmado em entrar no lago de Avalon, que aquela conversa com o bruxo havia desaparecido de sua cabeça.


   Aproximou-se dela e se sentou. Ela não olhou para ele, mantinha seu olhar para o céu como se estivesse vendo algo, ele não queria perturbá-la, devia estar vagando em pensamentos, assim como ele. Os dois ficaram em silencio por um bom tempo, não havia ruído algum, nem de corujas, nem de gnomos, nem dos roncos de Rony que não chegavam a tanta distancia do quarto.


   - Perdeu o sono também? – ela perguntou.


   Harry hesitou por uns dez segundos antes de responder.


   - Não estava conseguindo dormir, não sem você ao meu lado – respondeu brincando.


   - Não seja bobo anjo – Gina respondeu depositando a cabeça no ombro dele.


   - Vejo que está preocupada – Harry disse abraçando-a.


   - Não consegui dormir, pensando no Gui, pensando no que podem estar fazendo com ele nesse momento.


   - Não vão fazer nada com ele amor, eu prometo.


   - É que... não quero perder outro irmão Harry, de novo não – os olhos de Gina se encheram de lagrimas – não quero.


   - Você não vai, eu não vou deixar – disse abraçando-a mais forte.


   Ela se aninhou mais nele, deixando as lagrimas saírem de seus olhos como se isso pudesse levar os pensamentos ruins junto. Harry não disse nada, deixou ela liberar toda a tristeza que havia dentro dela. Sabia como era isso, sabia como era ficar preocupado com alguém que gostava.


  


 


      


   - QUEREM PARAR COM ESSA CORRERIA!


   A sonora voz da Sra. Weasley o acordou na manhã seguinte. Nada melhor que ouvir uns gritos comuns na Toca para saber que tudo estava bem por ali, pelo menos por enquanto. Gina já havia se levantado, provavelmente os pensamentos ainda a incomodavam o suficiente e ela precisava se distrair com alguma coisa.


   Harry foi rápido, levantou-se, colocou suas vestes, escovou os dentes e correu para a cozinha com esperança de tomar um bom café da manhã. Chegando lá, deu de encontro com uma mesa cheia, Rony, Gina, Ted, Victoire e Fleur. Pouco ao canto uma Rosa estava sentada enfiada atrás de um enorme livro.


   - Dia Harry – cumprimentou Rony ao avistá-lo.


   - Dia Rony – respondeu se sentando ao lado de Ted – onde está o Sr. Weasley?


   - Papai saiu cedo hoje, junto com a Mione, parece que vão realmente publicar no profeta diário o retorno de você-sabe-quem – respondeu o ruivo colocando dois pedaços de bolo na boca de uma vez só.


   - Foram encontrar a Rita Skeeter pelo que ouvi – contou Victoire tomando um gole de seu café – aposto que vai ser um caos quanto todos souberem.


   - Vai sim. E onde estão os outros? – perguntou recebendo algumas torradas de Gina.


   - O Krum e o Carlinhos saíram, parece que os dois se ofereceram para ficar de prontidão em Gringotes sabe – respondeu Gina lhe sorrindo – o Jorge também vai ficar de olho, assim como o Lino e a Angelina. O Tiago, o Alvo, a Lílian e o Hugo estavam aqui agora pouco correndo, deixaram a mamãe louca quando quebraram um quadrinho ali na sala.


   - Bem que eles podiam se interessar por livros igual a minha sobrinha – comentou Harry olhando para Rosa que ainda não tirara os olhos do grande livro que lia.


   - Maya e seus pais saíram com a velha Muriel agora pouco, foram acompanhar ela até em casa – comentou Ted colocando três pedaços de bolo na boca, como se tivesse em uma competição com Rony.


   A porta da cozinha se abriu sem cerimônia, e um Kingsley apareceu apressado seguido de Dédalo Diggle e sua cartola.


   - Dia – cumprimentou Kin entrando com o outro bruxo na cozinha.


   - Fala ai Kin, chegou bem na hora do café seu esperto – brincou Ted dando uma piscada para ele.


   - Ah eu não vim tomar café da manhã não, na verdade vim avisar o Harry que Bertoldo, Burdock e Ramires já estão acordados no St. Mungus. Eu acho que podemos conversar com eles se não for incômodo.


   Harry virou seu café rápido, e respondeu.


   - Podemos sim, na verdade eu estava ansioso para que eles voltassem a si, assim podemos saber desde quando estavam sobre imperius e ver o quanto os comensais da morte sabem sobre nós. – ele deu um salto, deu um beijo na bochecha de Gina – até mais tarde amor, você vai comprar os materiais de Alvo e Tiago hoje?


   - Pretendo – ela respondeu – mas não se preocupe amor, a Fleur e a mamãe vão comigo, não vou ser raptada.


    - Ótimo, não estou te dando permissão para ser raptada – disse sorrindo para ela – vamos Kin.


   E foram. Os três aparecem alguns minutos depois na frente do tradicional manequim que levava a recepção do hospital. Como sempre nenhum trouxa pareceu notar quando eles atravessaram o vidro.


   - E o primeiro ministro trouxa Kin? – perguntou Harry, quando eles se aproximavam da recepcionista.


   - Muito caduco, demorou umas três horas até acreditar em mim, devo admitir que tive que lançar alguns feitiços naquela cabeça de minhoca dele para ele acreditar – contou Kingsley se debruçando para a recepcionista – estamos aqui para ver Burdock, Bertoldo e Ramires.


   - Hm, eles são bruxos restritos, trabalham no ministério numa área muito delicada, não posso permitir que quaisquer falem com eles – respondeu arrogantemente a mulher sem sequer olhá-los.


   - Nesse caso vamos entrar a força – ameaçou Harry.


   - É melhor vocês saíram antes que eu chame a segur... – mas a mulher se calou quando ergueu seu rosto e viu Harry. Seus olhos passaram diretamente para cicatriz.


   - Que foi?


   - Por merlim, m-mil d-desculpas Sr. Potter, não tinha visto que era o senhor, os três estão acomodados no quarto andar, segunda porta à esquerda, Enfermaria de Joana Catrini.


   - Obrigado – agradeceu dando uma piscada para recepcionista que ficou vermelha.


   - Dédalo, eu gostaria que você ficasse aqui, caso apareça alguém suspeito você suba para nos avisar – pediu Kingsley.


   - Certamente – respondeu o outro tirando sua cartola já olhando para os lados desconfiado.


   Os dois então seguiram pelas portas duplas e pelo corredor longo e estreito enfeitado com retratos de bruxos famosos, iluminados por bolhas de cristal cheias de velas que flutuavam junto ao teto que lembravam gigantescas bolhas de sabão. Alguns bruxos de vestes verde-claras entravam e saíam pelas portas por onde passavam; um gás amarelo e malcheiroso invadiu o corredor quando emparelharam com uma das portas, de vez em quando eles ouviam gritos distantes. Subiram um lance de escadas e chegaram ao corredor de Danos Causados por Feitiços, onde a segunda porta à esquerda estava sinalizada com o letreiro: “Enfermaria Joana Catrini para acidentes perigosos: Cortes, azarações, feitiços das trevas, maldições imperdoáveis”.


  - Certo. O que pretende Kin? Acha que eles se lembram de alguma coisa? – perguntou parado frente à porta.


   - Se não se lembrarem – disse o outro – você pode usar um legilimens, sei que é muito bom nisso.


   Ao contrario do quarto que ele ficara há alguns meses atrás, esse era um tanto pequeno e escuro. A luz solar vinha de uma janela estréia, que ficava no alto da parede oposta à porta. A maior parte da iluminação vinha de bolhas de cristal agrupadas no meio do teto.


   Harry ficou muito satisfeito ao ver que os três estavam acordados, ambos lendo o que parecia uma revista curiosa de trouxas. Eles ergueram os olhos ao quando os dois caminharam até eles.


   - Dia – cumprimentou os dois os pacientes.


   - Potter! Shacklebolt! Que bom vê-los! – exclamou um animado Burdock.


   - Como estão? Vocês três – perguntou Harry analisando-os.


   - Perfeitamente bem, apenas com uma dor de cabeça terrível, nos contaram que é efeito da maldição – respondeu Burdock.


   - Provavelmente, não sabemos quanto tempo vocês estavam... enfim, vocês se lembram do ultimo dia em que tiveram consciência própria?


   - Vieram nos interrogar não é – rosnou Bertoldo – não tem mais o que fazer?


   - Parece que voltou à arrogância de sempre não é meu caro – riu Kingsley olhando para ele – sim, precisamos saber... hm... você sabe o motivo.


   - Bom Potter, se quer saber mesmo a ultima coisa que me lembro, foi quando eu dei permissão para Morgan Wilson continuar os estudos... os estudos... de uma coisa...


   - Sei o que é Burdock, no departamento de mistérios, aquele véu não é? Estudamos isso algumas semanas, Hermione na verdade, mas não descobrimos nada, precisamos da Morgan, mas ela está hospitalizada ainda – disse Harry.


   - Não sabia disso, eu não me lembro de muita coisa depois que reabri os estudos do véu, acordei estuporado aqui nessa sala, mas me sinto bem melhor agora!


   - Anota ai Kin, Burdock estava sobre imperius desde antes do ocorrido em Scafell Pike, nesse caso quem deu permissão para Hermione estudar o véu, com o pedido de Bertoldo é claro, foi alguém daquele lado, que estava controlando o Burdock.


   - O que está insinuando? – perguntou Kingsley.


   - Estou pensando em possibilidades – respondeu – Bertoldo você entrou sobre imperius...


   - Depois de conseguir a permissão para vocês oras! – resmungou o bruxo.


   - Muito estranho – disse coçando a cabeça – e você Ramirez, como chefe do quartel dos obliviadores, por que nunca contou que recolheu memórias de trouxas naquele incidente do banco em Kempston? Não se lembra que perdemos uma criança!


   - Na verdade Potter, não costumamos a olhar lembranças trouxas que recolhemos, elas ficam arquivadas e só são pegas pelo ministro, caso acha algum inquérito – respondeu o terceiro bruxo que até então só ficara calado em sua cama.


   - Certo, posso compreender isso, mas você foi pego ano passado quando... – Harry forçou a se lembrar das memórias – na época em que o Zacharias desapareceu... depois do natal.


   - Na mosca Potter – disse Ramirez – me lembro de um garoto muito estranho antes de começar a fazer coisas estranhas.


   - Roran com certeza – disse Harry olhando agora para Kingsley – não queria que soubéssemos que ele estava de espião em Hogwarts, sem contar que seria mandado para Azkaban pelos ataques passados.


   - Idéia esperta, mas acredito que foi apenas para se safar de ser descoberto, nada envolvendo assuntos do Ministério – disse Kin.


   - Certo, não será necessário legilimens, já cheguei a minhas conclusões – disse fazendo sinal para sair do quarto deles – melhoras.


   - Mas, assim tão rápido, não quer mais nada? – perguntou Burdock.


   - Está tudo o.k, vamos Kin.


   E dos dois saíram deixando os três bruxos sozinhos novamente em seus quartos. Harry se virou para o outro e disse.


   - Voldemort quer algo no departamento, ou, se ele não, algum comensal descobriu algo importante lá, já que lançaram a maldição imperius antes de Voldemort voltar.


   - Seria alguma profecia?


   - Não, alguma coisa no véu eu acho, porque a Morgan queria estudar ele não é? E depois que o Burdock aceitou, lançaram imperius nele, logo depois a Hermione também conseguiu permissão e lançaram a magia no Bertoldo.


   - Entendo, mas... não descobrimos nada de interessante naquele lugar.


   - É, mas eu quero ficar bem atento...


   - Alô Harry! – cumprimentou um bruxo de cabelos vermelhos sorrindo.


     Ergueu os olhos para ver...


   - Percy! O que faz aqui? – perguntou.


   - Depois da reunião passei a noite aqui no St. Mungus com a Molly – respondeu o outro bem humorado – ela vai ficar boa, sofreu alguns danos internos por magias das trevas, mas não foi nada grave, logo estará de pé.


   - Que ótima noticia – disse aliviado.


   - E vocês, o que fazem por aqui? Vieram ver aquela tal de Morgan amiga de vocês? – perguntou Percy curioso.


  “- Peça ajuda a quem aprendeu, peça ajuda a única das quatro que ainda tenha raciocínio.


   - Ah Morgan?


   - Ela é a chave, é a chave para as trevas e para a luz...”.


   - Na verdade viemos falar com os funcionários do Ministério que foram pegos com imperius – respondeu Kingsley vendo que o outro havia ficado quieto.


   - E descobriram alguma coisa?


   - Bom, Harry tem suspeitas...


   - Kin, eu vou ver como está a Morgan, conte para o Percy o que conversamos com os funcionários – interrompeu Harry partindo a direita daquele corredor sob olhares confusos dos outros dois.


   Aquele andar, também era onde ficava o quarto de Morgan, precisava vê-la, tinha sonhado algo muito estranho. Chegou na porta da enfermaria alguns segundos depois, e abriu sem bater.


   - Alô – disse uma bruxa erguendo os olhos que estava dentro do quarto lendo uma revista estranha.


   - Aqui é o quarto da Mor...


   Se calou. Sim, aquele era o quarto de Morgan, e a bruxa que estava sentada do lado oposto da sala era nada menos do que Katherine Wilson, a irmã que diziam ser muito perigosa.


   - Dia Katherine, eu não imaginei que encontraria você por aqui.


   A outra ergueu uma das sobrancelhas confusa. O analisou por um tempo, depois com uma das mãos afastou a mexa de cabelo que caíra sobre os olhos, cabelos vermelhos com mexas pretas. Levantou-se e se aproximou dele lentamente.


   - Vejo que está bem melhor do que da ultima vez te vi Harry Potter – ela o cumprimentou sorrindo – tenho passado muitos dias aqui com a minha irmã – explicou – apesar de não se falarmos muito... é minha irmã, tenho que ficar do lado dela nessa hora difícil.


   - E como vai a recuperação dela? – perguntou fechando a porta do quarto olhando para ruiva na cama que dormia profundamente.


   - Você deve sentir Harry – respondeu Katherine olhando para a irmã – o ferimento não está fechando, ela não consegue acordar... ah não esquenta, já estou sabendo que você a acertou por engano, que ela foi ajudá-lo e... aconteceu... – ela apontou para o próprio peito mostrando onde o feitiço havia acertado na irmã – me contaram que são muito amigos.


   - Foi um momento infeliz, onde ódio e acaso se cruzaram... – Harry cerrou os punhos na parede do quarto com raiva.


   O ferimento não havia fechado, ele nunca soubera disso, será que os outros sabiam e não queriam lhe contar para que ele não ficasse se culpando de novo? Para que ele não passasse três dias em vão pensando no que fizera? Katherine tocou seu braço.


   - Não é sua culpa Harry Potter, não dava pra saber que ela ia aparatar justamente entre você e seu inimigo... vai demorar, mas ela vai se restabelecer.


   Harry não estava suportando saber aquilo, as palavras da Katherine duelavam com suas lembranças.


- Eu estou bem – disse com prazer olhando para seu corpo – muito bem Potter, matou a miserável da Morgan”.


   Apesar de tudo, Harry se odiara por aquilo por muito tempo, ele fizera um feitiço que de toda forma era e devia ser tão fatal quanto um Avada se recebido de perto, sim, ele tinha pretendido matar, e quase matara alguém que gostava. Morgan não acordava, e talvez para ele não acordasse mais.


   Se virou rápido para sair do quarto, não queria mais vê-la ali inconsciente, estava com esperança de vê-la acordada, ou de vê-la num estado melhor, mas não havia acontecido nenhum progresso desde aquele dia. Novamente Katherine tocou seu braço.  


   - Morgan vai acordar Harry, ela é teimosa – disse tão docemente, que agora quaisquer rumores que tinham dito sobre ela, estavam fora de questão.


   - É... sim teimosa – forçou um sorriso e saiu.


  


   Falar que as coisas estavam indo bem seria uma mentira enorme. Desde o ataque no casamento de Carlinhos, Simas, Lilá e Maya, Voldemort e seus comensais não tinham dado sinal de vida. Estava frustrado. Precisava de um ataque, de um comensal, ou de qualquer coisa que tivesse ligação com Voldemort, para que eles descobrissem o esconderijo e pudessem armar um resgate a Gui. Fleur ficava mais paranóica a cada dia que passava, sempre que via, ela estava aninhada num canto chorando, Victoire sempre a consolava. Em Gringotes não tiveram nenhum sucesso, mesmo depois de ficarem de espiões na frente do banco, não viram nenhuma movimentação suspeita por lá, o que fez Harry chegar a pensar que Voldemort não queria nada no banco, mas Hermione dissera “Fora questão, então por que pegariam o Gui?”.


   Hermione, sim, ela tinha conseguido com sucesso dar a noticia no profeta diário sobre o retorno do lord das trevas, com a ajudinha de Rita Skeeter. A principio fazer as pessoas acreditarem foi difícil, mas Jorge e Lino resolveram isso num instante, se vestindo de comensais da morte em pleno Beco Diagonal para assustar as pessoas, assim fazendo muitas delas acreditar no profeta. “A Skeeter sempre tem razão” dissera uma velhota.


   Apesar de estarem em baixa no resgate de Gui, e em alta em divulgar o retorno de Voldemort, outra coisa que entrou em alta foi que nos profetas diários seguintes, sempre saia uma foto de Harry, muitos se perguntando se ele realmente tinha matado o lord das trevas quando era garoto, ou se tudo tinha sido uma farsa, porque alguns buxos ainda não acreditavam que o bruxo das trevas tinha voltado do além para aterrorizá-los. O que voltava a questão de Voldemort não aparecer nas ultimas semanas, se ele se mantivesse muito tempo escondido, ou não fizesse nenhum mal, os bruxos comuns começariam a acreditar que a noticia de Rita Skeeter era algo para ganhar mídia.


    O mês de agosto passou voando para os olhos de Harry, o que, segundo ele, não tinha sido um mês muito produtivo, ele esperava encontrar pistas ou evidencias de onde Gui estava, sem contar que Hermione e os outros não tiveram sucesso algum de novo quando se voltaram ao véu estranho que ele mesmo suspeitava que Voldemort queria.


   Mesmo muito frustrado, ao chegar de primeiro de setembro, decidiram em fazer uma guarda no Expresso de Hogwarts, “Os bruxos vão ficar com medo se fizermos isso, vão pensar que estamos alertas a algo perigoso, ou seja, você-sabe-quem” comentou um Ted aquele dia quando estavam na plataforma nove e meia.


   Alvo, Tiago, Rosa, Fred, Dominique e Molly – já recuperada e muito feliz de estar bem – embarcaram junto com os outros alunos. Lílian, Hugo e os outros filhos estavam aninhados na Toca, que se tornara a sede oficial na nova ordem de fênix deles, onde se reuniam para discutir novos planos e hipóteses.


   Para fazer a guarda do trem, Harry teria a companhia de: Rony, Hermione, Gina, Victoire Ted e Draco, que ainda não havia chegado com Escórpio para o embarque. Cada um patrulharia dois ou três vagões.


   - Nunca se sabe, temos que ficar alertas, qualquer coisa estranha gritem – disse Harry.


   Muitos dos presentes alunos que o avistavam, lhe davam acenos sorrindo, alguns talvez se lembrando do pequeno período que passou dando aulas no lugar do Zacharias, outros talvez pelo simples fato dele ser o famoso Harry Potter.


  O pior que não era só ele que recebia acenos, Ted fora cercado por umas quatro garotas escandalosas que o ficaram paparicando até uma Victoire aparecer e rosnar para que elas fossem a suas cabines. Rony, Gina e Hermione em parte eram bem conhecidos pelos alunos, ficaram um tanto famosos depois daquela lendária batalha em Hogwarts há vinte anos.


    - Ande logo Escórpio – disse a voz de Draco Malfoy da porta do trem.


   O pequeno garoto loiro passou entre as pernas de todos sumindo rapidamente no meio da aglomeração se sonserinos que havia por ali. No momento seguinte as portas do Expresso de Hogwarts se fecharam e o trem fez sinal de que ia partir.


   - Ainda sinto falta dessa viajem – comentou Hermione sentindo o trem se movimentar.


   - Mione, você passava a maior parte da viajem estudando – lembrou Rony.


   Ela lhe lançou um olhar ameaçador e Harry falou antes que ela respondesse algo.


   - Vamos seguir o plano então, eu fico nos vagões dos fundos, vocês se alinhem de acordo com os seus, Draco, eu preferia que você ficasse na parte onde tem mais sonserina, não deixa o Ted chegar lá, nem o Rony, sabe como eles são.


   - Com certeza prefiro ficar por lá – disse Malfoy se virando.


   Então eles se afastaram, Harry começou a se dirigir para os últimos vagões do Expresso, não demorou muito e deu de encontro Molly no meio do corredor.


   - Oi tio, estou indo para a cabine dos Monitores – disse ela lhe sorrindo continuando seu caminho.


  Retribuiu o sorriso seguiu também, ate chegar onde queria. Tudo estava tranqüilo, os únicos sons vinham das altas conversas e risadas saídas das cabines dos alunos. Uma delas o grupo que conversara era inconfundível.


   - Vou tentar testes de quadribol esse ano – ia dizendo a voz de Tiago – ouvi dizer que muitos jogadores do time acabaram seu ano escolar ano passado.


   - Meu pai disse para eu tentar vaga como batedor, disse que a melhor coisa do mundo é acertar um belo balaço na fuça de um sonserina – comentou Fred.


    - Fala serio vocês – resmungou a voz de Dominique – já está lendo Rosa?


   - É sempre bom ficar a par das coisas antes de chegarmos – respondeu a voz de Rosa, essa abafada, provavelmente porque não desgrudara do livro para responder.


   - Rosa é devoradora de livros – comentou a voz de Alvo.


   Harry escutando deixou escapar um pequeno sorriso com o comentário, tudo estava correndo bem.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.