Um só



  “... Quando damos asas a alguém, o objetivo desta pessoa é voar cada vez mais alto... Mas, quanto maior a altura, maior é o tombo...”
  As palavras deslizavam em meus pensamentos fixando-as no olhar. Cuidado com o que ou quem?
  Bem, eu estou pronta pra acordar do pesadelo que tal? Não.
  O celular vibrou e eu corri para atender, era Kathleen ligando logo cedo.
  _ Jen...
  _ Bom dia Kath. – interrompi.
  _ Você me abandonou? Não lê mais os capítulos que eu mando? – disse Kath acelerada e com a respiração desorganizada.
  _ Não, não. É que você não sabe o que aconteceu. – respondi calmamente, mas nervosa.
  _ Você e suas historíolas né Jenny?
  _ Vejo que está com um vocabulário bem fértil Kathleen Dewas. – ri.
  _ Pra você ver, minha vida de escritora me deixa mais chique?!
  _ Há-há. – ironia no ar.
  _ Quando nos encontrarmos na escola você me conta suas historietas.
  _ Historietas?! Há-há. – ironia no ar, dois.
  _ Meu pai vai me levar hoje, quer que eu passe aí?
  _ O gostosão (taradão) do seu pai? – ironia no ar, três.
  _ Que é casado com minha mãe, só pra constar.
  _ Vejo chifres saindo de algumas cabeças. – ironia no ar, quatro.
  _ Só se for da sua! Acho que é a mais provável.
  _ Foi uma brincadeira. – rimos. Só assim mesmo pra descontrair.
  _ Em instantes iremos passar na porta da sua casa ok?
  _ Assim mesmo que eu gosto, motorista, beijos e abraços.
  _ Vai te ferrar, chifruda. – uma verdadeira amizade é aquela em que temos a liberdade de contar nossos segredos, paixões e às vezes fazer umas brincadeirinhas bobas e tolas, mas divertidas. Motorista. Há-há. Sem ironia, mil.


Alguns minutinhos foram o  suficiente para que me arrumasse e ficasse pronta para um dia cansativo de aulas. Tenho esperança que esse “cansativo” saia de ação, só quem pode fazer isso é... você sabe quem.
 Fonfom! Ouvi ruídos em direção a rua e logo vi que era Kath e o gostosão. Ok, chega dessas ironias bobas.   
   _ Olá. – nunca parei para prestar atenção na voz sedutora e roca do pai gostoso da Kath. Comecei a rir e ninguém entendeu por que, ri dos meus próprios pensamentos, gostoso.
 _ Parece que está animadinha hein Jennifer. – Kath sabia o que estava acontecendo. Parando pra pensar, até que foi bom, acordar animada e digamos... tonta.
 A vidinha monótona, chata, pacata, serena e todos os outros adjetivos – que contradizem uma vida legal – cansava.   
 _ Sei que quer ver eles. – Kath lançou uma fala pretensiosa e logo vimos o pai de Kath virar-se para nós.   
 _ Eles quem? – perguntou o sedutor, ignora.   
   _ Meus rolos Sr. Gosto... – Ah! So-co-rro. O que eu fiz! Olhei para  Kathleen e comecei a rir desorientadamente, o pai de Kath abriu um sorriso largo e uma expressão de safadeza tomou conta de sua face, que horror. – Senhor, gosta de lasanha? – eu sei que essa não foi boa, mas só fui tentar arrumar um estrondoso erro.
 _ Adoro! – ele parou – Kath, por que não convida sua amiga para almoçar conosco hoje.   


_ Claro. – Kath virou e piscou. Situação difícil. 
   Olhava atenta para cada rosto quer passava pelo vidro. Quando  chegamos, o pai de Kath veio até mim e selou um beijo leve em minha bochecha quente e vermelha.
 _ Até mais. – ele levantou o braço e movimentou a mão antes de entrar no carro.   
 _ Jenny... posso te perguntar uma coisa? – disse Kath enquanto caminhávamos para a sala.   
 _ Já sei a pergunta, te adianto a resposta... não! – respondi e calei Kath.   
 _ É ambíguo e imprudente. Inenarrável. – Kath, menina Vocabulário.   
 _ Já não disse para parar com essas palavras estranhas e falar novamente nossa língua?   
   _ Esta é nossa língua, devia aprender mais sobre nosso idioma ao  invés de ficar flutuando nas nuvens em busca de notícias de...
 _ Pare. – interrompi – É preferível fazer isso a ficar mofando em cima de livros, dicionários e gramáticas.   
 _ Assim você não chega a lugar nenhum.   
   _ Se eu puder chegar ao coração de um deles e reservar meu espaço lá  dentro, está ótimo pra mim. – respirei fundo e acreditei na força das palavras, tais forças que, acredito eu, sejam fortes o suficiente para a realização.
 _ Isso foi intenso e profundo. – terminou Kath    enquanto entravamos apressadas na sala. Vasculhei cada pessoa que estava dentro daquela sala, até que avistei Alex. Estava ainda mais bonito e chamativo. Os olhos claros continuavam a ressaltar na pele branca e sobre a roupa preta.
 _ Só veio ele? – indagou Kath.   
 _ Não venho sinal algum de Arthur. – respirei e dei mais uma olhada atenta – Mas já está de bom tamanho.   
 _ Você fala como se dependesse deles, um vício. Está acoplada demais.   
 _ Isso se chama amor.   


_ Se é que se pode chamar de amor.
 _ Hm... você tem um pingo de razão.   
 _ Ah, me conta o que aconteceu com você.   
   _ Está tudo muito confuso Kath. Eu estou perdida em mim mesmo. Cada  dia eu consigo uma peça do quebra-cabeça. Mas não sei se vou conseguir montá-lo no final. Eu tenho medo de Arthur e Alex, mas eu não consigo me distanciar deles. Até mesmo porque eu não tenho certeza que umas coisas que andou acontecendo. Não sei se estava sonhando ou se realmente aconteceu.
 _ Do que está falando?   
 _ É uma longa história ok? Outro dia eu te conto tudo, me desculpe mesmo, eu precisava desabafar um pouco.   
 _ Imagine... amigos servem pra isso. Mas eu realmente quero saber o resto.   
   _ Tudo bem, só quero parar pra pensar e juntar os fatos pra ver se  consigo dar um rumo concreto em minha vida. Mas como eu também já pensei, é bom dar tempo ao tempo.
 _ Claro. Saiba que eu estarei sempre ao teu lado para o que precisar. Nas horas boas e ruins.   
 _ Muito obrigada Kath, você é a melhor amiga que eu poderia ter.   
   _ Faço das suas, as minhas palavras Jenny. – meus olhos lacrimejaram  e um sorriso extenso e verdadeiro brotou espontaneamente.
 _ Mudando de assunto. E o livro?   
 _ Está pronto. Já levei para eles lerem e avaliarem. A cerimônia do resultado é neste final de semana. Você vai comigo né?   
 _ Oh meu Deus! Já escreveu tudo? Que rápida. E é óbvio que eu estarei lá, prestigiando a vitória da minha melhor amiga.   


_ Já escrevi sim. Passei dias inteiros escrevendo. Estou confiante, mas se não ganhar, o que vale é a participação.   
 _ Isso é verdade. Mas você vai ganhar. – incentivei.   
   O tempo foi passando e eu continuei a conversa com Kath. Em meio a  tantos assuntos e fofocas, eu dava umas espiadas em volta de Alex. Em uma dessas olhadas me dei conta de que Alex estava sentado atrás de mim agora. Eu sentia sua respiração em minha nuca e uns calafrios gostosos movimentavam meu corpo.
 Uma bolinha de papel jogada levemente caiu em cima da minha mesa e eu abri curiosa.   
    “Jennifer, vamos almoçar juntos? Conheço um restaurante divino perto da minha casa. Gostaria que você conhecesse lá, daí aproveitamos e damos uma passada em minha casa e colocamos a conversa em dia. Responda-me. A.”
   Engoli as palavras assustada e coloquei a caneta no papel. A letra S  da palavra Sim já estava escrita, foi aí que me lembrei do almoço na casa de Kath. Não queria decepcionar minha amiga quando tenho outra saída.
    “Para o almoço não dá. Mas porque não jantamos nesse tal restaurante? Responda-me, rs. J.”
 Joguei o papel para trás e em questão de segundos já recebi outro.   
    “Tudo certo então. Te pega as oito. Responda-me com sua célebre presença, rs. Beijos, A.”
   Saímos da escola, animadas. Contei que iria jantar com Alex para Kath  e ela mostrou um lado da face feliz e outro triste, mas nem perguntei a razão. O pai de Kath, que pela primeira vez disse seu nome, o Sr. Pablo ficou animado em ver que eu tinha aceitado o convite e que estava ali, sentada em uma mesa, comendo comida típica feita pela cozinheira da casa, olhando para Pablo, Kath e sua mãe que eu acabara de conhecer.
   _ Então essa é sua melhor amiga Kath? – perguntou a mãe de Kath, ela  tinha os olhos avermelhados também, o cabelo castanho escuro e sua pele clara.


_ Sim mãe, Jennifer Maddier; Marie Dewas. – apresentou-nos. – E meu pai Jenny já conhece. 
 _ Prazer Senhora Marie. – disse com um sorrisinho totalmente falso e sem graça.   
   A tarde se foi em conversas legais e divertidas no quarto de Kath e  eu percebi que já era a hora de ir embora e me arrumar para o jantar.
 _ Eu te levo Jenny. – disse Pablo.   
 _ Isso mesmo. Meu pai te leva Jen... – disse Kath – Só não vou te acompanhar por que tenho horário marcado no salão.   
 _ Não tem nada Kath. – respondi.   
 _ Bom encontro. – apoiou Kath.   
 _ Obrigada.   
 _ Vamos? – Pablo estava na porta me esperando, raciocina, eu e Pablo sozinhos.   
 _ Ah claro. Tchau. – disse me despedindo de Kath e de Marie.   
   Entramos no elevador que por sinal estava vazio. Pablo não tirava os  olhos de mim, e assim foi até a saída do prédio Duann. Pablo abriu a porta do carro para mim e eu entrei.
 _ Então você namora?   
 _ Não é um namoro. – respondi aflita.   
 _ Poderia me explicar?   
 _ Impossível.   
 _ Tudo bem. – disse Pablo.   
   Ficamos em silêncio por um bom tempo. O carro fez um trajeto  diferente do que eu conhecia, estávamos em uma estrada de terra e deserta, nenhum carro além do nosso passava por lá. Pablo acelerou ainda mais, levantando poeira. Eu estava a ponto de perguntar onde estávamos, até que Pablo se virou para mim e esticou um braço em direção ao meu rosto acariciando-o. Levou sua outra mão em minha cintura e foi deslizando em minhas pernas. Foi aproximando seu rosto do meu e pressionando meu corpo no dele.
 _ Pare! – meu grito saiu    abafado, uma de suas mãos tampava minha boca impossibilitando que falasse algo. Eu estava apavorada, estava sendo quase estuprada pelo pai da minha melhor amiga.


Olhei rapidamente pela    janela e vi um carro preto verniz, Pablo logo me largou ao ver o carro. Alex desceu do carro e correu em direção a nós, Pablo abriu a porta e me empurrou pra fora contra o chão. Deu marcha ré e saiu acelerado dali.
 Eu percebi que estava toda esfolada e os ferimentos sangravam.   
 _ Está tudo bem? – perguntou Alex me pegando no colo e colocando em seu carro.   
 _ S-sim. – resmunguei em função dos arranhados que ardiam.   
   _ Ele me paga. – disse Alex bem baixinho, o carro de Alex surgiu  misteriosamente ali para me salvar. – O que exatamente aconteceu?
 _ E-ele ia me levam pra casa e viemos parar aqui. – respirei – É o pai de Kath.   
 _ Bom saber.   
 _ Por quê? – perguntei.   
 _ Por nada não. – continuamos andando até que chegamos em frente a minha casa. – O jantar ainda está de pé?   
 _ Claro. – disse abrindo um sorriso pequeno e desanimado.   
 _ Venho te buscar em uma hora.   
 _ Ok. – respondi antes de entrar.   
   O dia que parecia ser divertido e legal mudou de rumo rapidamente. As  brincadeirinhas foram tomadas pela tragédia. Mas vale a pena ressaltar que, o dia ainda não acabou. E dependendo de mim, vou dar a volta por cima.
 Como iria dizer isso a Kath? Enfim... a reformulando a    pergunta. Vou dizer isso a Kath? Não, pelo menos agora não. Não tenho estrutura o suficiente para isso, com certeza não.
 Eu me    sentia culpada. Se eu não tivesse aceitado o convite para o almoço, ou se não tivesse aceitado o convite de me levar embora ao invés de pegar um táxi, nada teria acontecido.
 Mas como eu iria adivinhar isso? Eu sabia que o pai de Kath era daquele jeito, mas nunca imaginei que chegaria a este ponto. 


   Chorei, pensei e novamente me compus. Tomei um banho longo e relaxante, coloquei uma roupa digna de um Mewlight e esperei até que percebi a chegada de um carro em frente a minha casa.
 _ Está magnífica. – elogiou Alex após colocar meu corpo inteiro para fora.   
 _ Obrigada. – respondi. – Ainda vamos conhecer o tal restaurante?   
 _ Mudança de planos?! Que tal jantarmos na minha casa... a sós...   
 _ Por mim tanto faz. – disse.   
 _ Vai ser bom pra esquecer o que aconteceu. – completou Alex.   
 _ Estou confiante que sim.   
   _ Tenho uma surpresa para você. – falou Alex enquanto dominava o  volante com apenas uma mão e a outra colocara em cima da minha.
 _ O que é? – perguntei.   
   _ Se te contar não será mais surpresa. – sorriu Alex, mostrando uma  visualização perfeita de seus dentes brancos e alinhados.
 _ Estou curiosa.   
 _ E eu estou louco para acabar com essa curiosidade. – indigitou Alex. – Eu quero te repetir mais uma vez.   
 _ O quê?   
   _ Eu te amo. – proclamou ele olhando profundamente nos meus olhos. –  Quem cala consente? – perguntou ele após um breve silêncio.


_ Eu te... – eu iria terminar a frase, se ele não colocasse os dedos em minha boca, isso já aconteceu, ele aproximou seu rosto do meu e rapidamente, não largando o volante do carro, selou um beijo doce em meus lábios.
 O silêncio dominou o momento por muito tempo, até que chegássemos a uma casa, quer dizer, um castelo.   
   Pareciam aqueles palácios de contos de fadas. Duas estátuas de leões  enfeitavam a entrada. A porta da garagem abriu-se automaticamente com a voz de Alex. A pintura escura sumia no meio do jardim verde e iluminado por postes de luz.
 Adentramos na casa e me deparei com tanto    luxo que nunca tinha visto antes, detalhes em ouro e prata, esplendor. Quadros de pintores renomados, estátuas asfixiantes e estranhas. A decoração era assustadora e conseguia encantar, por mais sombria e arrepiante que fosse.
 Percebi que Alex morava sozinho ou    estava sozinho em casa. Um corredor dava saída para diversos quartos, um deles era o de Alex. Ele me colocou em sua frente guiando-me quando colocava as mãos nos meus olhos fechando toda a visão.
 _ Estou ainda mais curiosa agora. – falei   


_ Pode abrir os olhos! – disse Alex quando tinha aberto a porta.   
   Encantador, perfeito e romântico. O quarto estava apenas com a  iluminação das velas que também revelavam flores deslumbrantes e da lua-cheia que parecia estar mais perto da sacada. Uma mesa improvisada acompanhava alguns pratos, vinho e taças e candelabros com estilo antigo e medieval.
 Havia também uma cama com pétalas de rosas    vermelhas e aromatizadas, as mesmas pétalas também permaneciam boiando na banheira do lavabo.
 _ Isso tudo é pra você e por você.   
 _ Não tenho palavras.   
 _ Palavras? Que tal atitudes? – desafiou Alex com seu jeito sedutor e seu olhar fascinante que tanto me atraia.   
   Ele lançou os braços em minha volta e me puxou para com seu corpo. A  respiração ofegante denunciava nossos beijos calorosos e incendiadores.
 Alex e Jennifer, naquele momento eram um só. 


 


 


 


 


AUTORA: BOM GENTE ESPERO QUE VOCÊS ESTEJAM GOSTANDO DA FIC , EU VOU TERMINAR O 14° CAPÍTULO E POSTAR EM BREVE, MAIS PRA ISSO QUERO A OPINIÃO DE VOCÊS PARA VER SE EU CONTINUO OU NÃO, OBRIGADA :')


 


 

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