Capítulo II












Dorcas


"Trate as pessoas da forma como elas devem ser tratadas,


 e ajude-as a se tornarem o que ela


 são capazes de ser."


 - Goeth







  Ela era apenas uma criança correndo e se divertindo. Estava no auge de seus dez anos, prestes a fazer onze, ela brincava com uma amiga trouxa, enquanto sua mãe estava no hospital com seu pai. Ela não estava muito preocupada, aliás, seus pais falaram que nada de ruim havia acontecido, aquilo era apenas uma tosse e logo se resolveria.


 Ela amava seus pais, em especial sua mãe, talvez por ela ser mais presente. Não, não ache que seu pai era ausente, ele era bastante presente, mas a diferença entre sua mãe e seu pai era que; seu pai criava coisas e sua mãe lhe ensinava coisas. Obviamente ela preferia aprender a criar, fazendo assim com que ela quisesse estar mais com sua mãe do que com seu pai.


 E também havia outro ponto. Sua mãe era diferente, assim como ela. Antes de descobrir isso, ela se achava esquisita e estranha, não que ela não gostasse daquilo, mas sentia-se um pouco deslocada em relação às outras crianças. Isso só mudou, realmente, quando ela descobriu o que ela era, de verdade.


 Isso só aconteceu quando ela estava com sete anos.


 Ela estava brincando com o filho de sua criada, eles sorriam e se divertiam, mas haviam desobedecido as ordens de suas respectivas mães. Suas mães haviam dito claramente para não entrarem na floresta que havia após o jardim da casa, mas eles não haviam escutado, para falar a verdade, eles nunca desobedeciam. Até aquele momento.


 De certo modo essa sua desobediência teve seu ponto positivo, a garota descobriu mais sobre si do que um dia poderia imaginar. A partir daquele dia tudo ficara mais ensolarado e escuro, ao mesmo tempo.


 O homem segurava seu amigo, uma faca pressionava o pescoço do garoto. O homem usava roupas sujas, não tinha grande parte de seus dentes e os que ainda estavam lá eram pretos ou amarelados, sua aparência era horrível. Passou pela cabeça da garota que ele poderia ser um bom espantalho para as plantações de sua Tia Emily.


  Sabia que o homem machucaria seu amigo, e ela não gostaria que nada acontecesse a ele. Uma raiva passou pelo corpo da garota, quando uma gota de sangue saiu do pescoço do garoto.


- Solte-o. – Ela ordenou para o homem, inflando as narinas e olhando-o com ódio.


 O homem rira com escárnio, olhando para a garota com superioridade.


- E o que você vai fazer, pequena? Vai me bater por acaso? – O homem perguntou, rindo logo em seguida.
 


 O corpo da garota começou a tremer, como se ela estivesse absorvendo toda a energia que havia debaixo dos seus pés. O tempo começou a se fechar, as nuvens deixaram o ambiente escuro, o sol que antes aparecia com pouca intensidade, não pudera ser mais visto. Um vento forte cortava a pele do homem, enquanto na garota apenas seus cabelos esvoaçavam.


- Solte-o. – A garota repetiu, enquanto um raio caia ao lado do homem, assustando-o.


 O homem a olhou, assustado, mas não soltou seu amigo, apenas o segurou mais forte, com medo. A menina perdeu a paciência, enquanto a pele do homem começava a sangrar um raio caiu mais uma vez, mas dessa vez foi em cheio no homem, eletrocutando-o.
 Seu amigo se soltou rapidamente, ficando ao lado da menina, totalmente fascinado. O homem começou a gritar, não demorou muito para ele desmaiar.


- O que você é? – Seu amigo perguntou, ele a olhava de um modo que a magoou.


 Depois desse pequeno acontecimento o menino não falara mais com ela, mesmo sabendo que devia sua vida a garota. Ele contara para sua mãe o que a menina havia feito com o homem, o que assustou a mulher fazendo ela se demitir, dizendo coisas horríveis para a menina e sua mãe.


 Eles haviam atravessado a porta, quase correndo. Os olhos da menina começaram a arder, enquanto as lágrimas caiam compulsivamente. Sua mãe se ajoelhara a sua frente, com um sorriso doce. A menina a abraçou.


- Mãe, por que eu sou tão estranha? Por que eu não sou igual às outras crianças? – A menina choramingou no colo da mãe.


- Dorcas, querida, eu não queria que você descobrisse desse modo, queria que fosse algo divertido para você e não um problema. – Sua mãe murmurou, deixando-a confusa. – Você é uma bruxa, não aquela dos contos de fada, você é diferente. Você, assim como eu, pertence a outro mundo.


 A menina olhou para sua mãe, sem compreender.


- Então... Isso que eu faço é... É bruxaria? – Dorcas perguntou, os olhos brilharam momentaneamente. – Não mãe, você deve estar errada! Eu sou estranha, a senhora não é estranha, só eu sou.


 - Não Dorcas, você é como eu. Nós não somos estranhas, só pertencemos a outro mundo.


  Sua mãe lhe explicara tudo, disse como o mundo bruxo funcionava, contou-lhe histórias sobre ele, e os contos que existiam. Deu-lhe um livro, o tão conhecido naquele; “Os Contos de Beedle, o Bardo”, mas a proibira de ler um dos contos; O Coração Peludo do Mago.


 A cada dia Dorcas ficava mais fascinada por seu mundo, pedia constantemente para sua mãe levá-la para lá, para o lugar onde ela não era uma garota estranha e que todos rejeitavam.


 Sophia, sua mãe, lhe dissera para esperar, pois tudo tinha seu momento. Com o passar dos anos Sophia ia lhe ensinando coisas, de certo modo até feitiços. Contou-lhe sobre a história de sua família, e porque ela não tinha o sobrenome de seu pai, contou sobre a importância de sua família e o que fizera sua família ser tão importante.


 Falou sobre Hogwarts, escola onde quase toda sua família estudara – menos Sophia e seu irmão mais velho – Beauxbatons, escola qual Sophia estudou e Durmstrang, escola onde o irmão de Sophia estudara, por ordem de seus pais.


  Quando a menina indagou para qual escola ela iria, sua mãe lhe respondeu que a escolha era dela, mas que seus avós ficariam extremamente alegres se ela escolhesse Hogwarts. Mas a garota estava tão fascinada com a escola que a mãe estudara, que em momento algum passou por sua cabeça que ela poderia estudar em Hogwarts.


  Essa idéia só mudou quando ela fora visitar os tios na França. Seu tio Harold, irmão mais velho de sua mãe, contou-lhe histórias sobre Durmstrang, deixando-a meio assustada com o clima de “ditadura”  que havia naquela academia. Mas sua tia Anett, irmã mais nova de sua mãe, lhe fascinara contando histórias sobre as casas, fantasmas, quadribol e professores da mágica Hogwarts.


 O tempo se passava, Dorcas ficava mais velha e não via a hora de completar onze anos e ir para uma das escolas de magia. Ela ainda estava confusa Beauxbatons ou Hogwarts? Qual seria a melhor escolha?


 Todo dia à noite, ela pegava um dos livros mágicos que sua mãe lhe dera e parava para pensar, parava para sonhar na hora em que ela estaria fora daquele mundo sem mágica, daquele mundo em que ela era apenas uma garota estranha.


 Dorcas sentia pena de seu pai, Aaron, aliás, ele não era mágico, ele era apenas, como sua mãe dizia, um trouxa. Não que a menina não gostasse do seu pai ou que ela não gostasse dos trouxas, na verdade, ela os adorava. Achava engraçado o modo que eles inventavam coisas sem magia, o modo que eles usavam e aprendiam as coisas era algo realmente interessante. Sem falar que a musica trouxa era realmente muito boa.


  E foi assim, ouvido uma musica trouxa que ela escutou quando seus pais chegaram a casa.


- Yesterday, all my troubles seemed so far away, now it looks as though they're... – Dorcas cantava, pulando pelos cantos da casa até que escutou o barulho de gente entrando.



  Ela desceu rapidamente as escadas, tropeçou nos últimos degraus, mas não chegou a cair. Ao chegar à sala de estar uma das empregadas pegava o casaco de sua mãe, para guardá-lo.


- Obrigada Juditte. – Sua mãe dissera para a empregada, que apenas sorriu em resposta.


  Dorcas ficou de ponta de pé, para que sua visão pudesse alcançar a janela. Ela queria ver onde seu papa estava.


- Mamma, - ela chamou – onde está papa?


 Sua mãe sorriu docemente, encarando-a. Sophia pegou a mão da menina, guiando-a para o sofá mais próximo.


- Seu pai ficou no hospital, aquela tosse e aquelas lesões arroxeadas se agravaram. O médico quer que ele fique lá para fazer uns exames. – Sophia falou, mostrando-se menos preocupada do que realmente estava.


- O papa ficara bem, não é mamma? – Dorcas perguntou, percebendo a apreensão da mãe.


- Vamos rezar para que sim.




  
 Um tempo se passou e Aaron continuava no hospital. Todos os dias sua mulher e sua filha iam visitá-lo, passavam o dia inteiro lá, tentando diverti-lo. Aaron estava com uma aparência assustadora, havia várias manchas espalhadas em seu corpo semelhantes a bolhas de sangue.


 Os médicos não diziam nada, apenas faziam exames e tentavam ignorar algumas perguntas de Sophia, dizendo que ainda era cedo demais para confirmar algo. Isso tinha um efeito devastador e a cada momento Sophia ia ficando mais desesperada.


 Em um dia de sexta essa situação finalmente mudou, isso era realmente animador... Ou não. O médico apareceu com alguns papeis na mão, pedindo para falar com Sophia.


 Dorcas olhara para sua mãe, enquanto ela saia do quarto e ia falar com o médico. Seu pai segurou sua mão, chamando sua atenção.


- Dorcas... Escute. – Aaron falara.


   O homem começara a tossir, agora estava um tanto complicado falar por culpa daquela maldita dor e tosses que não queriam cessar, mas elas precisavam parar, porque Aaron precisava falar.


- O que foi, papa? Você está se sentindo bem? – A menina perguntou, preocupada.


- Sim estou... Quero que você apenas escute, com atenção. – Aaron falou, tentando controlar a tosse.


  A menina assentiu sem dizer nada.


- Há muito tempo, quando eu tinha mais ou menos a sua idade, aconteceu algo comigo... Meu pai foi assassinado e minha mãe morreu dando a luz para um filho que nascera morto... Tudo isso aconteceu em apenas um dia, você não pode imaginar o quanto eu sofri internamente. – Aaron começou a contar a sua história, Dorcas pode perceber quanto sofrimento havia na voz do pai.


 O homem começara a contar o que havia acontecido com ele. Pela primeira vez em sua vida a menina achou que talvez o pai fosse mais interessante que sua mãe. Dorcas não conseguia imaginar o quanto o pai fora forte, o quanto ele era forte.


 Mas por que seu pai decidira contar sua história naquele momento? Enquanto estava deitado em seu leito? E o que ele queria com isso?


 Dorcas fazia essas perguntas mentalmente, mas não que ela se importasse, aliás, a história de seu pai era bastante interessante. Porém, de certo modo, ela estava magoada, seu pai poderia ter contado essa história antes, isso talvez pudesse ter animado-a quando ele a chamava para criar coisas.


  Um raciocínio rápido surgiu na mente de da menina.


- Papa... Quer dizer que a Tia Emily não é minha tia de verdade? – Ela perguntou. – E... Bem, por que mataram meu avô? O que ele fez para ser morto?


 Aaron deu um sorriso, vendo que sua decisão havia sido a melhor naquele momento.





 Sophia colocou a mão na boca, reprimindo um grito. Lágrimas formaram-se em seus olhos, aquilo não podia ser verdade, aquele homem estava mentindo, era a única explicação plausível.


- Isso não é verdade, você deve estar brincando comigo. Por favor, diga que não é verdade. – Ela pediu.


- Desculpe Sra. Meadowes, mas eu não brincaria com esse tipo de coisa. Seu marido por culpa da alta radiação que ele recebia do sol, e em seu trabalho, ele “criou” um câncer de pele, um dos piores; O Melanoma Maligno. Eu nunca vi um caso como o dele antes, o tumor chegou aos pulmões! O melanoma maligno atinge principalmente outros órgãos vitais; como o cérebro, coração...


- Doutor... Pare de me torturar e diga se há cura. – Sophia o interrompeu impaciente.


- Eu já lhe disse... No estágio que ele está não há cura... – O médico falou com uma expressão triste.


- O senhor tem certeza, certeza absoluta? Não há nada que o senhor possa fazer? – A mulher suplicou.


- O tumor já chegou aos pulmões, como eu já havia lhe dito. Por isso as tosses e as dores, ele já está morrendo...


- Quanto tempo ele tem? – Ela perguntou, tentando se controlar.


- Agora? Menos de um dia... Sinto muito.


  Sophia limpou suas lágrimas, ela não queria que Aaron a visse daquele jeito.


- Devo contar para ele? – Ela perguntou mais para si mesma do que para o médico.


- Ele já sabe.





- Você entendeu o que quero dizer? Tudo que eu descobri com sua mãe... Eu fiz como se fosse só aquilo e nada mais. Eu não queria que sua mãe se envolvesse, então eu disse que eu só procuraria as resposta até aquele ponto... Mas isto foi uma mentira, eu sabia que existiam mais coisas e que aquilo que nós havíamos encontrado era só o começo.


- Mas papa, eu não entendo... Qual o motivo disso tudo? – Dorcas perguntou curiosa.


- Eu não tenho mais tempo, não tenho mais vida para descobrir. – Aaron falou, sem olhá-la. – Eu estou morrendo, filha. Eu não pude e nunca poderia vingar tudo o que acontecera... Mas você... – Ela a olhou. – Você é mágica, você pode fazer coisas que eu nunca conseguirei imaginar, você poderá se vingar.


 A menina olhou para o pai assustada, seus olhos começaram a ficar marejados.


- Papa... O senhor está morrendo?


- Sim Dorcas... Eu tenho menos de um dia de vida. – Dorcas o abraçou... – Filha, por favor, faça o que eu lhe pedi, entendeu?


 A menina começou a chorar, enquanto abraçava o pai com cuidado.


- Eu não quero que o senhor se vá, papa. Eu quero que o senhor fique aqui! Comigo e a mamma. Por favor... – Lágrimas corriam pelo rosto da menina, lágrimas de tristeza, uma verdadeira dor batia em seu peito.


-Eu também queria, Dorcas, mas não é mais possível. Prometa que irá fazer o que eu lhe mandei.


- Eu prometo.





 Quatro meses haviam se passado. Este tempo havia sido bastante difícil para Dorcas e sua mãe. Sophia decidira que a melhor coisa a se fazer era ir para a casa de seus pais, não morar na mesma casa, mas perto deles, aliás, a única coisa que a deixava no mundo dos trouxas era seu marido e agora ele não estava mais ali.


 Dorcas havia se fechado. Ela continuava a mesma garota de sempre, falava com todos, brincava com seus primos, mas preferia ficar sozinha lendo seus livros ou pensando no que seu pai lhe falara antes de morrer. Talvez ela tivesse que amadurecer mais cedo, ou simplesmente esperar que o momento certo aparecesse.


 Ela já havia decido para que escola iria, não havia sido uma escolha tão difícil, mas realmente poderia mudar todo seu futuro. Será que sua escolha era a correta?


 Sophia chorou por muito tempo, aliás, perder seu amor tão cedo quanto ela perdeu era algo realmente doloroso. Mas ela sempre se mostrou mais forte do que era realmente, ela não queria que Dorcas sofresse. A menina já não tinha o pai, seria horrível não ter a mãe, também.


 Dorcas estava sentada no parapeito da janela, enquanto Sophia conversava com seus pais na sala de estar. A menina lia um livro sobre quadribol, que durante esses meses em que ela ficou da família de sua mãe havia se apaixonado pelo esporte, seu tio Harold lhe ensinara como jogar, dizendo que a melhor posição em que a garota jogava era como artilheira.


 Ela acreditou no que o tio dissera, e a cada dia aprimorara-se mais naquela posição, ficando realmente melhor nela do que no nas outras. O esporte a relaxava e voar a fazia pensar, não como uma garota de onze anos pensaria, não pensar em fadas, unicórnios, ou em um mundo brilhante e perfeito. Ela pensava na vida, pensava nas mudanças que sua vida estava sofrendo com a morte de seu pai, e com que seu pai lhe pedira para fazer. Oh céus, como ela faria para cumprir aquela promessa?


- Dorcas! – A menina escutou a voz da mãe, chamando-a. – Chegaram duas cartas para você.
 A menina sorriu. Será que eram...?


- Finalmente. – A menina gritou ansiosa.


 Ela correu em direção da sala, sem se importar com as vassouras que se mexiam sozinhas pela casa, ou a bagunça que fazia com a poeira que as vassouras já haviam juntado.


 Dorcas chegara perto de sua mãe, com o rosto vermelho de ansiedade. Seus avós se entreolharam, ambos tinham uma grande vontade de rir ao ver a neta agindo daquele modo.


- Tome. – Sua mãe disse, estirando-lhe as cartas.


 Dorcas logo sentiu a diferença entre os pergaminhos, um era bastante leve e branco, enquanto o outro era pesado e amarelado. Olhou para o brasão da primeira carta, a leve. Neste brasão havia duas varinhas cruzadas, com três estrelas saindo de cada varinha.


   A loira passou o dedo pelo brasão que estava e relevo, pensando. Alguns segundos depois, uma fumaça colorida começou a sair da carta, Dorcas tomou um susto, enquanto a carta saia de sua mão e começa a flutuar como se tivesse vida própria.


  A carta não era mais carta. Dorcas virou sua cabeça, esfregando seus olhos para ter certeza que não estava sonhando.


 A carta assumira a forma de uma pequena fada, ou veela, a menina ainda não conseguia se decidir. Se aquilo fosse uma fada, provavelmente só seria no mundo trouxa, as fadas no mundo bruxo não eram tão bonitinhas daquele jeito. Então a explicação mais lógica era que aquilo era uma veela miniatura e que realmente voava.


- Olá senhorita Meadowes. – A veela, bruxinha ou o quer que fosse começou a falar em sotaque irreconhecível. – Represento a Escola de Magia e Bruxaria de Beauxbatons, e com prazer tenho de lhe informar que a senhorita tem uma vaga em nossa escola. Nós teríamos o prazer de recebê-la em nossa escola. A diretora, Sra...
 


 Dorcas interrompeu a veelinha.


- Desculpe-me por lhe interromper, mas poderia me dar um segundo? – Ela perguntou, com os olhos brilhando.


- Claro. – A veelinha respondeu educadamente.


  Dorcas segurou a outra carta em sua mão, com um sorriso. Será que apareceria algum fantasma de Hogwarts para persuadi-la a escolher a escola?


 Olhou para o brasão onde um leão, uma águia, um texugo e uma cobra circulavam uma grande letra “H”. Passou seu dedo lentamente pelo brasão, mas nada aconteceu. Sentiu-se um pouco desapontada, ela realmente já estava cogitando a possibilidade da veela e o talvez fantasma brigarem por presença na escola.


  Abriu a carta, com a maior delicadeza que seus dedos finos permitiam. As palavras estavam escritas em vermelho, ficando bastante “cheguei” em contraste ao papel amarelado.




ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA DE HOGWARTS
 Diretor: Alvo Dumbledore
( Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro, Bruxo Chefe, Cacique Supremo, Confederação Internacional de Bruxos)
 


   Prezada Srta. Meadowes,


  Temos o prazer de informar que a senhorita tem uma vaga na escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários.


  O ano letivo começa em 1º de setembro. Aguardamos a presença de seus pais, ou sua coruja até 31 de julho, no mais tardar.


  Atenciosamente,

Minerva McGonagall
 Diretora Substituta.


  Dorcas sorriu. Algo dentro de si dizia que sua decisão havia sido a certa.  A menina olhou para a pequena veela, um pouco triste.


- Desculpe, mas eu já fiz uma decisão; Não irei para Beauxbatons... Desculpe. – A menina adquiriu uma expressão culpada.


 A pequena veela sorriu, dando de ombros, para logo em seguida sumir. Dorcas se virou para a mãe, mudando a expressão culpada para uma incrédula.


- Mamma! Porque a senhora nunca disse que a carta de Beauxbatons não era bem uma carta?


 Sua mãe riu.


- Eu queria que você tivesse a mesma surpresa que eu tive com sua idade, espero que tenha gostado. – A mulher sorriu docemente.


 O rosto de Dorcas se iluminou, lentamente.


- Eu... Adorei! – A menina exclamou.


 Alguém envolveu Dorcas em um abraço apertado, ela de principio não conseguiu distinguir de quem era aquele abraço.


 - Oh Dorcas, estou tão feliz! Você decidiu ir para Hogwarts! Não tenho palavras para descrever a emoção que estou sentindo. – Sua avó murmurou, enquanto a soltava, mas não deixava de encará-la.


 Dorcas sorriu, ela já havia decidido aquilo á um tempo, mas não havia comunicado a ninguém. Ela já sabia que os avós agiriam daquela forma, aliás, ela era a única neta que pretendia ir para Hogwarts, escola onde eles haviam estudado e se conhecido, sem falar que dos seus filhos apenas a filha mais nova fora para Hogwarts.


- Eu não podia decepcionar vocês, não é mesmo? – A menina falou rindo.


- Você nunca decepcionará.





 Ela já havia comprado seus livros, suas roupas, sua varinha e sua coruja – que recebera o nome de Ester. O dia finalmente havia chegado, ela estava pulando pelos cantos, cantando de tão feliz que estava.


- Mamma! Vamos! Por Merlin, a senhora quer me matar? – Ela perguntou, enquanto pulava.


- Dorcas querida, ainda faltam duas horas para o embarque. – Sua mãe disse, rindo.


 A menina parou de pular por um momento, com uma expressão pensativa.


- Mas mamma, lembre-se que vai demorar muito para nós chegarmos à estação! Daí eu vou perder o trem e não irei para Hogwarts, então o vovô e a vovó vão ficar decepcionados e eu não vou jogar quadribol. Vou virar uma abortada que não sabe fazer magia e... E... – A menina falava dramaticamente.


 Sophia estava rindo do nervosismo da filha e imaginando que se Aaron estivesse ali, ele faria o mesmo. Uma dor aguda surgiu em seu peito, como se existisse um vazio que nunca seria preenchido.


- Não seja dramática filha. – Sophia falou, tentando disfarçar sua expressão para que Dorcas não visse o vazio dentro dela. – A estação de King's Cross fica apenas meia hora daqui.


- Meia hora? – A menina gritou.


- Sim.


- Então vamos mamma, eu já estou atrasada, oh não... Eu irei virar uma abortada e...


- Nada de drama. – Sophia revirou os olhos.


- Certo... Vamos? – A menina deu um sorriso em que todos os seus dentes apareciam.


- E nada desse sorriso também, ele me assusta. – Sophia riu.


 Dorcas revirou os olhos, pegado seu malão – que aparentemente tinha o dobro de seu tamanho – e a gaiola onde estava Ester, sua coruja de olhos verdes e penas negras.


- Todos os seus livros, roupas...? – Sophia tentou perguntar.


- Sim, está tudo aqui, eu já conferi vinte e três vezes. – A menina disse, atropelando as palavras.


 Sophia sorriu, enquanto pegava sua capa e escutava um barulho de carro apitando. Ela pegou o malão de Dorcas, deixando que a menina levasse apenas a gaiola de Ester e sua varinha, que estava no bolso de sua capa.


- Vamos, vovó e vovô já estão ai, para nos levar. – A menina disse, segurando a mão de sua mãe e puxando-a para a porta.


 Sophia trancou a porta, enquanto Dorcas entrava no carro. Seu pai, Sr. Meadowes apareceu, tirando a mala de Dorcas da mão de Sophia e carregando-a até o porta-malas.


- Minha netinha está realmente ansiosa, não é? – Ele falou, rindo. – Ela é muito diferente de mim, lembro que quando foi minha vez eu estava muito nervoso, na verdade eu não queria ir, com medo de que eu fizesse tudo errado.


- É, mas com Dorcas é um pouco diferente. – Sophia murmurou, sem saber explicar que ao invés de estar com medo, Dorcas estava excitada demais com a idéia de aprender magia.


 Eles entraram no carro.


- Vovô, o senhor já pensou em pintar o cabelo? Não sei, eles estão ficando brancos... O senhor é bonito demais para ter cabelos brancos. – Dorcas falou rapidamente, quase quicando no banco do carro.


 Sr. Meadowes ficou vermelho, Sophia e Sra. Meadowes começaram a rir.


- Que história é essa? Isso não são cabelos brancos, são cabelos loiros, eu estou ficando mais LOIRO com o tempo e não com cabelos BRANCOS. – Sr. Meadowes falou, ainda corado.


- Ah. – A menina falou, aproximando-se da mãe, enquanto sussurrava. – Mamma, meus cabelos não são “loiros” como o do vovô, não é? Eu não quero que pensem que eu sou velha.


 Sophia não conseguiu conter o riso. Ah... Como ela queria que Aaron estivesse ali, apreciando aquele momento.


 Eles chegaram à estação alguns minutos depois, Dorcas fora a primeira a descer. Ela avaliava todas as pessoas que estavam ali, e tentava adivinhar quais eram trouxas e quais eram bruxas.


 Algumas vezes apareciam pessoas vestidas de maneira engraçada, assim como o seu avô e sua avó, talvez aquelas pessoas quisessem se misturar com os trouxas, não chamar atenção, mas acabavam tendo o efeito contrário.


 Ela olhou para seus avós, eles não pareciam trouxas, ou até pareciam, mas seriam trouxas bastante estranhos. Seu avô vestia uma capa verde, com um chapéu vermelho que parecia grande demais para sua cabeça, assim como os sapatos. Já sua avó era um pouco mais discreta, não deixando de ser estranha, claro. Ela vestia uma calça roxa larga que estava praticamente toda coberta pela capa branca, ela usava um cachecol colorido e um tipo de “liga” roxa na cabeça, que fazia um contraste engraçado com seus cabelos castanhos. Dorcas se perguntou onde diabos eles haviam achado aquelas roupas.


 Sua mãe era um mais normal, mas isso se devia ao tempo que ela vivera no mundo dos trouxas. Suas roupas eram normais, ela vestia uma calça jeans e um casaco preto.


 Eles foram andando em direção a plataforma 9 ¾, Dorcas ia pulando pelo caminho, mas as pessoas não a olhavam, aparentemente seus avós estavam chamando mais atenção do que ela.


 Eles passaram pela plataforma nove, já estavam próximos da plataforma dez, Dorcas ia à frente, sem entender onde estava a plataforma que ela iria atravessar. Olhou para trás, seus avós e sua mãe estavam parados, com um arzinho de riso.


- Dorcas é aqui. – Seu avô falou.


  A menina olhou para onde ele apontava, mas nada viu, havia apenas uma coluna. Uma expressão de duvida surgiu em seu rosto, enquanto ela olhava para seu avô sem entender.


- Onde? – Perguntou.


 Foi então que ela viu uma garotinha loira, aparentemente da mesma idade que ela, correndo em direção a coluna, com uma expressão aterrorizada. Dorcas quis gritar, alertar que a garota ia se machucar, mas antes que ela fizesse isso; a menina atravessou a coluna. A boca de Dorcas se escancarou de surpresa.


- Eu devo fazer o mesmo? – Ela perguntou para o seu avô, com a voz baixa.


- Sim. – Seu avô respondeu, divertido.


 Suas mãos começaram a soar, e se a coluna não a deixasse passar? E se ela só conseguisse um grande hematoma na testa? Ou se o seu nariz quebrasse? Ou se tudo isso acontecesse?


 Bem sua mãe resolveria com magia... Então não importava muito. Era mais importante sua ida para Hogwarts, então se ela tivesse que se arriscar, ela o faria, nem que isso a desse um grande hematoma e um nariz torto.


 Ela deu de ombros, segurando a gaiola de Ester com mais força, enquanto corria para a coluna, ela – a coluna - se aproximava com tanta rapidez que Dorcas não teve certeza se era ela que corria ou a coluna que vinha ao seu encontro. Dã! É claro que eu estou correndo para a coluna, ela pensou, sorrindo com si mesma.


 Ela fechou os olhos, esperando que a dor da batida quebrasse seu nariz, mas isso não aconteceu, não houve dor, tudo bem que houve impacto dela batendo em algo, mas não era bem a coluna, esta ela havia atravessado sem problemas.


- Desculpe. – Ela murmurou, caída no chão.


 Dorcas se levantou, com a mão na cabeça. Percebeu que havia colidido com uma menina, que ainda estava estirada no chão com uma gaiola caída ao seu lado e outra gaiola – Dorcas reconheceu como a gaiola de Ester – em cima de seu corpo esparramado. A menina logo tratou de tirar sua gaiola de cima da outra garota e ajudá-la a levantar.


- Desculpe. – Ela falou de novo, enquanto a outra menina pegava a gaiola dela.


- Ah, não tem problema, a culpa foi minha. Eu parei para fazer a dança da vitória por ter conseguido passar na coluna, sabe como é... Eu pensei que eu ia ganhar apenas um grande hematoma, sabe? Mas não ganhei! Daí eu tive que fazer a dança... – A menina falou rápido com uma voz um pouco aguda, mexendo as mãos e sacudindo a gaiola de sua pobre coruja.
 Dorcas reconheceu a menina, ela era a garota que mostrara, de certa forma, o que ela tinha que fazer para chegar a plataforma 9 ¾.


 A garotinha tinha os cabelos bastante loiros - não como os de Dorcas; de um leve tom loiro avelã -, mas sim quase brancos. Não era feio, mas por um momento Dorcas pensou que talvez seu avô realmente estivesse ficando mais loiro. A menina também tinha sardas em seu rosto pálido e um tanto quadrado, seus olhos castanhos esverdeados faziam um contraste engraçado com as bochechas que eram muito rosadas.


- Desculpe, eu falo demais, pelo menos todo mundo diz isso... – A menina fez uma cara pensativa. – Mas bem, meu nome é Héstia. Héstia Jones. – Ela falou, sorrindo de orelha a orelha.


- Meu nome é Meadowes, Dorcas. – Dorcas disse sorrindo, enquanto se lembrava que seu pai uma vez dissera que falar o sobrenome antes do nome era chique.


- Meadowes? – Héstia perguntou chocada. – Você tem algum parentesco com Harold Meadowes ou Alan Meadowes?


Dorcas assentiu, sorrindo.


- Alan Meadowes é meu avô, e Harold meu tio. – Respondeu.


Quando ela terminou de falar percebeu que seus avôs e sua mãe atravessavam a coluna, se aproximando dela e de Héstia, acompanhados de um casal que ela não conhecia.


- Dorcas, querida, vejo que já conheceu Héstia. – Sua avó disse, e depois se virou em direção a Héstia. – Como vai pequena? Faz tantos anos que eu não a via! Você já está uma mocinha!


Uma interrogação surgiu no rosto de Dorcas, então sua família conhecia a família de sua nova possível amiga?


- Mamma, eu não entendo, de onde vocês se conhecem? – Dorcas perguntou para sua mãe.


- Celine e Sophia são primas, sua avó é irmã da avó de Héstia. – Foi seu avô que respondeu, sorrindo.


 Celine devia ser a mãe de Héstia, ela era uma mulher bonita, sua filha parecia muito com ela – menos o formato do rosto e os olhos, estes eram iguais ao do homem que Dorcas supunha ser o pai de Héstia. Seus olhos eram da mesma cor dos de Dorcas e de sua mãe, devia ser de família, seu rosto era redondo e as bochechas tão rosadas como as da filha, assim como os cabelos loiros.


- Sophia, finalmente Marcus e eu podemos conhecer sua filha! – Celine falou. – Ela parece muito com você, menos os cabelos...


- Ela puxou os cabelos do pai, quem dera eu ter essa cor e esses cachos. – Sophia falou rindo.


  Eles continuaram conversando sobre coisas que nem Dorcas, e aparentemente Héstia, não estavam prestando atenção. Pela primeira vez desde que Dorcas atravessara a coluna, ela prestou atenção na plataforma. Havia muita fumaça, barulho e pessoas, um trem vermelho estava ao lado e algumas pessoas já embarcavam. Tudo era tão gigante que a menina se perguntou como eles faziam para manter aquilo em segredo. Mas além de tudo era mágico.


- Hey Dorcas, você não acha que é melhor nós irmos para o trem? Parece que só faltam dez minutos para o trem sair. – Héstia falou, pulando em seus próprios pés.


 Dorcas assentiu.


- Vô, acho que o senhor já pode me dar minhas malas, o trem está ficando lotado. – Ela falou.


- É... Acho que é melhor. – Seu avô sorriu. – Vou sentir sua falta pequena. – Ele bagunçou os cabelos da neta.


 Dorcas sorriu, abraçando o avô, Héstia também já se despedia de seus pais. Ela escutou sua avó quase chorando, falando que iria querer uma carta pelo menos uma vez na semana. Celine e Marcus acenaram para ela, dizendo que no próximo natal era para todos passarem na casa deles. Apenas Sophia estava quieta demais com as despedidas.


- Filha... – Ela falou chorosa, quando Dorcas a abraçou. – Vou sentir sua falta, não se esqueça de se alimentar todos os dias, só não coma demais! E não entre em encrencas! E eu também quero uma carta todas as semanas.


- Ah mamma! Isso vai me cansar demais. – Dorcas reclamou.


- Não seja tola. – Sophia disse rindo, mas seu rosto de repente ficou sério, agora ela sussurrava. – Dorcas, não fale sobre o seu pai para ninguém, quero que não diga a ninguém que ele era trouxa, certo? Nós colocamos meu sobrenome em você exatamente por isso. Não fale que você já viveu no mundo trouxa... Para ninguém. Sua vida em Hogwarts ficara mais fácil se você fizer isso, certo?


- É acho que eu posso fazer isso. – Dorcas respondeu, com uma careta, era difícil não falar do pai.


- Eu sei que você pode, agora vá. Não se esqueça das minhas cartas!


- Está bem, está bem. – Ela respondeu displicentemente.


Dorcas andou até o trem com Héstia ao seu lado, era realmente estranho como a menina em um momento não fechava a boca, e no outro estava tão calada que não parecia ter ninguém ali.


- Como é o nome de sua coruja? – Dorcas perguntou, quando elas já estavam dentro do trem, procurando alguma cabine vaga.


- Jasminne, eu não sabia que nome botar nela, aliás, eu estava esperando um coruja macho, mas meu pai acabou comprando fêmea. Mas bem, ela parecia gostar das flores jasmim, então quem sou eu para contestar a vontade dela? – Héstia sorria, olhando para sua coruja de cor mel.


  Dorcas assentiu, sorrindo. Pessoas passavam por elas, alguns murmuravam algo como “Você não acha que os primeiranistas estão diminuindo a cada ano? Como eles conseguem ficar menores?”, outros apenas passavam sem falar nada, ou empurrando-as. Até que finalmente elas encontraram uma cabine vazia.


 Elas se sentaram cansadas, Héstia esticou o corpo para olhar pela janela, enquanto Dorcas fechava a porta da cabine. Um sorriso apareceu no rosto de Héstia, ela gesticulou para Dorcas de aproximar.


- Olha, papai e mamãe estão ali! Junto com seus avós e sua mãe! – Ela falou, acenando pela janela, esperando que eles vissem.


 Dorcas tentou acenar também, mas a janela era pequena, então ela se sentou. Observou a mala da amiga, que estava no maleiro em cima dos bancos.


- Héstia... – Ela falou quando a outra menina se sentou, derrotada. – Por que tem um pássaro em seu malão?


 Héstia olhou para a sua mala, reparando no que Dorcas falara. Havia realmente um pássaro na mala de Héstia, mas era como um chaveiro trouxa. A menina analisou por um momento, como se estivesse revivendo uma lembrança, para depois responder à amiga.


- Nossa família, de todas as gerações que foram para Hogwarts, ou foram para a Casa de Corvinal, ou Grifinória... Bem, minha mãe e meu pai pertenceram a Corvinal, e eu espero também pertencer. – Ela com o sorriso costumeiro brincando nos lábios. – E você? Para que casa quer ir?


- Eu ainda não havia pensado nisso... Minha mamma freqüentou Beauxbatons, e meus avós pertenceram a Grifinória, eu acho. Bem, eu não me importo para que casa eu irei. – Ela deu de ombros.


 Héstia pareceu incrédula, mas de repente começou a rir; sua risada era engraçada, era aguda como sua voz, mas tinha um toque musical. Lembrava muito alguém que Dorcas conhecia; Emily.


Antes que Héstia pudesse voltar a se controlar, a porta da cabine foi aberta, uma garota de cabelos negros e olhos azuis, aparentando ter a mesma idade que as outras duas, colocou sua cabeça pela porta.


- Olá... As outras cabines estão lotadas, eu posso me sentar com vocês? – A menina perguntou.


 Dorcas reparou no brilho azul que os cabelos da menina tinham, eles eram tão escuros como os de Héstia eram claros, uma contradição? Talvez.  Seu rosto era simétrico, havia pequenas sardas – quase imperceptíveis –, seus olhos eram de uma cor lápis lazúli. Dorcas podia ver, apenas com um olhar, o quanto a personalidade da menina era forte, isto era mais do que marcado em seus olhos.


- Claro. – Héstia falou. – Sou Héstia Jones, e esta é Dorcas Meadowes.


 A menina sorriu, guardando sua mala e sentando-se ao lado de Héstia, em frente à Dorcas.


- Meu nome é McKinnon, Marlene McKinnon. – Marlene se apresentou, com um sorriso simpático.


- McKinnon? Meu pai conhece os McKinnon... Ele me contou que uma vez um homem chamado Adolf McKinnon salvou a vida dele, quando ele viajava para França. – Héstia falou, distraidamente. - Você o conhece?


 Dorcas ficou surpresa com o tanto de pessoas que a família de Héstia parecia conhecer, e com as grandes histórias que a menina tinha para contar. Ela se sentiu um tanto triste por não poder revelar suas grandes histórias, por culpa do mundo trouxa e de seu pai, que estavam inclusos nestas histórias.


- Adolf é meu padrinho... Ele já me contou algumas histórias... Seu pai é Marcus Jones? Meu padrinho disse que este era um dos melhores amigos dele.


Héstia sorriu, pulando um pouco no banco.


- Sim! Ele é meu pai. Meu Deus, eu esperava ficar solitária em Hogwarts, mas já achei uma amiga que é quase minha prima, e outra cujo padrinho salvou a vida do meu pai! – Héstia deu um de seus maiores sorrisos, pensando consigo mesma.


 Dorcas segurou o riso, Héstia era realmente uma das garotas mais engraçadas que ela já conhecera. Talvez elas virassem grandes amigas. Héstia ficou em silêncio, devaneando consigo mesma. Marlene se aproximou de Dorcas, segurando o riso.


- Ela é sempre assim? – A morena perguntou.


Dorcas riu pelo nariz.


- Só a conheço há quase uma hora... Mas posso dizer: Sim, ela é sempre assim. – As duas garotas riram.


- Mas então, Dorcas Meadowes, não é? Harold Meadowes, você o conhece? Ele jogou para o meu time de quadribol o Falmouth Falcons*. Sério, ele virou meu ídolo, ele era o único do time que não seguia ao pé da letra o lema do time.


- Harold é meu tio, ele estava me ensinando a jogar quadribol. Tudo que sei, aprendi com ele. Falmouth Falcons, ele me contou várias histórias de quando ele jogou para o time, pena que ele só jogou lá por... Hmmm... Dois anos, eu acho.


- Na verdade foram quase três anos, faltava apenas um mês para completar os três anos. – Marlene falou, e pelo brilho de seu olhar, Dorcas percebeu que a menina era realmente fã de seu tio. – Você tem uma família talentosa, pelo que já li sobre Harold, o pai dele foi quem criou a poção Wiggenweld, àquela que restaura a força de quem esta demasiado doente.


 - Nossa você sabe tudo sobre minha família. – Dorcas falou, rindo.


Marlene corou, dando um sorriso de lado.


- Não, é só que eu era realmente fã de seu tio. Ele era o melhor jogador dos Falcons... Você pode me apresentar a ele, algum dia? – Os olhos da morena brilharam.


- Claro. – Dorcas respondeu. – Hey, Héstia estava falando que queria ir para Corvinal, eu não sei para que casa eu irei. E você, Marlene, pretende ir para qual?


  Marlene fez uma careta, olhando para Héstia.


- Héstia, você é uma nerd, super, mega inteligente?


 Héstia acordou de seus devaneios.


- Não sei, talvez, nunca parei para pensar nisso... Acho que não, mas eu também não sou burra... Ah, Marlene, você está me confundindo. – A loira fez uma cara engraçada.


 Marlene gargalhou.


- Você fala demais! – Ela murmurou com um sorriso.


- É o que todos dizem. – Héstia deu de ombros, sorrindo.


- Mas então... Se você for assim, bem, você entra em Corvinal fácil, fácil. Héstia, eu te mataria se você quisesse ir para Sonserina – ela fez uma careta de nojo -, mas Corvinal é até suportável, então eu não vou deixar de ser sua amiga por essa sua escolha deplorável.


  Héstia estirou a língua para a outra menina, enquanto Dorcas ria com vontade, ela não se sentia assim, tão alegre, desde a morte de seu pai. Finalmente uma felicidade verdadeira atingia-lhe por dentro.


- Então me diga senhorita “eu sou a única que tenho bom gosto aqui”, para qual casa você quer ir?


- Grifinória é claro. - Marlene falou como se fosse óbvio – Eu irei para a casa dos corajosos, honrosos e guerreiros Grifinórios. – A morena fazia pose de super-herói.


  Héstia começou a rir.


 - Claro, “Corajosos, honrosos e guerreiros”... – Sua risada foi maior, mas havia um toque forçado. – É melhor ter inteligência do que força!


- Por isso que os Grifos são os melhores, eles têm os dois. Ao contrário dos Corvos, que só tem a inteligência ao seu favor...


 Héstia e Marlene se comprometeram a uma longa e cansativa discussão sobre qual seria a melhor casa. Dorcas ouvia as duas garotas falarem e serem irônicas, enquanto pensava no que elas discutiam. Uma pessoa precisava ser inteligente para ir para Corvinal? E ser corajosa e guerreira para ser de Grifinória? Qual seria a sua casa? Ela era inteligente ou corajosa?


  A porta da cabine foi aberta, novamente. Uma garota ruiva entrou por ela, olhando timidamente para as outras meninas, ela estava acompanhada de um garoto de cabelos negros escorridos – seu cabelo não tinha brilho como o de Marlene, mas Dorcas teve certeza que eram tão negros quanto - e nariz de gancho.


   A menina era ruiva, mas não havia tantas sardas em seu rosto, seus olhos eram de um verde límpido, seu cabelo era liso e chamativo. Seu rosto estava muito corado, Dorcas pensou que talvez fosse de vergonha.


 - Nós podemos nos sentar com vocês? – A menina perguntou, Dorcas estava esperando que sua voz tremesse, mas ao contrário disso, ela foi muito firme.


 - Claro. – Foi Marlene que respondeu, olhando um pouco desconfiada para os recém-chegados.


 - Vocês passaram esse tempo todo procurando por uma cabine? – Héstia perguntou, com as sobrancelhas erguidas.


 - Na verdade, nós havíamos achado outra cabine, só que os garotos que estavam lá não nos agradaram. – A ruiva murmurou como se pedisse desculpa.


 Dorcas olhou para o menino de cabelos negros, seus olhos as analisavam e ele não parecia muito feliz de estar ali, parecia que algo o perturbava. A ruiva, ao contrário, parecia estar melhor ali e não analisava ninguém.


- Sou Dorcas Meadowes, e estas são Marlene McKinnon e Héstia Jones, qual o nome de vocês? – Ela perguntou, ainda avaliando-os.


- Lílian Evans e este é Severus Snape. – Lílian deu um sorriso, sentando-se ao lado de Dorcas, com Snape ao seu lado.


 - Posso te chamar de Lily? – Héstia perguntou, a ruiva assentiu. – Bem, nós estávamos discutindo para que casa nós queríamos ir, eu estava dizendo para a Lene que eu quero ir para Corvinal, algum de vocês também quer ir para a gloriosa casa de Ravenclaw? – Seus olhos brilharam de esperança.


  Lily olhou para ela e depois para o menino ao seu lado, suspirando.


- Não, eu pretendo ir para Sonserina. – Severus Snape falou, sua voz era baixa.


  Todos olharam para ele, a expressão de nojo de Marlene era a mais evidente.


- Como é que você quer ir para Sonserina? – Ela quase cuspiu a última palavra.


 O menino deu de ombros, Marlene tratou de ignorá-lo. Héstia se virou para a menina ruiva, tentando ignorar os outros dois.


- E você Lily, pretende ir para que casa? – Ela indagou.


- Não sei, acho que qualquer uma seria boa para mim. – A ruiva falou, dando de ombros.


 Estava visível que ela não queria receber o olhar de nojo de Marlene, nem a repreensão de seu outro amigo.


 Dorcas riu pelo nariz.


- Ela é como eu. – A loira sorriu, o olhar de indagação da ruiva a fez explicar suas palavras. – Eu também não me importo muito para que casa eu vá.


  Lily sorriu para ela.


 O resto da viagem foi um tanto silenciosa; Héstia e Marlene haviam aproveitado para dormir, Lily e Snape conversavam entre si, murmurando algo sobre alguns garotos idiotas que eles deviam evitar, e Dorcas olhava pela janela, ficando mais ansiosa a cada momento.


 -... Dizem que um homem chamado Voldemort está sendo perseguido por alguns aurores, dizem que ele matou uma mulher, mas ninguém tem prova alguma contra ele. Há outros boatos, como os de que ele está recrutando pessoas para fazerem seu trabalho sujo. - Dorcas escutava Snape falando para Lílian.


 A loira se virou para eles, prestando atenção em sua conversa, curiosa. Do que eles estavam falando? Voldemort, quem era esse? E por que Lily e Severus estavam falando sobre ele?


- Ele está recrutando pessoas? Meu deus, ele é um serial killer? – Lily perguntou, horrorizada. – E eu que pensei que não havia pessoas ruins no mundo bruxo.


- Existem mais do que você pensa... – Snape falou sombriamente.


- Por que vocês estão falando de assassinos? – Dorcas perguntou.


  Lily e Snape se viraram para ela, um pouco surpresos. Talvez eles pensassem que ela estava dormindo, assim como Héstia e Marlene. Lily se recompôs rapidamente, para logo responder a nova amiga.


- Eu sou nascida trouxa. Não sei muitas coisas sobre o mundo bruxo. Então pedi a Sev para ele me contar tudo o que ele sabia. – Ela sorriu docilmente.


- Então você sabe tudo sobre o mundo bruxo, Severus? – Dorcas perguntou, encarando o menino de cabelos sebosos.


- De certo modo, eu vivo neste mundo desde que nasci então, ocasionalmente, eu o conheço, não é mesmo? – Ele falou, retorcendo a boca.


- Você sabe algo sobre Grindelwald? – Ela perguntou esperançosa.


 Snape estreitou os olhos, olhando-a desconfiado, pelo seu olhar Dorcas tinha certeza que ele estava analisando-a. Este garoto é estranho, ela pensou, sustentando o olhar dele como um desafio. Dorcas definitivamente não gostava daquele garoto.


- Não, eu não sei nada sobre esse homem. – Ele finalmente respondeu.


 Marlene acordou com um pulo – ocasionalmente acordando Héstia, que estava com a cabeça apoiada em seu ombro - ela olhou rapidamente para seu relógio, suspirando logo em seguida.


- Nós já devemos estar chegando! Então vamos, temos que nos trocar! – Ela falou, encarando todos, menos Snape.


 Dorcas tinha certeza que a amiga havia ganhado certo desprezo pelo garoto, talvez fosse apenas porque ele queria ir para a casa rival a sua, ou simplesmente porque ela não fora com a cara dele. Dorcas não sabia ao certo. Mas ela não podia julgar Marlene, porque a própria não havia gostado do menino, havia algo errado com ele.


  Héstia bocejou.


- Me deixa dormir mais um pouquinho. – Ela pediu, deitando-se no banco.


 Marlene ria, enquanto empurrava Héstia do banco, fazendo-a cair no chão. Héstia levantou a cabeça, agora não eram apenas suas bochechas que estavam vermelhas, e sim todo o seu rosto.


 Ela deu um grito, puxando o pé de Marlene.


- Marlene sua louca, nunca mais faça isso! – Ela gritou vermelha, ela estava tentando se levantar.


 Dorcas riu, com certeza aquelas garotas seriam suas melhores amigas. Pela primeira vez em sua vida Dorcas não se sentiu como uma estranha, ela não era mais rejeitada pelos outros, esse pensamento fez com que ela sorrisse.


- Vamos gente! – Ela falou, saindo da cabine.


 O corredor não estava cheio de gente, apenas algumas pessoas passavam, mas mesmo assim Dorcas conseguiu esbarrar com alguém, caindo no chão. Era a segunda vez que ela caia, será que era seu dia de sorte?


- Desculpe. – Uma voz masculina falou, dentre algumas risadas.


 Dorcas sentiu seu rosto queimar, ela levantou a cabeça devagar, percebendo que o garoto que a derrubara tinha praticamente a mesma idade que ela e não era ele que ria, e sim seus amigos que estavam logo atrás dele.


 O menino tinha os olhos verdes e seus cabelos eram castanhos claros - com um olhar mais atento Dorcas percebeu que na verdade seus olhos eram cor âmbar. Sua expressão era de desculpa.


- Não se desculpe apenas me ajude a levantar. – Ela disse não tão simpática.


 Ele fez o que ela mandou, Dorcas ajeitara sua roupa rapidamente, enquanto suas amigas e Snape saiam da cabine.


- Acho melhor eu ficar na cabine... Eu já troquei de roupa. – Ela ouviu Snape falar.


 Lílian esbarrou em Dorcas, mas não foi com tanta força, seu rosto adquiriu uma tonalidade escarlate, ela estreitou os olhos, com raiva, olhando para os meninos que estavam atrás do garoto com quem Dorcas esbarrara.


- Ranhoso, nos encontramos de novo! – Um menino de cabelos negros e olhos verdes acastanhados que estavam escondidos atrás de um óculos com aro redondo, falou com um sorriso de deboche.


- Vamos embora, por favor? – Lílian pediu, ela não parecia estar nem um pouco feliz com a companhia dos recém-chegados.


  Dorcas a encarou, confusa.


- Quem são esses? E quem eles chamaram de Ranhoso?  - Ela perguntou.


- Sou Sirius Black. – Um garoto de cabelos castanhos escuros e olhos cinza, falou.


- James Potter. – O menino de óculos e cabelos negros se apresentou.


- Remus Lupin. – O menino que a derrubou falou.


- Na verdade, eles são os garotos inconvenientes da nossa antiga cabine. – Lily falou ainda vermelha.


- E eles estão me chamando de ranhoso. – Snape falou, sua voz era tão cortante que Dorcas se afastou ligeiramente dele.


- Vamos embora, eu não quero problemas. – Héstia murmurou ansiosa.


 Eles viraram as costas para os outros garotos, que cochichavam alguma coisa relativamente engraçada entre si. Marlene ia à frente, e ao contrário de seu grupo, ela não parecera ficar nada perturbada com aqueles meninos.


- Não é estranho? – Ela falou. – Já estamos chegando a Hogwarts e o carrinho de doce não passou pela nossa cabine! – Lene fez uma cara indignada.


- Na verdade o carrinho passou por nós, mas você estava dormindo. – Lily falou, pedindo desculpas.


 Marlene fez uma careta, enquanto Héstia disfarçava seu riso com uma crise de tosses. Dorcas olhou para Snape, o garoto parecia decepcionado e raivoso, ela se aproximou dele.


- Snape, por que aqueles garotos te chamaram de ranhoso?


- Porque eles são uns idiotas. – Foi Lílian que respondeu.


 Dorcas não culpava os garotos, ao menos ela não gostava de Snape, era natural que os outros meninos sentissem o mesmo. Mas colocar apelidos de mau gosto no menino era um tanto idiota. Hogwarts vai ser interessante, ela pensou com um sorriso.








  Dorcas já estava em Hogwarts, aquele lugar era tão mágico, tão perfeito, superava todos os sonhos que ela já havia tido. Sua viagem de barco pelo lago negro, fora simplesmente magnífica. Ela dera boas risadas quando Marlene derrubara Héstia no lago, e o mais engraçado foi que a Lula Gigante havia jogado a menina de volta para o barco.



 Ela não havia decidido para que casa queria ir, mas enquanto observava, de algo ela tinha certeza. Ela não queria ir para Sonserina, todos que ela vira naquela casa davam-na medo, pareciam ser pessoas más. De suas amigas Héstia e Lily eram as únicas que já haviam sido selecionadas: Lily fora para Grifinória – Dorcas percebeu a cara de tristeza que Snape fez com isso – e Héstia para Corvinal, faltavam apenas ela e Marlene.


Fora a vez de Marlene, antes mesmo de o chapéu seletor tocar sua cabeça, ele falara “Grifinória”. Agora duas das amigas de Dorcas eram de Grifinória, então... Ela iria para Corvinal ou Grifinória? Suas mãos começaram a tremer.


- Meadowes, Dorcas. – A senhora que se apresentou como Minerva McGonagall, chamou-a.


 Ela seguiu em direção ao baquinho, ela não se sentia nervosa, mas suas pernas a traiam. Ela se sentou no baquinho, com cuidado, aliás, ela não queria ser como Héstia que caíra do banco. A professora colocara um chapéu velho em sua cabeça, ela fechou os olhos, com medo do que pudesse vir.



- É difícil saber, você tem inteligência de uma Corvinal, mas sua bravura e determinação são de uma Grifinória. – Uma voz falou dentro de sua cabeça. – Acho que a melhor decisão é... – Então a voz falou para todos do salão. – Grifinória.


 Houve vários aplausos em uma das mesas, Dorcas desceu do banquinho feliz, saltitando. Então ela olhou para mesa de Héstia, e esta deu de ombros, mas Dorcas podia ver que ela estava decepcionada.


 Dorcas sentara entre Lílian e um garoto, ela não olhou para o garoto, ela não teve tempo para isso, muitas pessoas a cumprimentavam – cujo ela não conhecia – e ela recebera um abraço de Marlene e Lily.


 Pouco depois a seleção acabou, o diretor, Alvo Dumbledore, fizera um discurso sobre o que era proibido, algo sobre não poder entrar na Floresta ao lado do colégio e sobre uma lista de coisas proibidas que o zelador havia colocado no mural de avisos. E logo após o banquete foi servido.


 Dentre toda aquela felicidade que exalava no salão, ao pegar seus talheres Dorcas se lembrara porque havia escolhido Hogwarts, lembrara das últimas palavras que seu pai lhe dissera. Com um sorriso irônico ela concluiu, Hogwarts seria realmente interessante.







 N/B: Amei esse capítulo, principalmente as partes em que o Remus aparece, eu já disse que tenho um impulso obsessivo pelo Remmie? Amei a Dorcas, e que triste o Aaron morreu :'(, mas o que eu realmente falar é... Dona Luise Simões, você por acaso criou a Héstia inspirada indiretamente em mim? u.ú

 N/A: Não, Brenda, eu não criei a Héstia inpirada em você ( ou criei :D). Bem, eu gostei desse capítulo, só que ele foi realmente trabalhoso, eu tive que reescrever muitas vezes algumas partes, porque a minha Beta tava dizendo que precisava ser mais 'inocente', que uma garota de onze anos não pensaria daquele jeito, etc, etc.
 Ah, e proximo capítulo eu escreverei como se Dorcas estivesse no sexto ano, dai acontecimentos importantes que aconteceram no segundo, terceiro, quarto e quinto ano, eu relatarei como lembranças no decorrer da fic.
 Eu amo as opniões e teorias de vocês, continuem comentando, oks? E desculpa pela demora do capítulo. E para a Arabella que perguntou se a Dorcas tinha shipper, sim ela tem, é o Remmie. *-*

Beijos.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.