O Inimigo Mora ao Lado



N/A: Mais de dois meses. Caramba. 
       Um mês é inteiramente minha culpa. Me embolei com os exames, e 30 dias passam voando. Mas também tive que ligar com um imprevisto bem chato no final de maio. Tive uma fratura bastante complicada na mão. Fiquei quase um mês sem poder mexer. E, quem já teve algum tipo de fratura sabe, o retorno dos movimentos não é imediato. E eu simplesmente não conseguia escrever, em lugar nenhum. Isso porque eu geralmente escrevo em torrentes, parágrafos e parágrafos de uma vez. E eu não conseguia ter a rapidez que precisava, ate estar completamente recuperada. Ou seja, semana passada. Então, segurem o desejo de pendurar minha cabeça na parede. Eu não deixaria vocês na mão sem motivo.
         Além do mais, eu não conseguia escrever, mas conseguia pensar. Resultado: os proximos 3 capitulos já estão completamente estruturados na minha cabeça. Devem vir mais rápido. Pelo menos mais dois ainda em julho. Ok?
         Falando rapidamente deste cap, dá pra notar que as coisas estão se encaminhando. Vocês vão dar adeus ao Ministro da Magia: salvo por uma possível participação secundária, esta deve ser a última vez que ele dá as caras por aqui. E outra: estamos ficando sem segredos para serem revelados. Um dos mais importantes vai por água abaixo hoje mesmo.
        Bom, eu espero que gostem. De verdade. E deixem alguns comentários, por favor. Estímulo nunca é demais.
          Ah, quase esqueci. A parte do Draco remete ao capítulo "As escondidas". É uma questão menor, mas importante para o enredo daqui para frente. Fiquei com medo que esse detalhe passasse despercebido para algum leitor menos atento.
          Acho que é isso. Não acredito ter esquecido de nada importante. 
          52 no fim da semana que vem. Quem sabe.

  Bjos, Giovanna de Paula



Capítulo 51


 


  As rugas ao redor dos olhos de Dumbledore se aprofundaram, e de súbito ele parecia realmente morto naquele retrato. Aquilo chocou e assombrou Minerva ao mesmo tempo. Quase podia ver as peças unido-se por trás da cabeleira branca do ex-diretor. Ex? ­, pensou com angústia. Alvo só é dito ex-diretor porque está morto. Formalidade, apenas. Ainda é ele que controla tudo isso. Não imagino como não poderia ser.


  Sim, Minerva MacGonagall tinha experiência, e muita. Mas nunca, jamais, conseguiria ocupar definitiva e efetivamente aquele cargo. Por muitas vezes, a insegurança se abatia sobre ela e Alvo era seu porto seguro. Naquele instante, por exemplo. Se fosse obrigada a tomar uma decisão, não tinha a menor ideia do que faria.


  Ele permanecia quieto, refletindo. Os lábios contraídos. Ela podia imaginar o que estava passando por aquela mente brilhante. O conhecia muito bem, afinal. O que fiz? Como não percebi? Como pude submetê-los a um risco tão grande? Como pude colocá-lo em minha escola?


   Ele sempre exigiu demais de si mesmo, e aquilo o desgastava sem necessidade. Tudo tinha de ser perfeito, sempre. Depois da morte de Lílian e Tiago, a situação se agravara. Minerva se lembrava da expressão angustiada de Alvo ao deixar o então pequeno Harry na porta da casa dos tios. Ele sabia que ele não seria feliz até vir à Hogwarts. Também sabia que era a única maneira.


   Alimentara um ódio velado contra Pedro Pettigrew. Não podia crer que ele houvesse revelado à Voldemort o segredo. Infidelidade era uma palavra fora de seu vocabulário. Minerva sabia que ele jamais gostara da escolha que os Potter fizeram. Preferia Laurene, claro que preferia. Afinal, possuíam índoles muito parecidas. Ambos morreriam antes de trair seus amigos.


    O que foi, de fato, o que aconteceu. E, de certa forma, a precoce morte de Laurene repercutiu na morte dos Potter.


   Todos sabiam que ela tinha um filho, apenas alguns anos mais velho que Harry. Por coincidências do destino, tampouco, ninguém à exceção dos Potter conhecia a criança. Se a vida houvesse seguido seu curso natural, seriam criados como grandes amigos. Quão irônico isso soava, agora.


    Dumbledore finalmente ergueu os olhos e mirou-a lentamente. Suspirou. Com um gesto desanimado e um sorriso triste no canto dos lábios, instruiu:


    - Chame Harry até aqui. A Srta. Granger também. Ambos merecem saber do risco que estão correndo.


 


  Willian mergulhava a cabeça repetidamente na água gelada do riacho. Precisava clarear a mente. Pensar em alguma coisa. Alguma solução, qualquer que fosse.


   Atrair Harry Potter. Forçá-lo a abrir a passagem. E matá-lo depois, como lhe era conveniente.


   Não era assim tão fácil, afinal.


   Submergiu pela última vez, prendendo a respiração o máximo que pode. Conseguia ver alguns pequenos insetos e peixes se movimentando no fundo do riacho. Brandiu a mão na direção deles, assustando-os. Seus pulmões ardiam na ausência de ar, mas ele queria ver até onde era capaz de chegar. Fechou os olhos. Tudo que havia tentado com Potter até o momento falhara. Hermione estava viva. Provavelmente, ela já contara ao rapaz tudo que acontecera, e porque ela fora tão submissa a ele. Talvez tenha de lidar com o ódio de Potter, concluiu. Seria, na pior das hipóteses, interessante.


     Na melhor, seu atalho até Voldemort.


     Assim que a ideia lhe cruzou a mente, Willian tirou a cabeça da água, ofegante. Passou a mão pelos cabelos, tirando-os da frente dos olhos. Brilhavam em satisfação. Sua tarefa não era de todo impossível, descobriu.


     Precisaria apenas de um pouco de criatividade.


 


     Harry saiu, meio cambaleante, do chuveiro, tirando com os dedos os resquícios de xampu. Tateou em busca de sua toalha, ainda de olhos fechados. Estranho, pensou, jurava que a tinha deixado aqui.


      - Procurando algo? – uma voz sussurrou, diretamente em seu ouvido. Harry deu um pulo, assustado, e tratou de cobrir as partes íntimas. Abriu os olhos, boquiaberto, e deu de cara com Hermione.


       - Por Merlin, Hermione! – exclamou – Estou nu!


        - Ora, percebe-se – sorriu ela, estendendo-o a toalha. Parecia tão natural. Harry podia sentir o vermelho que lhe cobria a face. – Você sumiu.


       - Fui treinar...com Ella e Jason – explicou, colocando a toalha ao redor da cintura e finalmente tomando coragem para olha-la nos olhos. Brilhavam, divertidos.  – Achei que você ligaria os pontos.


        - Liguei. Na verdade, esperava por mais detalhes. Por isso vim.  – ela disse, passando-o a pilha de roupas que deixara separada para usar após o banho. Nisso, descobriu o pequeno estojo de couro, que Harry colocara por debaixo das vestes. Levantou uma sobrancelha, intrigada. Abriu com cuidado o fecho tosco.


       Harry observou com o canto do olho o queixo da namorada cair. Ela levou os dedos com cuidado à adaga, e a retirou do estojo. Virou-a e revirou-a nas mãos, erguendo-a à altura dos olhos para examiná-la contra a luz. E sorriu, maravilhada. O moreno vestiu-se com rapidez, aproveitando o momento de distração da amiga.


        - Que diabos...? – murmurou ela, ainda sem tirar os olhos da adaga.


        - Ella – resumiu Harry – Meu treino com Jason era sobre como despertar minha energia mágica, e utilizá-la sem precisar de uma varinha. Achei que Ella estaria aqui com uma finalidade semelhante, mas me enganei. Quero dizer, ela vai trabalhar isso também. Mas além de simplesmente não utilizar varinha, descobri que é possível canalizar a magia para outros instrumentos mágicos também. Não como uma opção à altura da varinha. Apenas uma alternativa no caso de tudo mais dar errado.


          - É bonita – ela disse, calma. Mas Harry a conhecia: havia mais vindo – Mas Harry... Bruxos com espadas?


          - É uma adaga, Mione. Parece ridículo, eu sei. Mas é curioso. É como se fossemos feitos para isso também. É tão intuitivo quando uma varinha. É... melhor.


         - Poupe-me de sua inclinação masculina para armas. Você é um bruxo, por Merlin. Isso não parece certo – retrucou. Não parecia irritada, contudo, a desconfiança brilhava em seus olhos.


         - Eu sei... também pensei nisso, no começo. Mas fica diferente depois que você experimenta. Também me parecia um tanto absurdo a ideia de fazer magia sem varinha e, ainda assim, veja onde estou agora.


          - Nunca ouvi falar disso.


          - Nem deveria, na verdade. Pelo que entendi, são poucas armas como essa pelo mundo. É um recurso bem criativo que Voldemort e alguns de seus comensais usaram durante a Primeira Guerra. É uma segunda opção, uma garantia. Como Jason disse: é o que me separa da morte, mas jamais será o que me fará viver.


           Hermione amenizou um pouco sua expressão, e Harry relaxou. Tomou a adaga de suas mãos e guardou-a com cuidado no estojo que, por sua vez, alojou-se seguramente no interior de suas vestes. Ofereceu-a a mão, sorrindo.


         - Vamos? - ela concordou, sorrindo de leve. Ficou na ponta dos pés para beijar seus lábios.


          Saíram para o corredor, tranquilamente. Não haviam caminhado mais de dez metros quando uma voz familiar chegou a seus ouvidos. Já a ouvira tantas vezes durante as últimas semanas que sabia de antemão de quem se tratava, antes mesmo de se virar.


         - Sr. Potter. Temo precisar chama-lo ao gabinete novamente. A senhorita também. – disse MacGonagall. O casal se entreolhou, e Hermione apertou sua mão, subitamente nervosa. Afinal, nenhum dos dois haviam tido muitas boas experiências naquele local.


 


        Draco Malfoy estava sentado no salão principal, contemplando seu dever, irritado. Estava andando em círculos com aquela matéria por toda a manhã. Considerava um perda de tempo, tendo em vista tudo que estava acontecendo. Andava um tanto disperso desde que fora obrigado a ser o mensageiro de notícias desagradáveis para Potter. Jamais simpatizara com o colega, mas concordava com Gina – ele não merecia metade do que lhe acontecia.


       Também preocupava-se com si próprio. Tentara de todos os jeitos apagar a Marca Negra de seu braço, mas ela fora feita, como dizia seu pai, “para ser eterna enquanto o mal exista”. Em outras palavras, para sempre. E ela o andava incomodando, e muito.


      Duas mãos delicadas e muito brancas encobriram seus olhos, fazendo-o sorrir. Sem sequer dar-se o trabalho de verificar que era, puxou-a para o seu lado e beijou sua bochecha. Gina sorriu, de olhos fechados. Draco adorava aquela expressão.


      - Algum progresso? – ela indagou, mirando a página praticamente em branco à frente do loiro.


      - Duas linhas, para ser exato – respondeu – Você?


      - Terminei – sorriu ela.


      - Certo – disse Draco – Espere um minuto. Não era você que não estava entendendo absolutamente nada sobre isso?


      - Há sempre um livro milagroso na biblioteca. – disse – Aprendi isso com Hermione.


      - Imaginei – riu Draco de leve, endurecendo a expressão logo em seguida. Ergueu a manga esquerda da camisa branca que usava e contemplou sua marca.


      - Você se importa de esconder isso? – pediu Gina, perdendo também o sorriso.


     - Desculpe. Ela anda me incomodando nos últimos dias. – justificou, esfregando a mão sobre a tatuagem.


      - Dói? – perguntou Gina, uma ponta de aflição em sua voz.


      - Arde. Nada que eu não possa lidar.


      - Mas você parece preocupado. – ela disse. Draco mirou-a longamente, e suspirou.


      - Não acredito que seja uma mera coincidência, entende? É comum a marca se manifestar conforme os sentimentos de Voldemort. Mas não nessa intensidade, ou nessa frequência. Ele está tentado chamar minha atenção. Os termos de meu afastamento jamais ficaram exatamente claros, por assim dizer. – murmurou, olhando a sua volta.


       - Não me parece do feitio dele permitir que pessoas se afastem sem satisfações. – replicou, perspicaz. Draco concordou.


       - Ele tirou satisfações, tenha certeza. – suspirou. Percebendo o olhar questionador da namorada, tratou de desabotoar os primeiros botões da sua camisa. A ruiva franziu o cenho, mas não falou. Ele esticou o tecido até a parte direita de seu peito musculoso ficar visível. Gina não pode conter uma exclamação de surpresa.


       Uma grossa cicatriz destacava-se na pele muito branca do namorado, Tinha não mais de dez centímetros, e aparentava ser bem profunda. Tímida, ela levou os dedos ao ferimento, com o máximo de delicadeza que pode reunir. Ele estremeceu sobre seus dedos.


       - Desculpe – sussurrou ela – Quando isso aconteceu?


       - No Natal – disse Draco, amargo. – Fui obrigado a ir para casa, ainda haviam muitas das minhas coisas por lá. Havia um comitê de recepção à minha espera. Voldemort estava lá, imagine que honra. Mas não foi ele que me concedeu essa cicatriz.


        - Quem foi?


        - Meu pai. – disse, sem olhá-la nos olhos – Não estava exatamente no clima para dar satisfações, se é que entende o que quero dizer. Disse muito do que estava entalado em minha garganta. Obviamente, ser humilhado pelo próprio filho na frente de Voldemort não o deixou feliz. Precisava arranjar um meio de se sobressaltar, sair por cima. Não acho que me matar foi sua intenção, apesar de não duvidar. Cicatrizes tem uma força muito poderosa. Potter é a prova viva disso. Mas eu consegui escapar, já que do contrário estaria muito provavelmente morto. Como você pode imaginar, Voldemort se enfureceu.


         - Eu sinto muito, Draco – sussurrou Gina, passando os dedos por seu rosto – Mesmo.


         - Não sinta. Foi o preço que tive de pagar para me livrar de uma vez por todas desse fardo. Sabe, acredito que Voldemort sempre pensou que eu voltaria, eventualmente. Naquela noite, deixei claro que isso não aconteceria. Devo ter ganhado um lugar junto à cabeça de Potter com essa atitude, mas não me arrependo. Fiz o que tinha que fazer. – disse Draco, firme. Gina assentiu.


         - Você está do lado certo, e é isso que importa.


        - O seu lado é o lado certo, Gina. Sempre foi assim. – sorriu o loiro, erguendo as sobrancelhas. A garota sorriu e se inclinou, beijando-o novamente.


 


       O Ministro da Magia sentou-se a frente do homem franzino com aparente autoridade. Por baixo daquela confiança, contudo, escondia-se um ser humano humilhado. Uma palavra martelava-lhe a cabeça, repetidamente. Destituição. Afastamento.


        Era um homem de respeito. Fizera o que tivera de fazer para alcançar a glória. Salvara aquele país de uma crise. Quando o medo afrontava a população, ele era um herói. Se o final fora satisfatório, do que importam os meios?


       Uma fonte anônima fora o motivo de sua ruína. Dez páginas de declarações, ouvira falar. Dez páginas enviadas ao homem que agora sentava-se a sua frente, presidente do Conselho Mágico. O único capaz de tirar-lhe do cargo. Nessas páginas, a fonte anônima, que o ministro preferia denominar covarde, descrevera em detalhes todos os seus feitos. Detalhes que apenas ele próprio conhecia, pelo amor de Deus. Como aquilo fora vir a tona? Desvios de verbas. Tráfico de influência. Negligência moral. Eram, a visão do governante, medidas necessárias frente a uma crise. Não era cabível, no entanto, para o Conselho. Votaram por seu afastamento.


          Maioria absoluta.


          James Hopkins, o presidente, indicou-lhe onde assinar. Mera formalidade. Era preciso aquele documento para a nomeação de um novo Ministro. O próprio presidente do Conselho era um forte candidato. Lhe estendeu também, a pena. Nesse momento, o ministro olhou-o nos olhos uma ultima vez. Eram resolutos e cruéis. Senso de justiça, desdenhou, se não fosse por mim, metade de vocês não estaria aqui.


          Mas que assim fosse, concluiu. Se era para cair, que fosse como um grande líder. Talvez fosse narcisista. De que importava, agora?


          Rabiscou sua assinatura na linha em branco.


 


        Harry e Hermione subiram as escadas que levavam ao gabinete, um de cada vez. MacGonagall ia logo atrás deles. Eles haviam trocado alguns olhares significativos, mas fora só. A professora não os dera chance de fazer nada mais.


        A adaga permanecia oculta sob suas vestes, e sua presença fria e metálica o deixava ansioso. Sabia que não poderiam ser boas notícias. Não se lembrava da última vez que estivera ali para ouvir boas notícias. O que seria desta vez? Mais alguns mortos? Outro ataque? Ou algo completamente diferente e inesperado, como de costume?


       O grave “entre” de Dumbledore era o mesmo desde que Harry conseguia se lembrar, e seu tom de voz não dizia absolutamente nada. Sua expressão ao adentrarem na sala, por outro lado, dizia tudo. Era preocupada e séria. Más notícias. Por que tinham de ser sempre más notícias?


        Ele os mandou sentarem-se, e assim fizeram. MacGonagall se dirigiu ao seu costumeiro canto, ao lado da penseira. Estivera evitando os olhares de Harry desde que os encontrara no corredor. Dumbledore suspirou.


       - O tenho visto com muita frequência, não é? – disse o ex-diretor, dirigindo-se a Harry – Imagino que já esteja cansado disso.


       - Não do senhor – apressou-se Harry – Mas sim. Posso dizer que sim.


      Dumbledore deu uma risadinha.


      - É muito cortês de sua parte dar uma alegria a um velho morto, Harry. Espero poder conversar realmente com você, algum dia. Sem ter de tratar de assuntos tão mórbidos, ou ser sempre o mensageiro de más notícias. – disse ele, eloquente – Acredito com sinceridade que esse dia chegará, mas, infelizmente, ainda não é este. E eu trouxe a Srta. Granger aqui pois o assunto que tenho de tratar está diretamente relacionada a ela.


        Willian, concluiu Harry de imediato, ele vai falar sobre Willian. Espiou a expressão dura de Hermione e entendeu que ela chegara a mesma conclusão que ele. A raiva dominou-lhe o peito novamente e, de súbito, o peso desconfortável da adaga contra seu peito se dissipou. Tornou-se reconfortante.


         - Isso pode demorar um pouco, Harry, pois preciso voltar mais de dezoito anos para que você compreenda. Mas tentarei ser breve, prometo. – começou o ex-diretor – Imagino que você se lembre bem do papel de Pedro Pettigrew na vida de seus pais. O guardião do segredo de sua localização. O que você não sabe, Harry, é que Pedro não foi a primeira opção de Lílian e Tiago. Eles mantinham uma amizade dos tempos de escola, e foi a ela que eles primeiramente confiaram o segredo. Seu nome era Laurene Mezzofanti. Diziam que ela era ainda mais poderosa que sua mãe. Eu discordo, mas isso não vem ao caso. O fato é que Laurene era, realmente, a escolha certa. Sua lealdade e carinho pelo casal a tornavam ideal. Seria capaz de morrer pelo segredo. E foi o que aconteceu. Dessa forma, como você já deve ter concluído, Pedro foi a segunda opção de seus pais, após sua morte.


         Harry franziu a testa, confuso. Ainda não havia entendido a relação da mulher com Willian. Suspirou. Se Voldemort não a houvesse encontrado, seus pais jamais seriam obrigados a escolher Pedro. Em suma, ainda poderiam estar vivos. Mas o Lorde Negro parecia alcançar e impedir todas as tentativas de sobrevivência da família. Estava empenhado em destruí-la.


         - Acontece, Harry – continuou ele – Que Laurene se envolvera em um relacionamento pouco saudável com um trouxa, e com ele teve um filho. O homem desapareceu depois dela ter dado a luz. Jamais descobri a identidade de tal homem, e Laurene não falava sobre ele, nunca. Laurene ficou desamparada por um tempo, e seus pais a ajudaram a se reestabelecer. Como forma de gratidão, ela os nomeou padrinhos da criança. Ele não tinha mais de quatro anos quando Laurene foi morta por Voldemort. Como ele desapareceu depois do ocorrido, presumimos que ele havia sido morto também, já que Voldemort se deu ao trabalho de eliminar qualquer vestígio do corpo de Laurene. Agora, sou obrigado a admitir uma coisa: foi um erro de minha parte me precipitar tanto. Ele está bem vivo. Minerva, mostre a eles, por favor.


         MacGonagall saiu de seu canto habitual e se dirigiu à escrivaninha, com um expressão curiosa no rosto. Harry se demorou em seu rosto por conta disso. Era uma mescla de preocupação e pena, concluiu. Concluiu, mas não compreendeu. Seus conceitos estavam sendo alterados naquele momento. Saber que Pedro Pettigrew não fora a primeira opção, de certa forma, amenizava o cenário da morte de seus pais. Eles não depositaram sua confiança no traidor. Sob alguns olhares, era possível dizer que eles não tinham mais outra opção.


       Sua mente se confundiu ainda mais ao identificar o objeto nas mãos de MacGonagall. Parecia ser uma fotografia. Ela crispou os lábios por um segundo, momentaneamente hesitando. Suspirou. E entregou a foto a Harry, devagar.


        O relógio bateu meio dia, e Harry desceu os olhos até a imagem.


        Viu o local. Uma casa simples. Móveis de madeira tosca.


        Viu uma mulher. Laurene. Traços delicados. Sorriso aberto. Lhe pareceu familiar.


       E viu um menino. Feliz. Cabelos loiros compridos. Foi nos olhos que Harry se ateve. Brilhantes. Ele conhecia aquele brilho. Conhecia aquele rosto.


      A verdade o atingiu junto com a décima segunda badalada.


      Conhecia muito bem a pessoa que o menino se tornaria.


       Não.


      Trêmulo, virou a foto. Encontrou algo escrito em uma caligrafia fina e inclinada. Uma palavra.


      Uma palavra que mudava tudo.


       Mamãe.

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Comentários (3)

  • matthew malfoy

    Excelente capítulo sem sombra de dúvida com direito a suspense e dose de romance, desde quando Hermione tem essa ousadia toda, muito bom.E o filho de Laurene é mesmo Kenbril? Se for ainda vai rolar muito drama, hein.Agurado ansiosamente pelo próximo capítulo, abraços. 

    2012-07-13
  • Isis Brito

    Há! Eu sabia que o William era filho da Laurene!! (humor mórbido, rsrsr)Agora que as coisas ficarão tensas!! \o/\o/\o/Momentos fofos dos casais, meus momentos favoritos, devo dizer! ;DMas todo esse suspense me intriga até a alma!!Continua!! \o/\o/\o/ 

    2012-07-11
  • Jade Moreira

    Adorei mais por favor =))))))))))

    2012-07-11
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