Verdades



Um silêncio, notavelmente denso, reinou após o pronunciamento. O Ministro Scrimgeour inclinou-se para frente, sobrancelhas juntando-se inquisidoramente sob o par de olhos amarelados. Dumbledore, também parecendo surpreso, cruzou as pontas dos dedos sobre o peito, como sempre fazia. Snape, incapaz de se mexer, não esboçou qualquer reação além de um leve som nasal, quase inaudível.


Harry era a junção da surpresa, curiosidade e tensão que parecia dominar a sala apertada com tantas dúvidas. Willian...Willian, Willian, Willian. O que diabos havia com Willian? Hermione parecia preocupada, perturbada. Inquieta. Suas mãos se remexiam, nervosas.


Foi Dumbledore que falou primeiro:


- Perdão, Srta. Granger? O que disse?


- Disse que preciso falar sobre Willian Kenbril imediatamente – repetiu ela, amedrontada mas decidida.


- Bem, não sei se percebeu, Srta. Granger, mas estamos um pouco ocupados no momento. – disse Scrimgeour, autoritário. Hermione arregalou os olhos, parecendo não haver notado, até então, que o Ministro da Magia estava lá.


- Realmente sinto muito, senhor Ministro, mas é realmente urgente... – recolocou Hermione, que parecia diminuir a cada segundo.


- Temo que não seja possível...


- Ora vamos, Rufo, deixe a menina falar! – interrompeu MacGonagall. Seus pequenos e severos olhos escuros estavam incomodamente fixados na morena. – É obvio que há algo realmente importante a ser dito, do contrario não interromperia nossa reunião.


- Minerva está certa. Prossiga, Srta. Granger – disse Dumbledore. – Posso saber qual é o problema com o Sr. Kenbril?


- Bem, eu...não sei por onde começar... é realmente muito complicado... – o embaraço da garota era digno de pena. A confiança em sua voz, fortíssima segundos atrás, desapareceu. Ela olhou novamente para Harry, como quem pede desculpas.


Em um impulso que não conseguiria explicar mesmo dias depois, Harry resolveu se pronunciar. Estava perto da verdade, ele sentia isso. Precisava saber.


- Hermione – disse, com a voz um tanto rouca. Fazia muito tempo que não dizia seu nome – Foco, por favor. O que há com Willian?


Ele a mirou, sério. A morena respirou fundo e tomou coragem. Disse:


- Professor Dumbledore, há um tempo atrás, em uma reunião privada envolvendo Harry, Rony e eu mesma, o senhor transmitiu que suspeitava de um espião em Hogwarts, a mando de Voldemort. Pois bem, esse espião é Willian.


- Senhorita Granger, posso saber de onde você tirou essas... mirabolantes acusações? - Scrimgeour interrompeu, vermelho.


- Por favor, senhor Ministro, deixe-me terminar – falou Hermione, ansiosa – Ele foi enviado por Voldemort para nos espionar, espionar Harry. Como eu sei disso? Bem, tenham certeza de que não estou apenas fazendo suposições. Como o senhor deve saber, professor, eu e Harry namoramos por um tempo. – ela fez uma pequena pausa, mas não se arriscou a olhar para o moreno – Willian apareceu alegando ser um colega meu de uma escola trouxa que já estudei. E realmente havia um Willian Kenbril em minha sala, na época. Portanto, acreditei totalmente nele. No Natal... ele enviou uma carta para mim, que Harry acabou vendo. Ele dava a entender que eu tinha um caso com ele. E Harry, bem... ficou realmente muito bravo. Quando voltamos para a escola, fui tirar satisfação com Willian, pois eu realmente não tinha nenhuma relação com ele. Foi que, bem... aconteceu.


- Aconteceu o que, Srta. Granger? – pressionou Dumbledore, curvando-se sobre o colo, atento.


- Ele...disse que eu não podia ficar com Harry. Disse que precisava que nós nos afastássemos. Eu o perguntei por que, e ele deixou claro que não tinha nada haver com relações amorosas de nenhum tipo. Ele, bem... cometeu um deslize. Disse que era sua missão aqui. Então eu o pressionei a contar que missão era essa. Logo deduzi que ele deveria ser alguma especie de enviado das trevas. Então, ele me fez jurar segredo. Me ameaçou. Ameaçou te matar se eu falasse alguma coisa! – gritou, virando seu rosto desesperado para um Harry imóvel. Paralisado pela perplexidade. Seu rosto estava contorcido em uma expressão que se aproximava de raiva. Hermione percebeu e se descontrolou, começando a chorar compulsivamente. – Ele me fez agir como namorada dele, para dar continuidade ao plano! E eu não podia me aproximar de você, senão, ele dizia, que me mataria e a você e Rony também, e qualquer outra pessoa que eu amasse!


Hermione levou as mãos ao rosto para esconder as lagrimas. Soluços intermináveis marcavam sua respiração descompassada. O aposento estava paralisado, perplexo. Até Dumbledore, em sua sabedoria controlada, cobriu discretamente a boca com uma das mãos para não demonstrar que estava boquiaberto. Scrimgeour levara as mãos a testa, pressentindo problemas. Snape, acorrentado, arregalara os olhos para a morena a sua frente.


E Harry, bem... Harry era provavelmente a pessoas mais emocionalmente confusa do planeta naquele momento. Não sabia se sentia medo pela ameaça crescente, alivio por descobrir que Hermione não o traira, raiva por ela ter escondido aquele ser desprezível. Não sabia como nomear todos aqueles sentimentos e alguns mais juntos. Fechou os olhos e encostou a cabeça na estante as suas costas.


Dumbledore falou primeiro:


- Bem, é evidente o tamanho do problema. Em todos os aspectos, certo Ministro?


- O que quer dizer com isso, Dumbledore?


- Bem – disse MacGonagall – esse... aluno... alegava ser seu sobrinho.


- Meu...o que?! – bradou Scrimgeour – Sequer tenho um sobrinho! Quem dirá um espião! Meu irmão é solteiro, nunca se casou!


- Então está claro o tamanho da desordem com a qual nos deparamos aqui! – exclamou MacGonagall. – Esse garoto é uma ameaça! Diga-me, senhorita Granger, ele sabe que está aqui?


- Não deveria, mas... Já deve saber a essa altura. Ele é muito inteligente. – balbulicou Hermione, em meio aos seus soluços.


- Precisamos achá-lo. – disse Scrimgeour, em um tom sério.


 


Dez minutos depois havia uma concentração imensa de pessoas a frente da gárgula que dava acesso ao gabinete. Alunos foram mandados para a cama mais cedo, professores e monitores-chefes avisados a não deixar ninguém sair do castelo. Alguns oficiantes do Ministério da Magia agitavam nervosamente suas varinhas, esperando por ordens.


Harry estava sentado em um canto, refletindo. Não sabia se odiava Hermione, não sabia se deveria sentir medo. Não sabia se o certo seria perdoá-la, ou não. Repassava mentalmente todas as cenas dos últimos meses. De fato, Hermione nunca pareceu a vontade em sua relação com Willian, sempre que possível tentava aconselhar Harry a fazer o melhor para ele... Mas não, Hermione era uma traidora, se realmente se importasse com ele teria falado dos planos de Willian... E arriscado sua vida? Harry nunca permitiria que ela fizesse isso... Mas ela o fez sofrer tanto, tanto...


Sacudiu a cabeça que doía, tentando clarear os pensamentos. A sua frente, MacGonagall e um monitor-chefe conversavam.


- Nenhum sinal dele nos dormitórios, professora...parece ter evaporado como água – dizia ele.


- Não é possível, as portas do castelo foram trancadas...ele ainda está aqui dentro, e devemos acha-lo o quanto antes! – reforçou MacGonagall, preocupada. De repente, pareceu ter uma idéia e gritou – Srta. Granger! Venha comigo. Você pode nos ajudar a encontrá-lo


Hermione estava sentada no lado oposto do corredor, e ainda chorava. Ao ouvir as palavras da professora, levantou o rosto. Sua expressão era de completo desespero, pânico profundo. Medo. Mais medo do que ela jamais havia sentido na vida.


- NÃO! EU NÃO QUERO PROCURÁ-LO! EU NÃO QUERO VÊ-LO! NÃO ME OBRIGUE! – gritou a morena.


O salão todo se assustou com o repentino grito desesperado. Harry, por mais que houvessem se afastado nos últimos tempos, ainda a conhecia bem. E sabia que uma simples ameaça, mesmo sendo de morte, não seria capaz de gerar aquele medo, principalmente se tratando de uma pessoa tão centrada como Hermione. Então, como em um passe de mágica, Harry relacionou tudo, formando uma horrível possibilidade em sua mente.


Não se importou com mais nada, com nada que ninguém pudesse pensar a respeito de sua atitude. Levantou-se de um salto e atravessou o corredor em direção a garota que tremia e chorava. Pegou em seu braço e a fez olhar em seus olhos.


- Hermione, olhe para mim – disse, sério – Olhe para mim, Hermione.


- Eu não quero ir, não quero vê-lo nunca mais...


- Eu sei, ninguém vai te obrigar. Por favor, olhe para mim.


A morena finalmente obedeceu, erguendo seus olhos inchados na direção dos dele. Lagrimas rolavam sem parar por sua face delicada, bela. Forçou-se a manter o foco.


- Muito bem, agora preste atenção – falou Harry, pausadamente – O que ele fez com você?


- Ele...ele... – ela continuava desesperada, não importava o que Harry dissesse.


- Ele te machucou? De qualquer forma?


- Sim – disse, depois de muito esforço.


- Hermione, por favor, isso é muito importante. Preste atenção: o que ele fez com você?


Hermione o olhou com a expressão mais penosa que já vira. A dor, o desespero, o medo...se fundiram em um só, na natureza sombria dos acontecimentos. Harry temia que estivesse certo. E se estivesse...


Um estrondo ecoou em algum lugar do castelo, fazendo todos se calarem novamente. Em um segundo, um vento carregado de magia varreu o ambiente, apagando tudo em seu caminho. Antes que qualquer um soubesse o que estava acontecendo, Hogwarts inteira estava no escuro.


Harry apertou com mais força o braço de Hermione. É irônico como, apenas naquela situação critica, conseguiu admitir para si mesmo o que tentava negar desde o Natal: ainda a amava. Haviam muitas coisas a ser explicadas, mas a amava.


Passos vindo de algum lugar. Alguem assoviava uma musica alegre, cada vez mais alta enquanto os passos se aproximavam. Ninguem ousou se mexer. Com um calafrio na espinha, Harry ficou em pé e virou-se. Sentiu na hora algo frio chocar-se com seu rosto. Caiu, em desespero, consciência oscilando. Tateou em busca de Hermione, onde sabia que ela estaria. Seus dedos tocaram apenas a superfície fria do chão enquanto os passos se afastavam.

N/A:  AÍ MEU DEUS! Ou seria melhor deuses?! Um só Deus não dá conta!
          Pessoal...desculpa. De verdade, eu peço desculpas. Sinto muito MESMO. Uma série de complicações levaram a isso. Eu deveria ter sido mais organizada, para isso não acontecer. Acontece que não fui. Pisei na bola com vcs, e espero que possam me desculpar. De verdade.
           Enfim, um pouco sobre o cap...wells (risada do mal) agora é que as coisas se complicam. Nos aproximamos do fim...mas relaxem. Não vai acabar daqui a dois caps. Apesar de termos umas cenas emocionantes pela frente, ainda não esgotei minha cota de criatividade. Tenho coisas para escrever... quem sabe até pessoas para matar? Brincadeiras a parte, não sei se vou matar alguem importante.  Talvez sim, talvez não.
            Estamos nos aproximando do fim do ano...do fim da fic... de repente bateu uma nostalgia....
              E o misterio está no ar!!
             Agradecimentos especiais a Erica, que dessa vez me deu o prazer de sua opinião.
              Apostem a vontade! É o começo do fim!

Bjos, Giovanna 

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Comentários (1)

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