Preocupações



   Harry não sentiu nem viu muita coisa depois daquilo. Teve apenas a vaga consciência de ter sido levado para algum lugar e deitado em algo macio, provavelmente uma cama ou um sofá. Compressas geladas entraram constantemente em contato com a pela de sua testa, o que o levou a concluir que estava com febre. Seus sentidos estavam apagados, o corpo não respondia, mas sua mente funcionava da mesma forma como antes do ocorrido, até melhor. Os acontecimentos voltaram lentamente até ele: o livro, o gabinete do diretor, o espelho, os olhos vermelhos, a sensação de pavor, a mão pálida...


    Tudo aquilo era um turbilhão completamente novo para ele. Estava enlouquecendo, não era possível. Ou então... Aqueles olhos, aquela mão. Era de Voldemort, ele tinha certeza. O que acontecera então? Voldemort conseguira entrar em sua mente novamente, ou ele estava tendo alucinações? O que era real naquilo tudo?


    Todos aqueles pensamentos contraditórios fizeram uma dor latejante iniciar-se em sua cabeça. A dor, cada vez mais intensa, levou-o lentamente de volta a consciência. Luzes e pontos coloridos começaram a surgir diante de seus olhos que se abriam.


     - Harry? Harry?


      Abriu os olhos mais um pouco. Uma confusão de pontos vermelhos surgiu em sua vista. Ele demorou a entender que era apenas Rony, debruçado sobre ele de uma forma não muito delicada. Ele sorriu ao encarar os olhos do amigo mais uma vez abertos.


       - Oi, Rony – murmurou Harry, sorrindo levemente – Dá para sair de cima de mim?


       - Ah... claro. Desculpe – obedeceu o amigo, afastando-se rapidamente.


       - A julgar pela oleosidade da minha pele... – disse o moreno, passando uma das mãos pelo rosto – E o tamanho da minha barba... Estou inconsciente a uns dois ou três dias?


       - Acertou. Dois dias. – confirmou o ruivo – Nem me pergunte o que aconteceu. Ninguém quis me dizer nada. Disseram que eu poderia ficar aqui até você acordar, e ponto.


        Harry assentiu, pensativo. Levou delicadamente os dedos a sua cicatriz, que não ardia no momento. Depois de meses quieta, ela resolvera mostrar-se novamente... e isso o deixava muito confuso.


          A porta de enfermaria abriu-se com um estardalhaço. Por ela, entrou McGonagall pisando firme. Disse:


          - Potter, preciso falar com você imediatamente. Weasley, saia.


          Rony levantou as sobrancelhas, um tanto assustado com o tom rude da professora. Ao vê-la lançar-lhe mais um olhar ameaçador, saiu do aposento sem demora e sem pronunciar uma palavra sequer. Era aparente que McGonagall estava muito irritada. Muito mesmo.


             - Em que posso ajudar, professora? – perguntou Harry, apelando rapidamente para seu lado mais formal.


              - Estou com pressa, Potter, portanto serei direta. Espero que você seja igualmente breve. A questão maior é: Onde você conseguiu aquele livro? – perguntou a professora, tão rápido que Harry teve dificuldade para entender. A principio, não compreendeu totalmente a pergunta. Os fatos ainda estavam lhe voltando devagar. Após pensar um pouco, respondeu:


              - Aquele livro não é meu, professora. Imagino que seja da biblioteca ou algo assim.


             - Certo, Potter, me avise quando estiver disposto a dizer a verdade. Um outro ponto: o que fazia em frente ao gabinete do diretor? – indagou ela.


              - Fui até lá justamente para mostrar ao professor Dumbledore, ou a senhora aquele livro. Peço que a senhora me deixe explicar: pouco antes do Natal, fui até a biblioteca. Lá, encontrei um rapaz lendo esse livro na seção reservada. Ele se assustou com a minha presença e fugiu, deixando o livro cair no meio do caminho. Eu peguei e levei de volta ao dormitório. – esclareceu Harry, mesmo sabendo que isso levaria a outras perguntas complicadas.


               - Mas então por que diabos só levou esse livro até nós agora? Por acaso desconhece seu conteúdo? – perguntou McGonagall, irritada.


               - Sei que se trata de assuntos proibidos, das trevas. Sei que há explicações a respeito das Horcrux. Porém, na época que o adquiri, não sabia bem do que se tratava. Por razões que prefiro não mencionar, ou seja, problemas pessoais sem relevância, acabei me esquecendo dele. Só naquela noite que passei a conhecer o real conteúdo daquele livro, e imediatamente procurei levá-lo à diretoria. – disse o moreno. Ao ver que a professora parecia desconfiada, acrescentou: - A senhora não acredita em mim?


               - Sou obrigada a acreditar, pois sua história tem nexo e realmente acho um absurdo relacionarem a sua pessoa a magia das trevas. Entendo quase perfeitamente o que houve, agora. Entretanto isso transfere o maior ponto do problema para outra coisa: quem era o rapaz ao qual você se referiu mais cedo? – perguntou-se a senhora, em tom baixo.


               - Eu gostaria de saber – murmurou Harry – O único dado que posso lhe fornecer é que não me lembro de tê-lo visto outra vez no castelo.


               - Isso complica as coisas. – murmurou a professora para si mesma. – Entretanto, vamos nos ocupar com questões que possam ser resolvidas. O que aconteceu na ante-sala da diretoria? Nós o encontramos semiconsciente, se debatendo e apertando sua cicatriz.


                Harry respirou fundo e relatou sua experiência à professora. Ela pareceu muito surpresa com os fatos. Isso apenas reforçou a tese de que estava ficando louco. Antes que percebesse, havia compartilhado esse temor com ela.


               - Temo que Voldemort esteja entrando novamente em sua mente. – suspirou McGonagall – Infelizmente, é impossível te auxiliarmos com a oclumência no momento. Os dois maiores mestres nesse assunto são Dumbledore e Snape. Obviamente, Dumbledore está incapacitado de realizar esse trabalho.  E Snape no momento está... indisponível.


          - Indisponível? O que quer dizer com isso, professora? – perguntou, mesmo tendo perfeita noção da resposta.


           - Ele... Bem, Potter, melhor eu abrir o jogo com você. Severo Snape está para ser julgado, primeiro pelo comitê interno de Hogwarts. Como você já deve presumir, esse evento é conseqüência de suas possíveis ligações com o Lorde das Trevas.  Essa espécie de pré-julgamento aconteceria ontem à noite, mas Dumbledore orientou-nos a adiá-lo para amanhã. Ele provavelmente deseja sua presença. Entretanto, esse não é nosso único problema. – murmurou a professora, alarmada – Há cerca de uma semana, Voldemort enviou um comunicado endereçado diretamente a mim e ao professor, ao que ele chamou de “responsáveis pelo garoto”. Naturalmente, essa carta referia-se a você. Tenho ordens para não mostrá-la a você, mas seu conteúdo é basicamente o seguinte: Voldemort ameaça atacar Hogwarts caso não lhe entreguemos a ele. No inicio julgamos ser apenas ameaças tolas, mas então, certa noite, enquanto Dumbledore examinava uma vez mais a carta, fizemos outra descoberta: Voldemort havia selado sua promessa com um Voto Perpétuo. Ele realmente está disposto a nos atacar.


                Harry lançou um olhar preocupado para a professora, sua cabeça voltando a latejar devido à enxurrada de informações. Voldemort o queria. E pessoas poderiam morrer por causa dele. Para seu desgosto, MacGonagall recomeçou a falar.


                - Isso, por si só, já seria suficientemente alarmante. Entretanto, sinto informar que a historia ainda não acabou. Essa carta chegou ao conhecimento do Ministério da Magia, e automaticamente ao ministro. Eles enviaram homens para negociar na calada da noite, para evitar rumores indesejados. Nos deram duas opções: ou o expulsamos ou o entregamos. Obviamente, Dumbledore negou firme qualquer uma das duas propostas, e alegou que você estava sobre sua responsabilidade. Eles foram embora, mas não creio que o deixarão em paz. – finalizou a senhora, olhando fundo em seus olhos.


                Harry desviou o olhar. De repente, voltou a sentir como antes o peso da responsabilidade incondicional sobre seus ombros, o dever impossível da vitória a selar-lhe os pensamentos. Nem sabia bem o que estava sentindo ou no que poderia pensar. Sua mente parecia em queda livre, despencando em meio à escuridão do desconhecido.


                Entretanto, outra coisa cutucava-lhe os pensamentos obscuros: Hermione. Haviam dito que suspeitavam dela... Por quê? Certamente a garota nada havia com isso. Ou não?


             - Quando é o julgamento do Snape? – perguntou de supetão Harry.


             - Na verdade, a essa hora deve estar começando.


             - Eu quero ir para lá.


             - Potter, você não está em condições...


             - EU NÃO ESTOU MESMO EM CONDIÇÕES! – gritou para a senhora, perdendo a paciência e levantando-se da cama - NA VERDADE, EU ACHO QUE NUNCA ESTIVE! – e completou, em tom perigosamente baixo – Eu posso morrer em breve. Não há como negar isso. A senhora vai mesmo me privar do direito de ver pela ultima vez a cara do infeliz que talvez seja responsável por isso?!


             - Não... eu creio que não. Vá se trocar, Potter. Cinco minutos.


 


            A dupla caminhava apressada pelos corredores. Harry ainda estava averiguando se, talvez, não houvesse passado dos limites com a professora. Mas ele não se culpava, afinal de contas. Seu estresse (já bem alto antes disso) chegara ao limite. Ele explodira novamente.


            Pela segunda vez em pouco tempo, Harry passou pela gárgula de acesso ao gabinete do diretor. Todas as luzes estavam acesas, e o local parecia lotado. Snape estava sentado em uma cadeira no centro, com seus pés e mãos acorrentados. A cadeira possuía um suporte para o pescoço que o obrigava a sempre olhar diretamente para quem o estava interrogando.




             Ali, recostado em um canto, estava ninguém menos que o Ministro da Magia, mirando com seus olhos amarelos o homem acorrentado. Harry olhou-o longamente, mas ele não pareceu perceber.


             O clima tenso foi quebrado por três fortes batidas na porta. Por ela, para a surpresa geral, entrou Hermione, com um ar muito afobado.


             - Sinto interromper, mas tenho que falar. Rápido, antes que ele saiba que estou aqui. – e lançando um olhar de desculpas a Harry, completou – É sobre Willian.

N/A: Meu Deus do céu, que dia é hoje? 10 de setembro?
         Ok, gente, em circunstancias normais eu teria deixado vcs me apedrejarem MAS...como todo mundo deve ter percebido, o FeB ficou fora do ar por um longo tempo. E esse capitulo foi, voltou, foi revisado, reescrito, pintado de verde e amarelo, e cá estamos, finalmente.
          E eu fiquei muito brava!!! Eu estava planejando um longo papo furado com vcs, quando a fic fez um ano no final de julho. Falaia dos 33 caps, o que mudou, o que continua...mas não deu. Deixa pra fazer toda essa reflexão quando a fic acabar.
          Falando um pouco do cap: já está dando pra sentir que a coisa está ficando tensa, não? E, em um longíquo fim de junho, eu disse que a Hermione ia voltar com tudo.  vai mesmo. O cap. 35 que me aguarde.
           Mas tirem suas próprias conclusões. Já mencionei que adoro teorias mirabolantes e, por que não, conspiratorias?
              Um pouco da fic como geral: estamos entrando na reta final. Não vou falar se a fic vai acabar no capítulo 40 ou no 50, pois eu sinceramente não tenho a MENOR IDÉIA, mas as coisas estão começando a se encaminhar para o fim. E que fim será esse? Bem...quanto mais chutarem, mais proximos podem estar da resposta.
              Isso aí em cima foi só uma indireta para: COMENTEM!!!!!!

 Bjos, e até o cap. 35

 Detalhe: perdoem qualquer erro de digitação na N/A. Meu teclado esta um verdadeiro lixo.



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