Sala Precisa



Capítulo X




Sala Precisa


 


Meus passos rápidos ecoavam no corredor do quinto andar. Não que eu não me preocupasse em ser pega por Filch, mas já sabia que ele não estaria por ali, pois tive que me desviar duas vezes enquanto ele seguia na direção das masmorras, o que me rendeu vários minutos de atraso. E eu estava ansiosa, queria chegar logo e poder vê-lo, tocá-lo, não queria fazê-lo esperar.


Passei três vezes, coloquei a máscara no rosto e quase não consegui esperar as portas aparecerem para que eu as empurrasse. Depois de entrar, me virei para fechá-las e pude ouvir seus passos se aproximando.


Não precisei me esforçar, pois ele mesmo me virou para encontrar seus olhos, e antes que eu conseguisse ver algo mais ao meu redor sua boca já estava na minha, fazendo-me perder a coerência dos pensamentos.


Seus lábios quentes estavam desesperados; o beijo era sôfrego, desejado, mas eu podia sentir carinho e afeto em suas mãos, uma em meu cabelo e a outra em minha cintura. Separamos-nos milimetricamente quando faltou ar, permanecendo abraçados.


- Oi – ele murmurou entre sua respiração ofegante. – Desculpe por isso, mas eu não suportaria esperar mais.


- Tudo bem, - eu sorri. – Não foi exatamente algo que eu não tenha gostado.


Ele sorriu também e me levou pela mão até um sofá próximo. Notei então o ambiente e vi que se parecia muito com a casa na árvore, até mesmo com janelas enfeitiçadas, onde eu via um céu estrelado e sentia uma brisa suave.


- E então, o que quer beber? Essa sala pode nos ceder tudo!


- Acho que uma cerveja amanteigada é uma boa pra começar...


Mal terminei o pedido e uma garrafa apareceu na mesinha de canto ao meu lado. Abri-a e servi-me, enquanto meu mascarado pedia outra. Ele sentou-se ao meu lado e afagou meus cabelos. Conversamos sobre as sulas, o novo ano. Depois veio o quadribol, o interesse pelo mundo trouxa. Descobri que ele queria músico, mas não apenas para a comunidade bruxa, e isso o fez questionar o que eu gostaria de me tornar. Eu tentei disfarçar, mas já era hora de contar. Com ele a conversa fluía e a confiança só aumentava sem nem repararmos. A pergunta me levaria para o lado pessoal, mas o quê eu poderia temer?


- Vai, conta, eu não vou rir, seja lá o que for que você sonhe ser – ele pedia descontraído, o maravilhoso sorriso nos lábios.


Eu forcei um sorriso envergonhado, mas acho que não tive êxito, pois seu semblante não estava mais tão relaxado.


- A minha família... bem, ela não tem muita vontade... não, quero dizer, necessidade... que eu tenha uma profissão. E, pra ser sincera, eles ficariam abismados se eu decidisse começar alguma carreira. Talvez até desaprovassem.


Eu esperei que ele risse agora, ou ficasse irritado, no mínimo confuso, pois era um pensamento bem careta no mundo de hoje. Mas ao invés disso ele tinha a expressão branda, quase num sorriso.


- Acho que eu entendo o que quer dizer. Não que eu concorde, acho que deve seguir sim uma profissão, ter sua independência. Mas imagino que a minha família, rica e orgulhosa, também não faria se eu decidisse estudar mais em vez de cuidar dos negócios que um dia herdarei. – seus olhos se fixaram nos meus com compreensão. – Devo presumir que sua família também seja rica e orgulhosa?


Ele riu ao perguntar, e eu o acompanhei enquanto balançava a cabeça, confirmando. Eu não podia perder essa oportunidade. Se eu estava me apegando a ele como pensava que estava, eu deveria ser sincera.


- Além disso, - comecei. – O interesse em juntar outros negócios é grande.


Em um primeiro momento ele pareceu confuso, mas em pouco tempo isso mudou. Sua nova expressão não era tão relaxada quanto antes, mas não parecia irritado, tampouco. Pelo menos, não comigo. Ciúmes?


- Você quer dizer... um casamento arranjado? – ele quase cuspiu a última palavra. E agora seu desgosto era notável, mas seus olhos, quando direcionados a mim, continham o mais puro carinho e algo mais. Parecia medo. De me perder?


- Exatamente, querido. Eu precisava contar. Não podemos simplesmente ignorar isso.


- Tudo bem, você tem razão. Não posso ficar aqui sonhando que um dia sairemos por aí juntos publicamente, sem máscaras. Você tem sua vida.


- E você a sua. – completei. Eu não gostava do jeito como ele falava apenas de mim, como se eu estivesse adorando ter um noivo forçado para atrapalhar tudo.


- Não tenho nada melhor que você, em qualquer que seja a minha vida. Deixaria qualquer coisa para te ter para sempre.


Isso foi forte. Foi doloroso, pois eu senti a verdade em suas palavras. Não seria pra sempre, talvez fosse apenas esse ano, ou esse mês. Mas agora era impossível evitar, então porque não aproveitar enquanto eu o tinha?


- Eu nunca disse ter algo melhor que você – e o beijei.


Não como todas as outras vezes, com o desejo irrefreável. Parecia um primeiro beijo, retraído, calmo. Suas mãos não percorriam meu corpo, apenas se fixaram num abraço estreito sob meus ombros, mantendo-me o mais perto possível. Era algo novo, para nós dois. E durante toda a noite, eu não pensei um segundo sequer em Sirius Black.



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Capítulo emocional, e adiantado! cheguei antes de viagem e consegui reescrever, não ficou tão bom quanto o primeiro, mas vá lá.


e má notícia, o XI vai demorar a sair, vou viajar de novo :/


beiijo amores :*

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