Uma Noite de Sangue e Lágrimas



N/A: Sei que estou me comprometendo com todos, ao começar uma nova fic antes de terminar a que está em andamento," Lembranças de Outra Vida".

Mas eu não consegui resistir, ao ter a idéia para esta, em começar a escrever e postar. Eu até que tentei resistir, pedindo a opinião de algumas pessoas, mas ao invés de me desestimularem, como deveriam, acabaram insistindo para que eu continuasse a escrever. Então aí está. Espero que gostem.


Capítulo 01 – Uma Noite de Sangue e Lágrimas



Inglaterra, 1181. No auge da Idade Média, o país ainda vivia em um sistema Feudal. Apesar de haver um governo central, na figura do rei Ricardo, esta não era respeitada nos condados, onde imperava a vontade dos lordes. Estes lordes eram os senhores da maioria das terras, e quem quisesse viver naquela época, só conseguiria se estivesse sob a bandeira de um destes senhores de terras.

Os lavradores plantavam ou criavam gado nas terras do senhor, e pagavam uma gorda comissão a este em troca. Estes também tinham a obrigação de servir a seus senhores fornecendo mantimentos e homens para seus exércitos, visto que não era raro haver disputas entre feudos para expandir seus domínios. Era comum também, o grande numero de vassalos que estes senhores possuíam.

Claro que os senhores também tinham suas obrigações para com a coroa, mas desde que se pagassem os tributos acertados, o rei não se importava com o que acontecia em seu reino. Vivia em seu palácio e usufruía as regalias da corte, apenas tomando qualquer atitude quando alguma ameaça externa surgisse, colocando em risco sua mordomia. Ou pelo menos, era o que a maioria da nobreza acreditava e o rei não fazia muita questão de mudar esta opinião das pessoas. Certa ignorância a respeito das prioridades do reino era uma boa estratégia.


Mas nem todos os nobres eram crápulas. Existiam alguns bons homens, que não exploravam seus servos e agregados. Homens que acreditavam que, ao trabalharem em conjunto, em união, todos sairiam lucrando e vivendo uma vida mais digna e pacífica. Eram minoria, mas existiam. E um destes homens era lorde Granger.


Lorde Granger era considerado um dos mais honrosos e bondosos homens do condado. Não era rico como outros da região, como Os Malfoys, de longe a família mais poderosa, mas conseguiam ter um padrão de vida razoável. Possuíam uma área consideravelmente grande de terras, onde trabalhavam várias famílias. Era um homem ainda jovem, de pouco mais de trinta anos, casado com uma bela mulher, pai de uma linda menina, chamada Hermione.

A criança, muito parecida com a mãe, era extremamente inteligente e para deleite do pai e desespero da mãe, que julgava aquilo um disparate para uma dama, ela adorava ler. Um dia, aos oito anos, vira o pai na grande biblioteca, lendo um pesado volume com capa de couro. Curiosa, ela perguntou ao pai o que ele estava fazendo, e quando ele explicou e exemplificando, leu um trecho da estória, a menina ficou encantada. Implorou ao pai a possibilidade de aprender a ler, e como este nunca lhe negava nada, suas aulas começaram ali mesmo, naquele momento, sentada no colo do pai. Encantada com a nova descoberta, no dia seguinte tentara mostrar aos amigos a maravilha do mundo letrado. Não encontrou muitos adeptos, a não ser a pequena Ginevra, uma menina um ano mais nova do que ela, filha da cozinheira do palácio, Molly Weasley.


A família Weasley vivia nas terras dos Granger há anos. Arthur Weasley era o homem de confiança de Lorde Granger. Seu pai trabalhara com o pai de Lorde Granger, e depois que este morrera, Arthur assumira seu lugar. De modo que se conheciam praticamente a vida inteira. Podiam se considerar amigos, dentro do possível. Quando se casara com Molly Prewett, ganhara uma casa, não muito distante do castelo, de presente. Ali viviam o casal e seus sete filhos. Todos ruivos. Os mais velhos, Guilherme e Carlinhos, já serviam na pequena força militar do feudo. Percy, apesar de ter apenas quinze anos, já se preparava para seguir o caminho dos irmãos. Os gêmeos, Fred e Jorge, com treze, ainda ajudavam a mãe nos afazeres da casa. Sob protestos, mas ajudavam. Havia Ronald, com onze, e a pequena Gina, com dez anos. E um garoto que eles criavam, o pequeno Harry, que apesar de não saberem a idade, calculavam entre dez e onze anos.


“Só Harry”, ou Harry-de-nada, como algumas crianças costumavam chamá-lo por pura maldade, era um verdadeiro mistério para todos. Cinco anos antes, numa noite fria de inverno, Molly escutara um som em sua porta. Quando seu marido, de espada em riste saiu para ver o que era, encontrou em sua soleira o pequeno Harry. Ele estava adormecido, porém tinha as roupas rasgadas e sujas de sangue. Em sua testa, uma horrível cicatriz em formato de raio, aparentemente feita a fogo. A criança dormiu até a manhã seguinte, e quando acordou estava faminta. Lorde Granger foi chamado e enviou homens para procurar quem invadira suas terras e deixara-o, mas nenhum de seus batedores encontrou um rastro sequer. Quando questionado sobre quem o deixara ali, o menino respondeu com simplicidade que não sabia. E quando questionado sobre seus pais, o menino dissera que estes estavam mortos e começara a chorar.


Penalizado com a situação da criança e possuidor de bom coração, lorde Granger permitira que os Weasleys ficassem com o menino. Mesmo por que, ele não tinha outra saída, já que Molly já o abraçava de forma matriarcal. Ele sabia que ela não deixaria que nada acontecesse com o ele. Que seria criado como um de seus filhos.


Harry nunca falava dos pais ou do que ocorrera na noite em que fora encontrado na porta dos Weasleys. Mas era óbvio que isto o afetava sobremaneira. O menino era tímido, retraído e às vezes um tanto distante. Com o passar do tempo, começaram a respeitar essas suas características. Seria natural, em decorrência do trauma. Mas era muito educado e carinhoso e aos poucos, ele foi travando uma grande amizade com as outras crianças da sua idade. Rony, Hermione - Ou, como ela gostava se der chamada, Mione - E a pequena Gina, a quem ele protegia dos outros irmãos o tempo inteiro. Apesar de sempre levar a pior, já que era extremamente magro e mirrado, fator que dificultava muito se saber qual era a sua verdadeira idade. O rapaz até se interessou a aprender a ler com Mione, mas ele tinha um sério problema de visão, que o impedia não só a ler, mas de caçar e executar outras atividades que necessitassem de uma visão mais apurada.


Assim os anos foram passando e tudo estava dentro da normalidade, até que chegou a primeira semana de agosto de 1181. Tudo começou na noite do dia trinta para o dia trinta e um de julho. Harry já estava deitado em sua cama de palha, no quarto que dividia com Rony e os gêmeos. Acordou sentindo-se extremamente mal, com uma dor lancinante no abdome, febril e com ânsias. Não gostava de incomodar os Weasleys, então resolveu agüentar até o amanhecer. Mas o mal estar não durou muito, e finalmente Harry dormiu, ainda com a testa molhada de suor.


Na manhã seguinte, ele sequer se lembrava do mal estar e o fato acabou caindo em esquecimento. Nos dias que se seguiram, as crianças notaram uma movimentação diferente entre os adultos. Estes pareciam mais nervosos, movimentando-se constantemente. Homens entravam e saiam a cavalo o tempo todo, armados. As crianças observavam a tudo, curiosas, mas tinham medo de perguntar o que estava acontecendo. Até que viram Gui, o mais velho dos irmãos, aparecer trazendo um cavalo pelos arreios, preparando-se para montar e sair, como tantos outros. Gina, assustada, correu para ele, abraçando-o na altura da cintura.


- Gui, onde é que você vai? Que está acontecendo? – Perguntou ela.
- Não está acontecendo nada demais, Gi. Não se preocupe. – Respondeu o rapaz, mas seu olhar desmentia suas palavras, pois demonstravam extrema preocupação.
- Vocês tratem de ajudar nossos pais por aqui, estão me ouvindo? – Disse Carlinhos, que acabara de chegar, também se preparando para montar – Quando voltarmos teremos grandes estórias para contar a vocês.
- Vocês estão indo para uma batalha, não estão? – Perguntou Mione, esfregando as mãos nervosamente.
- Quem lhe disse isto? – Perguntou Gui, num ato reflexo.
- Ninguém. Eu só deduzi, pela movimentação dos soldados. Vocês estão reunindo o exército de meu pai, não estão? Isto quer dizer que estamos em perigo? – Disse a menina de cabelos castanhos e armados, na maior naturalidade.
- Essa menina é terrível mesmo! – Carlinhos parecia admirado, fitando o irmão e continuou, olhando agora para as crianças – Não há mesmo com o que se preocupar. Nós vamos resolver um problema, mas logo estaremos de volta.
- Eu não quero que vocês partam. – Disse Gina, agora se agarrando ao seu outro irmão.
- Não se preocupe, maninha. Somos Weasleys. Somos duros na queda. Logo estaremos de volta, vocês verão. – Gui brincou com os longos cabelos rubros da irmã, depois se despediu dos demais e montou, sendo imitado por Carlinhos. Logo ambos cavalgavam para fora dos portões com mais alguns homens.
- Precisamos descobrir o que está acontecendo. – Disse Harry – Talvez possamos ajudar.
- Vamos falar com meu pai. – Disse Mione, correndo em direção ao castelo, seguida pelos outros.


Quando o encontraram, ele não deu nenhuma atenção às crianças, o que não era de seu feitio. Isso só os deixou ainda mais alertas, pois demonstrava a gravidade da situação. Procuraram pelo Sr Weasley e o encontraram conversando com Percy.


- Mas pai, eu já tenho idade para lutar. Quero ir com Carlinhos e Gui. – Dizia o rapaz, visivelmente contrariado.
- Sei que você tem idade. E coragem também, afinal é meu filho. Mas preciso de você aqui, ajudando Tristan, Marc e os outros a defender o castelo. Vocês ficarão responsáveis pela segurança de Lady Granger. E isto é uma grande responsabilidade, meu filho. – Disse o homem, suavemente, mas demonstrando firmeza na voz.
- Muito bem então, meu pai. Se é assim, ficarei em meu posto e ninguém passará, enquanto eu viver. – O jovem ergueu o queixo, batendo uma espada contra um velho escudo que trazia na mão esquerda.
- Eu sei que posso confiar em você. – Assentiu o pai, rezando para que o filho estivesse falando apenas por empáfia.


Quando as crianças tencionavam chamar sua atenção, Arthur foi chamado por Lorde Granger. Despediu-se do filho com um abraço, depois das crianças e saiu correndo, terminando de ajeitar a malha de metal que cobria seu torax.


- Mas será que ninguém vai nos dizer o que está aontecendo? – Exasperou-se Rony – Também queremos ajudar, oras.
- Não está claro o que há, Ronyquinho? – Desdenhou Percy, mas em seguida ficou sério – Estamos para ser atacados. Os Malfoys resolveram usurpar as terras de Lorde Granger, de uma hora para outra.
- Eles querem tomar nossas terras? – Mione praticamente gritou, tapando a boca com a mão, que tremia.
- Sim, Lady Hermione. – Continuou Percy – Devem nos atacar entre hoje e amanhã. É uma grande covardia nos atacar assim, de surpresa. Foi muita sorte Gui ter saído para caçar ontem e ter encontrado o exército se reunindo.
- Exército? – Choramingou Gina, preocupada com o pai e os irmãos, que haviam partido há pouco – São tantos assim?
- Bom, não sei exatamente quantos são, mas obviamente estão em maior número do que nós. Estamos aguardando reforços, mas ainda não chegaram. – Disse sem o menor tato, mas ao perceber a cara de espanto das meninas, prosseguiu – Mas não se preocupem, vamos conseguir retardá-los até que os reforços cheguem. E ninguém invadirá este castelo, lady Hermione. Eu prometo
- Eu sei Percy. Sou muito grata por você estar aqui. – E Hermione falou para os amigos – Acho melhor ir falar com minha mãe. Ela deve estar precisando de mim.


Despediram-se e os três foram para casa, procurar a mãe. Mas esta só chegou ao cair da noite, extremamente nervosa, dizendo que a luta já se iniciara. Fred e Jorge, que também estavam em casa, portavam espadas e andavam de um lado para o outro, preocupados. O que em se tratando dos dois, era um fato inédito.

Já passava da meia-noite, e os dois rapazes haviam saído para buscar notícias. O som da batalha se aproximava, e o antecedendo, feridos começavam a chegar, assim como desertores, que passavam correndo em busca de refúgio. Preocupados com o pai e os irmãos, pediram autorização para uma assustada mãe que lhes autorizasse a pedir informações aos que chegavam ou passavam, quanto a paradeiro do resto da família. Molly os aguardava, a cada momento mais apavorada, na pequena varanda de sua casa.


Sentados em um canto da sala, Harry e Rony permaneciam calados há horas. Cada qual com seus pensamentos, imaginando o que o destino reservava para os ausentes ou para eles mesmos. Ou para os Granger. A única pessoa que acabara adormecendo, fora Gina. Mas não por muito tempo.



Gina tinha um sono inquieto, repleto de sonhos ruins, os quais ela nunca mais sequer lembraria quais eram. Mas o que a despertou não foram os sonhos e sim uma luminosidade que rasgava a escuridão de seu quarto. No início ela não conseguia entender o que a incomodava tanto. Afinal, era noite e deveria estar totalmente escuro. Mas, conforme a consciência a tomava, percebeu que havia algo de errado. Pois se era noite, de onde vinha aquela luminosidade? Abriu seus olhos, e forçou a visão a entrar em foco, apesar do sono. Realmente uma luz azulada iluminava o pequeno comodo que usava como quarto. Ela arregalou os olhos, assustada, sentando-se imediatamente em sua cama, puxando o lençol até a altura do pescoço, olhando para a estranha esfera que pairava, bem no meio do ambiente.


Esta esfera, translucida, emitia aquela luz azulada e parecia ser feita de algum material aquoso. Gina tinha certaza de que, se tocasse sua superfície, causaria o mesmo efeito de se tocar na água, ou seja, produziria pequenas ondas. Mas o mais impressionante era que a esfera pulsava. E cada vez que pulsava, aumentava de diâmetro. A menina estava fascinada pelo fenômeno, sentia-se atraída por ela mas ao mesmo tempo, sentiu um terror imensuravel se apossar dela, e gritou.


- Rony! Harry!



O dois, sentados na cozinha, pularam em pé imediatamente. Olharam para as costas da mãe, que continuava fitando o horizonte, e resolveram não incomodá-la. Harry pegou um atiçador, enquanto Rony conseguiu um enforcado que estava apoiado na parede, e ambos correram para o quarto.


- Gina, o que houve? – Perguntou Rony, entrando no quarto, mas parando de chofre ao ver o objeto, que neste exato momento pulsara uma vez mais e aumentara ainda mais de tamanho - Mas o que é isso?
- Nã faço a menor idéia. – Disse Harry, a seu lado – Você está ferida, Gina?
- Não. Eu estou bem. Acordei com isto aí no quarto. Apareceu do nada. – Respondeu a menina.
- Levante-se devagar e venha para trás da gente, Gi. – Instruiiu Harry, erguendo o atiçador em direção da esfera. Esta obedeceu imediatamente, esgueirando-se da cama e buscando a segurança.
- O que será isso? – Perguntou Rony, dando um passo na direção da esfera.
- Não faço idéia. – Harry o acompanhou. Agora que Gina estava segura, a curiosidade começava a falar mais alto – Mas se fosse alguma armadilha ou coisa parecida, acho que já teria acontecido algo.
- Pode ser. Também não acho que seja algo ruim. – Rony parecia encantado com a esfera, que agora parecia mudar de cores, alternando vários tons de azuis, verdes e lilás.
- Rony, afaste-se desta coisa. – Pediu Gina, da porta – Isto me assusta, não é algo normal.
- Não precisa ter medo, Gina. Não deixaremos que nada de mal te aconteça. – Disse Harry, sorrindo para a menina. Voltou sua atenção para a esfera novamente e continuou – O que será que isto faz?


Instintivamente, Harry ergueu sua mão, aproximando-a da superfície, o que causou uma reação estranha no objeto. Do centro da esfera, pequenos relâmpagos surgiram, também em tons azulados, concentrando-se na parede interna, exatamente a frente da mão de Harry. Ele repetiu o gesto com a outra mão e o efeito foi o mesmo.


- Uau! – Soltou Rony, maravilhado. Imitou o amigo, e o mesmo efeito, porém numa intensidade menor, voltou a ocorrer.
- Parem com isso! – Gina estava apavorada, tinha uma péssima intuição sobre aquilo – Parem senão eu vou chamar a mamãe.


Ignorando a menina, os dois garotos se olharam, a mesma pergunta nos olhos. O que aconteceria se eles tocassem o objeto? Era uma insensatez, uma verdadeira loucura sequer pensar em tocar algo completamente desconhecido como aquilo, mas eles estavam se sentindo tremendamente e inexplicavelmente atraídos. Sorriram marotamente, e sincronizados, pousaram as mãos na parede da esfera. Sentiram seus cabelos se arrepiarem e uma corrente percorrer seus corpos. Ao contrário do que previra Gina, a superfície não ondulou. Ela envolveu as mãos dos meninos e começou a puxá-los para dentro da esfera. Gina ameaçou correr para eles, mas Rony gritou.


- Não Gina! Não se aproxime. Fique aí mesmo.
- Fique calma, Gina. Estamos bem, já vamos conseguir nos soltar. – Disse Harry, tentando demonstrar uma confiança que não tinha, a esfera já na altura de seus ombros.


Rapidamente e sem que conseguissem evitar, os jovens foram engolfados pela esfera. Então Gina começou a gritar, desesperadamente. Ouviu passos apressados vindos da entrada da casa, mas antes que se aproximassem, viu a esfera dobrar de tamanho. Viu os olhares assustados de Harry e Rony dentro dela e então, ela simplesmente implodiu, desaparecendo no ar, não deixando sinal algum de sua presença ou dos meninos. Gina ainda gritava alucinada quando sua mãe chegou, e ela não notou que era sacudida violentamente pelos ombros. Continuava gritando, fora de si, até ser esbofeteada. Só então tomou consciência de que havia mais alguém no quarto com ela. Abraçou-a com força e começou a chorar, horrorizada.


- Gina! Gina, o que aconteceu? – Perguntava sua mãe, sem no entanto conseguir qualquer resposta.
- Mãe, não encontramos Rony ou Harry em lugar nenhum da casa. – Disse Fred, que junto com o irmão, estavam com a mãe do lado de fora, quando Gina começara a gritar e a pedido desta, procuravam os menores.


Gina gemia e apontava para o centro do quarto, balbuciando coisas inintelegíveis, ainda sem conseguir se controlar.


- Você sabe onde estão eles, Gina? – E percebendo ser este o motivo do desespero da menina, a mulher também começou a chorar e voltou a sacudir a filha, em busca de uma resposta – ONDE ELES ESTÃO? O QUE ACONTECEU COM ELES, MINHA FILHA? VOCÊ PRECISA ME CONTAR, PARE DE CHORAR E ME CONTE AGORA!



Mas antes que Molly perdesse completamente a cabeça ou Gina conseguisse se controlar, outra voz veio da sala da casa, chamando.


- Molly! Molly, onde você está?
- Arthur! Arthur, estou aqui. – E carregando a filha, ela correu em direção do marido.


Arthur Weasley acabara de entrar em casa, trazendo uma chorosa Hermione no colo. Tinha um grande ferimento na lateral de sua cabeça, que ainda sangrava, e parecia mancar. Depositou a menina de pé no chão, e disse sem rodeios.


- Nossas defesas cairam. Eles conseguiram entrar, estão dominando a propriedade. Invadiram o castelo.
- Invadiram? Mas e Lorde Granger? E a Lady? – Perguntou ela, temerosa, recebendo em resposta apenas um menear de cabeça. Molly levou as mãos a boca, segurando um grito – E nossos meninos, Arthur?
- Não sei de Carlinhos ou Gui. – Respondeu ele, com a voz embargada – Mas perdemos nosso Percy, Molly. Ele manteve a sua promessa. Manteve a posição, e resistiu enquanto pode.


Um grito gutural escapou da garganta da mulher. Como se ela mesma tivesse sido ferida, como se um pedaço dela tivesse sido arrancado. Ela se jogou sobre o marido, que a amparou.


- Meus meninos, Arthur. Eu quero meus meninos de volta. – Chorava ela. Só então percebendo a ausencia de Harry e Rony, ele perguntou.
- E onde estão nossos outros meninos, Molly? Onde estão Rony e Harry?


Um novo e profundo lamento partiu de sua esposa, e antes que ela conseguisse falar algo, Jorge se adiantou.


- Não sabemos, pai. Eles estavam aqui, mas desapareceram. Parece que Gina sabe o que aconteceu, mamãe estava tentando descobrir quando vocês chegaram.


Antes porém, que fizesse qualquer pergunta a sua filha, a casa foi invadida por vários homens armados. Fred e Jorge imediatamente se postaram a frente de Gina e Hermione, de espadas em riste, e Arthur se virou, protegendo a esposa, também pronto para luta.


- A luta acabou, camponês. Renda-se ou junte-se a seu senhor no inferno. – Disse aquele que parecia ser o oficial responsável.
- O que vocês fizeram com meus filhos? – Perguntou Arthur Weasley, entredentes, referindo-se a harry e Rony, que ele julgava terem sido pegos pelo inimigo.
- Provavelmente estão mortos – Respondeu o homem, fazendo pouco caso – E se não quiser perder os que restam, acho bom jogar fora a espada e mandar os dois fazerem o mesmo.



Derrotado, acuado e apavorado com a perspectiva, Arthur deixou a arma cair a seus pés, fazendo sinal para que os gêmeos fizessem o mesmo.


- Boa escolha. Agora andem, seu novo mestre deseja se apresentar. – E, empurrando com a ponta das espadas, obrigou a todos saírem da casa, indo até a entrada do castelo, onde outras tantas pessoas já aguardavam.



Gina só conseguiria contar o que acontecera com Rony e Harry na manhã seguinte. E ninguém acreditaria nela. Gui e Carlinhos apareceram também no dia seguinte. Carlinhos nada sofrera, fora feito prisioneiro durante a luta. Já Gui, sofrera um sério ferimento no rosto, e quase morrera. Como os dois Weasleys mais velhos haviam sido encontrados com vida, Arthur e Molly acreditaram que os filhos deles que haviam sido mortos, como informara o soldado, haviam sido Rony e Harry. E com os corações pesados, resolveram enterrar o assunto.


Por vários anos, a lembrança daquela noite atormentaria os Weasleys. E Hermione. Esta, com seus pais assassinados, tivera todos os seus bens usurpados e passara a viver com os Weasleys. Ela e Gina se consolavam ou choravam juntas à noite, na escuridão do quarto que passaram a dividir. Mas tudo nesta vida passa, principalmente o tempo. E assim, passaram-se seis longos anos.

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