Capítulo 2 - O Tombo



 


O namorado, o lago e uma rodinha de skate.


 


Nós não nos vimos novamente. Pelo menos não durante dois anos...


Para mim era mais um dia comum, fazia já um bom tempo em que não pensava naquele Debut. Eu estava andando de Skate pelo parque lá perto de casa, como sempre fazia aos domingos em vez de ficar assistindo programas chatos na TV.


Foi então que eu escutei alguém gritando, não deu tempo para eu processar o que tinham falado, quando eu vi uma bicicleta me atropelou e eu caí dentro do lago, junto com quem a dirigia.




-Vocês querem parar com isso, por favor?! – falou Rony incrivelmente vermelho.


Houve um barulho parecido com um desentupidor de pia e Gina o encarou irritada.


-Escute aqui Rony, só se for nos seus sonhos que eu irei namorar o Harry sem nunca beijá-lo na sua frente.


Esse é o grande problema em ter seu melhor amigo como cunhado. Pois agora quando sua irmã está de pegação no sofá não tem como sair com um amigo para se livrar de ver essa nojeira. Além de é claro, de o Rony morrer de ciúmes toda vez que ela faz isso.


-É Rony, já estamos a um ano namorando, você já devia estar acostumado com isso. – falou dessa vez Harry.


-Eu sei, mas no momento eu estou mais acostumado com a nossa amizade, que começou um pouco depois do meu aniversario de 16 anos.


-Sabe o que você podia fazer Rony? – perguntou Gina. – Arranjar uma namorada. Ai nós quatro poderíamos se agarrar no sofá, idéia genial não?! – perguntou sarcasticamente.


-Cale a boca Gina. Eu já fiquei com varias garotas, e não vai ser agora que eu vou me amarrar de vez em uma.


-Varias garotas? Eu só me lembro de você com aquela nojenta da Lilá. E eu aprendi isso com você e ela, quando vinham para cá. – e então Gina agarrou Harry mais uma vez, escabelando completamente os seus cabelos enquanto ele passava a mão pelas suas costas amassando a roupa e a colocava no seu colo.


-Ok! Já entendi!


Harry se separou da namorada sorrindo e ela foi de novo para o sofá, deitando apenas a cabeça no seu colo.


-Gente como esses programas de TV são chatos. – Gina falou bocejando e trocando de canal.


-Nem me fale, se nós tivéssemos computador ainda... Pelo menos teríamos algo para fazer.


-Então nós poderíamos namorar um pouco não é? – Harry perguntou fazendo um beicinho e Gina sorriu puxando o corpo do namorado para baixo e lhe dando um selinho.


-Ok, como vocês vão ficar nessa melação toda eu vou dar uma fugidinha. – Rony disse fazendo uma careta e subindo as escadas para o seu quarto. – Ninguém merece aqueles dois devorando um a cara do outro.


Rony entrou no seu quarto pegou seu skate que tinha desde os dez anos e trocou os chinelos por um tênis.


Depois desceu para a cozinha, comeu um sanduíche e se dirigiu para a porta.


-Se a mamãe perguntar eu fui ali no parque ok? – ele disse para Gina enquanto saía e batia a porta.


Rony ajeitou o boné com a aba para trás e começou a pegar impulso no skate. A calçada era cheia de buracos, e a rua era de paralelepípedo.


Passou por vários terrenos, todos eles eram casarões muito antigos, alguns abandonados, que foram tomados pelo mato, e outros que ainda conservavam alguma beleza, mas estavam à venda.


Aquele bairro há décadas atrás havia sido um dos mais ricos de Londres, mas, no entanto agora ele havia sido esquecido. Muitas grades enferrujadas tinham sido dominadas por trepadeiras, e os muros pichados ou demolidos por vândalos.


Foi então que Rony parou abruptamente para observar uma casa em especial. Era com certeza a mais antiga dali. Antes era de um tom cinza muito sujo, marcado pelo tempo. Tinha venezianas verdes escuras, gastas ou descascadas e os vidros fechados a tabuas, exceto por uma janela, que tinha um vidro quebrado. Ela estava à venda há exatamente cinqüenta anos, mas ninguém a comprava.


Foi então, que há três meses atrás, aconteceu o inesperado, haviam retirado a enorme placa gasta que estava escrito À Venda e a substituíram por uma vermelha e chamativa, escrito Vendida. Muitos moradores curiosos começaram então a rondar a casa, observando operários reformá-la, colocando vidros novos, mudando a porta e fazendo incontáveis ajustes.


Hoje ela estava pintada de um amarelo claro, com as venezianas brancas e as enormes vidraças do andar de baixo brilhando reluzentes aos raios de sol. O jardim estava bem cuidado, com muitas flores, um banco embaixo da sombra de uma árvore e uma linda fonte no centro do jardim.


Mas o mais curioso de tudo é que agora havia um caminhão de mudança na frente da casa. A reforma estava finalmente pronta, e os misteriosos moradores chegaram hoje.


Controlando a curiosidade para não pular o muro e ver quem eram, Rony seguiu em frente, fantasiando que sua mãe poderia fazer um pudim de leite mais tarde, que ele traria para cá e o ofereceria como um presente de boas vindas, e diriam que eram seus vizinhos, só que com um quarteirão de distancia, apenas para conhecê-los e matar a sua curiosidade.


Entre pensamentos, Rony finalmente chegou ao grande parque da cidade. Havia um bom espaço sem grama onde ele praticava, pena que não tinha uma pista adequada.


Parou um pouco, quando avistou Dino Tomas caminhando sem rumo entre os bancos, com um pacote de pipoca nas mãos.


-E ai Dino. – falou saindo do skate e pegando um punhado de pipocas do seu pacote.


-Fala Rony.


-Você nem sabe o que eu acabei de ver. Parece que finalmente se mudaram para o casarão!


Dino cuspiu a pipoca que estava mastigando e encarou Rony com os olhos esbugalhados.


-O que estavam reformando há meses?!


-Esse mesmo! Passei lá na frente agorinha mesmo e o caminhão estava descarregando os móveis!


-Nossa! E quem são os moradores?


-Não tenho nem idéia, estava pensando em dar uma passada lá na volta.


-Cara, eu acho que vou lá ver se consigo descobrir. – comentou o garoto olhando na direção da rua, onde daria na casa.


-Pode ir, mas por favor não os assuste, vão pensar que somos loucos.


-Bem... Falou então. Até a escola. – Dino falou amassando o pacote e o jogando no chão com desleixo, enquanto caminhava para sair do parque.


-Até.


Rony voltou a subir no skate, deslizando entre os bancos na direção onde havia um lugar perfeito para andar. Aos poucos começou a pegar velocidade desviando dos cachorros e das velhinhas que davam pipoca para as pombas, por onde ele passou e todas levantaram vôo para desviar dele.


Depois de dar umas voltas, ele logo começou a ir em direção ao lago, o seu lugar favorito no parque. Ele encontrou Luna Lovegood no caminho. Sim, depois do Debut que ela tinha faltado, Harry que era vizinho dela apresentou os dois. Agora eles mantinham contato, e eram até amigos apesar de não se verem muito.


-Olá Luna! – ele falou passando rápido por ela e fazendo sua saia e cabelos balançarem com o movimento.


-Até depois Rony! – ela gritou de volta, abanando, quando ele já estava longe.


Foi então que distraído, enquanto andava em volta do lago sem nada para fazer, Rony ouviu alguém gritar.


-SAI DA FRENTEEEE!


-Qu...?! – Rony virou o rosto dando apenas tempo de ver uma bicicleta descontrolada indo em sua direção.


A bicicleta bateu com tudo no seu tronco, o fazendo perder todo o ar de seus pulmões e sentir uma dor horrível. Logo depois ele se viu caindo dentro da água, com a pessoa que estava dirigindo a bicicleta em cima dele.


O skate e a bicicleta de algum modo se bateram, fazendo o skate quebrar uma das rodas e os dois caírem dentro da água também.


A pessoa saiu de cima de Rony e ele voltou à superfície ofegando.


-Ahhh! – ele disse apertando o seu peito que ainda doía, e logo depois a perna onde sentiu uma fincada. Ele estava de costas para o outro cara.


A outra pessoa também tirou a cabeça de dentro da água e Rony a escutou se virar para ele.


-Merd*! – falou olhando para as próprias roupas e se esquecendo completamente dos machucados. – Minha mãe vai me matar! Ela avisou que não era para eu usar essa camiseta nova que eu ia sujar! Escuta, você é cego ou o que? – começou a falar para o cara atrás dele. Mas nenhuma voz o respondeu.


Rony então fitou algo no fundo do lago e arregalou os olhos.


-Meu skate... – murmurou. Ele mergulhou novamente na água suja e o buscou do fundo, assim como a roda que tinha quebrado. – Agora sim... Já é bom eu pedir para a Gina ir arrumando o meu velório... Ahh, meu querido companheiro de tardes tediosas de domingo... – então ele parou de falar consigo mesmo sentindo a fúria se apossar do seu corpo. – Escute aqui! Isso aqui tinha sido uma fortuna! Você pode até ser um filhinho de papai, mas eu não tenho dinheiro para pagar um novo! – novamente ninguém respondeu. – O que, vai me ignorar?! – ele se virou, estava completamente enfurecido.


-Ronald? É você mesmo?!


-Her... Hermione?!




Eu tenho que te dizer que levei um susto ao ver você parada atrás de mim, com os olhos esbugalhados e a roupa e cabelos completamente molhados, toda a minha raiva pelas roupas estragadas e pelo skate tinham desaparecido. Depois de tanto tempo esquecido, as lembranças daquele dia a dois anos atrás voltaram à minha mente como se tivesse acontecido há cinco minutos.


Olhos vermelhos e embaçados; foi o que eu pensei ao te encarar. Foram por eles que eu te reconheci. Não, eles não estavam vermelhos, muito menos cheios de lágrimas, mas eu reconheceria aquela cor de chocolate em qual quer lugar. Pela sua expressão você estava tão chocada quanto eu, não é a toa que não tinha me respondido quando comecei a xingá-la.


 


-Meu deus... Eu não acredito... – Rony começou a falar com os olhos ainda fora das orbitas.


-Então você ainda se lembra do debut? – ela falou agora sorrindo.


-Como é que eu iria esquecer a minha pretendente?


Hermione então se agarrou no seu pescoço, lhe dando um abraço.


-Eu pensava que nunca mais iria te ver.


-Er... Eu... Queria... Respirar... Agora. – Rony falou aos poucos, e já ficando levemente azul.


-Me desculpa. – ela disse o soltando e corando violentamente.


-Você está diferente... – ele falou a avaliando de cima a baixo.


-É, as pessoas mudam quando não estão com a maquiagem borrada. – ela disse com o seu sorriso desaparecendo e sendo substituído por um olhar preocupado. – Ai, o seu skate... Desculpe-me, mesmo... Eu ainda não aprendi a controlar a bicicleta.


-Ahh, meu skate. – Rony se lembrou dele de repente e o fitou em suas mãos. – Bem, eu acho que posso economizar para comprar um novo. Aconteceu alguma coisa com a sua bicicleta?


-Não, ela é daquelas bem antigas. Pesada e sem freio, mas bem resistente.


-Vamos sair daqui de dentro, estamos no meio do outono. – ele falou indo para a beira do lago e colocando seu skate quebrado para fora.


-Eu acho que vou precisar de ajuda com a minha bicicleta. – Hermione falou a pegando do fundo do lago. De pé a bicicleta ainda ficava completamente embaixo da água.


-Já vou.


Os dois juntos conseguiram carregar a bicicleta e botá-la deitada na beira do lago. Logo depois Rony ajudou Hermione a subir também, e logo foi à vez dele.


-Você não mudou nada. – ela falou pegando sua bicicleta do chão.


-Você mudou bastante, menos a altura, você continua baixinha.


Ela soltou uma exclamação e lhe deu um tapa no ombro, fingindo estar irritada.


-Foi você que cresceu até virar um poste!




Nós dois saímos do lago e começamos a conversar. Com algumas dificuldades conseguimos tirar a bicicleta e o skate da água, e eu te convidei para ir à minha casa, nos secarmos e botarmos o papo em dia.


 


-Então essa é a sua casa? – ela perguntou arrastando a bicicleta e tremendo levemente de frio.


-Ela é bem simples. – ele disse pegando a chave e abrindo a porta. – Mas eu gosto, é aconchegante.


Os dois entraram na sala e Rony deixou seu skate quebrado na beira da escada, para depois levar para cima.


-Rony finalmente! – exclamou Harry da cozinha. – Achamos que nunca ia chegar, fizemos pipoca e... – ele se calou ao ver o amigo completamente molhado, e uma garota ao seu lado no mesmo estado. – Meu deus, o que aconteceu com você?! – ele olhou mais atentamente. – Não acredito. Hermione!


-Olá de novo Harry. – ela disse sorrindo.


-Puxa, na correria do aniversario há dois anos atrás eu tinha esquecido de pegar o seu numero. – ele sorriu. – Acho melhor deixar o abraço para depois. – completou fitando o estado da garota.


-Bem é o que você faz. – ela disse rindo e encostando a bicicleta em uma parede.


-Quem veio com o Rony, Harry? – gritou Gina da cozinha.


-A Hermione! Lembra-se dela, dos quinze anos?!


Então Gina apareceu correndo pela cozinha, estava toda suja de farinha e chocolate.


-Hermione! Como vai? – Gina sorriu como se fossem amigas há anos.


-Ótima.


-Espere... O que aconteceu com vocês dois? – Gina então percebeu o estado em que eles se encontravam.


-Ah, a Hermione me atropelou de bicicleta e nós dois fomos parar no lago.


-Divertido, maneira muito legal de rever alguém. – disse Harry com uma naturalidade que chegava a ser irônica.


-Bem, eu vou pegar uma toalha para você, Hermione. – falou Gina subindo as escadas para o banheiro.


-Pega para mim também?


-Vou pensar no seu caso.


Rony considerou que sim.


-Você mora aqui por perto Hermione? – perguntou o garoto.


-Acabei de me mudar. Eu estou agora em uma casa a um quarteirão daqui.


-Foi você que se mudou para o casarão?! – Rony perguntou se exaltando um pouquinho. – Quer dizer... Eu sei qual é a casa. Cheguei a ver o caminhão de mudança hoje.


-Aqui estão as toalhas. – falou Gina jogando uma para cada um.


-Eu vou indo gente, até depois Hermione. – Harry disse dando um beijo na namorada e saindo da casa.


Hermione deu alguns espirros e fungou.


-Nós ficamos muito tempo molhados. Vou fazer um chá pra gente. – Rony falou secando o cabelo e indo para a cozinha.


Quando voltou Gina tinha ido fazer o dever de casa e Hermione se abraçava sentada no sofá, com a toalha enrolada na cabeça.


-Você ficou muito sexy com o novo visual. – Rony falou rindo, caminhando até o sofá com duas xícaras de chá.


-Muito obrigada, estou pensando em usar no meu aniversário de dezoito anos. – ela respondeu também rindo e pegando uma das xícaras.


-Mas, me conta... O que você andou fazendo desde a última vez que nos vimos?


-Ah... Muitas coisas. – ela falou tomando um gole do seu chá. – Na segunda seguinte da festa eu resolvi desencanar do Krum e parei de sofrer por ele.


-Bom... Ótimo começo.


-Bem, quando eu já nem ligava mais para aquele infeliz ele chegou à minha casa e me agarrou a força. Acabou indo para o colégio no dia seguinte com as marcas de meus dedos no meio da cara.


Rony se engasgou com o chá no meio de uma risada.


-Mas é sério. Nem eu sabia que tinha tanta força para aquilo, acho que foi no momento da raiva. – ela disse rindo levemente. – Depois disso, minha vida seguiu normalmente, ia para o colégio, estudava, chegava em casa, estudava de novo...


-Nossa isso deve ser deprimente.


-Depende do jeito que você encarar. Bem, continuei na minha escola, não fiz mais amigos, mas me acostumei a conviver assim. Eu não estava triste, mas também não posso dizer que estava satisfeita. Comecei a desenhar para passar o tempo, e acho que funcionou bem... Eu não sou uma artista, mas meu desenho é até bonitinho, e é uma coisa que eu gosto. Mudei-me para cá, fui passear no parque e acabei ficando gripada e com um corte na canela. – Rony riu. – E até hoje eu me lembro quase todos os dias de um garoto ruivo que conheci quando estava para baixo, e de toda a família maluca dele. – ela terminou com um sorriso e Rony sentiu seu rosto queimar.


-Bem... Se você quiser nós temos curativo. – ele cortou de assunto.


-Não precisa, ela já parou de sangrar. – Hermione respondeu fitando a própria canela. – Mas e você, o que fez até aquele dia?


-Nada de mais... Harry e Gina continuaram se vendo, e ele acabou virando meu melhor amigo e meu cunhado. Eu também tive um rolo com uma garota, linda, mas ela enchia o saco. Também conheci quem dançaria comigo naquele debut, mas que tinha ficado doente e não tinha conseguido ir, a Luna Lovegood. Muito legal, mas não tem os pés no chão. Depois eu fui atropelado por uma bicicleta descontrolada, me encharquei, machuquei a perna e o peito e para completar quebrei meu skate.


Hermione não conseguiu se segurar e começou a rir.


-Mas se bem que valeu apena, agora eu consegui uma amiga e estamos tomando chá como velhos conhecidos.


-E onde estão os gêmeos?


-Saíram de casa, foram fazer faculdade. Mas eu realmente nem sei por que, eles já estão querendo abrir um negocio de logros e brincadeiras desde os catorze anos.


-O que eles já inventaram?


-Muitas coisas... E eu tenho que te dizer que eles têm talento. Ano passado eles estavam pensando em comprar uma loja no centro, mas o dinheiro estava curto.


-Uma pena, eu queria ver as palhaçadas deles.


-Acredite, todo mundo quer. Eles faziam muito sucesso no colégio. Fred está namorando firme agora, pela primeira vez, e George... Bem, ele está pegando todas.


-Você tem três irmãos então?


-Ih... Acredite, mas não. Eu tenho outros três irmãos mais velhos, no total, seis. Eles são todos ruivos. Gina é a caçula e a menina da família, e eu sou o segundo mais novo.


-Deve ser legal ter tantos irmãos assim.


-Eu não diria isso. Às vezes eles te enchem o saco.


-Eu queria ter um irmão, ser filha única é um tédio. Ainda bem que eu gosto de ler, senão estava ferrada.


-Chegamos! – exclamou Molly surgindo da porta com sacolas de supermercado.


-Eu já estou ficando velho até para isso. – disse Arthur colocando as mãos nas costas e largando as compras no chão.


-Meus pais. – Rony murmurou para Hermione. – Olá mamãe, pai.


-Oi Roniquinho.


-É Rony, mamãe. – ele disse sentindo suas bochechas arderem ao ver Hermione tentar prender a risada.


-Mas eu sempre lhe chamei assim... – então Molly se virou para ele e percebeu Hermione ali sentada. Abriu um grande sorriso acolhedor. - Quem é essa moça?


-É a Mione mãe. Eu a conheci no debut da Laura.


Hermione ficou vermelha e pareceu ter consciência de que estava usando a toalha de turbante, o tirando da cabeça. Logo depois ela se levantou.


-Olá Sra. Weasley.


-Me chame de Molly querida, Sra. Weasley é muito formal. – a mesma falou a puxando para um abraço.


-Oi Sr. Weasley.


-Olá Mione. – ele respondeu apertando sua mão com um sorriso cansado.


-RONALD WEASLEY! – gritou Molly de repente, o encarando. – O QUE O SENHOR ESTÁ FAZENDO COM ESSA CAMISETA NOVA TODA MOLHADA E SUJA DE TERRA?!


-É uma história bem complicada para falar a verdade...


-É minha culpa Molly, eu o atropelei sem querer com a minha bicicleta e nós dois caímos no lago.


-Não se preocupe querida, acidentes acontecem. – disse Molly se dirigindo a Hermione com um sorriso caloroso. - Eu quero saber por que o Sr. Ronald estava com a blusa nova no parque?


-Acalme-se queria, é apenas uma blusa. – interveio Arthur.


-Tudo bem... Hermione, se você quiser pode ir tomar um banho, vai acabar pegando um resfriado. Gina lhe empresta algumas roupas.


-Eu não quero causar incômodos...


-Não é incomodo nenhum. O banheiro é no segundo andar, terceira porta à esquerda.


Hermione sorriu em agradecimento e logo depois subiu as escadas.


-Depois que as visitas forem embora nós conversamos Ronald. – Molly falou o encarando. – Mas que moça encantadora! Por que você nunca me falou dela?


-Bem... Para falar a verdade, nós acabamos nos reencontrando hoje. Fazia dois anos que não falava com ela.


-Uma pena... Realmente uma pena. Creio que você deve ter desperdiçado meses com aquela menina magricela e...


-Por favor, mãe, não pense besteira. – Rony começou a falar sentindo seu rosto ferver. – Mione é uma amiga, não é que nem a Lilá era...


-Essa tal de Lilá para mim não prestava, sinceramente Ronald, você tinha um péssimo gosto. – falou Molly indo para a cozinha. – Vou preparar o jantar. Pergunte para a Hermione se ela gostaria de nos acompanhar para a janta.


-Ok.


-Rony, bote no canal 47, está dando a final do campeonato do Chudley Cannons contra os Tornados. – falou Arthur se sentando ao lado do filho.


-Nossa! Eu tinha me esquecido completamente! – exaltou Rony procurando o controle remoto entre as almofadas. – Puxa, eu estava esperando há semanas pelo jogo!


 Quando finalmente Rony achou o controle remoto e colocou no canal, o jogo já tinha acabado e estava dando os comentários da partida.


-Droga! Nós ganhamos e eu não vi! – exclamou colocando as mãos na cabeça.


-Realmente Ronald. – começou Arthur o encarando com um sorriso compreensivo no rosto. – Essa menina tem algo de especial, para conseguir fazer você se esquecer da obsessão da sua vida.


Rony ficou sem fala diante dessa afirmação, queria discordar, mas seu pai estava extremamente correto.


 


Então naquele dia você jantou na minha casa e conseguiu algo que eu achava inteiramente impossível; a simpatia e confiança dos meus pais.


Quer dizer, meus pais sempre confiaram em todos os meus amigos e etc. Mas nunca de uma forma tão intensa como aconteceu com você. Levei você para a sua casa de noite, depois de conversarmos e trocarmos telefones. Era estranho, nós mal começamos a se falar e eu senti que era você em quem eu mais confiava, em quem eu tinha certeza que poderia contar sempre.


Você era minha melhor amiga, e eu mal tinha percebido.


Desde então nós tínhamos começado a manter contato, e quase todos os dias um ia para a casa do outro. Isso durou anos, nós éramos os melhores amigos. Lembro-me muito bem que você me fez guardar uma das rodas do meu skate quebrado para se lembrar para sempre de quando nossa amizade tinha começado.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.