Just like my mom.



Eu ainda não havia me conformado com a idéia de ir para Hogwarts, mas mesmo assim fui obrigada a ir atrás de uma varinha e de todo o material necessário para uma aluna do quinto ano.  Tédio em forma de passeio para mim. Por sorte Ron se incumbiu de me levar, mas meu pai só permitiu se Lupin fosse junto, já que ele mesmo não poderia me acompanhar.


- Louise, você está pronta? – Ron me gritou de lá de baixo.


- Já estou indo! – Gritei de volta.


Terminei de prender meu cabelo em um rabo de cavalo alto, amarrei meus all stars verdes e desci as escadas. Hermione me observou cada durante segundo que demorei a descer as escadas e parar ao lado de Ron. Eu tinha essa sensação que ela não gostava de mim e não sabia o porquê. Ainda.


- Onde está Lupin? – Perguntei.


- Já vem. – Ron respondeu. – Acho que você vai gostar de passear.


- Não pode ser pior que ficar em casa. – Respondi. – Eu me sinto em uma prisão domiciliar.


- Exagero. Você fica em uma prisão domiciliar porque você quer. Você podia sair do quarto, conversar com as pessoas, jogar xadrez. – Ron disse.


- Xadrez é para nerds. – Eu disse.


- Não esse xadrez. Aposto que você e seu humor negro iam gostar. – Ron respondeu.


- “Você e seu humor negro, você e seu humor negro” Blablabla. – Eu repeti o que ele havia disse fazendo gozação. – Meu humor nem é tão negro assim.


- Continue se enganando Louise! – Lupin disse. – Agora vamos.


- Até tu, Lupin? – Perguntei incrédula.


- O que posso fazer? É a pura verdade. – Remus respondeu.


Os três então saíram e pegaram um táxi que os levaram para um lugar de Londres que Louise não conhecia.


- Lupin, eu vou ter que começar desde o princípio? Assim, eu não quero ter aulas com as criancinhas... – Eu perguntei preocupada. Sabia que esse tipo de coisa não seria boa para minha reputação.


- Não, você vai entrar no quinto ano com Harry, Ron e Hermione. Mas obviamente terá aulas particulares comigo, com Snape, com Dumbledore e com Minerva. – Remus disse.


- Ótimo, vida social, adeus! – Eu disse dramaticamente.


- Pare de exagerar Louise! – Ron disse. – Você praticamente vai estudar o mesmo tanto que Hermione, só que com professores, o que vai ser mais fácil. E Hermione ainda consegue tempo para nos atazanar, então...


- Hm, ótimo, eu vou ser uma nerd. – Eu disse. – Por acaso eu vou ser Louise Black na escola?


- Claro, que outro nome seria? – Lupin respondeu.


- Louise Todos-acham-que-meu-pai-é-um-assassino-Black? – Perguntei. – Tem certeza que isso é uma boa idéia? Louise Holmes pode soar melhor.


- Sim. Além do que eles ficaram com medo de você só de ouvir seu sobrenome. – Remus lhe disse.


- Pelo menos eles vão me respeitar. – Eu disse.


- Pobre deles se não o fizerem! – Ron respondeu antes de entrarem na famosa loja de varinhas.


- Olá, viemos olhar uma varinha para essa moça, Sr. Olivaras. – Remus disse.


- Remus Lupin! – O velho pelo qual Lupin havia chamado de “Sr. Olivaras” respondeu. – Quem é essa moça? Ela não está muito velha para estar comprando sua primeira varinha? E eu me lembro de cada varinha que vendi, tenho certeza que nunca vendi uma varinha para essa moça!


- Essa moça é Louise Holmes Black. Ela é filha de dois grandes amigos meus. Ela usava a varinha da mãe dela antes. Agora que vai para Hogwarts ela precisa de uma varinha só para ela. – Lupin disse.


- Holmes Black. - Sr. Olivaras disse. – Seria ela filha da Camilla Holmes e Sirius Black?


- Você conheceu minha mãe? – Eu perguntei.


- Sim, ela e seu pai vinham muito aqui comprar varinhas, já que Camilla fazia questão de quebrar as varinhas de Sirius sempre que brigavam. - Sr. Olivaras respondeu pegando uma caixinha preta e tirando uma varinha lá de dentro e me entregando.


- E isso acontecia com muita freqüência. – Lupin completou.


- Teste. - Sr. Olivaras disse.


Eu agitei a varinha e nada aconteceu.


- Tem certeza que essa varinha está funcionando? – eu perguntei.


- Tem certeza que você é uma bruxa? - Sr. Olivaras me perguntou.


- Claro que tenho. – Eu disse e de repente a capa do Sr. Olivaras começou a pegar fogo.


- O que está acontecendo? - Sr. Olivaras perguntou perplexo, antes de apagar o fogo de sua capa. – Reparo!


- Porque eu não estou conseguindo? – Eu perguntei a Remus.


- Eu não sei. – Ele respondeu. – Também não sei como você colocou fogo na capa dele sem usar uma varinha ou um feitiço.


- Ás vezes eu penso e as coisas acontecem... – Disse em voz baixa.


- Você o que? – Sr. Olivaras perguntou.


- Eu penso e as coisas acontecem. Desculpe-me, mas você me irritou e me ofendeu ao perguntar se eu tinha certeza que era uma bruxa. Por Merlin, você ouviu meus sobrenomes? Você acha que eu seria um aborto vindo de Camilla Holmes e Sirius Black? Não, claro que não. – Eu disse nervosa. – Talvez eu seja boa o suficiente e não precise de varinha.


- Talvez. - Sr. Olivaras disse sorrindo. – Você tem razão. Você não precisa.


- Não? – Eu perguntei assustada.


- Você é o que chamamos de bruxa emotiva. – Remus disse. – Você só demonstra seus poderes quando tem algum estímulo emocional. Sua varinha tem que ter um valor emocional também. Sua mãe era também, se não me engano...


- Sim, era. Ela provavelmente me disse as mesmas coisas quando veio comprar sua varinha. - Sr. Olivaras comentou.


- Certo, e agora? – Perguntei.


- E agora você faz sua varinha. – Remus disse.


- Eu não! Como assim? Como assim “Você faz sua varinha”? Não vou fazer varinha nenhuma. Eu não preciso usar varinha, já provei isso. – Respondi nervosa.


- Você não pode. - Sr. Olivaras disse. – Escute, eu poderia te dar minha varinha mais rara e exclusiva que ela só funcionaria se você tivesse alguma ligação emocional com a varinha.


- Tipo? – Eu perguntei.


- Não sei. - Sr. Olivaras disse. – A varinha de sua mãe era feita de uma árvore que ficava no jardim da casa onde ela havia crescido e da pena de Fênix de estimação do avô dela. Entendeu? Ligação emocional.


- Certo, e como eu faço uma varinha? – Eu disse derrotada.


- Você pode passar a tarde aqui, eu te ensino. - Sr. Olivaras disse bondoso.


- Então vamos! – Eu disse satisfeita. Passar a tarde lá seria mais legal que ficar em casa lendo mais um livro.


Ele me ensinou tudo. Não era tão difícil fazer uma varinha. O difícil mesmo era descobrir com o que eu faria essa varinha. Voltei para casa sem ter idéia. Mal botei os pés em casa e Sirius (ou meu pai, como quer que prefira) já veio me perguntar.


- Comprou?


- Não. – Eu respondi. – Eu sou “emotiva”. – Eu disse olhando nervosa para Ron, que ria. – Eu tenho que fazer a minha varinha.


- Você também? – Sirius disse assustado. – Você precisa parar de se parecer com a sua mãe.


- Ah, jura? –Eu disse nervosa. – Não acredito que eu tenho que fazer uma varinha.


- Como assim fazer uma varinha? – Hermione perguntou a Ron.


- Uma varinha só funciona comigo se eu tiver uma ligação emocional a ela. – Eu respondi à Hermione. – Daí eu tenho que fazê-la. Frescura...


Ron havia se sentado junto à Harry, Hermione e sua irmã mais nova, Gina, que me olhava com o mesmo olhar assustado que da primeira vez que havia me visto. Eu me sentei perto deles.


- E com o que você está pensando em fazer sua varinha? – Harry perguntou.


- Nem idéia. – Respondi. – Só sei que será impossível fazer isso agora, eu provavelmente vou odiar tudo.


- Você não precisa odiar tudo Louise. – Ron disse.


- Eu sei que não. Mesmo assim acontece. – Eu respondi. – Eu vou para meu quarto.


Enquanto subia as escadas ouvi as duas meninas comentando como eu era amarga.


É, eu era amarga, mas pelo menos eu tinha um motivo... Nada parecia explicar o mau humor da Hermione.


Eu estava deitada no chão do meu quarto quando alguém bate na porta.


- Pode entrar. – Eu disse.


Harry entrou no quarto e sorriu para mim.


- O que? – Eu perguntei.


- Achei algo pra sua varinha. – Ele me disse. – Venha.


Eu me levantei e o segui até a cozinha. Ele abriu uma porta e saiu. Era o quintal que eu havia visto na noite em que havia chegado aquela casa.


- Então, eu estava andando e tropecei em um toco de madeira. – Harry disse se abaixando e pegando o toco. – E quando eu olhei... – Ele me mostrou o toco e...


- Um toco com o nome dos meus pais? – Eu disse séria e desanimando Harry.


- É... – Ele respondeu.


- Você é um gênio! – Eu disse abraçando-o e fazendo-o derrubar o toco em seu pé.


- AI! – Ele gritou.


- Desculpa! – Eu disse me abaixando para pegar o toco.


Eu entrei na cozinha carregando o toco de madeira e Harry veio atrás de mim, mancando.


- Sério, desculpe! Mas eu fiquei muito feliz... – Eu disse colocando o toco em cima de mesa e começando a tirar a casca. – Você me salvou, você é tipo... Meu herói.


Harry sorriu envergonhado e gritou Sirius, que logo apareceu.


- O que foi? – Sirius perguntou.


- Eu derrubei um toco no pé do Harry. – Eu disse. – Cura ele, faz uma mágiquinha, sei lá... – Completei.


- Toco? – Sirius olhou o toco em cima da mesa e então compreendeu. - Vou chamar o Lupin ok? – Sirius disse, sabendo que ele seria inútil para “concertar” Harry.


Lupin não demorou a chegar. Eu ainda olhava o toco e tentava fazer uma varinha.


- Achou matéria prima para sua varinha Louise? – Remus perguntou.


- Harry achou para mim. – Respondi sorrindo. – Ele me salvou!


Harry sorriu de volta.


Depois de ter tirado a casca do toco e ter lixado eu fiquei observando-o. Demorei muito tempo, mas consegui fazer um cilindro de cerca de 20 centímetros. A base do cilindro que viria a ser a varinha ficou bem no rumo do “B” de Black. A princípio preferi que tivesse ficado no rumo do “H” de Holmes, mas imaginando o trabalho que tinha dado, me contentei com o “B”.


A varinha estava quase pronta. Quase. Só faltava aquela coisa que se coloca dentro dela, que no caso da minha mãe era uma pena de Fênix. Eu fiquei sentada na mesa da cozinha pensando porque eu não encontrava um unicórnio ou uma Fênix por aí.


Foi quando eu lembrei que, a escova de cabelo que estava nas minhas coisas era a escova de cabelo da minha avó, que era, pasmem, veela! Então eu subi correndo e procurei no meio das minhas coisas e achei a escova de cabelo e milagrosamente um fio loiríssimo, quase branco de minha avó. Eu o peguei e desci as escadas como se estivesse carregando a coisa mais preciosa do mundo. Com muito cuidado consegui colocar o fio dentro do cilindro, no mínimo espaço que o senhor Olivaras havia me dito para deixar na varinha. Mas ainda faltava algo.


Eu peguei uma faca e fui delicadamente escrevendo “Holmes”, bem pequeno, perto da base da varinha.


- Agora está pronta. – Eu disse respirando aliviada.

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