Para ser contado



Começa aqui a 3° fase. Espero que gostem! :)


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Capitulo 50 – Para ser contado


 


Passar as férias vivendo toda aquela pressão não é nada legal. Tudo bem que já tinha um mês daquela curta viajem entre os “garotos de minha vida” mas aquilo ainda estava na minha cabeça. Petúnia estava cada vez mais chata, ela não era TÃO assim antes, depois de tudo que já passei com meus amigos bruxos nesta casa, ela ainda fica com um tal de preconceito comigo.


Estava no meu quarto, deitada lendo o livro de Transfiguração do próximo ano. Quando algo bateu na minha janela. Era uma coruja completamente preta e com um ar superior, abri a janela ela largou uma carta e saiu voando novamente, sem nem se importar com nada.


- Estranho – comentei comigo mesmo, olhando a coruja sumir entre as nuvens.


Peguei o envelope e abri. A letra era fina e bem desenhada, e havia um pequeno texto ali.


“Oi Lilian, como você está? Serei breve. Estou indo pra ai, daqui a pouco. E não reclame! ainda acha que eu mandei um aviso. Não tenho muito o que fazer e sei que você sente saudades. Beijos. TP.”


- Ele se acha – eu disse, e a campainha tocou. Não era possível, espiei pelo canto da janela do meu quarto e ele estava parado lá sozinho. Ele não é normal. Desci correndo e pulando todos os degraus das escadas.


- Deixa que eu atendo – empurrei Petúnia que ia na direção da porta e não se importou muito em voltar – O que você faz aqui? – falei abrindo e fechando a porta, puxando ele pro jardim.


- Eu estava na vizinhança... – disse. Dando um pequeno sorriso. Olhei para trás, poderia jurar que Petúnia iria ver quem é. Fui levando ele pra direção de um parque que havia ali perto.


- Qual é, numa vizinhança de Trouxas. Não cai nessa, próxima?


- Eu vim te ver – disse se encostando no ferro que segurava os balanços.


- Isso parece mais convincente. Como você chegou aqui? Não veio voando não né? Se alguém te viu...


- A não, eu aparatei – ai ele se virou e foi se sentar no balanço


- Como? – me assustei.


- Já tenho 17 anos Lilian. E digamos que eu sabia muito bem fazer isso


- Percebe-se, não deixou nenhuma braço nem perna pelo caminho... – sentei no outro balanço. O céu estava escuro, parecia que viria uma tempestade. – Então... você veio para me ver?


- Praticamente isso – ele ficou vazio um tempo – Você sabe o que esta ocorrendo não sabe? Exatamente nesse momento?


- Não... Só que umas nuvens estão vindo para cá com chuvas... – olhei para o céu.


- Tem gente muito má lá fora Lilian... e elas não gostam de gente mestiça... – ele disse me olhando seriamente, senti arrepios.


- O que você quer dizer? Eles querem me matar?


- Não só você. Todos os sangue mestiços e os traidores, gente que gosta de trouxas e essas coisas a mais... – ele olhou para o céu. – Já começou os ataques Lily, as coisas que aparecem na TV não são acidentes, e eu vim aqui pra te convidar para uma coisa.


- O que? – ele deu um sorriso tímido – Não to vendo nenhuma graça aqui! – disse revoltada.


- Irá ser uma organização secreta, com todos os aurores e fortes bruxos, ouvi meu pai comentando... mas como ele mesmo diz que não tem forças mais para isso, e como eu irei seguir essa carreira, acho que quando me formar eu vou participar...


- E quem esta mais nisso? – perguntei


- Eu não sei bem, sei que bruxos como Dumbledore estarão. Nós somos jovens Lily, mas nós já sabemos suficientemente das coisas...


- E eu entro nisso como? Eu quero destruir eles também – Tiago sorriu com isso.


- Você vai Lily, mas não quero que você comente com ninguém, eles são irão chamar as pessoas depois que nos formarem... em aurores é claro... ou então alguma coisa de proveito... – ele sorriu e se levantou – Mudando de assunto, como está as férias? – ele cruzou os braços e sorriu, um vento passou ali e eu senti frio... mas ele era lindo.


- Entediantes como sempre foram – disse, e comecei a me balançar. – e as suas?


- Normais. Nada de mais – ele deu um pequeno sorriso.


Ficamos parados por um tempo, eu me balançava e ele ficava me olhando.


- Isso é estranho não é? Nós. Aqui. Assim. – ele disse, e passou as mãos no cabelo.


- Você deixou de usar óculos? – ignorei completamente a pergunta dele. Essa era uma conversa que eu não queria ter com ele.


- A isso. É, estou usando umas coisas que os trouxas chamam de lentes de contato, um nome estranho, deveria ser mais de grau, ou coisa do tipo... mas não sei se estão legais, gosto de usar óculos – ele bagunçou os cabelos.


- Está legal.


- Legal. Isso me define agora? – não. Estaria mais para lindo, gostoso, bonitão... mas eu não vou dizer isso.


- Sim. Digamos que sim. – sorri. E ele também. Fiquei olhando pra ele. – você tem vontade de voltar, pra o que nós éramos antes?


- As vezes sim, mas as vezes eu gosto do jeito como está, você não sente mais emoção? – ele deu uma risada maravilhosa. Nisso ele tinha razão.


- Esse é um bom ponto.


- Exato. Não saber se é ciúmes ou não, é ótimo – ele riu alto.


- Como por exemplo? – olhei bem pra ele, e um vento passou novamente. Estava claro que iria vim uma chuva.


- Você e aquele Walsh. O que ele tem afinal?


- Ele é forte. E ele tem um sorriso bonito. Ele tem um porte atlético melhor dizendo... – pensei bem. E ri de estar falando isso com Tiago.


- Mas esse sou eu! – ele fingiu se sentir ofendido – Você me descrevia assim


- Você não sabe como eu te descrevia espertinho – ri.


- Então faça isso agora, pra eu saber – ele sentou no chão e me olhou, parecia bem interessado.


- Bem, você tem um sorriso bonito e um porte atlético também...


- Isso eu sei, eu quero detalhes – ele mexeu as mãos, mandando eu adiantar, ri novamente.


- Tudo bem, então – olhei bem para ele – Você tem um olhar profundo, é como se você soubesse o que eu estou pensando, e o jeito que você bagunça o cabelo, é maravilhoso – soltei um risinho, e ele se manteve serio o suficiente para que eu continuasse – E quando você fala, as vezes eu esqueço que tenho que respirar, mas ai tem o seu cheiro que poderia atrair todos por você, não porque você é bonito, mas você tem um charme, você seduz as pessoas com o seu jeito de falar, sorrir... olhar, exatamente como você esta me olhando agora, eu poderia pular daqui direto pra você, mas eu sei que não vou fazer isso...


- Por quê? – ele se manteve sério, mas depois de tudo que eu havia falado, ele parecia não esta nem ai para o que eu achava dele, parecia que ele só queria me ouvir.


- Porque eu acho que não é certo. Que eu não devo fazer isso.


- E quem te disse isso? Quem te disse que não é certo?


- Nós já tentamos uma vez Tiago. Sabemos que não dá certo. Pra que se manter no mesmo erro? Se podemos tentar outras coisas?


- Uma questão de princípios então. Você sabe das coisas – ele sorriu e se levantou, alguns pingos de chuva começaram a cair.


- Melhor a gente sair daqui não? – perguntei, quando percebi que iria mesmo chover


- Isso seria bom. – ele sorriu e nós demos uma andada rápida ate uma grande arvore do outro lado da rua. Não queria voltar pra casa, e ele parecia não querer ir embora.


- Pronta para o ultimo ano? – ele me perguntou, quando chegamos lá em baixo.


- Nem acredito, passou tão rápido – soltei um risinho – ma sé um alivio, de um certo modo – comentei, pensando no que ele havia me dito.


- Alivio? Quem era Lilian Evans – ele se encostou na grade da casa abandonada.


- Isso é influência de umas certas pessoas – fui me juntar a ele, a chuva estava se tornando mais forte


- Olha só, agora eu influencio até na vida das pessoas – dava para sentir alguns pingos de chuva entre os galhos da árvore.


- Não disse que era você – fiz cara de inocente e olhei pra ele, que riu. – Te convidaria pra entrar, mas você sabe como é a minha irmã...


- Claro, e você não quer que ela dê em cima de mim – ele fingiu esta sério


- Ela não faz mas isso, eu disse a ela que magia não se transporta por contato, como beijos e abraços... ai ela foi se lavar bem – refleti


- Me sinto bem melhor com isso – ele fez uma careta – acho que esta na hora de eu não é? Foi bom te ver Lily, a gente se ver no colégio...


- Certo, até lá... – ele se virou para mim, e nós nos olhamos por um segundo. Eu não sabia o que fazer, como me despedir, e nem mesmo ele, ficamos ali por mais um segundo. – Er... Tchau – fui para abraçar ele mas ele me segurou pelos braços.


- Não quero ter contato físico com você – me assustei com a frase


- É Petúnia que tem nojo de gente como nós, não eu – brinquei, e ele sorriu


- Você não entende não é? Como é difícil? – ele deu um sorrisinho forçado e me largou, abracei ele.


- Você tem que relaxar isso sim, esquecer o que é difícil ou não – soltei ele e continuei sorrindo.


- E você deveria esquecer o que é certo – ele deu uma piscadela e soltou um beijinho – Tchauzinho Lírio – e dizendo isso ele rodou e sumiu no ar, e um pleno silencio reinou ali. Sorri sozinha e corri para dentro de casa, a chuva havia aumentado, mas eu me sentia tão bem e feliz.


Entrei voando no meu quarto, e me joguei na cama, completamente molhada. Sorri. Sem nenhuma explicação. Apenas deitei e sorri. Eu não deveria me sentir assim, e eu sabia. Eu não queria voltar, não com toda certeza, a namorar Tiago. Mas como ele mesmo diz, toda essa apreensão é ainda melhor, a sensação de saber o que o outro esta pensando é realmente maravilhoso.


Fui até o meu armário ver se tudo estava certo, a viajem iria ser amanha. E eu não queria por nenhum motivo que fosse me atrasar um minuto. Fechei a porta, queria escrever para Maria para contar isso, mas eu tinha medo de não chegar para ela, e acho que é até melhor eu contar pessoalmente, assim eu posso falar com mais emoção. Para. Para com isso Lilian, você não pode ficar falando dele assim, já passou a vez dele, agora é a vez do Brandon. Tudo bem voz do subconsciente, agora é a vez do Brandon. Eu sei, e eu quero mesmo. Mas eu posso lamentar só um pouquinho, só um pouquinho falar de Tiago, afinal, o que aconteceu hoje é pra ser contado.

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