flashback .



; Catherine Foster narrando.
; Uma boate de Londres. 


- Vamos beber alguma coisa – John gritou no meu ouvido. A música eletrônica estava tão alta que quase não pude ouvir. Ele segurou minha mão e foi me puxando, até chegarmos num canto mais calmo do bar.

 - Um Martini – pedi.

- Uma cerveja – ele pediu e o barman saiu para pegar. – Se divertindo, Cathy? – Ele sorriu e me deu um beijo rápido.

- É claro, John – revirei os olhos e nossos pedidos chegaram.

- Podíamos ter trago o Remo – ele olhou meio triste pra cerveja. Apesar de cinco anos de diferença entre a idade deles, eles eram muito grudados.

- Ele não poderia entrar, amor.

- Eu daria um jeito. Conheço bastante gente por aqui.

- É nosso aniversário de namoro, John – o lembrei meio chateada. Todos os programas que fazíamos, cinema, boliche, sempre que dava John levava o Remo junto. – É pra comemorar entre nós.

- Eu sei, mas não gosto de deixar ele sozinho em casa.

Os pais do John eram muito complicados. O pai dele vivia trabalhando. Quase nunca estava em Londres, já que ele e o irmão tinham uma rede de hotéis em toda Europa, e quando estava em Londres, passava o dia inteiro trabalhando. Por conta disso, a mãe dele era meio... Conturbada. Vivia tomando remédios pra depressão e vira e mexe dava seus ataques dentro de casa. Já tentou matar o marido, mas John tinha conseguido segurá-la. Voltando à boate.

- Querido, sua mãe não está em casa e seu pai está em Roma. Remo sabe se cuidar sozinho. Qualquer coisa ele te liga – tentei acalmar ele e fazer com que ele esquece um pouco do Remo e se preocupasse conosco. – Ele tem 16 anos, John. Não é mais uma criança.

- Você tem razão, vamos dançar – ele sorriu e me puxou mais uma vez para a pista.

Enquanto dançávamos, senti meu celular tocar. Tinha deixado no bolso da minha calça, porque só assim perceberia se alguém ligasse. Tinha levado também para o caso de John esquecer o dele em casa, o que era rotina dele. Disse que ia ao banheiro e que me encontraria com ele novamente no canto do bar onde fomos. Corri para o banheiro e peguei meu celular. Remo tinha me mandado uma mensagem.


“Hei, Cathy. É só pra avisar que estou indo para aí. Tenho um presente de aniversário de namoro para o meu irmão. Remo”.

É óbvio que entrei em pânico. No mês anterior, John tinha tido que levar a mãe para uma clínica psiquiátrica em Liverpool e eu tinha dito que ficaria com Remo nesse período da viagem, já que como o sempre o pai deles estava viajando. John ficaria uma semana fora, pois tinha que levar a mãe e ainda iria ver se conseguia falar com o pai, que estava em Lisboa. Na segunda-feira que John viajou, fui para a casa deles. Eu e Remo passamos os dois primeiros dias bem, até que comecei a notar que ele se comportava de maneira estranha. Sempre arranjava um jeito de tocar em mim e, na noite de quarta-feira, acabamos dormindo juntos. Admito que foi um erro da minha parte também. Ele tinha 16 anos e eu 23. Eu era apaixonada pelo irmão dele! Dormimos juntos pelo resto da semana. Nos telefonemas de John, eu não contei nada. E quando fomos ao aeroporto buscá-lo, pedi ao Remo:

- Por favor, Remo, não conte nada ao John. Sobre o que aconteceu essa semana.

Ele disse que não contaria e eu não me preocupei. Duas semanas depois, Remo apareceu na minha casa à tarde. Bom, dormimos novamente e continuamos até dois atrás do acontecido. Era estranho. Eu me sentia dividida entre o John e o Remo. Mas é claro que tinha diferença. Com John, apesar dele ser dois anos mais novo, eu podia conversar de igual para igual. Com todas essas complicações familiares, ele tinha amadurecido muito rápido. Com o Remo... Bom, o lance era mais sexual, sabe? Mas voltando a boate...

Tentei ligar para o Remo várias vezes, mas ele nunca me atendia. Respirei fundo, pronta para desmentir tudo o que ele falasse. Era a minha palavra conta a dele. Era óbvio que John acreditaria em mim. Saí do banheiro e fui me encontrar com ele. A poucos metros de distância, estanquei. Remo estava conversando sorridente com John. Continuei andando.

- Oi Remo. O que você está fazendo aqui? – Me fiz de desentendida.

- Vim com uns amigos – olhei acenou para um grupo de jovens que reconheci sendo realmente os amigos dele. – Vamos jogar boliche. Querem ir com a gente?

- Claro – John sorriu.

- Que não – apertei o braço dele. – Tínhamos combinado que essa noite seria nossa, não?

- Ah, vamos lá, Cathy – Remo sorriu. – Vocês podem ter o resto da noite.

- Só uma partida – John me olhou suplicante.

- Tudo bem, vamos logo.

Nós três fomos no carro de John, enquanto os meninos disseram que iam pegar um metrô e nos encontrar lá. Eram sete meninos, não podíamos colocar todos no carro. Fomos em silêncio até o boliche. Eu estava quase entrando em pânico. Chegamos à entrada do boliche e saímos do do carro para esperar os meninos.

- Hei John! – Remo exclamou do nada. – Eu tenho uma coisa pra te contar – olhei alarmada pra ele. Minha vontade era pular no pescoço dele, antes eu tivesse feito isso.

- Conta aí, cara – John sorriu.

- Acho melhor não. Por que não vamos entrando? Os meninos devem estar chegando.

- Ah, Cathy, queria tanto contar uma coisa para o meu irmão.

- Quando eles chegarem a gente entra, amor – John sorriu. – Diz logo Remo.

- Bom, eu vou ser bem direto John. Não sei se você sabe, mas desde aquele dia que você foi levar a mamãe em Liverpool, eu e sua namoradinha dormimos juntos – ele sorriu e me olhou. – Não é mesmo Cathy?

- É claro que não, Remo! De onde você tirou essa ideia? – Como tinha planejado no banheiro, eu iria desmenti-lo.

- Remo, espero realmente que isso seja uma brincadeira. Muito estúpida, mas espero! – John o olhou, já um pouco enfurecido.

- Desculpe, cara. Bem que eu queria que fosse só uma brincadeira. Mas você é quem sabe. É a minha palavra contra a dessa vadia aí – ele me olhou com nojo e John foi pra cima dele.

Os dois caíram no chão. John socava Remo, que por sua vez revidava. Eu gritava, tentando apartá-los, mas não adiantava. As pessoas que passavam na rua só paravam para olhar. Então os dois levantaram. Eles continuaram batendo um no outro. Sangue descia do nariz de John e a boca de Remo estava completamente vermelha. John, por ser maior e maior forte, empurrou Remo contra a parede do boliche e começou a socar o estômago dele.

- JOHN, PÁRA COM ISSO! PÁRA AGORA! VOCÊ VAI ACABAR MATANDO ELE! – Gritei, tentando segurar o braço dele. John parou e Remo caiu no chão.

- Vamos embora daqui – ele me puxou. Nós não tínhamos percebido, mas Remo tinha se levantando. Foi meio rápido o que ele fez.

Ele segurou a jaqueta de John, no ombro, e o puxou para trás. Ainda estávamos próximos da entrada e, com a força que Remo usou, John foi direto na parede. Ele bateu com a cabeça e caiu. Podia ver o sangue descendo brilhante pela parede. Remo começou a socar John, já sem vida. E os socos foram diminuindo, até que ele se deitou sobre o corpo do irmão e começou a chorar. Na hora, eu fiquei parada olhando para o que tinha acontecido. Eu não lembro de mais nada do que aconteceu, só de ter ficado parada olhando para os dois caídos no chão.

Acordei três dias depois no hospital. Chorava compulsivamente e tiveram que me amarrar à maca e me dar mais sedativo. Por fim, uma semana depois ao acontecido eu finalmente consegui me controlar um pouco e minha mãe me contou o que houve. Queriam esperar eu acordar para poderem enterrar John – que sugeriu isso foi à mãe dele, o que até hoje me surpreende – mas devido ao meu estado sem muita previsão de melhora, acabaram o enterrando. Remo também estava internado e não pelos machucados que John havia feito.

- Ele está alucinado, o coitado – minha mãe disse triste quando perguntei sobre ele. – Quando a polícia o achou na entrada do boliche, estava todo ensanguentado em cima do corpo de John.

- Onde ele está? – Eu perguntei.

- Na ala psiquiátrica do hospital – ela disse mais triste ainda.

Quando tive alta, fui visitá-lo. Nem de longe ele era o Remo que conhecia ou o que você conhece hoje. Estava branco como papel, com o cabelo bagunçado e aparência doentia. Quando fui tocar nele, desviou. Ante de entrar no quarto, os enfermeiros disseram que ele não gostava de ser tocado. Fiquei uma hora falando. Me sentia uma idiota falando sozinha. Ele ficava calado, olhando para um ponto fixo imaginário.

- Remo, eu tentei de tudo – suspirei, me levantando. – Eu tenho que ir preciso organizar minha vida. Sempre que puder eu venho te ver, tudo bem? – Como eu esperava, ele não me respondeu. Quando estava saindo do quarto, ele me chamou.

- Cathy – a voz dele estava rouca.

- Sim? – Me virei, sorrindo.

- Sobre a gente, não conte a ninguém. Eu não contei – ele me olhou por alguns segundos e voltou a olhar para o chão.

- Tudo bem Remo, eu não contarei.

Uma semana depois que recebi alta, fui chamada para prestar depoimento na polícia. Inventei uma desculpa. Você deve ter visto meu depoimento, é claro. Perguntei ao policial, quando estava saindo, se Remo iria depor. Ele me disse que só depois que ele estive com um estado mental melhor. Isso demorou seis meses e em todos dias desses meses eu fui visitá-lo. Passeis dois meses “ensinando-o” sobre o depoimento. Eles tinham que bater, afinal de contas nós dois estávamos no mesmo lugar.

Ele fez várias e várias sessões com psicólogo e eu acho que ainda faz, mas sem que ninguém saiba. Ele conversando pode parecer ingênuo. Às vezes pode ser frio. Pode ser chantagista. Mas no fundo, ele não é assim. Eu vou te dizer, eu conheço o verdadeiro Remo. E não é nem um pouco parecido com o que ele é hoje. 


x.x.x.x


 n/a: hei, gente :) Milhões de desculpas pela demora em postar, mas é porque preciso estudar para duas provas importantíssimas que farei em breve. Mas eu não esqueci de vocês! ‘Tá aí o flashback, como eu disse. Espero que tenham gostado :D bjsbjs, amo vocês.

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