Capítulo 7



-Bom, bom! - o professor que ainda usava trajes verdes brilhantes parou à frente da sala, ao lado de um caldeirão borbulhante que tinha um cheiro forte e esquisito. - Sejam todos bem-vindos, é a primeira aula de vocês, não é? Excelente, excelente! Sou Horácio Slughorn, e, é óbvio, não é, serei professor de Poções de vocês. - ele sorria animado, e não parava de olhar para Brian em uma das mesas. Chegou a piscar.


- Mana, acho que ele me quer. - Brian sussurrou para a irmã, fazendo voz de medo. Lorraine teve de segurar o riso.


- Pelo menos você tem nota garantida em Poções. - ela então fechou a cara. - Mas não gosto disso, ele age como se eu também não tivesse o mesmo pai e a mesma mãe.


- É que você não puxou os genes da família Potter. Eu sou bonitão e você não é - ele deu um sorriso convencido.


- Se for pra atrair caras como ele - ela apontou pro professor, zombeteira - pode ficar com os genes todos pra você.


- Certo. Nessa aula vamos ver alguns conceitos básicos. Podemos começar com a seguinte pergunta: o que é uma poção? Alguém sabe responder? - ele olhou para Brian ansiosamente, mas Brian só ergueu as sobrancelhas, achando o cara totalmente maluco. A menina que estava sentada à mesma bancada que a deles revirou os olhos e levantou a mão. Slughorn acenou para ela, tentando esconder o desapontamento. - Diga-nos, Srta. Bell.


- É um líquido, de cor, cheiro, gosto e aparência variados, que é composto de uma junção de ingredientes de forma específica para produzir um determinado efeito. - ela abaixou a mão, por algum motivo olhando para Brian parecendo nervosa. Slughorn acenou com a cabeça.


- Isso mesmo. Cinco pontos para a Grifinória. - ele disse a contragosto. E então continuou com a explicação. Brian olhou para Lorraine, sem entender, e a irmã deu de ombros. Ele então se debruçou pra frente, pra falar com Sarah do outro lado da irmã.


- O que eu fiz?


- É óbvio que ele queria que você respondesse. Como você não sabe perguntas tão básicas? Sabe de quem você é filho? As pessoas esperam coisas de você. - ela falou, apesar de sussurrando, com a voz nervosa. Brian a encarou um instante, incrédulo, e sussurrou de volta.


- Espera aí, eu devia saber a resposta só porque sou filho do meu pai? Você é louca?


- Não fale comigo. - ela balançou a cabeça, olhando para o professor. Brian tornou a olhar Lorraine, de olhos arregalados. Lorraine, que segurava o riso a um bom tempo, girou um dedo sobre a têmpora, fazendo um gesto de ‘totalmente louca‘.


- Você chegou em Hogwarts a um dia e já está cheio de admiradores. - ela sorriu de lado.


- Pra você ver. Já sou mais famoso que nosso pai.


- As quatro classificações de poções são Cura, Dano, Enfeitiçamento e Transfiguração. - Slughorn dizia. - A diferença de Enfeitiçamento para Transfiguração...


- Affe, Poções é um saco. - Lorraine deitou-se sobre os braços.


- Ah. Eu acho legal. Vamos aprender jeitos diferentes de explodir as coisas. - Brian deu de ombros.


- É, mas hoje ele só está falando. Nem falou ainda o que tem naquele caldeirão fedorento ali. - ela apontou o caldeirão borbulhante ao lado do professor.


- Essa é uma excelente pergunta! - Slughorn apontou para Lorraine, sorridente, fazendo os dois saltarem nas cadeiras.


- Ele tem ouvido biônico! - Lorraine arregalou os olhos.


- De onde ele surgiu? - Brian respondeu.


- Não quero biscoitos! - o garoto ao lado de Brian que estava dormindo na mesa se levantou de repente, olhando assustado ao redor, fazendo os colegas rirem. Ele encarou um por um, perdido.


- Esta poção é uma poção de Cura avançada, conhecida como Esquelesce. Quando estiver totalmente terminada, não vai mais ter este cheiro, mas seu gosto será terrível. Alguém sabe para o que ela serve? - Slughorn continuou, ignorando totalmente os surtos dos alunos. Dessa vez Lorraine levantou a mão, sacudindo, murmurando ‘eu, eu‘. Slughorn abriu um sorriso enorme e acenou vigorosamente para ela.


- Faz crescer ossos. - ela respondeu.


- Isso! Muito bem! Cinco pontos para a Grifinória, Srta. Potter. - e de repente ele reconheceu a existência de Lorraine no universo, como se o fato dela ser melhor em Poções do que o irmão fizesse com que ela fosse uma Potter mais digna do que ele. Dali em diante ele encarava a ambos os irmãos, e encorajava os dois a responderem, embora Brian quase não falasse nada e Lorraine só soubesse uma resposta vez ou outra.


Sarah passou a fechar cada vez mais a cara, pois levantava a mão em quase todas as perguntas e Slughorn só a deixava responder se um dos dois irmãos não soubesse a resposta. Em um ponto, ela simplesmente puxou um pergaminho e passou o resto da aula fazendo anotações.


- E quanto a poções de Enfeitiçamento, por fim - Slughorn encerrava as explicações. - Além das do tipo comum, que já expliquei mais cedo, existem as de tipos especiais. Um dos exemplos são poções que deixam alguma condição sob um certo ‘controle‘, como por exemplo alterações de comportamento, e a maioria das poções Neurais são desse tipo. Uma das mais famosas é usada para manter sob controle lobisomens durante a transformação. Alguém se lembra do nome dela? - ele olhou esperançosamente para Brian e Lorraine, que deram de ombros. Sarah estava fazendo anotações, furiosa. Para a surpresa geral, no entanto, o menino ao lado de Brian, que dormira a maior parte da aula e passara o restante olhando perdido para as paredes e o teto da sala, ergueu a mão.


- Senhor... Ah... Grantaine? - ele conferiu o nome no pergaminho de chamada.


- Poção de Acônito. - ele respondeu com a voz de sono de sempre. - Dá pra chamar de Poção de Mata-cão também. - ele tornou a debruçar sobre a mesa.


- Exato. Cinco pontos para a Sonserina. Como a poção de Acônito só mantém o lobisomem sob um efeito de calma, e não o transforma de volta, ela é considerada não de Transfiguração, mas de Enfeitiçamento... - ele continuou. Brian virou-se pro lado.


- Você tá bem cansado, hein? - o garoto virou o rosto ainda deitado para olhá-lo.


- Não durmo direito. Tenho insônia - ele falou baixo. As olheiras eram bem visíveis.


- Quer alguma poção pra isso? A Lorraine deve ter alguma sobrando.


- Não gosto de tomar poções pra dormir. Fico com medo de não acordar mais. - ele resmungou.


- Eu sou Brian.


- Fréderic.


- Não é inglês?


- Sou. Mas minha mãe é francesa. Ela quem me deu o nome. - ele deu de ombros.


- Vou te chamar de Fred. Muito mais fácil. - ele olhou o professor um momento, pra fingir que prestava atenção. - Você é o que tomou uma colherada na cabeça na seleção. - ele se lembrou. Fred fez uma cara sombria.


- Aquele era meu primo. Ele é um pouquinho... Aparecido. - Brian riu.


- Isso deu pra ver.


- ...E é isso por hoje, turma. Não se esqueçam de terminar o dever de casa até a aula da semana que vem. Estão liberados! - Slughorn encerrou, com um aceno. Brian olhou ao redor, surpreso, e cutucou a irmã.


- Dever? Ele deu um dever? - Lorraine olhou para ele com um sorriso maligno.


- Oho, que feio, irmãozinho, tem que prestar atenção na aula.


- Tá, tá, eu sei, mas qual foi o dever?


- Serááá que eu faalo? - ela importunou, terminando de guardar o material.


- Lista de ingredientes com propriedades de cura e suas descrições. No mínimo uma página. Pra semana que vem. - Sarah falou rápido, enquanto passava pelos três, já com a mochila nas costas. Antes que alguém pudesse dizer algo, ela já tinha ido embora.


- Ela é uma sem graça. - Lorraine emburrou a cara enquanto Brian gargalhava.


*~*~*~*~*~*~*~*~*~*


- O Lughnasadh, que é o festival da pré-colheita, comemorado em 1º de agosto, e por fim, o Equinócio de outono, que está prestes a acontecer, em 21 de setembro. - uma voz monótona e monocórdia ecoava pela sala de aula que estava em silêncio total. Boa parte dos alunos presentes dormia, e outra parte simplesmente vagava o olhar pela sala ou pela janela, prestando atenção em tudo, menos na matéria lida pelo professor fantasma na frente da sala.


Haviam, porém, duas exceções. Uma garota ruiva piscava constantemente, tentando desesperadamente se forçar a não dormir, tentando anotar algo em seu pergaminho, e um loiro que observava o professor, tranquilamente, sem demonstrar sono ou cansaço, e vez ou outra tomava alguma anotação. Leonardo conhecia boa parte daqueles fatos, então poderia perfeitamente dormir se quisesse, mas temendo desconhecer algum detalhe que pudesse ser cobrado numa prova depois, fazia questão de permanecer acordado.


Ele notou que Keytlin estava com dificuldade em manter os olhos abertos. Debruçou-se na direção dela e falou, mantendo a voz baixa:


- Se quiser, pode dormir, eu empresto minhas anotações depois - ele tentou ser gentil. Keytlin corou na mesma hora, sacudindo firmemente a cabeça.


- N-não, eu preciso anotar eu mesma, ou não vou entender nada depois...


- Ah, mas minhas anotações não são complicadas, eu prometo - ele ficou surpreso com a resposta.


- É diferente - ela insistiu - Não é a mesma coisa.


- Eu não entendo porquê... Posso vê-las? - ele tentou espiar o pergaminho da garota, que prontamente o cobriu com os braços.


- Não! - agora ela corava furiosamente. - É-é... Eu tenho a letra feia, e...


- Não seja boba, eu não ligo para a sua letra. - ele agora estava bastante curioso.


- Mas, minhas anotações estão todas erradas... - ela ainda tentou.


- Se estão erradas como vai estudar por elas? - ele pressionou. Ela gaguejou, ainda vermelha, mas Leonardo aproveitou da distração pra puxar o pergaminho de debaixo dela. Ela deu um gritinho e puxou de volta, mas ele já tinha conseguido dar uma boa olhada. E tinha ficado surpreso.


Não havia uma palavra escrita. Estava tudo desenhado. Tudo o que o professor dissera estava detalhado com desenhos, e ela estava finalizando, cobrindo todo um pergaminho, uma roda do ano com as oito divisões que o professor tinha acabado de explicar, cada divisão contendo um desenho com o que a data representava. Ela enrolou o pergaminho e o enfiou debaixo do tampo da carteira, debruçando-se sobre ela e escondendo o rosto nos braços. Ao vê-la assim, Leonardo sentiu uma pontada de culpa.


- Ah... Me desculpe por puxar o pergaminho, Keytlin, foi muito grosseiro da minha parte. - ela simplesmente acenou com a cabeça em sinal positivo, mas não falou nada nem ergueu o rosto. Ele ficou ainda mais embaraçado. - Seus desenhos estavam muito bonitos. Se eu não tivesse visto você com a pena, não acreditaria que alguém tivesse feito algo tão bem feito em tão pouco tempo. - Keytlin ergueu o rosto minimamente, o suficiente para espiá-lo com um olho.


-Não acha eles ridículos? - Leonardo ficou surpreso.


- Ridículos? Claro que não! Estão muito bem feitos. - Keytlin se endireitou, mas ainda olhava para baixo, com vergonha.


- Eu não consigo entender minhas anotações. Eu copio o que o professor fala, mas não faz o menor sentido depois quando vou estudar. Meu pai passou a fazer rabiscos pra me explicar as coisas, e eu descobri que entendia bem assim. Então... Ah, então comecei a desenhar. - ela explicou, em voz baixa. Leonardo sorriu.


- Minha mãe me disse que toda forma de aprender é válida. Acho que isso inclui desenhar.


- ...Então, na aula que vem discutiremos os conceitos e teorias envolvendo o próprio termo magia. É só isso por hoje. - o professor fechou seu livro com um estalo, e esse estalo repentino na sala fez a maioria dos alunos adormecidos acordarem assustados de repente. Um deles chegou a cair da cadeira nos fundos. O professor não viu: já tinha sumido, atravessando o quadro negro, sabe-se lá pra fazer o quê. Keytlin olhou para o quadro negro, alarmada.


- Essa não! Não consegui ouvir o resto! Não vou poder terminar!


- Não se preocupe, esse capítulo está no livro de História da Magia. Eu posso te explicar o resto, se você tiver problemas. Aí você acaba o desenho - Leonardo se ofereceu, já que tinha sido por culpa dele que ela parara de prestar atenção. Ela sorriu, grata.


- Daqui a pouco é o almoço. Quer ir procurar os gêmeos? - ela perguntou, enquanto os dois guardavam seus materiais.


- Tenho a impressão de que nem vamos precisar procurar - Leonardo respondeu com uma voz agourenta. Keytlin o olhou enquanto andavam pelo corredor, sem entender. E como se Leonardo fosse um vidente, assim que atingiram o saguão de entrada, ouviram um tumulto ao longe, que rapidamente foi se aproximando, até ouvirem perfeitamente o que era dito.


- SAI DA FREEEEEEEEEEENTE!  - É. Era a voz de Brian.


- NÃO SAI NÃO! ATRAPALHA ELE! - Eee essa era Lorraine.


- HAHAHA, IRMÃZINHA TOLA, VOCÊ SABE QUE NÃO É TÃO RÁPIDA QUANTO EU!


- EU VIRO O RODERICK PLUMPTON SE FOR PRA VOCÊ FAZER O MEU DEVER!


Leonardo segurou Keytlin no lugar bem na hora. Os gêmeos passaram, quase colados um no outro, voando pelo saguão de entrada, bem na frente dos dois, aparentemente disputando uma corrida.


- Eu não disse? - Leonardo suspirou.


Os dois observaram sem reação enquanto Brian, por milímetros, batia a mão na porta do Salão Principal antes da de Lorraine. Ela soltou um grito.


- Ah! Não é justo! Você é mais alto do que eu!


- Hahaha, só se for pelo cabelo espetado! Temos a mesma altura, esqueceu? Aposta é aposta, vai ter de fazer o meu dever de Poções!


- Então eu imagino que você não vai ter uma nota muito boa - Leonardo se aproximou dos dois, com Keytlin logo atrás. Lorraine mostrou a língua para ele.


- Fique o senhor sabendo que eu ganhei muitos pontos na aula de Poções hoje! Eu sou um gênio incompreendido, okay?


- E aí - Brian sorriu para Leonardo, e acenou para Keytlin que estava quieta atrás dele. Ela corou.


- Oi. - ela respondeu baixinho.


- Bleh. Estou com fome. Vamos entrar - Lorraine entrou para o Salão Principal, ainda com raiva. Os outros três a seguiram, ignorando os olhares assustados que os demais alunos lançavam a eles.


Assim que entraram no Salão, porém, pararam à frente das portas. Tinham esquecido do detalhe em que estavam todos em casas diferentes. Eles se entreolharam, o ânimo subitamente esfriando, e acenaram em despedida, indo cada um para sua respectiva mesa. Lorraine e Brian se sentiam especialmente solitários. Em todos os seus onze anos de vida, eram muito poucas as vezes que fizeram uma refeição separados, e sempre era um dia só. Agora passariam sete anos assim. De vez em quando eles se entreolhavam, e sorriam ou faziam um sinal de positivo para que o outro pensasse que estava tudo bem, mas os dois tinham o mesmo sentimento.


- Mas que cara é essa colega? - um colega da Sonserina se largou no banco ao lado do de Brian. – Parece que alguém te deu um fora – ele sorriu. Brian percebeu que de repente aquele canto tinha se tornado o foco da atenção de várias de suas colegas de casa meninas. O garoto boa pinta estendeu a mão para ele. – Trevor, Trevor Reynolds.


- Brian Potter – Brian o cumprimentou. – Não é nada. Sentindo falta de uns amigos de outras casas, só isso – ele deu de ombros. Trevor balançou a cabeça.


- Se estão em outras casas não precisa deles. Todos os presentes nessa mesa são o que há de melhor desta escola. Deixa eles pra lá, e talvez até arrume amigos novos – ele piscou. Brian levou um instante, mas entendeu o que ele quis dizer. Fechou a cara.


- Não preciso de amigos novos que não aceitem os velhos. E quem acha que a casa em que está é a melhor e as outras são lixo pra mim é um babaca. – ele retrucou. O sorriso de Trevor sumiu.


- Se eu fosse você tomava cuidado com o que diz, colega. Ao invés de um amigo, pode arranjar um inimigo novo.


- Posso não ser da Grifinória, mas não tenho medo de qualquer um. – ele respondeu. O outro garoto se calou e se levantou, saindo de perto, indo se sentar no meio de algumas garotas às risadinhas. Seu sorriso voltou no mesmo instante. Brian revirou os olhos e voltou a comer.


*~*~*~*~*~*~*~*~*~*


Depois do almoço, os quatro tiveram as aulas da tarde. As aulas de Brian foram com Leonardo, e as de Keytlin com Lorraine, mas como Lorraine e Brian se atrasaram porque haviam ficado para trás conversando (leia-se, falando mal) sobre o garoto chamado Trevor, ficaram longe dos dois, tendo que ocupar os últimos assentos vazios das salas.


Finalmente, o dia havia acabado, e o sol se punha rapidamente. Leonardo mencionou com Brian que ia ajudar Keytlin com umas anotações, e ele se mostrou animado pra ir junto. Leonardo não teve escolha a não ser consentir. Quando os quatro se encontraram, Lorraine decidiu que também ia, porque ia aproveitar pra fazer o dever de Poções dela e de Brian, e assim, como não tinham os mesmos Salões Comunais, foram todos para a biblioteca.


- Mas sério, é um saco nenhum de nós ter ficado na mesma casa – Lorraine foi comentando. Brian concordou.


- O pessoal da Sonserina é meio esquisito. Mas tem gente legal também – ele falou pra Lorraine, meio que argumentando. – Por que você não aceitou o chapéu e foi pra lá, mana?


- Tá louco? Eu até iria, mas você viu o clima de final de Copa Mundial de Quadribol que tava aquele salão? Se nós, as duas estrelas do castelo, fôssemos pra mesma casa, esse lugar ia ruir!


- ...Isso é verdade. E você, Keytlin? No trem você disse que não queria ir pra Lufa-lufa... – Brian se virou pra ela, cauteloso. Ela desviou o olhar.


- Ah... É que a minha mãe, sabe... Ela dizia que até aguentaria a Grifinória, mas se eu fosse pra Lufa-lufa ela me deserdava... – ela falou cada vez mais baixo.


- O quê? – Brian respondeu indignado.


- Ah! Mas, mas ela me mandou uma coruja de emergência hoje cedo! Ela me explicou que estava brincando, porque não imaginou que eu ia mesmo pra Lufa-lufa! – ela se apressou a defender a mãe.


- ...Mesmo assim, que tipo de comentário é esse – Leonardo franziu o cenho.


- E como está indo lá? – Lorraine perguntou.


- Ah... Não conheço muitas pessoas, mas tem uma menina... Do segundo ano... Ela é legal, ela me explicou várias coisas. Ela foi nas cozinhas e trouxe cerveja amanteigada e brindou a todos os alunos do primeiro ano – Keytlin sorriu. Os outros três ficaram felizes ao vê-la sorrindo. Era raro ela não estar nervosa demais para isso.


- Não é justo. Lá só tivemos o monitor fazendo um discurso e mandando a gente ir dormir! – Lorraine emburrou.


- No meu o monitor largou a gente assim que abriu a porta. Aí ficaram todos me fazendo perguntas até tarde. – Brian sorriu.


- Na Corvinal teve algo parecido, só que o monitor estava junto. Foram quase todos bem receptivos. – Leonardo completou.


- Então só eu tive de ir dormir cedo? Absurdo! Injustiça! – Lorraine quase gritava. Madame Pince, a bibliotecária, já velha e enrugada mas ainda com um olhar ameaçador, surgiu do nada atrás deles, que já se encontravam no meio das estantes da biblioteca.


- Façam silêncio na biblioteca! – ela sibilou, e se retirou quase sem fazer nenhum som. Os quatro ficaram em silêncio total por aproximadamente cinco segundos.


- Mas então só a Keytlin teve festa. Acho que a gente devia fazer a nossa própria festa. Nesse fim de semana. – Lorraine decidiu por conta própria.


- Não dá, mana, esqueceu? Você tem que preparar a aula do Hagrid nesse fim de sem... – Brian não terminou, porque Leonardo deu um pulo no lugar.


- Merlin! – Ele puxou Lorraine pela mão, que largou o livro que segurava no chão, e a arrastou correndo pra fora da biblioteca.


- Ei, Léozito? Você tá legal? Mas o que você tá faz... Hey! Léozito, para de me puxar! Pra onde tá me levando? BRIAN SOCORRO! – ela gritou, já atravessando a porta da biblioteca, e Leonardo não deu sinais de que ia parar. Brian só riu. Keytlin ficou confusa.


- Mas... O que aconteceu?


- A detenção. Começa hoje, eles tem que ver o Hagrid depois das aulas e todo fim de semana a partir desse, acho que a Lorraine esqueceu. E pelo visto o Leonardo também – ele olhou para Keytlin. – Mas acabou ficando chato pra você né? Ele ia te ajudar com o que mesmo? – Ele pegou o livro que Lorraine largou no chão, de Poções. Encarou o livro, pensando se fazia ele próprio os dois deveres, e com um ‘Nah’ murmurado, colocou ele de volta na estante e resolveu deixar Lorraine se matar pra fazer depois. Keytlin apertava alguns pergaminhos enrolados na mão, nervosa, se dando conta de que só tinham sobrado os dois ali.


- A-ah... Eu acabei não anotando o final da aula de História da Magia, ele ia me ajudar explicando das anotações dele... – ela murmurou. – E-então vamos deixar pra depois, já que ele saiu...


- Você quer dizer, aquelas anotações ali? – Brian notou uma série de pergaminhos preenchidos com uma letra pequena e inclinada espalhados pelo chão. Leonardo os tinha deixado cair quando saiu correndo com Lorraine. Brian se inclinou e os pegou do chão. – É, tá tudo aqui. Não é muito dificil de entender quando é o Leonardo explicando – ele disse depois de dar uma lida. – Quer que eu te ajude com isso? – ele perguntou a Keytlin. – Podemos terminar antes deles voltarem.


Ela ficou bem vermelha, negando veementemente com a cabeça por uma série de razões. Entre elas, estar sozinha com Brian, que era obviamente diferente de estar sozinha com Leonardo, para ela, era a razão número um. Mostrar seus desenhos a mais alguém, especialmente se esse alguém for o Brian, era a razão número dois. Várias outras, a grande maioria especificando que se tratava de Brian Potter ali, seguiam logo atrás naquela lista.


- Não! Quer dizer, ah, não precisa se preocupar, você também veio fazer um dever, não foi?


- Não. A Lorraine vai fazer o meu dever, ganhei a corrida, lembra? – ele apanhou da estante o livro-texto de História da Magia e começou a andar para as mesinha da biblioteca. – Vem, eu não sou tão inteligente quanto o Léo, mas consigo te ajudar com isso – ele sorriu.


- Ah, mas, mas a minha letra é feia... – ela tentou contornar.


- E o que tem? Eu vou ler as anotações do Leozito, não as suas – ele a olhou confuso. Ela o olhou um instante, e decidiu que, se ele não fosse ver os desenhos, não fosse tão ruim.


-Ah... T-tudo bem... Me desculpe o trabalho... – ela foi até lá e se sentou à mesinha com ele. Ele abriu as anotações de Leo e o livro e esfregou as mãos.


- Tá. Já pegou até onde daqui?


- O professor estava na última divisão da roda do ano... Lug alguma coisa – ela desenrolou um pedacinho do próprio pergaminho pra ver a última coisa que desenhara.


- Hm... O Lughnasadh, mas ele é em primeiro de agosto, tá faltando o de outubro. É o equinócio que marca o começo do outono.


- Ah, é verdade, era o que estava faltando des... Ahn, anotar – ela desviou o olhar. – Em 21 de setembro.


- Aqui tá dizendo que não é mais 21 desde 2007, é no dia 20 – Brian leu a anotação no fim da página que Leonardo escreveu.


- Hm, mas são datas de antigos festivais celtas... Elas podem mudar assim? – ela o olhou confusa. Ele pareceu pensativo.


- É verdade. Não bate mais. Acho que como é uma festa, é no mesmo dia, não é? Então dia 21. – ele sorriu para ela, que ficou vermelha feito um pimentão. Aquele sorriso. Ela ficou desejando que ele parasse de dar aquele sorriso. – Ah... Keytlin? – ele a chamou, parecendo meio confuso.


- S-s-sim? – ela o olhou, achando que de algum modo ele lera sua mente.


- Você não ia anotar essas coisas? – ela ficou ainda mais vermelha e desenrolou parte do pergaminho, se pondo a desenhar no canto. Ele observou ela desenhar, sem saber que era um desenho, é claro, e quando ela parou, ele acenou com a cabeça.


- E aí, depois da civilização celta reconhecer a magia, alguns bruxos da ‘civilização’ europeia começaram a reconhecer a magia também, e algumas famílias começaram a praticar especialidades logo depois dessa época – ele continuou lendo as anotações. – Uma das primeiras foi a especialização em Animais Mágicos, e uma que ficou bem popular alguns séculos depois foi especialização em Armas Mágicas. Armas Mágicas foram as precursoras primitivas das varinhas de madeira segundo o Léo. Especialmente bastões e cajados de madeira. Que legal! Eu queria aprender a usar uma espada – ele riu, brandindo uma espada imaginária no ar. – E fazer ela pegar fogo! – ele imaginava.


Keytlin sorriu novamente, e ele parou com a brincadeira. Voltou a ler o livro. Ele lia as anotações de Leo e o livro-texto e as ‘traduzia’ pra um jeito menos formal, e Keytlin acenava com a cabeça, concentrada, e desenhava tudo em detalhes. Brian deu uma pausa e ficou observando enquanto ela trabalhava. Ela parecia mortalmente compenetrada. Ele sorriu de canto. Ela percebeu que ele a olhava, sorrindo, e ficou vermelha na hora. Nervosa, deixou a pena cair da mão, e quase escorregou da cadeira na pressa de descer pra recuperar. Brian tinha descido quase ao mesmo tempo que ela, e suas mãos se tocaram por um instante. Ele ficou sem jeito e recolheu a mão, mexendo no cabelo, dando um sorriso de desculpas.


- Foi mal.


- S-sem problema. – ela respondeu, se esforçando pra controlar a própria respiração. Voltou a trabalhar no relatório, mas estava difícil se concentrar no desenho.


- Então, uh, tem uns nomes de algumas famílias e as especializações delas no livro, mas não tem nas anotações do Leozito, então acho que o professor não deu isso na sala. Depois já vem o capítulo 2. Você nem perdeu muita coisa – ele voltou a olhar pro livro, sem nem ligar pro que aconteceu, enquanto ela estava quase sofrendo um mini-infarto ali. – Você ficou com alguma dúvida na matéria toda? – ele perguntou muito sério. ‘Fiquei’, ela pensou. ‘Minha dúvida é como fazer pra parar o tempo agora.’


*~*~*~*~*~*~*~*~*~*


 


N/N.: WASSUP PEOPLE!!!


N/A.: Yoooo minna /o/


N/N.: Então... Já faz um tempo né?! Se alguém ainda se preocupa em ler essa fic... Minhas sinceras desculpas. Porque eu insisti diversas vezes pra Aisha me ajudar a escrever e só ontem que ela FINALMENTE aceitou u.u’


N/A.: ..Erm. Não posso negar isso. Ela realmente me perguntou algumas vezes se eu ia escrever, mas eu nunca tive coragem e_e’ Enfim, em compensação, quando finalmente resolvi escrever, ela foi pra uma festa e me largou escrevendo sozinha 8D Olha que ótima co-autora.


N/N.: Me desculpe por isso também, maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaas eu dei umas cinquenta ideias, cuja maioria serão aplicadas mais tarde, nos próximos capítulos U.U’’’’’


N/A.: ...O que me adiantou muito pra escrever esse capítulo de agora ¬¬’


N/N.: Adiantou porque te ajudou a saber o rumo da fic u.u   ; Enfim, continuando, finalmente conseguimos concluir mais um capítulo, e a enrolação de “começo de ano em Hogwarts” está finalmente acabando, agora muitas coisas estão por vir e eu realmente espero que alguém ainda leia esta fic ‘-‘


N/A.: Agora sim as coisas finalmente vão começar a acontecer /o/ Como responsável pela trama principal, finalmente chegou a hora de eu colocar as minhas ideias na história, claro, ainda com muita comédia xD Então, eu também espero que alguém ainda esteja lendo, porque apesar de demorado, acaba saindo u_u’ E está prestes a ficar bem legal.


N/N.: (Tirando que a parte da comédia e idéias são de maior parte, minhas). Agora, leiam a fic, comentem, nos amem (mentira, amem os personagens) e se sintam mal pela Keytlin porque ela ainda vai sofrer muito bullying.


N/A.: ...Coitada. Riam dos gêmeos, e se estressem com eles junto com o Léo xD E é isso. Ficamos por aqui, e até o próximo capítulo, que agora eu vou dormir feito o Fred –q Ja nee! ~*Aparatei*~


N/N.: Amem o Fred também porque ele é legal ‘-‘. Enfim, mais personagem incríveis tão chegando e vão se revelar decentemente nos próximos capítulos, é isso, BYYYE...!

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