Clichê.



Passei direto para a sala de Kassandra. Toda aquela bagunça de fios, cabos e monitores eram aconchegantes. Sentei no sofá do canto, ao lado de Logan. Hugo estava no outro sofá.

- Como foi o passeio? – Logan perguntou, e senti a malícia em sua voz.

- Tranqüilo. – dei de ombros.

- Qual é a treta? – perguntou Matt, naquele seu jeito de “eu não ligo pra nada”. E finalmente, Kessy entrou na sala, segurando vários papéis. Ela os distribuiu entre nós e sentou-se na frente do monitor.

- Opa, foi mal o atraso galera. – desculpou-se Scott, entrando apressado.

- Bom, vocês demoraram muito. – ela acusou. – A gente tem trabalho. É meio em cima da hora, mas Danillo Golden nos pediu um favor. – nós olhamos o rosto do sujeito e mudamos de página. – Teremos que matar essa mulher. Alguém sabe o porque?

- Por que ela é Astoria Malfoy. – eu respondi, com algo preso em minha garganta. Eu não sei porque isso agora, sendo que não tinha nada a ver comigo. Céus, eu estou enlouquecendo. Eu respirei fundo, pondo a cabeça no lugar. Trabalho era trabalho. – Certo, continue, Kessy.

- Sim, e por mais um motivo. – Kassandra sorriu maldosamente. – Pelo o que ele me informou, ela meio que pulou a cerca, entendem? Aliás, vocês sabem o bebê que ela perdeu ano passado? Não era dela. E Danillo quer vingança. O acordo é o seguinte: sem rastros, sem evidências. E ele quer
que isso seja doloroso. Mas o que ele precisa saber? Nós vamos matar rápido, sem dor. Ah, já ia me esquecendo. – nós viramos a página. – Ele deseja que seja no dia do baile dos Malfoy. Sabe, o filho deles vai ter uma festa de aniversário de 17 anos. Toda aquela baboseira de gente importante. Você, Lily, tem uma tarefa especial.

- O que? Vou ter que dar em cima dele? – perguntei irônica.

- Não. Você tem que tirá-lo da festa. Não interessa aonde você vai com ele, se vocês vão transar, conversar ou gritar um com o outro. Só importa que a hora que eu bipar, você precisa ir embora, entendeu? – eu revirei os olhos e assenti. – Ótimo. Matt, você obviamente pode ficar com a parte mais arriscada do serviço. Scott, você vai se infiltrar e deve mandar a senhora Malfoy pro ponto de encontro. Dê o sinal pro Matt. Logan, você limpa as evidências, mas enquanto isso precisa ver se tem alguém se aproximando. Hugo, você cuida das provas que vão incriminar ela mesma. Alguma pergunta?

- Porque Lily tem que distrair o Scorpius? – perguntou Hugo, e eu pude perceber o ciúme crescente.

- Porque ela sabe do que ele gosta. Sabe ser sexy, sedutora e sensual. E também, suponho que nenhum de vocês vão querer seduzi-lo, correto? – todos os meninos fizeram caretas de nojo. - Sou eu quem arma o plano, então sem reclamações. Algo a dizer? – como ninguém disse nada, ela virou-se para olhar Scott. O namoro deles era muito estranho, mas ninguém comentava nada; pelo menos duas pessoas do grupo eram felizes no relacionamento. – Scott, você vai ficar com a parte mais difícil, mas só porque é o único sonserino. – Kessy suspirou. Ela era uma Corvinal. Eu, uma Grifinória, junto com Hugo e Matt. Logan era um lufano. Dependendo da nossa casa, ela armava um plano diferente.

- Eu vou embora. – Matt se levantou. – Preciso falar pra minha mãe onde é que eu tava até essa hora. – e ele saiu pela porta. Alguns minutos de silencio se seguiram, então Kessy se levantou e foi para o próprio quarto. Logo Scott a seguiu, deixando eu, Hugo e Logan.

Eu suspirei. O ciúme bobo de Hugo doía muito, mas eu não tinha culpa que ele se apaixonou por mim. Eu comecei a murmurar uma conversa com Logan, e vi Hugo saindo violentamente.

- Não sei por que você insiste em fazê-lo sofrer. – ele falou confuso.

- Eu não tenho escolha. Você sabe que eu também não gosto quando faço isso. – eu suspirei.

- Sim, eu sei. – ele sorriu. – O que você vai fazer, pequeno Lírio? – ele indagou.

- Sobre o que?

- Nós estamos no quinto ano. Que curso você vai seguir?

- Auror prático. – eu dei de ombros. – Você?

- Parece que vamos fazer o teste juntos. – ele sorriu brincalhão.

- Amanhã a gente se vê. – eu levantei e saí da sala.

Eu estava cansada disso tudo. Eu não tinha razão pra viver. Eu odiava minha mãe, tinha um apartamento dividido entre os meus amigos em segredo e não tinha vida amorosa. Grande fiasco. Bufei. Andei até a cozinha e entrei pela lareira, murmurando “Casa dos Potter”.

Eu cheguei na cozinha. Sem surpresa nenhuma meu pai estava lá, naqueles dias de insônia.

- Boa noite papai. – eu sou a melhor atriz da família, e isso é fato.

- Boa noite querida. – ele deu um sorriso, me observando pegar um copo de leite e um pacote de bolachas. – Eu estava me perguntando onde você estava há essa hora.

- Eu estava com Hugo. Fazendo planos pra esse ano. – dei de ombros. Ele pareceu engolir a história. Peguei meu lanche e sentei.

- Certo. Você gosta muito de Hugo, não é mesmo?

- Sim, ele é meu melhor amigo. – ele suspirou, e então fiquei confusa. – O que foi pai?

- Lily, você não acha que está na hora de arrumar um namorado? – eu entrei em choque. Não. Não. Não. Eu definitivamente não ia ter uma conversa sobre namoro com o meu pai.

- Er... Porque isso agora, pai? – perguntei confusa.

- Os seus irmãos já estão comprometidos. Achei que era hora de você também...

- Nem vem pai. Corta essa. – eu me levantei furiosa. – Eu não vou me casar assim que sair da escola como eles estão fazendo. Eu não quero isso, eu sou diferente deles! E porque você começou a colocar isso na cabeça?

- Lily, entenda, alguém precisa falar com você sobre isso! Eu sei que você não gosta de falar isso comigo, então se você conversasse com a sua mãe...

- Não! – eu me virei e caminhei até a porta. – Eu não quero namorar ainda, pai. Dá pra entender isso, ou não? E eu não quero que esse assunto da mamãe entre no meio de novo, certo? Boa noite. – Eu subi pro meu quarto, tomei banho e coloquei um pijama. Assim que deitei na cama eu apaguei.

***

O dia seguinte foi corrido. Eu saí por volta das sete da manhã e fui pro apartamento, no Largo Quinker número 21. Lá, eu encontrei com Kassandra, e fui fazer a minha parte, que era comprar um vestido descente. Deus sabe que eu tenho vários em casa, presentes do meu pai, mas ela achou que eu precisaria de “algo mais”.

Lá pela quinta loja, eu estava indecisa sobre três vestidos (apesar de eu ter comprado os três). Eu então, liguei pra Kassandra.

- Alô? – ela falou.

- Oi, sou eu Kessy.

- É claro que é você. O que foi? Achou o vestido?

- Bom, eu achei três bem bonitos. – admiti.

- Olha, me deixa falar com alguma vendedora. – eu localizei uma e dei o telefone pra ela. Depois de alguns minutos ela me devolveu e saiu apressada pra achar vestidos.

- O que você falou pra ela?

- Nada demais. Só que era pra ela achar um vestido que combinasse com você. Daí eu falei que você era filha de Harry Potter e ela meio que ficou apavorada. – cara, ela era má.

- Você é má, Kessy.

- Não, sou só prática.

- E aí, como foi ontem com o Scott? – perguntei casualmente.

- ótimo, como sempre. – eu senti a felicidade na voz dela. Revirei os olhos.

- Tá bom, tá bom. Vou desligar, tenho que experimentar uns vestidos. – desliguei. A vendedora tinha trazido mais de cinco vestidos pra mim. Fui pro provador.

***

Algumas horas depois, eu estava finalmente no meu apartamento, no meu quarto. Só pra vocês terem idéia, cada um de nós dividia quartos. Matt dividia com Hugo, Scott com Kassandra e eu com o Logan. Era muito grande isso aqui. E tinha o quarto de hóspedes, claro.

No momento, Scott estava vendo o local da festa. Ele tinha uma desculpa pra ir lá antes da festa e ver os lugares. Era sonserino, rico, amigo dos Malfoy. Aliás, ele era o melhor amigo do Scorpius. Logan estava vendo o material pra limpar as evidencias, como luvas e varinhas descartáveis. Hugo ficou no próprio quarto, onde pensa nas provas mais convincentes. E Matt, bem, está com alguma vagabunda por aí. Eu sei que a gente tem quinze anos, mas com o que a gente faz, tem que aproveitar.

Kassandra estava me esperando. Ela ia avaliar os vestidos que eu comprei, pra saber qual prestava. Aquilo era ridículo, se quer saber a minha opinião. Tipo, ela sentada na minha cama com uma prancheta na mão. Eu revirei os olhos antes de sair com um vestido verde tomara que caia.

Ela olhou, mandou eu virar, fez uma anotação e mandou eu me trocar. Pus um vestido branco super curto, com a saia meio rodada, com um zíper cinza na frente. Ela olhou, e eu fui me trocar. O ultimo vestido, era um preto que ia até o joelho, tomara-que-caia e com uma faixa embaixo do busto. Eu saí e ela finalmente falou alguma coisa.

- Hum... Você vai ir com o preto, certo? Eu só vou dar uma ajustadinha nele e vai ficar perfeito. – eu concordei. – e o seu sapato... – ela andou até a minha sapateira, vasculhando. – Você vai com este aqui, ok? – ele era preto, com a parte da frente cheia de strass, e com o salto incolor.

- Ta bom. Eu preciso fazer o que agora?

- Nada. Só ir pensando em como você vai seduzir o loiro.

- Seduzir? – eu ergui uma sobrancelha.

- Talvez isso seja forte demais. – ela pensou. – Mas não deixe de aproveitar, Lily. Eu sei que você tem uma queda pelo Scorpius, e não negue.– ela bateu nas minhas costas e foi embora. Eu me vesti com uma blusa de alças azul, uma calça preta, peguei minha bolsa e fui almoçar. Eram duas da tarde e eu estava faminta. Kassandra estava louca! Eu nunca, nunca me apaixonaria pelo loiro de farmácia.

Fui para a rua, pensando em um bom lugar pra comer. Resolvi que iria para o restaurante Magic Food. É, clichê, eu sei. Mas a comida de lá era excepcionalmente boa. Quando cheguei, estava quase vazio. O horário de almoço devia ser bem mais cedo, claro. E foi quando eu o vi. Comendo despreocupadamente. Sem saber que iriam matar a mãe dele na próxima semana. Eu fechei os olhos me concentrando. Andava muito estranha ultimamente.

Eu cheguei displicentemente perto da mesa dele.

- Oi Scorpius. Posso me sentar com você? – ele me olhou de um jeito estranho, mas respondeu.

- Claro, sinta-se à vontade. – depois que eu pedi meu prato (macarrão), ele continuou. – Mas por qual milagre a senhorita Lily Superior Potter resolveu sentar com o Scorpius Loiro de Farmácia Malfoy?

- Eu só queria uma companhia diferente, não se preocupe. – ele me olhou de um jeito estranho e voltou a sua atenção pro próprio prato. Depois de um tempo, ele riu. Acho que eu estava corada.

– Calma ruivinha. Sabia que você é muito diferente fora da escola? – ele me olhou de um jeito quase indecente.

- Mesmo? Eu poderia dizer o mesmo de você... – revidei com um sorriso de lado. Estar com Scorpius era mais fácil do que eu imaginava. Clichê , eu sei.

Mais alguns minutos sem falar nada, e o meu prato chegou. Eu peguei meu garfo e enrolei o macarrão. Eu o sentia me observando, e acho que corei. De novo.

- Lily... – ele começou e eu encarei aqueles perfeitos olhos cinza-azulados. – Porque você está fazendo isso? – na minha cabeça a palavra mentir veio quase automaticamente.

- Não posso conversar com você? – perguntei, tentando parecer inocente.

- Pode. Ma eu quero a verdade, Lily. – ele sorriu de um jeito enviesado e eu não resisti em dar uma resposta atrevida.

- Você quer que eu fale o que? Que eu quero você? – os olhos dele brilharam.

- Não seria má idéia. – e ele passou a mão pelo cabelo. Eu tratei de comer rápido e quando ia pagar a conta, ele segurou o meu braço. – Eu pago hoje, senhorita.

- Não...

- Shh. – ele me calou e pagou. – Então... Aonde você mora? Na casa do seu pai, ainda?

- Também. – disse furtivamente.

- Me diga, onde é o seu apartamento? – ele pediu galanteador e eu me senti bem.

- Não. – disse, mas ele me pegou pelo braço e me colocou dentro do carro dele. Eu revirei os olhos, uma mania irritante.

- Agora, você só sai daqui depois de responder algumas perguntas. – ele falou provocante, enquanto trancava o carro com as chaves. Eu cruzei os braços, esperando. – Primeira: porque você está se fazendo de amiga?

- Oras, você acha não acha que é bom quebrar velhos hábitos? – falei inocente, e na defensiva.

- Ok, vou fingir que caí nessa. Segunda: onde você mora?

- Isso realmente não te interessa.

- Interessa sim. Pode ir falando, senhorita Lily. – ele tentou apelar pro lado cortês. Hahá, faça-me rir.

- Largo Quinker, número 32. – menti descaradamente, mas quem liga?

- Certo. E, hum, se eu posso perguntar, você está solteira? – eu ri que nem uma louca com essa. Ele estava dando em cima de mim?

- Sim, completamente solteira. – respondi. – Posso ir? Preciso ver uma pessoa.

- Claro... Mas você prefere ir sozinha ou acompanhada? – ele sugeriu malicioso. Revirei os olhos.

- Sozinha, muito obrigada, Malfoy.

- Então voltamos pro ponto de partida. – eu sorri e saí do carro. Quando passei pra outra rua, ouvi ele gritar. – VOCÊ VAI NA MINHA FESTA?

- VOU! – e ele deu a partida no carro e foi embora. OUCH, eu estava dando bola pra Scorpius Malfoy. Saco.

Eu fique no meu apartamento o resto do dia, de um jeito monótono. Fora quando Logan chegou, claro. Ele me animou, fez pipoca e fomos assistir um filme na TV. Kassandra chegou completamente risonha, com Scott amparando-a. Eu olhei feio pra ele. Ele bem que sabia que ela bêbada era pior que o mundo inteiro junto. Ele revirou os olhos e foi pro quarto.

Tempos depois, quando eu estava falando com Logan sobre como o sangue do cara do filme era tão falso, Matt entrou com uma garota loira e com olhos verdes, e estava indo pro quarto quando viu a gente.

- Lils, eu sei que você não gosta que eu traga elas aqui, mas não dê piti, certo? Meus pais estão dando uma reunião de família, e...

- Vai Matt, faça da sua noite uma boa noite. – eu falei indiferente, apesar de não gostar quando eles faziam isso. Eu odiava quando meu apartamento parecia um motel barato.

- Lily, relaxe, ok? Deixe ele se divertir. – Logan tentou me acalmar, passando o braço pelos meus ombros. – Alguém tem que fazer isso, né?

- Acho que você tem razão. – eu me aconcheguei nele. É, eu tinha um casinho com o Logan. E eu sequer ligava.

Várias horas a seguir, entre conversas e beijos, eu e Logan estávamos quase cochilando. Eu em cima do colo dele, ele com os braços na minha cintura, e do nada a porta da sala se abre e um ruivo problema começa a tagarelar.

- Lily, melhor você vir comigo. Acho que aconteceu alguma coisa na sua casa. – oh, ótimo. Sempre tinha um pra estragar uma noite tranqüila. Que droga de dia tão clichê.


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N/A: Oi gente!! Oh, que mágico, eu tenho leitores!! *----* Não deixem de comentar xD

Isabel McCoy : Oi, que bom que você gostou! ^^ E origada, se você for fazer uma capa, eu aceito sim!

Jeh Halle : Coloquei descrissões físicas, ok? Muito obrigada pela capa, mas eu não consigo vê-la =//


Beijos

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