I Think It Is Love.



Eu me sentia tão patética. Sempre soube exatamente o que eu queria e o que eu não queria descartava. Daí, estava sentada olhando meu armário, procurando uma roupa para ir a um “date” que eu não queria ir com um cara que eu não via como um possível namorado. Mas como eu não tinha nada a perder (mesmo porque daí alguns meses estaria na França) e como era muito orgulhosa e queria irritar o Pat, estava lá, fazendo algo que tecnicamente não faria nenhuma diferença na minha vida.   Além de tudo estava preocupada em estar bonita o suficiente, já que Sabrina estava (eu odeio escrever isso!) linda. Mas tudo bem, eu preciso ser honesta, afinal estou contando os fatos e não minha opinião: Ela estava linda. Vestia uma calça jeans de lavagem clara (bem oposta ás minhas, sempre escuras), uma blusa branca com flores rosa e azuis (eu odeio flores). Nos pés um sapato caramelo claro de salto e nas mãos uma bolsa combinando perfeitamente com esse sapato.  Eu comecei a me desesperar.  Eu nunca, mesmo que vivesse oito anos iria conseguir uma combinação tão feminina (Embora tentasse). Acabei desistindo, coloquei um vestido verde claro tomara-que-caia de cintura bem marcada, um all star branco e uma bolsa branca e voilá: Estava (QUASE) pronta. Se realmente acham que eu não sou vaidosa como a Sabrina, caíram do cavalo. Eu era, mas simplesmente tinha um grande problema em parecer uma “Donzela” que precisava de um “Príncipe Encantado” que viesse com um cavalo branco e me salvasse. A impressão que a Sabrina me passava era que ela era isso, uma mocinha frágil, delicada, a ponto de quebrar.


Devo acrescentar que, embora me irritasse o fato dela ser tão indefesa, os homens gostam disso. A maioria deles quer ser o “Cara grande e forte que protege a garota”, coisa que eu nunca permiti, nem vou. Acho que por isso o grande número de all stars que me permitem correr e pular o quanto precisar. Ok, devo admitir que, por culpa do meu vício, contrastava no meu armário sapatos de salto digno de “Donzelas” com os all stars (e eu acrescento: sujos). Mas era diferente... Como vou explicar? Eu era diferente. Acho que isso incomodava não só os outros, mas a mim. Sinceramente, correndo minha vida inteira com dois “moleques“, o que é que o mundo esperava? Que eu fosse uma menina como a Sabrina? Eu não podia, eu nunca poderia! Se você avaliar, quantas dessas meninas “Sabrinas” têm os dois melhores amigos do mundo? Nenhuma. E eu tinha. E teria para sempre.


Continuando... Arrumei meu cabelo, coloquei um colar prateado de estrelinhas e meus grandes óculos de sol. Passei perfume e anunciei:


- Estou pronta Sabrina, vamos?


- Claro. – Ela disse. – Você está linda!


- Obrigada. – “Mentirosa!” pensei. – Você também.


 


Saímos do quarto e fomos para onde havíamos combinado de encontrar os meninos. E infelizmente era o mesmo lugar. Por sorte vi Alex sentado em um canto.


- Eu já volto. – Disse e caminhei para meu amigo, o único porto seguro concreto que eu tinha.


-Que cara é essa Alex? – Eu perguntei, me sentando do lado dele.


- Te conto se você não brigar comigo ou gritar comigo ou nada do gênero. – Ele disse. – E já começo dizendo “Desculpa, eu não sabia o que estava fazendo. Eu acho”.


- O que aconteceu?  - Eu perguntei.


- Prometa e então te digo. No atual momento não preciso de ninguém para jogar coisas na minha cara. Principalmente o quão retardado eu fui.


- Eu prometo Alex. – Eu disse já preocupada.


- Sabrina traía o ex namorado dela comigo. Desde o ano passado. Eu não te contei porque estava errado e sabia disso e... Eu me apaixonei por ela. De verdade. E se eu tivesse contado pra vocês ela agora não estaria com o Patrick. – Ele me disse e eu fiquei estática.


- Você tá falando sério? – Perguntei e ele assentiu com a cabeça. Respirei fundo e tentei não dizer a ele que eu havia beijado Pat e estava apaixonada por ele. – Olha Alex, não vou te dizer que estava errado em não nos contar porque certas coisas a gente prefere guardar pra gente mesmo. Mas uma garota com namorado? Isso é tão errado em tão diferentes níveis... Ok, não vou te dar bronca porque bem, pelo que vejo nos filmes amor é algo idiotamente incontrolável.


- Eu não consigo vê-los juntos. – Ele me confessou.


Essa frase doeu e eu quase disse “Eu também não!”, mas me calei. Seria muito egoísmo meu atrapalhar o “Date” do Pat agora? Eu estaria fazendo isso pelo Alex, não por mim. Creio que era melhor que eu fizesse o que ele me pedisse.


- O que você acha que eu faço? – Alex me perguntou.


Ele sempre tão resolvido e sensato havia caído nessa “armadilha” dessa loira-boneca-infeliz-adúltera”. Argh, a odiava cada vez mais!


- Você tem que falar com o Patrick. – Eu disse.


- Você faria isso por mim? Eu não quero que ela perceba... Eu nem sei o que dizer para Pat... – Ele disse.


- Claro. – Eu disse. – Tudo por você.


Dei-lhe um beijo na testa e caminhei de volta para onde Sabrina estava.


Avistei Patrick caminhando em nossa direção.


- Espere aqui. – Eu a comuniquei e corri em direção à Patrick.


Ele se assustou com a minha corrida.


- Nós precisamos conversar. – Eu disse.


- Agora? – Ele me perguntou confuso.


- É sobre o Alex. – Eu disse.


- Diga rápido, Sabrina está me esperando. – Ele disse e eu revirei os olhos.


- É sobre ela e o Alex. Eles tiveram algo. Você não pode sair com... – Ele me interrompeu.


- Você está inventando uma história para que eu não saia com ela?


- Claro que não! Se você não acredita em mim vá falar com o Alex. Ele está apavorado com a idéia do melhor amigo dele com a menina que ele está apaixonado.


- Como que isso é possível? Ela estava namorando... –Ele disse.


- Eles terminaram por quê? – Eu perguntei.


- Ah, dizem que ele descobriu que ela estava traindo ele com... – Ele parou de falar.


- Com alguém que só quatro pessoas sabem quem é. – Eu disse. – Eu juro por Merlin que eu não estou mentindo. Você devia ver a cara dele... Ele disse que não conseguiria te falar, então me pediu.


- Eu vou falar com ele. – Ele me disse se virando.


- Quer que eu diga algo à Sabrina? – Perguntei.


- Diga a ela ir... Sei lá. Diga a ela que ela sabe porque eu não estou lá. – Ele disse.


Sempre sobrava para mim... Lá fui eu dizer a ela que o date havia sido cancelado.


- Onde está Pat? – Ela me perguntou docemente.


- Ele teve uma emergência. – Eu disse. – Disse que fala com você depois.


Sabrina deu um sorriso triste e eu travei. Não sabia o que fazer, mas precisava fazer algo. Avistei Robert e minha forma de sair dessa grande cilada.


- Estou indo, a gente se vê mais tarde. – Eu disse para Sabrina, caminhando para onde Robert estava.


-Eu estava te procurando! – Ele disse passando a mão em minha cintura e me puxando para perto.


Isso tudo começou muito errado. Não porque eu não gostava de ter ele por perto, porque naquele momento percebi exatamente o quanto gostava, mas porque eu era... Eu! E eu iria estragar tudo não sendo uma dama delicada perfeita e sedutora. Eu iria ser a menina que, apesar de saber andar de saltos conviveu a vida toda com dois meninos. Logo, em um “date” eu seria um desastre!


Então o que eu fiz? A coisa óbvia e ridícula que toda pessoa em uma situação como essa faria: Uma cara besta, um sorriso bobo e palavra nenhuma.


Robert ficou sério, mas acho que mais por não entender o que eu estava querendo dizer com aquela pseudo-careta.


- Então, vamos? – Ele perguntou para confirmar.


- Claro! – Eu disse ainda com a cara boba.


Ar, eu sou ridícula!


Fomos então caminhando abraçados para Hogsmead.


E a dura verdade é que, durante as quatro horas que eu passei do lado daquele rapaz ele foi doce, educado, engraçado, cavalheiro... Tudo o que eu gostaria em alguém. Ele conseguiu me deixar completamente encantada. Ousaria dizer... Apaixonada. Paixão instantânea ao vê-lo daquela forma. Tão... Ah, sem palavras para descrever o que os meus olhos viram naquele momento. Indescritível o que meu coração sentiu.


Eu queria que aquilo durasse para sempre. Eu sentia uma estabilidade com ele que eu sei que com o Pat seria impossível. Ele me fez não pensar em Pat da forma como eu pensava antes daquele momento e aquilo foi bom e lindo.


Já estávamos entrando no salão comunal da Grifinória quando vi Pat.


- Então... Aonde você vai agora? – Robert me perguntou.


- Eu vou para meu quarto fazer a lição de poções, ler um livro e dormir cedo. E você? – Eu respondi.


- Praticamente o mesmo, amanhã tem treino bem cedo e você conhece o Alex... – Ele me disse.


- Sim, eu o conheço. – Eu lhe disse. – Então boa noite!


- Boa noite! – Ele me disse antes de me puxar delicadamente e beijar meus lábios suavemente.


Foi um susto, mas, de uma forma doce e... Daí me lembrei que Pat estava lá, provavelmente me olhando, me vigiando. Então após cinco segundos dos meus lábios nos dele eu me afastei, sorri e abri os olhos.


- Até mais. – Eu disse.


-Até. – Ele disse sorrindo.


Eu caminhei para o dormitório tentando achar Pat, mas ele não estava lá.

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