Capitulo 3



 YellowCard - Empty Apartment



Cho Chang foi totalmente contra a idéia.
— Harry você não pode – exclamou quando ele mencionou seus planos durante o jantar. — Querido, você morreria num lugar como aquele. Venha para Barbados comigo na próxima semana. Tenho aquele contrato, você sabe. Pode ficar no hotel, escrevendo, enquanto eu estiver no estúdio.
Harry fez uma careta.
— Não, obrigado – recusou, gentil. — Preciso trabalhar, e não estou com vontade de bancar a babá enquanto você tira a roupa para outro homem.
— Mas Harry – protestou Cho, segurando a mão dele, sem se importar com o olhar curioso do garçom. — Como vou vê-lo, metido naquela maldita caverna.
— Não é bem uma caverna – corrigiu, seco, retirando a mão dela. — Vai querer sobremesa ou posso pedir café para dois?
— Não vou conseguir comer mais nada... – Cho gemeu, tirando um lencinho da bolsa e limpando os olhos. — Peça um licor. Preciso de alguma coisa mais forte.
Harry deu de ombros, chamou o garçon e fez o pedido, sem prestar atenção as lágrimas dela. Depois se reclinou na cadeira e ficou esperando Cho recobrar o bom humor.
— E quando você vai? – perguntou ela, percebendo que a cena não estava surtindo efeito. Harry primeiro acendeu um charuto com toda a calma, depois respondeu:
— Não é nada definitivo, Cho – respondeu, distraído, guardando o isqueiro. — Vou até lá amanhã para conhecer o lugar e só depois tomarei uma decisão.
— Como ficou sabendo desse lugar? – exclamou ela, afastando o lenço. — Thrushfold! Nunca ouvi falar.
— Foi Margot Urquat quem me falou da casa. Pertence a uma antiga colega dela de escola.
Cho conteve a irritação e reuniu toda a calma que conseguiu para fazer perguntas sobre King’s Green.
Mas, mais tarde, quando estavam a sós no apartamento dela, voltou ao assunto:
— Você...você não está pensando em se casar com Margot Urquart, está Harry? – perguntou com cuidado, acariciando a orelha dele com os lábios trêmulos.
Harry caiu na gargalhada.
— Não – tranqüilizou-a.
Cho suspirou aliviada e entregou os lábios que ele procurava.


— Quando foi que tomou essa decisão? – Gina Weasley estava magoada com a mãe. — Não podia ter falado comigo antes?
A sra Weasley deu um suspiro e respondeu com calma.
— Já conversamos sobre isso, e você sabe muito bem, Gina. Não há outra solução.
— Como pode dizer isso? Depois que eu casar com Draco...
— Depois que você casar com Draco o que? – a sra. Weasley olhou para a filha com carinho — Minha querida...Draco não vai querer morar em King’s Green. E, depois, manter duas casas... – sacudiu a cabeça, desconsolada – é impraticável.
— Mas deve haver uma solução qualquer – Gina andava de um lado para o outro, agitada. Afastou o cabelo ruivo e liso que caía em seu rosto e prendeu-o atrás da orelha, perturbada demais para pensar na aparência.
—Não há – garantiu a mãe, recomeçando a costura que havia interrompido. — Desde que seu pai morreu as coisas vão de mal a pior para nós. Pelo menos é um alívio saber que você não vai sofrer por causa disso.
— Não vou? – Gina não parecia convencida, e a mãe tornou a levantar os olhos da costura.
— Querida, seu casamento é em agosto. Até lá, espero que possamos continuar na casa, porque essa também era a vontade do seu pai. Mas, depois do casamento..
— Ainda acho que a senhora está sendo muito apressada. Até agosto muita coisa pode acontecer.
— Nada que possa contribuir para melhorar nossa situação financeira – argumentou a mãe, já acostumada às tentativas da filha de convencê-la a não vender a casa.
— Mas por que envolver Margot Urquart? Isto é... bem, a senhora sabe como ela é! E esse homem, seja quem for, deve ser mais outro parasita na lista de...
— Harry Potter não tem nada de parasita, querida – replicou a sra. Weasley, voltando a costura.
— Harry Potter! – Gina mordeu o lábio. — Imagine só vender nossa casa a um indivíduo como ele.
— Gosto dos livros de Harry Potter, Gina – respondeu a mãe, começando a ficar impaciente — e não vejo motivo para você criticar um homem que nem conhece.
— E que você também não conhece – replicou Gina, com teimosia, provocando um suspiro desanimado da mãe.
— Gina, acho que você não vai ficar satisfeita nunca, seja lá quem for comprar a casa. Com a intervenção de Margot, ao menos não vamos ter que passar a humilhação de anunciar a casa no jornal e receber dezenas de curiosos.
— Por que a senhora acha que Harry Potter não é um dos curiosos? Bem – Gina se colocou na defensiva ao ouvir a exclamação irritada da mãe — ele deve ter nascido num subúrbio qualquer e duvido que tenha bom gosto suficiente para apreciar King’s Green.
— Sua esnobezinha! Não criei você para olhar os outros com esse desprezo.
— Não eu... – Gina ficou sem graça. — Ora mamãe! Não podemos fazer nada?
— O que você sugere?
— Não sei! Mas... o último namorado de Margot Urquart?
— Escute, sei que você não gosta de Margot – disse a sra. Weasley, suave, — mas lembre-se de que ela não está envolvida na venda.
— Talvez esteja. Ela sempre cobiçou King’s Green, e pode ser que esteja pensando em morar aqui com ele. Seja lá como for, a senhora devia ter falado comigo antes, assim eu teria dado um jeito de estar fora quando eles chegassem.
— Foi exatamente por isso que não falei – respondeu a mãe, firme. — E depois, quero sua opinião.
— É mesmo? – Gina não conteve a ironia — E se eu não concordar?
A sra. Weasley suspirou e pôs a costura de lado.
— Vou dar instruções à sra. Hetherington para o almoço. Margot disse que eles pretendiam chegar lá pelo meio dia.
Depois que a mãe saiu, Gina foi até a janela e olhou com carinho para os gramados e os canteiros lá fora. Aquela era a sua casa, o lugar onde havia nascido e que amava de todo o coração. Como podia pensar em entregar King’s Green a um estranho, sem sentir uma pontada de dor e ressentimento? Especialmente sendo esse estranho o namoradinho de Margot Urquart! Como filha de lorde Conroy, o patrono das artes, Margot certamente poderia ser muito útil a um jovem escritor em busca de sucesso.
A mãe voltou, interrompendo os pensamentos de Helen.
— Filha, a sra. Hetherington concorda com você. Ela acha que vai perder o emprego depois que a casa for vendida.
— E será que ela não tem razão? Não se esqueça de que os Hetherington trabalham para nós há muitos anos! E que talvez seja difícil para eles se adaptarem em outro lugar.
— Tem razão. – A sra. Weasley parecia muito preocupada — Mas o melhor é esperar para ver a reação de Harry Potter. Talvez ele nem goste da casa...
Gina forçou um sorriso, serviu dois cálices de licor e ofereceu um à mãe.
— Tome isso. Acho que estamos precisando.
— Obrigada – disse a sra. Weasley, distraída. Depois pareceu voltar à realidade e censurou a filha: — Não vai se trocar, querida? Esses jeans estão indecentes! Não se esqueça de que temos um nome a zelar.
— Não está sendo um pouco esnobe, mamãe? O que há de errado com a minha roupa? E, depois, a sua elegância é suficiente para salvar qualquer aparência.
O ruído de um carro se aproximando interrompeu a conversa. Mãe e filha entreolharam-se em pânico.
— Devem ser eles! – as palavras da sra. Weasley saíram quase num sussurro.
Uma raiva surda foi tomando o lugar da apreensão de Gina.
— Parece. A menos que Draco tenha resolvido baixar aqui neste péssimo momento.
— Acha que pode ser ele? – a sra Weasley gostou da idéia.
— A senhora sabe muito bem que Draco está em Cheltenham – lembrou Gina, fria, destruindo as esperanças da mãe. — Quer que eu vá abrir a porta? – sem esperar resposta, Gina se afastou, tentando aparentar uma autoconfiança que estava longe de sentir.


Continua...

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