"Falando com os Mortos"- Parte

"Falando com os Mortos"- Parte



- Suicídio foi demais não? – recomeçou ela, com um tom de ironia na voz. – E eu achando que você estava no ponto... – como o silêncio se seguiu após suas palavras, ela continuou, extremamente confortável (para quem tinha uma varinha apontada para si), se voltando para os dois que se encontravam na porta parados. – Olá vocês... Fico feliz em saber que vocês decidiram se juntar a nós... Bem, não sejam tímidos, cheguem mais!- chamou ela dando mais um passo.

Ambos recuaram, enquanto Rony se postou na frente da amiga, afastando Hermione ainda mais. Havia algo de estranho ali... Não que o fato de ter a aparência da garota não fosse confuso o suficiente... Mas havia algo mais, algo que sem dúvida alguma era uma das poucas coisas que causaram o que Harry pode reconhecer quase como medo em si próprio... Era só uma pessoa, não estava gritando, não estava irritada... Nem ao menos armada... E mesmo assim, por mais suaves e polidas que fossem as palavras que saiam da boca da garota, era assustadora a forma com a qual elas soavam frias e ameaçadoras.

- Oh Rony! Não seja tão superprotetor... – disse ela, dando mais um passo.

-Não! – avisou Harry, firmando a varinha. Mas não foi suficiente, ela simplesmente deu mais um passo, seguindo na direção de Rony, que agora empunhava ele próprio a sua varinha. Harry não sabia se ela faria alguma coisa para machucar ambos, assim como fizera com ele, então antes mesmo de pensar no ato em si, já o havia feito. Uma luz vermelha atingiu a garota em cheio no peito. Caindo por trás do sofá, Harry a perdeu de vista.

-Harry! – gritou Hermione chocada – Você atacou um aluno!

- Ela ia atacar vocês! – defendeu-se Harry, ainda nervoso.

- Você não sabe!! – retrucou ela assustada.

- Ela tentou me matar! – justificou ele, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, que Hermione não deveria defender a menina, fosse ela quem fosse.

-O que? – perguntou Rony confuso. – Te matar? Como? – questionou ele, como se os fatos se tornassem cada vez mais difíceis de serem compreendidos. Enquanto Hermione circulava o sofá a fim de acudir a garota.

- Ela peg... – começou Harry, mas foi logo interompido por um grito abafado de Hermione vindo de trás do sofá. – O que? – ambos se apressaram em direção ao lugar:

- O qu- qu... – balbuciou Rony.

- Onde...? – e Hermione não era a únicaqeu não sabia o que dizer. Enquanto os três se mantinham em pé ao redor do local, a mente de Harry trabalhava velozmente, sem entender o acontecido:

- Espere... – começou ele – Isso não faz sentido... Eu acertei ela... Você viu! – disse ele se voltando para Rony. – E você também! – continuou ele se virando agora para Hermione que se mantinha em pé ao lado dele.

- Então onde está o corpo? – perguntou Hermione num sussurro. De fato, não havia ninguém lá.

- Sabe? Eu estou curioso... Depois de me estuporar... O que exatamente você planeja fazer? – Harry pode ouvir o grito vindo de Hermione do seu lado esquerdo, com um calafrio percorrendo-lhe a espinha, ao sentir logo em seguida a voz próxima ao seu lado... Se movendo imediatamente para o canto oposto de onde estava, puxando a amiga pelo braço, ele olhou em volta para encontrar ninguém menos que:

- Neville...? – sussurrou ele, assim como os outros, sem acreditar no que via.

- Qual o problema? Você não gosta desta? – perguntou ela calmamente apontando para si. – Talvez... Esta.

- Harry sentiu a mão da amiga apertar seu braço firmemente, fazendo latejar de dor, apesar dele própro não estar prestando muita atenção... Seus olhos se voltavam agora para a figura a sua frente, os cabelos ruivos e longos caindo pelos ombros, emoldurando o rosto branco com grandes e amendoados olhos verdes... Sentindo o peito apertar, com um nó na garganta, Harry observou sua mãe...

- Não, certo? Muito... Maternal? Eu pensei também... – continuou ela. – Que tal... Esta?

- Cedric... – murmurou Rony à sua frente.

-Não... Talvez, muito... Doloroso? – concluiu ele com um sorriso ameaçador.

-Agora... Meu palpite é... Que você, prefere... Esta! – Harry pode observar agora mais uma vez a cópia da amiga a sua frente.

Seguindo calmamente para uma poltrona e se sentando. Um momento de silêncio se seguiu, até que Hermione perguntou com um tremor na voz:

- O que diabos é você...? – ela gargalhou.

- Diabos...? – continuou ela ainda sorrindo – Não... Não propriamente dito... Mas perto... Muito perto...

- O qu... – mas ela foi interrompida.

-Ora vamos Hermione! Você sempre foi a mais esperta certo? Sempre racional... – instigou ela. Parecendo estar se divertindo bastante. E se virando em seguida para os garoto ela continuou:

- Me diga “Mione”, se apaixonar pelo seu melhor amigo não é uma coisa muito racional a se fazer... Vocês não concordam?

- Cala a boca. – murmurou Hermione de volta, à beira das lágrimas. E apesar da situação... Harry pode ouvir uma vozinha no fundo de sua mente gritando desesperada para saber a quem ela se referia... E algo lhe dizia que ele não era o único...

- Ah, sim... Eu aposto que vocês querem saber não? – recomeçou ela. E agora definitivamente ela se divertia. – Ou então, nós podemos esqeucer essa história toda e se divertir um pouco... Nós quatro...

-Pare! – dessa vez foi Rony quem irrompeu a distância entre ele e o local onde a criatura se mantinha sentada, com varinha em punho.

- Rony! Não! – Hermione se pôs no caminho do amigo, tomando-lhe a varinha.

- Você não pode toca-la... Nenhum de nós pode...

- Ela está certa. O que significa infelizmente que eu também não posso tocar nenhum de vocês... A não ser é claro que vocês queiram... – acrescentou ela agora sorrindo novamente – Quero dizer... Eu não me lembro de ouvir nenhuma reclamação... Certo, Harry?

- O que? – questionou Rony, e sua atenção foi rapidamente desviada para o amigo, juntamente com o olhar.

- Oh... Vamos Harry! Você não contou? Amigos não devem ter segredos um para o outro... – ele não soube o que dizer... Nem mesmo o que pensar... E exceto pela imensa repugnância que sentia contra aquilo, seja lá o que fosse, a única coisa que sentia era culpa por saber que apesar dos pesares, aquilo era verdade...

- Cala a boca... Pare! – retrucou Hermione irritada.

- Ora vamos... Não me diga que você nunca notou? – perguntou ela, agora se levantando. – O jeito com o qual eles olham pra você... As coisas não são mais as mesmas, são?

Harry sabia que raras eram as vezes nas quais Hermione perdia o controle daquela forma, de fato, ela estava agora tão nervosa que nem ao menos teve o dicernimento de utiliar uma varinha, segurando o primeiro objeto que vira ao redor e arremeçando na poltrona à sua frente.

Ele ainda pode ouvir a risada daquela coisa, fosse o que fosse, enquanto ela se esvaía novamente. A sala voltou novamente ao silêncio anterior, e tudo que Harry observou foi a amiga, que agora tinha o rosto lavado em lágrimas, se jogar na cadeira mais próxima, afundando o rosto nas mãos. Não demorou muito para que ele percebece o olhar de Rony sobre ele.

Obviamente o amigo esperava por respostas... Respostas que nem ele mesmo tinha certeza de quais eram. Decidido a negá-las até quando pudesse, Harry sabia que já não fazia mais muito sentido fugir da situação na qual estavam...

-O que ela quis dizer com aquilo?

- Rony, por favor... – pediu Hermione. Mas ele não pareceu ouvir, e não foi o único:

- Com aquilo o que? – retrucou Harry violentamente impaciente.

- Oh não se faça de desentendido! – retrucou ele, tão irritado quanto.

- Rony! Eu não acredito que você vai querer entrar nessa babaquice de novo!

- Garotos... – pediu Hermione, mas foi ignorada mais uma vez.

- Vou! Se você continuar mentindo pra mim!

- Eu não estou mentindo pra você Rony!

- Meninos, parem... – murmurou Hermione novamente.

- Você acha mesmo que eu sou tão estúpido? – gritou ele, agora ainda mais alto.

- Você tá agindo feito um! – retrucou Harry ainda mais alto. Fazendo Rony, avançar sobre ele subitamente.

- HEI! PAREM!! – gritou ela, se colocando entre os dois, que pareciam prestes a se atacar. –O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?!

- COMO SE VOCÊ NÃO SOUBESSE! – retrucou Rony se voltando para ela, tão irritado quanto antes. Hermione se encolheu ligeiramente parecendo chocada.

- Hei! Seu problema é comigo, não desconte nela! – se revoltou Harry.

- Sabe do que mais? Você está certo! Meu problema é você!! – gritou ele avançando novamente em Harry, que dessa vez revidou. Mas Hermione se pôs no meio dos dois mais uma vez, ainda mais irritada:

- HEI!! NÃO!! PAREM! – gritou ela agora empurrando ambos em lados opostos. – PAREM, JÁ CHEGA!!! – berrou ela, mais alto e mais irritada que nunca, fazendo ambos pararem arfando em silêncio.

Um barulho abafado se fez ouvir na porta do retrato. O jantar, aparentemente havia acabado, e a maioria dos alunos da Grifnória se encontrava ali em pé, observando a cena suspensa dos três. Como se alguém os houvesse paralisado.

- Hermione... Ta tudo bem...? – era Giny, que se aproximava receosa.

- Sim... Nós estamos bem... – retrucou Hermione com a voz pesada. Não parecendo muito convincente. De modo que todos apenas se manteram ali, parados em pé. – Vamos! O que vocês estão olhando? Subam! Pros dormitórios... Todos vocês! – não adiantou muito – O que vocês estão esperando? Agora, vamos! Antes que eu tire vinte pontos de cada um! - e isso foi mais que suficiente para que todos se ocupassem em subir as escadas, cada um para seu próprio dormitório.

-Hermione...

-Sim, Giny... Suba... – parecendo contrariada e preocupada, Giny deu meia volta e seguiu todos os outros, escadas acima.

- Você também Harry... – Hary se surpreendeu ao ouvir a garota chamar-lahe o nome. Entretanto, sem muita disposição para outra briga com Rony, e já arrependido da primeira, ele se voltou para subir as escadas, ao ver que ele fazia o mesmo. – Espere... Rony, nós precisamos conversar... – à essas palavras, o garoto se voltou e sentou-se no sofá, parecendo contrariado.

Harry não viu outra saída, a não ser subir para o quarto... E assim o fez, desejando logo em seguida não te-lo feito.

Ao abrir a porta do quarto, ele pode ouvir os murmúrios de Simas e Dino acabarem subitamente, à sua entrada. Obviamente eles estavam comentando sobre o ocorrido anteriormente...

- Hei... – disfarçou Simas sem-graça, tentando em vão esconder a pergunta que praticamente saltava de sua boca...

Harry não respondeu. Não devia nenhuma satisfação a ninguém , e mesmo se devesse, sua cabeça ainda estava tomada pela raiva e culpa que sentia pela cena anterior. E não gostaria de detalha-la com seus colegas.

Seguindo direto para sua cama, ele pode ouvir às suas costas o barulho da porta se abrindo novamente, era Rony.

Harry não compreendia muito bem o motivo pelo amigo estar encomodando ele tanto ultimamente, tudo bem que era normal que os dois irritassem um ao outro um pouco às vezes... Mas eles nunca haviam partido para agressão antes. E apesar do olhar revoltado que o amigo lhe lançara ao entrar no quarto, ele ainda sim estava com uma ponta de arrependimento, talvez por saber no fundo, que o amigo estava certo...

- Rony... – começou Harry tentando parecer o mais calmo possível. Talvez o garoto se sentisse tão arrependido quanto ele, mas assim que o chamou teve a sensação de que não iria ser tão fácil assim:

- O que? – retrucou ele de costas, enquanto arrumava a própria cama. Pelo menos ele havia respondido...

- Olhe... Eu sei o que você está pensando... – continuou Harry tentando ignorar a grosseria no tom do amigo.

- Sabe? – cortou Rony num tom desconfortavelmente sarcástico. – O que eu estou pensando Harry?

- Bem... – tateou Harry, mas a verdade era que por o que ele pretendia dizer em palavras se mostrou mais difícil do que ele imaginava... – Não tem nada entr...

- Não? – continuou ele ainda mais sarcástico que antes – Eu não sou tão idiota quanto você pensa!

- Bom, esse é um jeito interessante de mostrar! – retrucou Harry, sentindo o sangue ferver novamente. – Eu não acredito que você está tão revoltado por algo que nem aconteceu de verdade! Nem era ela! – completou ele exasperado, mas os argumentos de Harry não pareceram ser suficientes:

-Não importa! Isso não é sobre ela! Nunca foi! – respondeu Rony, e pela primeira vez Harry pode ver mágoa junto com a raiva que o amigo demonstrava agora.- Eu posso até entender o porque dela ter te beijado... Mas... Por que você beijou-a de volta?

Era uma boa pergunta... A mesma que ele próprio se fez várias vezes desde o ocorrido...

- Eu... Eu nunca disse isso...

- Você nunca negou também... – e ele estava certo, tão certo que o próprio Harry não soube como responder a isso.

- Eu não quis dizer...

- Que seja Harry... Só não venha mentir pra mim sobre algo que eu vejo todo dia... – com isso ele se voltou novamente para sua cama e fechou as cortinas ao seu redor, deixando Harry ali, sob os olhares dos outros dois que observavam a conversa em um silêncio desconcertado.

- Ele estava falando sobre Hermione? – soltou Simas, recebendo logo em seguida uma almofadada de Dino na cama ao lado.

-Cara...! – sussurrou ele num tom de aviso.

-O que? – sussurrou Simas de volta, sem compreender... Mas Harry não ficara ali para observar, seguindo para a sua cama ele fechou as cortinas ao seu redor se jogando na cama ainda mais confuso que antes...

Fora um longo dia, muito, muito longo... E apesar de estar fisicamente um acabado, a mente de Harry trabalhava a mil... Ele não sabia o que fazer... E além é claro do “ligeiro” empasse entre ele e os seus únicos amigos, havia é claro o fato daquela coisa... O que diabos era aquilo de qualquer forma? De onde viera? Sem é claro esquecer do fato bizarro de que seja lá o que fosse, sabia o suficiente sobre não só ele mas Rony e Hermione para atingi-los... Visto que apenas alguns minutos de conversa forma suficientes para causar aquele estrago na amizade dos três...

Pelo menos havia o fato de que segundo ela própria, ( e Harry se recordava bem da confirmação da amiga), era impossível haver qualquer contato físico entre aquilo e qualquer um deles... Mas ainda sim, naquela noite...

Houve sim contato físico, isso Harry não esquecera, e não o conseguiria mesmo se quisesse...

Harry abriu novamente os olhos no escuro. Esperando a visão se acomodar à falta de iluminação ele imaginou que aquela seria provavelmente a vigésima vez que acordava naquela noite. Se é que poderia se chamar aquilo de acordar... Visto que ele nem ao menos durmira pra começo de conversa...

Se sentando na beira da cama, olhou para o relógio observando o ponteiro... Três horas da manhã, ou pelo menos era o que o borrão parecia. E ele, Harry, ainda estava acordado. Com sono, confuso, com raiva, com medo, e ainda por cima, não havia jantado... O que significava que além de tudo, estava com fome.

Tateando a cabeceira em busca dos óculos, Harry imaginou se não poderia fazer valer a oferta do padrinho... Afinal ele até que precisava de uma conversa agora... Quem sabe acompanhada de uma boa refeição, talvez algo como o frango que comera no almoço... Ou então o bolo que Dobby sempre oferecia a eles quando os três faziam uma visita rápida à cozinha. A cozinha... Dobby com certeza estava acordado...

Já com a sua capa nas mãos, Harry seguiu em direção à porta, fazendo o mínimo de barulho possível... Certo de que não encontraria ninguém na comunal àquela hora, Harry nem se deu ao trabalho de se cobrir com a capa, o que se mostrou um erro logo em seguida.

Descer as escadas, Harry não pode deixar de notar o fato de que a lareira estava acesa... E encostada no sofá estava...

- Hermione...? – ela não respondeu de imediato, Harry pode ver um movimento rápido da garota com as mãos. Ela estava chorando...

-Hei... – respondeu ela num sussurro, parecendo desconcertada.

A verdade era que nem ele mesmo sabia como agir muito bem. Por tanto, após o silêncio desconfortável que se seguiu qeum continuou foi Hermione:

- Pra que é isso? – e apesar dos pesares, Harry ainda pode notar o tom repreensivo caracterítico da amiga na voz. Olhando para o local que a garota apontava e vendo que a sua capa ainda estava em suas mãos e à mostra.

- Bem... – o que ele ia dizer? Que estava com fome? E que apesar de tudo que acontecera, ele ainda conseguia pensar em comida? – Eu ia... Dar uma volta... – e aqui Harry observou um ligeiro franzido na testa da menina.

- Já está tarde... Você não deveria ir sozinho. – ralhou ela, novamente, fazendo um sorriso surgir no rosto de Harry.

- Você podia... Bem, vir comigo... Só pra uma volta. – apressou-se ele em acrescentar. Hermione parecia definitivamente indecisa, se deveria ou não aceitar o pedido. A Harry, parecia que ela acabara de ser convidada a pular de um despenhadeiro junto com ele...

-Harry, eu... – começou ela, parecendo triste. E ficou claro para Harry que ela estava prestes a recusar:

- Ah... Ok então... – cortou ele, embaraçado. Não deveria ter chamado de qualquer forma... Seguindo em direção à porta, Harry não deu mais que cinco passos até ouvir a voz da amiga novamente:

- Você ainda vai? – perguntou ela, parecendo indecisa.

- Bem... – não havia mais sentido em esconder isso mesmo – Na verdade eu estava pensando em... Bem, ir até a cozinha... Dobby deve estar acordado...

- Cozinha...? – perguntou ela. Agora, ela pareceu ainda mais inclinada a seguir o amigo pela escola à noite. E pela expressão dela, Harry não parecia ter sido o único a pular o jantar... – Eu suponho, que agente não va demorar muito... Certo...?

- Certo... – respondeu Harry, não muito certo disso.

Exceto por alguns imprevistos envolvendo Filch, não houve muito que pdesse qeubrar a monotonia da ida até a cozinha. Não era preciso dizer o alívio que Harry sentiu no momento que ambos saíram de baixo da capa... Não sabia exatamente a quanto tempo dividira aquele manto com a amiga, mas sabia com certeza ele nunca parecera tão pequeno e sufocantemente apertado quanto daquela vez...

- Harry Potter!! – Harry observou o par de orelhas de morcego balançarem em sua direção até chegarem de encontro ao seu estômago num choque violento fazendo o elfo cair estatelado no chão aos pés dos dois.

- Hei Dobby... – cumprimentou Harry enquanto Hermione ajudava o elfo a se levantar.

- Olá Dobby... – falou a garota se levantando junto com a criatura. Harry observou ao redor, a cozinha estava relativamente vazia, não que ele esperasse muito, visto que a madrugada já ia longe... Olhando ao redor, Harry se sentiu extremamente desapontado por não encontrar algumas das bombas de chocolate que comera na sobremesa aquela tarde em cima da mesa, na verdade a mesa se encontrava completamente vazia, exceto por uma garrafa e uma taça, ambas sujas do que, desconfiou Harry, fosse vinho. Extremamente deslocado, num local que geralmente se mostrava impecavelmente limpo, ele observou a garrafa parada na mesa, cheia pela metade com uma substância cor de sangue. Logo, um pequeno elfo com orelhas compridas e afiladas estendeu os braços curtos acomodando e levando o objeto para longe de Harry, lançando-lhe um olhar obseno. Lembrando-se vagamente de Monstro, Harry se virou para Hermione, que já se encarregava de segurar a custo a imensa quantidade de comida e bebida que Dobby empurrava-lhe nas mãos...

- Dobby, er... E-eu acho que isso já é mais que o suficiente... – ele comentou rindo do exagero do elfo ao ver o rosto da amiga coberto por bolos, doces e um embrulho um tanto suspeito, além do que pareceu serem várias garrafas de cerveja amanteigada.

- Eu tentei avisar... – veio a voz abafada de Hermione por trás da pilha de comida. – Será que dá pra ajudar? – reclamou ela, desviando a atenção de Harry do elfo que agora levava a taça suja de vinho embora. Sentindo-se ligeiramente embaraçado por não ter oferecido ajuda antes, ele se apressou em recolher a maioria dos embrulhos nas mãos da garota, que se encarregou da capa, tirando ambos dali em seguida.

Se a ida não fora exatamente o que Harry podia chamar de confortável, a volta foi pior ainda, pois além do desconforto de ter uma quantidade imensa de comida nos braços, havia a indecisão com relação aonde ir... A primeira opção, sugerida pela própria Hermione, foi voltar para a sala comunal e ficar por lá mesmo...

Entretanto, um ligeiro obstáculo se formou à frente deles ao chegarem no local e encontrar Pirraça percorrendo o corredor se deliciando com a idéia de atormentar o sono da Mulher Gorda...

- Ótimo... – sussurrou Hermione. Eles não tinham para onde ir, além é claro do fato de terem comida nas mãos em quantidade suficiente para alimentar um exército, o que não ajudava muito...

- Nós podemos ir pra torre... – falou Harry sem pensar.

- Hãn? – retrucou Hermione rapidamente.

A torre? O que ele estava pensando? Pior, o que ela iria pensar? Idéia estúpida... – pensou ele novamente. – Bom, se ele fosse uma garota com certeza se sentiria ofendida com essa oferta... Quero dizer... Não era muito segredo os rumores que corriam no colégio sobre o que geralmente acontecia lá... – sentindo o rosto corar, Harry tentou desesperadamente desfazer o engano:

- B-bem... Eu quero dizer... Ninguém vai nos encomodar lá... – se amaldiçoando novamente, ele titubeou – Ok... Isso não soou como eu queria... – se desculpou ele. – O qu...

-Harry. – ela interrompeu – Eu entendi. É até uma boa idéia na realidade... – concluiu ela dando uma última olhada em Pirraça e se virando para Harry – Vamos...

O céu estava estremamente limpo, se se levasse em conta a chuva que caíra durante o dia... Não que Harry estivesse reclamando. Ele gostava dali... Não era a primeira vez que viera... Exceto pelo fato de que das outras vezes não estava acompanhado, Harry se sentia (geralmente) extremamente confortável ali. Era o lugar mais alto que ele poderia chegar em Horgwats, quando não estava em sua Firebolt... Ele se sentia à vontade com relação aa alturas... Sempre se sentiu. Já não podia dizer o mesmo da sua amiga, que agora pedia pela quinta vez para que saísse do batente onde estava sentado, do contrário acabaria caindo...

- Harry! Saia daí! – ralhou ela de forma autoritária.- Você vai cair!

- Não vou... – sorriu ele.

- Vai sim! Desce daí! – reclamou ela mais uma vez, agora largando a toalha que conjurara no chão e se dirigindo para o amigo, que reparou a insistência da garota a permanecer pelo menos a um metro de distância dele.

- Não vou não... – vendo Hermione dar meia volta irritada com a atitude dele, continuou definitivamente se divertindo agora – Hei! Sem as mãos olhe! – chamou ele tirando as mãos do batente e se inclinando ligeiramente para trás.

-Harry! – gritou ela apavorada.

- Ok, ok... Tô descendo... – se apressou ele ao ver a expressão no rosto da amiga. – Então... O que Dobby conseguiu pra gente?

- Um monte de coisa. – respondeu ela ainda contrariada, sentando-se ao lado dele na toalha que acabara de forrar e estendendo uma garrafa de cerveja amanteigada para ele.

- Frouxa...

- Doente.

- Covarde... – retrucou ele novamente.

- O que? Dá licença, mas eu acho que ser corajoso não significa se pendurar por aí nos telhados! –ela emendou finalizando a conversa.

- Que seja...

-Tome. – disse ela, entregando a Harry uma bomba de chocolate. – Achei que você fosse gostar...

- Brigado... – um silêncio desconfortável recaiu sobre os dois novamente. E após alguns minutos, que pareceram uma eternidade para Harry, foi ela quem o quebrou:

- Nós não nos divertimos como antes né... Quero dizer... Nós três...

Harry não soube o que dizer... Abrindo a boca, ele fechou-a novamente, por falta de palavras.

- Eu sinto falta disso...

Harry não soube mais uma vez o que dizer. Talvez ele devesse a ela desculpas pelo ocorrido mais cedo...

- Hermione... Sobre hoje cedo, eu...

- Harry, não...

- Olhe, eu só... Aquilo não foi realmente sobre... – tateou ele sem saber como se explicar.

- Harry, você achou realmente que depois de cinco anos de amizade eu não iria notar? O jeito que vocês vêm se tratando ultimamente... – perguntou ela agora se virando para ele.

- Eu...

- Não. Não diga... – cortou ela parecendo magoada. Levantando-se repentinamente. – Eu só... Eu queria que as coisas fossem como antes, só isso...

- Bom, as coisas mudaram Hermione. – retrucou ele, soando mais seco do que pretendia.

- É mesmo? – se voltou ela novamente. – Como Harry? Como elas mudaram? Por que sinceramente, eu acho que talvez você nem ao menos saiba!

- Eu, o qu...

- “Eu” o que? – cortou ela, parecendo agora à beira das lágrimas. – Eu não sei você Harry. Mas eu estou cançada de me sentir culpada e ser acusada de algo que eu nem sei o que é! – e dessa vez, mesmo com a pouca iluminação, Harry sabia que a amiga estava chorando mais uma vez...

- Hermione... – tentou ele avançando para a amiga em prol de acalma-la. Mas ela se afastou subitamente.

- Isso foi um erro. – retrucou ela, recolhendo a toalha antes jogada no chão.

-O que? – perguntou Harry confuso com a atitude tempestiva da amiga.

- Isso! Vir aqui com você! – respondeu ela em voz alta, parecendo querer se manter o mais distante possível de Harry.

- Hermione espere! – gritou um Harry sem ação. Vendo a amiga descer as escadas em disparada deixando ele lá, sozinho.

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