Primeiro Capítulo.



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~~> Primeiro Capítulo.
“Sete Dias de Saudades”

- Vamos Almofadas... – Apressava James enquanto batia na porta do banheiro onde Sirius estava. – Assim vamos acabar chegando no meio da missa! – Alertou, já eram nove e meia da manhã, e a missa de sete dias de Liu começava às dez e meia.
- Pronto Pontas... – Disse Sirius ao sair do banheiro com seus cabelos negros molhados.
- James! – Gritava uma voz feminina vinda do pavimento inferior da casa. – Nós vamos nos atrasar... – Avisou.
- Tenha calma ruivinha, já estamos descendo... – Gritou James enquanto descia as escadas junto com Sirius.
- Aleluia as princesas desceram... – Brincou Remus, que estava lá, assim como Lele, Bel, Mary Kate, Peter e Lily.
- Vamos que eu não quero me atrasar... – Pontuou Sirius cabisbaixo.
- Você está me dizendo que ela veio?! – Perguntou uma voz masculina.
- Sim seu padre... – Respondeu uma outra voz também masculina.
- Onde ela está?! – Perguntou o padre, ele era velho, tinha seus cabelos grisalhos e olhos cor de mel e penetrantes.
- Aqui... – Respondeu uma garota de cabelos longos e negros, e olhos puxados para um tom violeta.
- Inacreditável... – Murmurou o padre. – Sem dúvidas não vão te reconhecer...quem foi a dona do cabelo?! – Perguntou curioso.
- Minha vizinha trouxa... – Respondeu a outra voz masculina.
- E por enquanto eu sou ela... – Pontuou a garota.
- Miau... – Miou um gato no local.
- É incrível como esse local vive cheio de gatos... – Pontuou o padre olhando para o gato branco que havia invadido o lugar.
- Realmente... – Murmurou a garota encarando o lindo gato.
- Primeiros a chegar?! – Perguntou James para Sirius quando eles chegaram na igreja, mas logo viram Douglas e uma garota misteriosa saindo de uma porta junto com o padre.
- Quem é ela?! – Perguntou Sirius para Mary Kate, provavelmente a garota era da família.
- Não faço à mínima... – Respondeu Mary ficando curiosa em relação à garota.
- “Ele está lindo...” – Pensou a garota olhando para Sirius, que involuntariamente procurava pela sua corrente se coração que estava sempre em seu pescoço.
- “Quem é ela?!” – Se perguntou Sirius, e ao encontrar o olhar da garota sentiu um arrepio em sua coluna e desviou o olhar.
- Sirius! – Cumprimentou Douglas num tom baixo de voz, afinal eles estavam em uma igreja. Logo depois ele falou com todos.
- Quem é ela, Douglas?! – Perguntou Lele bem baixinho para que a garota não ouvisse.
- Meu nome é Marília... – Apresentou – se a garota que havia ouvido a pergunta de Lele.
- Lila, esses são Sirius, James, Remus, Peter, Lele, Lily e Bel... – Disse Douglas apresentando todo mundo.
- Eu sinto muito pela perda que vocês tiveram... – Pontuou Lila abraçando todos, um por um, deixando Sirius por último. – Você deve ser o ex – namorado dela, acertei?! – Perguntou ao abraçar Sirius.
- Como você sabe?! – Perguntou Sirius após a separação do abraço.
- Eu a informei... – Pontuou Douglas sorrindo marotamente.
- Ela é sua namorada?! – Perguntou Bel.
- Conhecida Bel, conhecida... – Respondeu Douglas sorrindo para Bel.
- Douglas... – Começou Sirius. – O Eduzinho ficou em casa comportado dessa vez?! – Perguntou curioso.
- Acho que não... – Respondeu Douglas. – Acho que ele veio para igreja rezar também... – Pontuou olhando para um gato branco que estava do lado de fora, quieto, encarando a conhecida de Douglas.
- Vamos dar início à missa?! – Perguntou o padre fazendo com que todos se sentassem.
- Eu ia pedir ela em noivado... – Murmurou Sirius para Lila, que estava sentada ao seu lado.
- Quando?! – Perguntou a garota surpresa. Ao seu lado Douglas estava de cabeça baixa.
- Na noite em que ela...ela... – Murmurava Sirius com dificuldades enquanto olhava para um anel de diamantes que estava em uma caixinha de veludo preto.
- Eu tenho que ir... – Pontuou a garota repentinamente ao olhar para o relógio, se levantando rapidamente.
- Mas você está aqui não faz nem uma hora... – Pontuou Sirius se levantando também.
- Até outro dia... – Disse a garota saindo da igreja.
Sirius voltou a se sentar, mas ao virar de costas viu Lila correndo coberta por uma capa preta, e Eduzinho seguindo ela.
- “Eu pensei que o Eduzinho só gostasse da Liu...” – Pensou Sirius ao ver a cena, voltando a olhar para frente.
- Aiii!! – Exclamou Lila ao se esbarrar em alguém do lado de fora da igreja.
- Não olha por onde anda não?! – Perguntou um homem mal – humorado de uma maneira muito grossa.
- “Ele não...” – Pensou a garota enquanto Eduzinho miava fortemente enquanto arrepiava os seus pêlos como se estivesse ameaçando aquele homem. – Me desculpe... – Murmurou abaixando a cabeça e saindo de lá de perto do homem.
- “Sorte dela que eu não posso me expor muito agora... Hey, aquele não é o gato da suicida da sobrinha da Martinha?!” – Pensou o homem. – “Seja lá quem ela for, o padre sabe...” – Concluiu enquanto se dirigia à porta que ficava no fundo da igreja, com muito cuidado para não ser reconhecido por ninguém.
A missa acabou, e Douglas após se despedir de todos foi falar a sós com o padre.
- O que você sabe tem que ser o maior segredo de todos, viu padre?! – Alertou Douglas, mal sabia ele que alguém estava escondido em baixo de uma mesa naquela sala.
- Não se preocupe meu caro rapaz... – Murmurou o velho. – Seu segredo está a salvo com esse pobre padre aqui... – Disse em um tom de brincadeira. – Se precisarem de ajuda com algo é só avisar... – Completou sorrindo.
- Obrigado Padre... – Agradeceu Douglas se retirando da sala, deixando o padre sozinho com a pessoa escondida.
O padre então pegou sua bíblia que estava em cima da mesa, e começou a ler, quando sentiu uma mão em seu tornozelo.
- Fale tudo que você sabe sobre aquela jovem ou arrependa –se padre! – Avisou um homem de olhos azuis, levantando – se de seu esconderijo e empurrando o padre para trás. Em suas mãos havia uma varinha.
- Meu jovem... – Começou o padre se recuperando da queda que havia tomado. – Não te ensinaram a ter respeito pelos mais velhos não?! – Perguntou sorrindo satisfatoriamente.
- Velho, conte – me o que escondes... – Ordenou Nosferato. – Ou morras calado... – Completou.
- Você realmente não espera que eu me defenda certo?! – Perguntou o padre pegando algo discretamente em suas vestes de padre.
- O que um velho, gordo e trouxa poderia ser de ameaça para mim?! – Retrucou Nosferato com uma cara de quem subestima o adversário.
- Nunca subestime o seu oponente meu caro... – Alertou o velho.
- Conte – me o que sabe... – Recomeçou Nosferato. – Ou então...CRUCIUS! – Gritou, e seu grito ecoou pela excelente acústica da igreja.
- Primeira lição do dia... – Começou o Padre que sem proferir uma palavra, apenas com leves movimentos de sua varinha, havia mestrado fazer com que o feitiço virasse contra o feiticeiro, fazendo com que Nosferato caísse no chão se contorcendo de dor, e não ele. – Quando em uma batalha, nunca julgue os seus adversários pela aparência... – Disse logo após retirando a maldição de Nosferato.
- Seu Velho! – Exclamou Nosferato se levantando com o corpo ainda dolorido. – Langlock!! – Gritou.
- Segunda lição do dia... – Recomeçou o Padre que novamente virou a maldição contra Nosferato. – Apressado come cru... – Completou retirando não – verbalmente o feitiço.
- Arghhhh!! – Exclamou Nosferato. –AVADA.... – Começou.
- Nananinanão... – Avisou o padre se protegendo da maldição e balançando o dedo negativamente.
- Seu...CRUCIUS! – Exclamou Nosferato.
- Você não aprende mesmo em?! – Pontuou o padre enquanto novamente Nosferato se contorcia no chão. – Terceira lição do dia... – Começou o padre.
- AVADA KEDAVRA! – Gritou alguém por trás do padre. – Nunca fique de costas para uma porta... – Concluiu.
Foi o que bastou, no segundo seguinte Nosferato não mais estava no chão se contorcendo, agora o que estava no chão era o corpo inanimado do padre.
- Velho idiota... – Murmurou Nosferato se levantando e logo após cuspindo no corpo do padre.
- Tudo bem com você, meu Amor?! – Perguntou uma voz feminina.
- Tudo sim Martinha... – Respondeu Nosferato. – Só tem um problema...o Douglas e ele estavam de segredo, e agora o segredo é só do Douglas... – Pontuou enquanto saía da igreja junto com sua fiel companheira, Marta.
- Isso a gente resolve meu Amor...afinal, ainda tem o Douglas... – Pontuou Marta com um sorriso maléfico.
- Até que enfim Douglas... – Murmurou uma voz feminina quando Douglas adentrou sua casa.
- O padre disse que se a gente precisar de ajuda ele vai nos ajudar... – Pontuou Douglas enquanto sentava – se no sofá, ao lado da garota e do gato.
- Ele ia me pedir em noivado... – Murmurou a garota entristecida.
- Sinto um pouco de arrependimento em sua fala?! – Perguntou Douglas com um sorriso.
- Não, e tem mais...eles estão por perto... – Avisou a garota, tirando um papel de seu bolso.
- Isso definitivamente não é bom... – Pontuou Douglas. – E o seu testamento, aonde você escondeu?! – Perguntou preocupado.
- Num dos melhores romances de todos... – Respondeu a garota sorrindo.
- Romeu & Julieta... – Completou Douglas. – O livro está com o Sirius, Liu... – Pontuou.
- Deixa que ele vai encontrar... – Murmurou Liu enquanto acariciava o gato que estava em seu colo.
- Acho que está chegando a hora de eu seguir em frente... – Murmurou Sirius para si mesmo, enquanto deitava em sua cama e mexia em sua corrente de coração.
- Eu acho que o Sirius desconfiou de você, porque quando você saiu o Eduzinho foi logo atrás de você... – Pontuou Douglas.
- Que nada Douglas, ele nunca vai desconfiar, e nem nunca vai saber... – Retrucou Liu cabisbaixa. – Mas...eu vi o senhorio olhando para a minha amiga Bel.... – Brincou sorrindo.
- Olhar não tira pedaço... – Pontuou Douglas piscando para Liu.
- Lembre que agora você não é mais professor, logo, não precisa ficar de consciência pesada... – Adicionou Liu se levantando para ir buscar duas latas de um refrigerante “trouxa” chamado Coca – Cola, que Liu sabia que o cara que inventou na verdade era um magnífico bruxo, por isso o sabor irresistível do líquido.
- HAsudahsdusahdua!! – Riu Douglas. – O Eduzinho não te larga mesmo né?! – Pontuou ao ver que o gato seguiu Liu até a cozinha.
- Ciúmes porque ele não vai atrás de você é?! – Perguntou Liu voltando da cozinha com duas latas de Coca – Cola, e jogando uma em Douglas.
- Merlim me livre de ter um gato como sombra! – Exclamou Douglas enquanto abria a sua latinha.
- “Será que eu ainda corro o risco de me apaixonar?!” – Se perguntou Sirius, que por algum motivo não conseguia tirar “Lila” de sua mente.
- Liu...você acha que eu tenho chances com a Bel?! – Perguntou Douglas repentinamente.
- Ohhh!! O meu irmão está apaixonado!! – Brincou Liu apertando as bochechas de Douglas.
- Lily... – Murmurou James enquanto sentava ao lado da ruiva no sofá da casa dele, onde Lily estava morando, temporariamente, dormindo em quartos separados.
- O que foi meu futuro marido?! – Perguntou Lily em um tom de brincadeira.
- Eu só queria dizer que te Amo... – Pontuou James com um olhar de garoto apaixonado.
- Que absurdo é esse que você está falando Potter?! – Brincou Lily.
- Eu disse que eu te Amo, minha Lily! – Respondeu James com um sorriso maroto nos belos lábios.
- Primeiro de tudo, eu não sou e nunca serei sua, Potter... – Começou Lily se aproximando mais de James. – E em segundo lugar, para você é Evans, Potter...E – V – A – N – S! – Completou.
- Eu te Amo, “Evans”... – Brincou James, logo em seguida beijando Lily calorosamente.
- Muito engraçadinha Dona Liu... – Murmurou Douglas corando levemente.
- Olha só...está de bochechas vermelhas!! – Exclamou Liu sorrindo.
- Vai ficar tirando onda com a minha cara é?! – Perguntou Douglas sorrindo.
- Não... – Começou Liu. – Você vai convidar ela para almoçar com você amanhã... – Pontuou. – Almoçar fora, é claro... – Adicionou.
- Como é?! – Perguntou Douglas surpreso.
- Isso mesmo... – Respondeu Liu. – E você sabe muito bem o que eu disse... – Adicionou sorrindo
- Mas... – Começou Douglas olhando para a latinha de Coca – Cola.
- Sem “mas”... – Interrompeu Liu sorrindo. – Vou dar uma volta por aí... – Avisou.
- Cuidado viu?! – Alertou Douglas.
- Não se preocupe, meu gato de guarda vai comigo... – Disse brincando enquanto piscava para Douglas.
- Então vá lá... – Pontuou Douglas.
- Até mais tarde... – Despediu – se Liu saindo da casa e indo dar uma volta no bairro trouxa.
- Então Lílian Evans Potter... – Começou James que estava abraçado com Lily. – Você também me Ama muitão?! – Perguntou com um sorriso maroto nos lábios.
- Não... – Respondeu Lily. – Eu te Amo muito mais do que um muitão! – Disse voltando a beijar os lábios do maroto de cabelos rebeldes.
Um casal caminhava pelas ruas, estavam de mãos dadas e sorrindo um para o outro.
- Ainda bem que eu tenho você sempre ao meu lado Remy... – Pontuou Lele apoiando a sua cabeça no ombro do maroto enquanto andavam.
- Eu te Amo minha maluquinha... – Murmurou Remus parando de andar e beijando os doces lábios da garota. – Promete que você nunca vai se separar de mim?! – Perguntou após o beijo.
- E precisa prometer?! – Perguntou Lele sorrindo marotamente.
- Hummm...vou fingir que você prometeu então... – Brincou Remus abraçando Lele pela cintura.
- Pode fingir... – Disse Lele piscando para Remus.
- Abre essa porta Sirius! – Gritava uma garota loira enquanto batia na porta de uma casa.
- Já vai Bel... – Respondeu Sirius de dentro da casa indo abrir a porta.
- Sirius... – Começou Bel. – Você se importa se eu dormir aqui na sua casa hoje?! – Perguntou com uma cara assustada.
- O que houve Bel?! – Perguntou Sirius fazendo sinal para Bel entrar e fechando a porta quando ela entrou.
- Não sei... – Começou Bel. – De repente me deu um medo de ficar sozinha... – Pontuou de cabeça baixa.
- Tudo bem Bel... – Começou Sirius abraçando a amiga. – Eu sei exatamente como isso é... – Pontuou cabisbaixo.
- Porque isso tudo tinha que acontecer Si?! – Perguntou Bel abraçada com o maroto.
- Não sei Bel...eu não sei... – Murmurou Sirius deixando uma fina lágrima lhe escorrer dos olhos.
Mary Kate havia marcado um encontro com o seu namorado trouxa, onde ela pretendia contar tudo para ele. Estavam os dois apenas se encarando enquanto Mary Kate tomava coragem para revelar a verdade. Estavam em um lugar bonito, porém afastado de tudo e todos, assim teriam mais privacidade, as árvores por perto davam uma certa sensação paradoxal, de perigo e segurança ao mesmo tempo, não havia ninguém por perto, ninguém...a menos que essa pessoa estivesse escondida sob a falsa proteção das árvores.
- Mary... – Começou o garoto. Ele era ruivo, alto, bonito, seus olhos eram verdes bem claros e ele tinha algumas sardinhas no rosto. – O que houve?! – Perguntou preocupado ao notar o olhar de preocupação da garota, acariciando o seu rosto.
- Gustavo... – Começou Mary Kate olhando nos belos olhos verdes do garoto. – Você promete que independentemente do que eu te falar hoje você vai continuar me Amando?! – Perguntou insegura.
- Claro que sim Mary... – Respondeu o ruivo. – Você sabe que eu vou te Amar para sempre... – Murmurou no ouvido da garota, logo depois beijando os seus lábios de uma maneira carinhosa.
- Que falta de vergonha é essa minha filha?! – Perguntou uma voz fina e indesejada, vinda de trás das árvores. Como eles estavam em um lugar afastado, gritar por ajuda seria inútil.
- Marta... – Murmurou Mary Kate respirando fundo, não tinha mais vontade de chamar aquela mulher de “mãe”.
- Um trouxa?! – Perguntou Marta com uma cara de nojo.
- Um o quê?! – Perguntou Gustavo confuso.
- Não se meta seu trouxa desprezível... – Pontuou Marta encarando o garoto ruivo.
- Não fale assim com o meu namorado! – Exclamou Mary Kate em fúria, levantando o dedo para a mãe.
- Abaixe esse seu dedo mocinha! – Advertiu Marta empurrando Mary Kate que acabou caindo, batendo a cabeça em uma pedra e desmaiando. – Perfeito... – Murmurou Marta retirando sua varinha de seu bolso.
- Mary!! – Gritou Gustavo em pânico, indo ver se a namorada estava bem.
- Não se aproxime da minha filha... – Disse uma voz masculina. Era um homem alto que emergia por de trás das árvores.
- O pai dela morreu! – Exclamou Gustavo agachando – se ao lado do corpo desmaiado de Mary Kate.
- O pai que ela conheceu morreu. Não o pai de verdade... – Corrigiu Marta sorrindo de uma maneira sinistra.
- Então... – Começou o ruivo confuso.
- Eu sou o pai dela... – Revelou o homem. – E eu não faço gosto do seu namoro com a minha filha... – Continuou. – Minha filha deve namorar apenas sangue – puros! – Exclamou irritado.
- Eu não estou entendendo... – Começou o ruivo. – Eu Amo a sua filha...qual o problema disso?! – Perguntou confuso.
- O problema é que você é um trouxa... – Começou Marta. – E eu, ele, e ela somos bruxos! – Completou deixando o garoto perplexo.
- Martinha! – Exclamou o homem. – Acho que agora vamos ter que matar ele porque agora ele sabe do nosso segredo... – Pontuou com um sorriso estranho.
- É verdade Nosferato... – Murmurou Marta.
- Eu prefiro quando você me chama de “Meu Amor”... – Pontuou Nosferato. Enquanto isso o ruivo aproveitava para tentar sair de lá, provavelmente não teria problema deixar a Mary Kate lá, afinal, eles eram pais dela.
- Está certo, meu Amor... – Começou Marta. – Aff....o guri está fugindo... – Disse mal humorada.
- AVADA KEDAVRA! – Gritou Nosferato acertando em cheio em Gustavo, que estava de costas, e que caiu no chão imediatamente, sem ar em seus pulmões.
- Nossa... – Começou Marta. – Sua mira está algo hein?! – Disse num tom engraçado.
- É a convivência com você, Martinha... – Falou Nosferato indo abraçar Marta. Mary Kate permanecia desmaiada.
- O que me diz de irmos comemorar o fato de ter menos um trouxa no mundo?! – Perguntou Marta sorrindo.
- E deixar a nossa filha desmaiada aí?! – Perguntou Nosferato que por mais mal que fosse nutria um sentimento de pai por Mary Kate.
- Daqui a pouco ela acorda... – Pontuou Marta. – Não se esqueça que no final ela já estava ao lado daquela minha sobrinha asquerosa... – Completou.
- Mas ela continua sendo nossa filha... – Pontuou Nosferato. – E eu vou levar ela para um hospital trouxa, e contar uma história absurda, para quando ela acordar sem lembrar de como ela foi parar lá os médicos contarem para ela... – Adicionou.
- Depois que você deixar ela no hospital você me encontra naquele bar bruxo... – Pontuou Marta de mau humor. – Estarei lá te esperando... – Concluiu saindo de lá.
- Vamos Mary...- Murmurou Nosferato enquanto carregava a sua filha.
Naquela cena era evidente que até os mais cruéis assassinos nutrem algum tipo de sentimento puro por alguém. Ele a levou até o hospital e a deixou sobre os cuidados médicos de um renomado doutor do bairro, logo depois seguiu para o bar bruxo aonde Marta o esperava.
A higiene do bar bruxo aonde Marta esperava por Nosferato era altamente baixa. O bar cheirava a bebidas alcoólicas e comida estragada, a maioria de quem estava lá vestia roupas pretas e tinham olhares de raiva. Era possível ver as ratazanas vagando pelo chão de madeira escura e arranhada do bar, por entra os pés dos clientes que às vezes as chutavam sem dó nem piedade.
- Demorou meu Amor... – Murmurou Marta quando Nosferato chegou ao seu lado. Ela estava conversando com um homem esquisito, ele tinha os cabelos loiros embranquecidos e curtos, olhos azuis gelo, com ódio evidente neles. Pele tão branca que poderia facilmente ser confundido com um albino.
- Quem é ele?! – Perguntou Nosferato sentando – se no banco torto, com estufado vinho ao lado de Marta.
- Silas Vosh... – Respondeu a voz rouca do homem branco, que estava tomando um copo generoso de whisky de fogo.
- Você não imagina o que ele me disse... – Começou Marta baixando a voz para que ninguém mais a escutasse. – Lord Voldemort está recrutando seguidores... – Pontuou com um sorriso maligno.
- Ele é um comensal da morte?! – Perguntou Nosferato olhando desconfiado para Silas.
- Sim, eu sou um comensal da morte... – Respondeu Silas que tinha o ouvido treinado para ouvir murmúrios.
- E ele disse que... – Começou Marta.
- Se vocês quiserem, eu posso apresentar vocês para o Lord das trevas... – Interrompeu Silas. – Eu vi o que vocês fizeram com aquele trouxa ruivo... – Pontuou sorrindo maleficamente.
- Seria uma honra conhecer o Lord das trevas... – Pontuou Nosferato com um olhar de adoração, afinal, Voldemort era conhecido pelas atrocidades que cometia.
- Foi o que eu respondi para ele... – Pontuou Marta sorrindo.
- Se não se importam eu gostaria de conversar com vocês mais um pouco antes de ir apresentar o Lord das trevas para vocês... – Disse Silas tomando mais um gole de seu whisky de fogo.
- Sem problemas... – Responderem Marta e Nosferato em conjunto. Marta não tirava o olhar dos olhos azuis gelo do quase albino Silas.
- “Onde estou?!” – Se perguntou Mary Kate ao abrir os olhos suavemente e notar que estava em um quarto branco com luzes amenas.
- Você resolveu acordar, bela adormecida?! – Brincou um homem de branco, que tinha um objeto não identificado pendurado no pescoço.
- Quem é o senhor?! – Perguntou Mary confusa passando a mão pela testa e notando um pequeno curativo.
- Eu sou o seu médico... – Pontuou o homem que estava anotando algo em uma prancheta enquanto olhava para um monitor.
- O que aconteceu comigo?! Cadê o meu namorado?! – Perguntou Mary desesperada, afinal, não se lembrava de nada que havia acontecido, apenas que estava conversando com o seu namorado.
- O homem que te encontrou e te trouxe aqui nos contou que você brigou com o seu namorado, e ao atravessar a rua desnorteada acabou sendo atropelada e desmaiou instantaneamente... – Respondeu o doutor analisando o único ferimento de Mary Kate. – No entanto, eu diria que você bateu a cabeça em uma pedra, e perdeu, temporariamente, a sua memória recente... – Completou. – Quer que eu avise a sua mãe que você vai passar a noite aqui no hospital, para termos certeza de que nada foi afetado internamente?! – Perguntou.
- Minha mãe não, mas se puder, você liga para esse número e chama um garoto chamado “Sirius Black”?! – Respondeu Mary Kate entregando um papel para o médico.
- Claro... – Concordou o médico com o papel em mãos. – Voltarei em instantes, vou pedir para ligarem para esse número enquanto vejo se já saiu o resultado do seu exame de sangue... – Adicionou.
- Obrigada doutor Field... – Agradeceu Mary lendo o nome escrito na plaquinha que estava presa ao jaleco branco do médico.
- Nada... – Murmurou o doutor enquanto saía de perto de Mary para ir cumprir seus deveres.
- Sirius Black... – Começou Bel, ambos estavam sentados em um sofá, na sala da casa de Sirius. – Tenho uma perguntinha para te fazer... – Brincou Bel sorrindo marotamente.
- Faça então Belzinha... – Disse Sirius sorrindo de volta.
- Você, por acaso, sentiu alguma atração pela Lila foi?! – Perguntou Bel rapidamente. – Não vale tentar mentir viu?! – Adicionou. – Eu vi você olhando para ela de uma maneira diferente, do jeito que você olhava para... – Continuou.
- Bel...não fale que eu olhei para ela como eu olhava para a Liu... – Interrompeu Sirius cabisbaixo.
- Mas olhou! – Exclamou Bel, realmente Sirius havia olhado diferente para Lila, só que ele não fazia idéia de quem ela realmente era.
- Não olhei Bel! – Mentiu Sirius, ele não queria acreditar que poderia se apaixonar por outra.
- Olhou sim Sirius Black! – Repreendeu Bel. – E eu não vejo nada demais nisso... – Adicionou sorrindo. – A Liu ia gostar de te ver feliz... – Concluiu.
- Eu não olhei, e eu não vou me apaixonar por mais ninguém... – Disse Sirius seriamente enquanto se levantava para ir tomar um copo de água. Foi exatamente quando o telefone tocou.
- Pode deixar que eu atendo... – Pontuou Bel indo até o telefone.
- Atenda mesmo...eu ainda não sei para quê eu tenho um treco desses em casa, com o Pontas eu me comunico de outra forma... – Pontuou Sirius tomando um gole de sua água.
- Alô?! – Falou Bel ao telefone.
- Aqui é do hospital geral de Londres... – Começou uma voz feminina do outro lado da linha. – Nós gostaríamos de falar com o senhor Sirius Black, ele está?! – Completou.
- Ele está ocupado no momento, mas gostaria de deixar recado?! – Respondeu Bel olhando para Sirius que estava com uma cara de quem definitivamente não queria falar no telefone.
- Você poderia avisar para ele que uma amiga dele foi hospitalizada, e que passará a noite no hospital sob observação?! – Perguntou a voz.
- Certo... – Respondeu Bel fingindo estar calma.
- Obrigada pela atenção... – Disse a voz em seguida despedindo – se e desligando o telefone.
- Alguém está no hospital, Sirius... – Pontuou Bel com uma cara de desespero agora aparente.
- Quem?! – Perguntou Sirius confuso e preocupado ao mesmo tempo.
- Alguma amiga sua... – Respondeu Bel, a moça não havia mencionado o nome.
- Em que hospital?! – Perguntou Sirius curioso.
- Um hospital trouxa... – Murmurou Bel.
- Eu vou para lá agora... – Pontuou Sirius começando a pegar suas coisas. – Você vem?! – Perguntou já na porta de casa.
- Claro... – Respondeu Bel sem nem pensar duas vezes, saindo de casa junto com Sirius.
- É esse o hospital?! – Perguntou Sirius em frente a um prédio branco que tinha uma placa com letras grandes com o seguinte escrito “Hospital Geral de Londres”.
- Pelo nome é sim... – Pontuou Bel olhando para a placa.
- Então vamos... – Disse Sirius puxando Bel pelo braço para dentro do prédio.
Ao adentrarem o prédio viram várias pessoas na recepção, algumas choravam, outras pareciam perdidas...Dirigiram – se então até uma moça loira que estava em um balcão que ficava no centro da sala branca.
- Licença... – Começou Sirius sério e educado. – Você poderia me informar quem pediu para chamar por “Sirius Black”?! – Perguntou confuso.
- Claro... – Começou a atendente. – Bom, a garota que chegou aqui acompanhada por um homem... – Pontuou olhando algo em umas fichas.
- Onde ela está?! – Perguntou Bel. Sirius andava de um lado para outro impaciente.
- Vocês seguem por aquele corredor, e dobram na terceira à direita, o homem pagou por um quarto só para ela... – Pontuou mostrando o corredor pelo qual eles teriam de ir.
- Obrigada... – Agradeceram Sirius e Bel em conjunto. Eles seguiram pelo corredor e dobraram exatamente onde deveriam dobrar. Lá estava ela, uma garota de cabelos curtos e negros com uma pequena franja, seus olhos azuis, não estava com aparência de quem realmente necessitava de um hospital, tinha apenas um pequeno corte que já estava com um curativo. Ela estava sentada em sua cama pensando em quem poderia ter a levado lá, afinal, quem havia sido o homem?!
- Mary... – Murmurou Sirius com um certo ar de decepção, uma pequena parte de seu coração lhe dizia para acreditar que talvez Liu não estivesse morta, mesmo ele tendo visto ela ser enterrada, e caso ela não tivesse morrido, poderia ter sido ela no hospital, ela chamando por ele, e então talvez ele pudesse se sentir completamente feliz novamente.
- Você está bem?! – Perguntou Bel preocupada ficando ao lado da amiga.
- Estou confusa... – Confessou Mary Kate passando a mão pelo seu ferimento que estava coberto por uma gaze.
- Você não se lembra do que aconteceu, certo?! – Perguntou Sirius.
- Exatamente... – Respondeu Mary Kate. – Mas eu definitivamente não fui atropelada como disseram para o médico... – Completou.
- Realmente, se você tivesse sido atropelada eu acho que você não teria só esse ferimento... – Concordou Bel sorrindo.
- Vocês podem ficar aqui me fazendo companhia?! – Pediu Mary Kate. – O médico falou que eu vou ter que ficar aqui até amanhã de manhã... – Pontuou.
- Claro Mary! – Respondeu Bel imediatamente.
- E você Si?! – Perguntou Mary Kate olhando nos olhos confusos do maroto.
- Claro Mary...claro que eu fico aqui te fazendo companhia... – Respondeu Sirius com um olhar pensativo.
Liu andava por uma rua que dava em um banquinho escondido com vista para um belo lago. Ela estava acompanhada pelo seu fiel companheiro, o Eduzinho. Estava escuro já, e as estrelas no céu estavam mais brilhantes do que nunca, olhou para a lua e observou que a próxima semana seria semana de lua cheia, coitado do Remus...
Parou então para sentar – se no banquinho de madeira pintado de branco, pegou o Eduzinho e colocou – o em seu colo começando a alisar ele.
- Você acha que eu fiz tudo errado Eduzinho?! – Perguntou Liu olhando para o horizonte. O gato deu um leve miado. – Talvez eu devesse ir falar com ele... – Murmurou confusa. – Quero dizer, ele está sofrendo sem mim, não é?! – Disse agora olhando para cima. Uma fina lágrima lhe escorreu a face. – Eu não deveria ter feito o que fiz...deveria ter sido corajosa o suficiente para encarar tudo, e um pouco menos louca e aceitado a ajuda de todos... – Pontuou.
- Às vezes as nossas atitudes não são as melhores, porém, quando se trata de algo maior, essas atitudes podem ser as únicas viáveis... – Ecoou uma voz estranha para Liu, que assustada virou – se para encarar quem havia falado.
Lá estava ele, um velho de cabelos grisalhos, óculos redondos de armação preta, uma boina xadrez em sua cabeça, aparentava ter uns setenta anos pelo menos, sua coluna estava envergada e por ter dificuldades para se locomover ele usava uma bengala de madeira clara para se apoiar no chão.
- Quem é você?! – Perguntou Liu confusa, agora o velho já estava sentado ao seu lado, e Eduzinho parecia ter gostado dele, pois pulou para seu colo pedindo carinho.
- Apenas um velho que notou que uma garota encontra – se em um dilema, e achou que talvez com sua experiência de vida pudesse ajudar ela. – Respondeu o velho, seus olhos eram profundamente verdes e seu rosto era enrugado.
- Errr... – Murmurou Liu. – Eu acho que eu realmente estou necessitando de alguém desconhecido para desabafar... – Pontuou. Um leve sorriso fez – se no rosto do velho.
- O que aconteceu com você, minha querida?! – Perguntou o velho que de certa forma identificou Liu como se fosse uma neta dele.
- Eu fiz tudo errado... – Respondeu Liu olhando para baixo e vendo que agora Eduzinho brincava com uma folha que pairava no ar.
- Certeza?! – Perguntou o velho captando o olhar de Liu.
- Sim... – Respondeu Liu. – E agora só me sobrou falar com o meu gato e um amigo que eu tenho como se fosse um irmão... – Pontuou limpando uma lágrima prateada que havia descido de seus olhos castanhos.
- E a sua família?! – Perguntou o velho. A história daquela garota estava interessando ele.
- Família?! – Perguntou Liu. – Meu sentimento de família foi destruído...meus pais e meu único irmão foram assassinados, sendo que meu irmão morreu no meu lugar...antes tivesse sido eu... – Respondeu fechando os olhos e buscando por alguma força dentro de si mesma.
- Ele fez a escolha dele... – Pontuou o velho. – Provavelmente ele não suportaria te ver morrer e conviver com o sentimento de que poderia ter feito algo para impedir tal coisa... – Completou com um olhar sério.
- Minha tia matou o meu irmão... – Confessou Liu cabisbaixa.
- Hey! – Exclamou o velho. – Não fique assim...você ainda tem os seus amigos, não?! – Perguntou confuso.
- Pela besteira que eu fiz eu perdi os meus amigos e o meu namorado...que eu soube depois que ia me pedir em noivado... – Murmurou Liu triste.
- O que você fez de tão grave?! – Perguntou o velho curioso.
- Resolvi viver para me vingar daqueles que acabaram com a minha família... – Disse Liu agora com um olhar vingativo, chamas corriam pelos seus olhos.
- A vida pela vingança não é uma vida boa, é uma vida cheia de amarguras... – Pontuou o velho, e ele tinha razão.
- Eu sei...mas dizem que uns aprendem pelo Amor e outros pela dor né?! – Perguntou Liu. – Então...eu acho que eu escolhi aprender pela dor... – Se auto – respondeu.
- Ainda tem tempo de você mudar seu destino... – Começou o velho. – Procure os seus amigos... – Aconselhou.
- Não posso... – Pontuou Liu. – Eles pensam que eu estou morta... – Confessou envergonhada do que havia feito.
- Como assim?! – Perguntou o velho confuso.
- Eu fingi um suicídio para proteger aqueles a quem Amo...somente o meu amigo irmão sobrou para me ajudar... – Respondeu olhando para Eduzinho que agora que havia capturado a folha estava deitado brincando com ela.
- Eu garanto que se você voltasse das cinzas nenhum deles ia sentir raiva de você... – Pontuou o velho sorridente.
- Ia ser uma decepção para eles saber que eu os enganei... – Confessou Liu. – Eles estavam dispostos a me ajudar... – Completou.
- Você preferiria descobrir que o seu irmão está vivo, mas te enganou, ou que ele realmente morreu?! – Perguntou o velho com sua sabedoria adquirida com o passar dos anos, fazendo com que Liu parasse para refletir.
- Eu não vou destruir os meus planos... – Pontuou Liu. – Eu me vingarei primeiro, pensarei sobre isso depois... – Disse com os olhos já livres de lágrimas.
- Bom, ouça um conselho de um velho... – Começou o velho. – Não desperdice a sua vida tentando se vingar de algo que já passou, pois quando isso terminar você não saberá mais o que fazer de sua vida... – Pontuou levantando – se com dificuldades do banquinho e saindo de lá, deixando uma Liu pensativa.

“I close my eyes, only for a moment and the moment's gone.
All my dreams pass before my eyes in curiosity.
(Fecho os meus olhos
só por um momento e o momento já se foi.
Todos os meus sonhos
passam por meus olhos cheios de curiosidade.)”


Liu sentada naquele banquinho lembrava – se de tudo que havia sonhado, todos seus piores sonhos que se tornaram realidade, e seus melhores também...tudo que ela havia deixado para trás para se deixar consumir pela vontade de vingança.

“Dust in the wind.
All they are is dust in the wind.
(Poeira ao vento.
Tudo o que eles são é poeira ao vento.)”


Abriu os olhos passou a mão pela sua face e percebeu que não tinha mais volta para aquilo tudo, que nem quando a poeira é atirada ao vento, não volta mais.

“Same old song.
Just a drop of water in an endless sea.
All we do crumbles to the ground, though we refuse to see.
(A mesma velha música.
Só uma gota de água num mar sem fim.
Tudo o que fazemos
desaba sobre a terra, embora nos recusamos a ver.)”


Para toda ação há uma reação de força igual... A ação de Liu lhe trouxe o sofrimento, a saudade, a tristeza, a incerteza, enfim...Vingança não é exatamente o melhor caminho, nunca.

“Dust in the wind.
All we are is dust in the wind.
(Poeira ao vento.
Tudo o que somos é poeira ao vento.)”


Não iria voltar atrás em sua decisão, agora que havia começado iria deixar as coisas serem do jeito que ela havia programado para ser. Afinal, não havia mais tempo para arrependimentos, e ela não queria se arrepender.

“Don't hang on, nothing lasts forever but the earth and sky.
It slips away and all your money won't another minute buy.
(Não fique esperando,
nada dura para sempre a não ser a terra e o céu.
Ele fugirá
e todo seu dinheiro não poderá comprar outro minuto.)”


Tudo tem um fim, até a vingança, então, para quê se prender a algo finito?! Não seria melhor se talvez ela desistisse de tudo, abrisse mão de tudo, e voltasse para a sua vida de antes?! Pelo menos era feliz ao lado daquele a quem ela mais Amou.

“Dust in the wind.
All we are is dust in the wind.
Dust in the wind.
Everything is dust in the wind.
(Poeira ao vento.
Tudo o que somos é poeira ao vento.
Poeira ao vento.
Tudo é poeira ao vento.)”


Não, havia feito o correto. Respirou fundo e se levantou do banquinho, era hora de começar a agir de verdade, era hora de achar aqueles que a procuravam, hora de enfrentar a verdadeira certeza da vida sem medo dela...a morte. Estava pronta para enfrentar o que fosse necessário para vingar o seu querido irmão, porém não faria isso somente por ele, como também por ela mesma.
- Aiaiaiaiii... – Murmurava Douglas em casa andando de um lado para o outro, Liu estava demorando demais para chegar.
- Queridoo chegueii!! – Brincou Liu sorridente entrando pela porta acompanhada por Eduzinho.
- Olha...se você continuar demorando assim toda vez que sair eu vou te proibir de deixar aquela porta, entendeu?! – Avisou Douglas com um olhar de preocupação.
- Sim senhor! – Brincou Liu batendo continência.
- O que houve?! – Perguntou Douglas estranhando o bom humor da garota. – Um mosquito raro da áfrica te picou foi?! – Perguntou sorrindo.
- Descobri o que eu mais quero nessa vida! – Pontuou Liu feliz. – E não vou fazer isso só por causa de uma pessoa que já morreu, vou fazer por mim mesma... – Completou.
- Ah não... – Começou Douglas. – Esse papo de vingança de novo?! – Perguntou com uma cara desanimada.
- Mas agora eu tenho certeza de que é isso que eu quero! – Pontuou Liu sorridente.
- Bom... – Murmurou Douglas. – Antes você ainda tava em dúvida?! – Perguntou confuso.
- Estava... – Respondeu Liu. – Eu agi por puro impulso... – Completou.
- Agora você aprendeu que se deve pensar antes de agir, certo?! – Perguntou Douglas em dúvida.
- Não... – Respondeu Liu. – Eu apenas descobri o que eu quero fazer da minha vida...amanhã mesmo eu vou ir atrás daqueles dois malditos... – Completou. – Onde está o papel que eu peguei do idiota do Nosferato?! – Perguntou.
- Guardado... – Respondeu Douglas. – E você não vai fazer nada...se eles descobrirem que você não morreu eles vão querer te matar... – Pontuou.
- Si... – Murmurou Mary Kate na cama de hospital. – Você gostou da Lila, não foi?! – Perguntou sorridente.
- Não...não gostei e ponto final... – Respondeu Sirius friamente tentando evitar uma nova conversa sobre o mesmo tópico.
- Ele está ficando assim quando se fala nela... – Pontuou Bel ao ver a cara de susto de Mary Kate.
- Então é porque ele gostou, mas não quer admitir que foi capaz de se apaixonar novamente... – Pontuou Mary sorrindo marotamente.
- Eu não me apaixonei, certo?! – Disse Sirius saindo do quarto de Mary Kate para dar uma volta pelo hospital.
Sirius andava pelo hospital, pelos corredores, através das portas entreabertas ele via o sofrimento de muitos, alguns pacientes provavelmente na fase terminal de sua doença, todos debilitados de alguma maneira. As enfermeiras e enfermeiros andavam de um lado para o outro acudindo quem quer que fosse que precisasse de ajuda. Os médicos e médicas tratando seus pacientes com uma paciência incrível. Se esbarrou então em algo menor do que ele, provavelmente uma criança.
- Desculpa moço... – Murmurou uma garotinha de belos cabelos loiros presos em duas tranças laterais. Ela segurava um ursinho marrom. Seus olhos castanhos expressavam medo.
- Você se perdeu garotinha?! – Perguntou Sirius se abaixando para ficar do mesmo tamanho que ela, ela devia ter no máximo cinco anos.
- Me perdi sim... – Respondeu a garotinha de cabeça baixa. – Eu não consigo achar a minha mamãe... – Completou quase chorando enquanto abraçava o seu ursinho.
- Vem cá... – Disse Sirius carregando a garotinha. – Nós vamos achar a sua mãe, certo?! – Completou tentando ajudar a garotinha que apenas concordou com a cabeça. – Qual o seu nome princesinha?! – Perguntou numa tentativa de confortar a garotinha.
- É Alexia... – Respondeu a garotinha preocupada ainda.
- E o que você está fazendo aqui no hospital princesinha Alexia?! – Perguntou Sirius sorrindo para a garotinha enquanto andava pelos corredores do hospital.
- Meu Papai está dodói...- Respondeu a garotinha com um semblante triste.
- Hmmm... – Murmurou Sirius, ele não sabia o que dizer. – Ele vai ficar bom logo... – Disse numa tentativa de consolar a garota.
- Eu ouvi o médico dizer que ele não tem cura... – Pontuou a garotinha triste.
- Errr... – Agora sim Sirius havia ficado totalmente sem palavras. – É aqui o quarto onde seu pai está?! – Perguntou.
- É sim!! – Respondeu Alexia feliz. Sirius a colocou no chão e entrou no quarto para ter certeza de que aquela mulher chorosa era mesmo a mãe daquela linda garotinha.
- Mamãe!! – Gritou a garotinha indo correndo para abraçar a mãe.
- Onde você estava minha filhinha?! – Perguntou a mãe preocupada.
- Eu estava perdida, mas ele me ajudou... – Respondeu Alexia apontando para Sirius que estava em pé sem saber o que fazer.
- Obrigada rapaz... – Agradeceu a mulher. Sirius abaixou a cabeça e saiu de lá pensando em sua vida. Ele não tinha tantos motivos para reclamar da vida, no final das contas ele era feliz, ou melhor, ele podia ser feliz.
- Acho que é hora de eu seguir em frente... – Murmurou Sirius tocando em seu colar de coração. – Vou te guardar para sempre, mas não posso me prender a ti... – Completou retirando a corrente e colocando em seu bolso.
- Ruivinha querida do meu coração... – Começou James indo atrapalhar Lily que estava cozinhando, ou pelo menos tentando.
- Saia daqui James... – Disse Lily tentando se concentrar na comida que estava preparando.
- Não saio... – Brincou James abraçando Lily por trás.
- Se você não sair eu vou acabar queimando a... – Começou Lily, mas ao ouvir a campainha parou. – Campainha... – Murmurou.
- Vai queimar a campainha é ruiva?! – Brincou James.
- Vá logo atender a porta traste! – Brincou Lily sorrindo.
- Traste?! – Perguntou James enquanto abria a porta sorrindo. – Professor Dumbledore?! – Disse ao abrir a porta e ver quem estava em sua frente.
- James Potter... – Saudou Dumbledore com sua voz serena. Ele trajava um manto azul – acinzentado com alguns detalhes em prateado, não era uma roupa legal para quem estava em um bairro trouxa.
- Entre... – Pontuou James abrindo ainda mais a porta e convidando Dumbledore para adentrar a sua casa.
- Quem foi meu Amor?! – Perguntou Lily saindo da cozinha e indo até a sala de visitas. – Professor Dumbledore! – Disse num tom empolgante de voz. – É uma honra receber o senhor aqui... – Pontuou.
- Vim aqui não só para fazer uma visita... – Pontuou Dumbledore com uma cara um tanto quanto séria.
- O que aconteceu?! – Perguntou James bagunçando os cabelos.
- Não é “o que aconteceu”, é “o que está acontecendo”... – Começou Dumbledore sentando – se em uma poltrona e conjurando três taças de cristal com um pouco de vinho tinto. – Nesse exato momento, Voldemort, que se autodenomina o “Lord das trevas”, está recrutando voluntários para em breve iniciar uma guerra... – Disse fazendo com que as taças fossem parar na frente de Lily e James.
- Tem algo que nós possamos fazer?! – Perguntou Lily com um olhar preocupado, a fama daquele bruxo sombrio era terrível.
- É exatamente sobre isso que eu vim aqui falar com vocês... – Pontuou Dumbledore com um sorriso vitorioso nos velhos lábios.
- O que vamos fazer?! – Perguntou James sentando – se no braço do sofá.
- Eu, por mim mesmo, resolvi recrutar voluntários para lutar ao meu lado contra Voldemort... – Começou Dumbledore. – E gostaria de saber se...
- Aceitamos sim! – Responderam Lily e James de vez antes mesmo de Dumbledore acabar a frase.
- Magnífico... – Murmurou Dumbledore com um sorriso nos lábios.
- Quando vamos ter reuniões?! – Perguntou James. Se eles realmente iam ter uma guerra em breve era necessário que eles fossem preparados para guerrear.
- Eu avisarei quando formos nos reunir... – Avisou Dumbledore se levantando. – Fico orgulhoso de saber que vocês estão dispostos a lutar ao meu lado... – Pontuou num tom de voz extremamente calmo.
- Sempre estaremos do seu lado Professor... – Pontuou Lily com um belo sorriso. E assim Dumbledore se retirou sumindo por entre as partículas do fino ar.
Em sua cama na casa de Douglas, Liu se remexia, muitos pensamentos vinham em sua cabeça, pensamentos esses que ela queria afastar, não era o momento apropriado para pensar naquilo...

“And so many things I'd forgotten,
In a world that we shared,
With so many things for the asking.
Never asked for the madness there.
Strange how I find myself
So often on a distant shore.
(E tantas coisas eu havia esquecido,
Nesse mundo que nós dividíamos
Com tantas coisas a serem perguntadas
Nunca perguntamos sobre aquela loucura
Estranho como eu me encontro
Tantas vezes numa praia tão distante)”


Agora ela estava certa do que queria, estava mesmo?!...Parou para pensar em todos os momentos que passou com Sirius, todas as vezes que riram juntos, mesmo que não tivesse nada para rir, olhavam um para o outro e trocavam caretas seguidas por gargalhadas ou beijos apaixonados e apaixonantes. Sentiu – se estranha então, mesmo com um mundo inteiro de gente desconhecida ao seu redor, sentia – se só por não ter aquele que ela mais sentia falta, era como se ela estivesse em uma praia isolada do mundo com mil perguntas de como ela estaria se não tivesse feito o que fez e tivesse aceitado noivar com Sirius.
Sirius no hospital, sentado em uma cadeira ao lado da cama aonde Mary Kate já se encontrava adormecida sentia a sua cabeça ser invadida de pensamentos, botou sua mão em seu bolso e retirou a corrente de coração.

“There's only one thing that's confusing.
Was it you? Was it me?
With so many questions unanswered
Or was that part of your mystery?
Strange how I find myself
So often on a distant shore.
(Há apenas uma coisa que está confusa
Foi você? Fui eu?
Com tantas perguntas não respondidas
Ou foi parte do seu mistério
Estranho como eu me encontro
Tantas vezes numa praia tão distante)”


Finalmente, de quem era a culpa?! Teria sido ele, Sirius Black, que por não notar o estado emocional em que sua Amada se encontrava, ou ela, que apesar de saber que ele a Amava, e dizer que Amava ele resolveu por um fim em sua vida.
Tantas coisas que ele gostaria de ter perguntado a ela, será que a vida dela era mais misteriosa do que ele imaginava?! Aquele mistério todo que ele havia descoberto em seu último ano de Hogwarts, será que era apenas o começo dos vários mistérios daquela castanha que ele jurava conhecer completamente?!
Sentiu – se estranho então, estava lá, ao lado de duas de suas melhores amigas, e ao mesmo tempo era como se não tivesse ninguém, talvez ninguém mais realmente importasse para ele, a única pessoa que o fazia completo não estava lá. Não adiantava tentar esquecer ela, era impossível, qualquer coisa, qualquer cheiro, qualquer palavra, as flores, o vento, a água, a lua, as estrelas...oh, as estrelas...Tudo fazia com que memórias de momentos passados com ela lhe viessem à cabeça.
Aquele hospital frio, aquelas paredes brancas, tudo isso ajudava ainda mais a agravar o sentimento de vazio que o garoto, na verdade, o já rapaz, sentia em seu peito.

“So many things I'd forgotten.
(Tantas coisas que eu esqueci)”


Liu então virou – se novamente em sua cama de lençóis beges. Viu – se tentando se lembrar de coisas pequenas, detalhes insignificantes, palavras proferidas, expressões feitas, brincadeiras...beijos, não...dos beijos ela não havia esquecido, mas aos poucos a sua mente parecia querer se livrar das velhas memórias.
Sirius recolocou a corrente em seu pescoço, não queria mais esquecer ela, agora a idéia de esquecer ela já parecia ridícula para ele. Havia um problema, não conseguia mais se lembrar de exatamente tudo detalhadamente, sua voz ainda ressoava em seus ouvidos, seu cheiro ainda era captado nas partículas finas do ar, a imagem daquela garota não fugia de sua mente, mas algumas coisas, algumas palavras lhe fugiam à mente.

“So many things for the asking.
(Tantas coisas a serem perguntadas.)”


E se ela tivesse contado para ele os seus planos, se tivesse resolvido contar com ele nessa sua jornada que só levou o Douglas?!
E se ele tivesse pedido ela em noivado mais cedo?!
E se ela conseguisse perceber que a vingança não leva a nada?!
E se ele tivesse percebido que havia algo estranho com ela?!
E se ela tivesse pensado nos outros antes de agir por puro impulso de raiva?!
E se ele não tivesse planejado a festa surpresa?!
E se ela tivesse impedido o seu pesadelo de se realizar?!
E se ele agora resolvesse olhar além do óbvio?!
Perguntas e mais perguntas...

“Strange how I find myself
So often on a distant shore.
How I find myself
So often on a distant shore
(Estranho como eu me encontro
Tantas vezes numa praia tão distante.
Como eu me encontro
Tantas vezes numa praia tão distante)”


Estranho como ambos se sentiam tão sozinhos. Mal sabia ele que ela estava tão próxima dele e que esse sentimento de solidão dele poderia ser evitado. E ela, coitada, estava confusa em sua cama, sozinha com suas finas lágrimas prateadas e suas lembranças de um passado nem tão distante.
Enquanto pensava, Sirius percebeu que havia levado um livro para o hospital, “Romeu & Julieta”, pensou em não abrir, sabia que o livro era de Liu, já havia estado com ele antes dela morrer e depois retornado para as mãos dela, provavelmente haveria notas da garota por todo o livro, ela tinha costume de marcar as partes favoritas, de fazer pequenos comentários...enfim, abrir aquele livro só faria trazer mais saudades para ele. Sirius não se lembrava de ter pego o livro em cima da estante de sua casa, mas estava claro que ele havia pego.
- “Não fará mal nenhum se eu abrir...” – Pensou Sirius enquanto abria o livro. Imediatamente caiu um papel de carta de dentro do livro. – O que é isso?! – Murmurou enquanto pegava o papel que agora estava no chão e começava a ler.

“Quando alguém ler isso eu provavelmente já estarei sete palmos abaixo da terra, logo não preciso explicar que isso é o meu testamento.
Bom...eu gostaria de doar metade do meu dinheiro para uma casa de retiro para os bruxos aposentados, a outra metade eu quero deixar sobre a responsabilidade do Douglas. O Eduzinho vai ficar sobre a guarda do Douglas também...A casa que um dia fora de meus pai agora é da Mary Kate.
Esse meu livro eu gostaria que ficasse com o Si...
Minhas coisas pessoais podem ser distribuídas...

Ass: Elisa Weiss”


- “Eu prometo que vou fazer o que você pediu...” – Pensou Sirius guardando o papel e começando a folhear o livro.
Em certa parte do livro, na parte onde Julieta cometia um falso suicido, havia alguns comentários no canto da página. Sirius parou e começou a ler eles.

“Eis aí a solução para todos os problemas de todo mundo, se fingir de morto para puder viver do jeito que quer...tenho que admitir que a Julieta era muito inteligente...
E.W”


- “Você bem que poderia ter feito como a Julieta né Liu?!” – Pensou Sirius passando a folha novamente. No canto da outra folha tinha algo escrito, não parecia ter nada haver com a história do livro.

“Liu & Sirius, para sempre juntos...Pelo menos por enquanto =P”

- “AHsduahsduah!” – Riu Sirius em pensamento. – “Quanta saudade...” – Pensou virando algumas páginas.
O tempo foi se passando. Logo o dia já estava amanhecendo do lado de fora do hospital.

“Garoto de dezenove anos é morto sobre circunstâncias estranhas.”

Ao ver a manchete de um jornal trouxa, que estava em cima da mesa de cabeceira da cama de hospital aonde Mary Kate ainda dormia, Sirius resolveu continuar lendo a notícia.

“Ontem de noite, por volta das sete horas, um garoto de dezenove anos foi morto em uma rua praticamente deserta. Seu corpo foi encontrado sem nenhum tipo de agressão. Suspeita – se que ele tenha morrido de um ataque cardíaco. A equipe de médicos legistas da policia está nesse momento analisando o corpo do garoto para descobrir a causa de sua morte.
No local do crime foi encontrado sangue em uma pedra, a polícia está investigando para descobrir a quem pertence o sangue. Será que temos um assassino à solta?!”


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