O Desafio das Doze



O Desafio das Doze

Oito horas da manhã, o orvalho começava a evaporar-se na superfície das folhas, enquanto os sabiás cantavam. O sol, que já terminara de nascer, lançava uma agradável luz dourada nos gramados de Amgis, iluminando a fachada leste do casarão e fazendo com que suas paredes, pintadas de cal, parecessem feitas de ouro.


Nicole levantou-se e foi até a janela de seu dormitório, que dava para o pátio interno, onde ficava a Fonte dos Astros. Ela observou o imenso sol dourado no meio do tanque, ladeado pela lua e pela estrela prateadas, cercados por uma água parada e de aspecto esverdeado. Nada em Amgis a enojava mais do que aquela água parada da Fonte dos Astros.


-“Gostaria de entender porque eles deixaram as coisas chegaram a este ponto”  - pensava ela, enquanto acompanhava com o olhar o vôo de um sabiá, que lentamente desceu até o tanque e aproximou a cabecinha da água, mas desistiu de beber e foi embora. - “É uma água tão imunda que nem ao menos agrada aos animais!”


A garota saiu de perto da janela e foi trocar de roupa.


- “ Preciso resolver este e outros problemas o mais cedo possível!


Desceu para o salão principal e encontrou Paulo sentado no centro da mesa de Esmeralda.


-“Bom dia!”


-“Muitos bons dias!” – respondeu-lhe o rapaz –“Gostou de sua primeira semana estudando magia?”


-“Na verdade, não é exatamente a minha primeira semana estudando magia, já que meu pai têm me dado aulas em casa desde que eu tinha uns seis anos de idade, mas tendo sido a minha primeira semana em Amgis, o que posso dizer? Foi interessante.”


Paulo ergueu as sobrancelhas.


-“Seu pai parece um cara bastante severo.”


Nicole desviou os olhos do prato para encará-lo.


-“Vamos colocar as coisas dessa forma:” – disse ela, pausadamente – “ele é inglês.”


Paulo sorriu, respirou fundo e espreguiçou-se. Nicole lançou um olhar às outras mesas do salão, que estavam quase vazias, exceto pelos alunos do primeiro ano que acordaram cedo para sua primeira aula de quadribol.


-“E então, como vão os negócios com Henry Monfort?” – disse Paulo, após um momento de silêncio.


-“Negócios?”- Nicole ergueu uma sobrancelha.


-“Sim. Você tem passado quase todo o seu tempo com ele, imagino que estejam tramando alguma coisa.”


Nicole respirou fundo, aquele garoto realmente conseguia irritá-la quando queria. Ele não sabia nada sobre o negócio do qual estava falando, ainda assim, queria estar por dentro de tudo, mesmo que aquilo nada tivesse a ver com ele.


-“Não estou ‘tramando’ nada. Não tenho tempo para isso. – ela respondeu, mantendo os olhos fixos no pedaço de pão que cortava.


-“Está bem, faça como quiser. Mas pense se não seria melhor confiar em alguém de sua própria casa para fazer o que você está querendo que Monfort faça.” – Com essas palavras, Paulo levantou-se e saiu.


Nicole sacudiu a cabeça, rindo. Ela pensava em tudo o que acontecera ao longo da semana e tinha dúvidas se deveria estar satisfeita ou não. Observou os alunos do primeiro ano encheram o salão, bocejando e esfregando os olhos. Ela apanhou seu lanche e o levou consigo ao sair em direção aos jardins. Preferia a paz de uma refeição solitária à agitação barulhenta do salão principal lotado.


Ela já estava saindo do casarão, quando escutou alguém chamar. Revirando os olhos pensando que fosse Paulo com mais alguma pergunta que ele julgava ser esperta, mas que, como todas as outras, não o levaria a lugar algum, ela virou-se para ver o que ele queria.


-“O que mais você quer saber?” – perguntou, enquanto girava nos calcanhares para encarar seu interlocutor.


-“Só conversar!” – assustou-se o garoto.


Foi aí que ela percebeu que não era Paulo, tratava-se, na verdade, de Henry Monfort.


-“Pelo visto, seu humor hoje não está dos melhores, não é mesmo?” – disse ele, com certo tom acusador.


-“Me desculpe, pensei que fosse outra pessoa.” – falou a garota, enquanto fazia um sinal para que ele a acompanha-se até o campo de quadribol - “De qualquer forma, meu humor não está mesmo dos melhores, já que é o sétimo dia consecutivo que eu acordo e dou de cara com a Fonte dos Astros completamente abandonada.”


-“Deve ser difícil para você conviver com isso. Como você consegue estudar aqui, convivendo com a decadência a qual Amgis atingiu? Quero dizer, com todos esses nascidos trouxas estudando conosco, com toda essa queda de padrões que a escola vêm sofrendo. Você sabia que até professores nascidos trouxas nós temos? Amgis deve ter sido grande no tempo de Griffindor e James, mas com certeza perdeu o esplendor.”


Nicole não respondeu. Calada, olhava ao redor da propriedade, o campo aberto à sua esquerda, a estradinha de cascalho por onde os ônibus da escola chegavam e o campo de quadribol logo à sua frente. Respirou fundo e sentiu o ar da manhã inundar-lhe os pulmões, era um dia claro de verão, porém o ar ainda continha o frescor da noite.


-“Você me disse que tem uma idéia de quem possa ter nos entreouvido, segunda-feira passada, perto dos estábulos.” – a voz de Henry interrompeu-lhe os pensamentos.


-“Eu tenho certeza de quem foi.” – disse ela, ao avistar o grupo de alunos que já estava em frente ao campo, aguardando o início da aula. Os dois pararam a pouca distância dos demais, Nicole virou-se para encarar o garoto – “Sei quem foi e quero que você faça algo a respeito, para que não aconteça novamente.”


Henry balançou a cabeça, com ar solene, enquanto a garota virava-se para encarar Alice Elsea e Érika Marinho, que estavam logo à frente, aguardando o início da aula.


 


-“Bom dia a todos!” – disse um professor baixinho, de ar enérgico e sorriso simpático – “Espero que todos estejam tão ansiosos quanto eu para sua primeiríssima aula de vôo de vassoura!”


Vários alunos sorriram, adiantando-se para ficar mais perto do professor.


-“Muito bem,” – continuou ele – “meu nome é Jefferson Maia, e serei seu instrutor hoje.” – ele aumentou o sorriso, fazendo com que as maçãs de seu rosto redondo ficassem ainda mais salientes e empurrassem os óculos de armação fina um pouco para cima – “Além disso, sou também o juiz das partidas de quadribol da escola. Caso vocês se interessem em entrar no time de suas casas, fiquem atentos aos quadros de avisos, onde em breve serão afixadas as datas dos testes.”


Um murmúrio de interesse correu pelos estudantes. Alice sentiu-se agradecida por ter conversado com Érika e Carlos a respeito de quadribol na noite anterior, caso contrário, ela tinha certeza de que se sentiria totalmente perdida naquele momento. Entre os cochichos dos colegas, Alice pôde ouvir trechos de conversas em que garotos e garotas tão inexperientes quanto ela no mundo bruxo confessavam seus medos e apreensões em relação ao esporte aéreo. Mas também havia aqueles que, tendo nascido em famílias bruxas, eram familiarizados com vôos de vassoura e manifestavam enorme interesse em entrar para o time de quadribol de suas respectivas casas.


-“Ouvi dizer que é muito raro um aluno do primeiro ano ser selecionado para fazer parte do time.” – dizia uma garota, que Alice reconheceu como sendo Luísa de la Paje.


 


-“Eu sei, mas nada nos impede de tentar.” – falou Pedro Almeida, e vendo que Henry Monfort se aproximava, dirigiu-se a ele – “Você vai fazer o teste para o time de Ametista, não vai?”


-“Não vou apenas tentar, eu vou entrar no time!” – disse o garoto, com um sorriso presunçoso.


-“Certo, pessoal, chega de conversa!” – disse o professor, ao que os alunos se calaram – “ Já está na hora de começarmos. Hoje não vamos treinar quadribol, vamos apenas fazer alguns vôos lineares. Portanto, quero que vocês dirijam-se àquela caixa,” – ele apontou para uma enorme caixa de madeira, que estava encostada à uma das paredes do estádio – “peguem uma vassoura cada um e voltem para este ponto.”


Mal ele terminou de falar, os alunos saíram correndo em direção à caixa, todos querendo pegar as melhores vassouras. Alguns minutos depois, após algumas discussões e um princípio de briga (resolvido com a ameaça do professor em suspender os descontentes), todos estavam de volta a seus lugares, cada um com uma vassoura na mão.


-“Formem uma fila, dêem distância uns dos outros com o braço e coloquem a vassoura no chão, ao lado direito.” – pediu o Sr. Maia, com o ar mais autoritário que conseguiu reunir.


-“É um pouco difícil levá-lo a sério, você não acha?” – Érika cochichou para Alice, antes de erguer seus braços para dar distância da colega.


Alice não pôde deixar de rir. Realmente, a figura baixinha de Jefferson Maia não era exatamente o que a menina chamava de imponente.


- “Muito bem, agora quero que todos estendam a mão sobre a vassoura e digam ‘em pé’.” – instruiu o professor.


Uma onda quase uníssona de ‘em pé’ seguiu-se às palavras do Sr. Maia. Vários alunos obtiveram resultados excelentes, como Érika, Nicole e Henry. Mas a vassoura de Alice parecia relutar em sair do chão. Olhando para o lado, a menina constatou que não era a única com aquele tipo de problema.


-“Em pé! EM PÉ! Porcaria de vassoura!” – Alexandre parecia à beira de um ataque de nervos – “LEVANTE-SE!”


Mais adiante, Luísa de la Paje esganiçava-se com a sua vassoura, enquanto Henry e Pedro riam dela, ambos com suas vassouras firmes nas mãos.


-“Ele está tendo uma convulsão ou algo parecido?” – indagou Érika, apontando Pedro com a cabeça. –“Se continuar rindo assim, vai vomitar.”


Alice e Alexandre caíram na risada.


-“Observem o modo correto de se montar na vassoura!” – disse o professor, enquanto se posicionava no meio da fileira de estudantes e demonstrava com subir na vassoura.


Em seguida, os alunos o imitaram. Ele pediu que não desmontassem enquanto passava vistoriando o modo como os garotos seguravam suas vassouras.


-“Excelente trabalho pessoal!” – exclamou ele, minutos depois – “Vamos ver como vocês se saem em um pequeno vôo. Quando eu apitar, dêem um impulso com os pés e deixem que a vassoura suba alguns metros, depois retornem à terra.”


Quando o apito soou, todos fizeram o que o professor solicitara. Completamente sem jeito, Alice sentiu sua vassoura erguer-se no ar aos sacolejos. Com um pouco de medo, ela decidiu retornar à terra mais cedo do que os demais. Enquanto forçava a vassoura a descer, ela notou que Érika não estava tendo a mesma dificuldade.


A amiga parecia realmente à vontade no ar. Controlava a vassoura com extrema facilidade. O objeto mudava de direção, descia ou subia de acordo com suas intenções, e ela voava com grande graciosidade.


 


-“Saí da frente!” – Alice ouviu uma voz gritar-lhe. Ao olhar para o lado, viu que Alexandre vinha a seu encontro, com a vassoura totalmente descontrolada.


Ela tentou desviar, mas a vassoura não obedeceu: continuava sacolejando e teimando em não sair do lugar. A colisão estava cada vez mais próxima. Vendo o que acontecia, Érika dirigiu sua vassoura para onde Alice estava e, num movimento rápido, saltou da própria vassoura para a da amiga, tomando o controle do objeto. Ao mesmo tempo, Nicole se adiantara para Alexandre, encostando sua vassoura na dele e forçando uma mudança brusca de direção.


Ao som dos aplausos dos colegas, Érika e Alice pousaram, seguidas por Nicole e Alexandre.


-“Vocês estão bem?” – perguntou o Sr. Maia


-“Estamos, obrigada.” – respondeu-lhe Alice. –“Você voa muito bem!” – disse, dirigindo-se à Érika –“Obrigada por me salvar!”


-“Não foi nada.” – a menina enrubesceu.


-“E você também, Nicole,” – continuou Alice –“obrigada.”


-“Tome cuidado, eu não vou estar sempre por perto.” – e afastou-se sem olhar para trás.


-“Porque você fez aquilo? Pensei que você quisesse as duas fora de seu caminho!” – Henry sussurrou para Nicole, quando ninguém estava olhando.


-“Eu as quero fora do meu caminho, mas não as quero machucadas!” – respondeu-lhe a garota.


-“Foi um excelente salvamento, sem dúvida!” – exclamou o professor –“E agora, já que vocês demonstraram uma habilidade mais avançada do que o esperado,o que vocês acham de uma pequena corrida?” – continuou, sorrindo para os alunos, que estavam novamente em terra firme.


Alguns negaram com a cabeça, cabisbaixos, outros se animaram imensamente e montaram em suas vassouras.


-“Muito bem, para quem quiser participar, eu vou lançar-lhes um desafio” – todos apuraram os ouvidos – “Logo será meio-dia e o relógio da escola começará a soar as doze badaladas. Quem conseguir dar a volta na escola antes que as badaladas acabem, será o vencedor da corrida!”


-“O senhor está nos propondo o Desafio das Doze?” – perguntou um garoto de Rubi, com uma expressão incrédula no rosto.


-“Precisamente, Sr. Dantas. Este desafio, senhores, é proposto aos alunos do primeiro ano desde que a escola foi fundada.” – respondeu o professor.


-“Mas isso é impossível!” – disse Henry Monfort, incapaz de se conter. –“Quer dizer, esse desafio é feito desde o século XVII, mas apenas umas quatro ou cinco pessoas conseguiram vencê-lo.”


-“Exatamente, poucos conseguiram cumprir o desafio, o que não significa que seja impossível.” – disse o professor, com um sorriso um tanto enigmático.


-“Eu ouvi dizer que há pelo menos quarenta anos ninguém vence o Desafio das Doze.” – comentou um garoto de Esmeralda.


-“Você está certo. Desde que Maurício Toledo completou o circuito, quarenta e sete anos atrás, mais ninguém conseguiu.” – o professor parecia genuinamente empolgado com a corrida, como se estivesse prestes a subir na vassoura e participar dela ele próprio. 


Entre os alunos, a situação era diferente. Muitos dos que haviam se animado com a proposta da corrida balançaram a cabeça negativamente ao ouvir qual seria o desafio, desistindo de tentar. Vários davam a desculpa de que com aquelas vassouras velhas da escola nenhum deles seria capaz, mas se tivessem uma mais moderna, conseguiriam na certa. O professor olhava de um rosto a outro de um jeito desafiador.


-“É melhor decidirem logo se vocês vão ou não, pois falta apenas um minuto para o meio-dia.” – disse ele, consultando seu relógio de bolso.


Nicole foi a primeira a dar impulso em sua vassoura, seguida por Érika, Henry e Pedro. Além deles, Matheus Dantas, de Rubi, e Ana Alves, de Esmeralda, levantaram vôo. O Sr. Maia também subiu aos ares, conjurando uma fita escarlate e dizendo:


-“Vocês devem partir da frente desta fita e ultrapassá-la quando voltarem. Devem dar a volta no casarão no sentido Oeste-Leste. Agora prestem atenção, aí vem as badaladas!”


Os competidores se aprumaram nas vassouras. Segundos depois, a primeira badalada soou, ecoando por todo o terreno da escola.


Imediatamente, a corrida começou. Por ter uma arrancada melhor, Henry tomou a dianteira, seguido de perto por Pedro, Nicole e Érika. Soou a segunda badalada, os outros vinham logo atrás, mas já nos primeiros metros, Ana ficou muito afastada dos primeiros colocados e desistiu


Tocou a terceira badalada. Érika via logo à sua frente o início da ala Oeste, havia acabado de deixar a estradinha de cascalho para trás.


Quarta badalada. Os competidores agora passavam velozes entre os estábulos e a ala Oeste do casarão. Quando estavam quase chegando à primeira curva, a quinta badalada soou.


Reverberou a sexta badalada, marcando a metade do tempo da corrida. Nicole, fazendo uma curva mais fechada que os demais, ultrapassou Pedro e emparelhou com Henry, eles agora atravessavam a ala Sul.


Sétima badalada. Érika aproximou mais o corpo da vassoura para imprimir mais velocidade, estava quase encostando em Pedro. Na oitava badalada, quem fez a melhor curva foi Érika, ganhando o terceiro lugar. A corrida tornava-se mais acirrada a cada metro, com Henry e Nicole brigando pela liderança, Érika em terceiro lugar, Pedro em quarto e Matheus em quinto.


A nona badalada acompanhou os cinco durante a maior parte do trajeto pela ala Leste. Pedro tentava desesperadamente ultrapassar Érika, que fazia de tudo para fechar-lhe a passagem. Logo à sua frente, a garota via Nicole e Henry alternarem-se na liderança.


A décima badalada soou como um sinal de alerta a todos, que forçaram suas vassouras a aumentar a velocidade. Porém, quem conseguiu um melhor resultado foi Érika, que ganhou distância de Pedro e ultrapassou Henry, passando a brigar com Nicole pelo primeiro lugar.


Durante o décimo primeiro toque, várias coisas aconteceram ao mesmo tempo. O Matheus conseguiu ultrapassar Pedro, que perdeu o controle da vassoura e bateu contra a parede da ala Leste, o que quase o fez cair. Érika emparelhou com Nicole, deixando Henry para trás. Ao olhar para frente, a ela viu a faixa vermelha ficar cada vez mais próxima. A garota estava em tal estado de excitação que podia ouvir as batidas do próprio coração. rika, que ganhou distltado foi ultado foi   todos, que forçaram suas vassouras a aumentar a velocidade.


Iniciou-se o toque da décima segunda e última badalada. Nicole agarrava-se a vassoura com tamanha força que os nós de seus dedos estavam brancos. Faltavam pouquíssimos metros para a chegada, a badalada estava chegando ao fim.


Érika e Nicole estavam emparelhadas. Pouco antes de a badalada acabar, elas romperam a fita escarlate ao meio, com uma diferença tão pequena entre elas que foi impossível para os observadores saber quem vencera o Desafio das Doze.


-“ELAS CONSEGUIRAM!” – foi o grito geral, enquanto as duas passavam velozes sobre a multidão e a fita caia lentamente até se estender sobre o gramado.


 


As garotas desceram devagar, cada uma sendo recepcionada com festa por seus colegas de casa. Logo em seguida, chegaram Henry e Matheus. Por último, vinha Pedro, ainda tonto pela colisão com a parede.


-“Meus parabéns!” – disse o professor, entusiasmado –“É a primeira vez, em quarenta e sete anos, que o Desafio das Doze é cumprido! Srta. Marinho, Srta. James, vocês acabaram de escrever, permanentemente, seus nomes na história de Amgis!”


Alice emocionou-se ao reparar que o Sr. Maia parecia à beira das lágrimas. Érika, cercada por seus colegas de Safira, não parava de sorrir, e até Nicole, normalmente fria e calculista, esboçou um sorriso fraco. Em meio aos alunos de Ametista, Henry Monfort tinha o semblante fechado.


-“Agora, vamos ver quem, de fato, foi a primeira colocada!” – anunciou o professor, caminhando até o ponto onde a fita caíra.


Os alunos o seguiram, formando um círculo ao seu redor. Tocando a fita com a varinha, o Sr. Maia murmurou algumas palavras. Instantes depois, a fita ergueu-se no ar, tomando a forma de um nome. Sorrindo, o professor dirigiu-se à garota:


-“Parabéns Srta. Nicole, a senhorita é, oficialmente, a vencedora do Desafio das Doze.”


Assim que a fita terminou de escrever o nome de Nicole no ar, os alunos de Esmeralda começaram uma tremenda algazarra. O professor teve que utilizar um feitiço para se fazer ouvir em meio aos gritos. Com a voz magicamente ampliada, ele pediu a todos que colocassem as vassouras de volta na caixa e dispensou a turma.


Ainda gritando feito loucos, os alunos de Esmeralda rumaram para o casarão. Alguns estudantes de Ametista reuniram-se à eles, esquecendo-se completamente de que alguém de sua própria casa ficara em terceiro lugar. A festa dos alunos de Safira foi um pouco menor, mas Érika estava nas nuvens do mesmo jeito. Aparentemente, completar o Desafio das Doze fez com que os outros apagassem de suas memórias o incidente com o berrador no início da semana.


-“Parabéns!” – disse Alice, empolgada, abraçando a amiga. 


-“Foi um feito memorável!” – comentou Alexandre, estendendo a mão para Érika, com seu jeito formal de sempre.


-“Obrigada, gente!” – ela agradeceu, com os olhos já úmidos de lágrimas.


Não foi possível aos três trocarem nem mais uma palavra, já que Érika foi arrastada por seus colegas de casa, todos querendo apertar-lhe a mão e elogiá-la. Alice e Alexandre preferiram deixá-la ir com os colegas e se deixaram ficar para trás.


-“Você aposta quanto que esse vai ser o acontecimento mais comentado da semana?” – perguntou Alexandre, enquanto os dois caminhavam em direção ao casarão, observando a massa de estudantes de Safira que andava em torno de Érika.


-“Vai ser o acontecimento mais comentado do mês” – corrigiu-lhe Alice, sorrindo.


 


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