A ligação inesperada



Capítulo1: A ligação inesperada

Era 31 de agosto. Fazia um dia ensolarado de verão quando Draco Malfoy abriu seus olhos. Ele levantou-se de sua cama e foi tomar seu clássico banho matinal para despertar-se com mais eficiência. Abriu o guarda-roupa e ficou um tempo razoável tentando escolher uma roupa, já que opções não faltavam. Por fim, decidiu colocar uma camisa branca com uma calça jeans e tênis (ele não gostava muito de se vestir com capas nas férias). Foi até o espelho e mirou a sua imagem: um garoto de dezesseis anos loiro (seus cabelos eram lisos e realmente muito claros) com olhos azuis acinzentados frios. Vaidoso como era perguntou:
-Como estou?
-Totalmente irresistível, mas esqueceu de pentear o cabelo.
-Ah, obrigado por me dizer o que eu já sabia... –ele “agradeceu” o espelho e passou os dedos por seus cabelos (já fazia um tempo que ele enjoara de atolar suas madeixas loiras platinadas em gel).
Ele saiu de seu quarto e estava entediado por não ter ninguém com quem praticar alguma maldade em seu último dia de férias.
-Bom dia, Draco! –Narcisa disse o avistando.
-O que é tem de bom? Não tem nada legal para se fazer! –ele reclamou.
-Venha tomar café, querido. –sua mãe o convidou –A mesa já está posta.
-Estou sem fome. Esperarei o almoço. Posso entrar no escritório do papai? –ele perguntou esperançoso.
-Não. Você sabe muito bem que lá tem artefatos das trevas muito perigosos. –Narcisa respondeu.
-Mas é por isso mesmo mãe! Deixa, vai?
-Não, você só entra lá com o seu pai. Ele é que explica como usar aquelas coisas esquisitas. E não adianta insistir! Vá procurar o que fazer e fique longe de confusões.
-Que saco! –ele disse.
Saiu andando e batendo o pé. Quando viu que a mãe não estava mais por perto, ele deu meia volta e começou a se dirigir até o escritório de seu pai. A arrogância e a teimosia de Draco Malfoy não permitiam baixar a cabeça nem à própria mãe. Chegando lá, apontou a varinha para a fechadura da porta e disse:
-Alorromora!
Ouve um clarão roxo e a porta não se abriu, mas no instante seguinte Narcisa havia aparatado ao lado dele:
-Sabia que tentaria entrar aí. Não me ouve de jeito nenhum! Vá treinar quadribol! –ela sugeriu começando a se aborrecer com a rebeldia de seu filho.
-Boa idéia. –ele disse se conformando e saiu andando para os jardins.
-Adolescentes! –exclamou Narcisa e desaparatou para onde estava anteriormente.
Os jardins da Mansão Malfoy eram enormes e bem cuidados. Draco parou de andar porque percebeu que deixara sua Firebolt em seu quarto. Ele a havia ganhado de seu pai há quinze dias de tanto dizer que só com uma Firebolt poderia vencer Grifinória no quadribol. A última derrota ainda estava entalada em sua garganta, ficava furioso cada vez que se lembrava e pensava muito tanto nela como em sua apanhadora (Gina que era substituta de Harry na equipe de Grifinória):
“Perder pro Potter é uma coisa, mas perder para aquela sujeitinha Weasley é demais! Eu quase apanhei o pomo, mas na última hora aquela pobretona me distraiu de alguma maneira que eu não sei. Será que ela executou algum feitiço de atordoamento? Não, eu teria visto...Como foi que ela fez? E ainda teve a pachorra de lançar um feitiço em mim na sala da Umbridge. A minha vontade é de esganar aquela garota! Esganar não...matar. Eu diria que o mundo está saturado de Weasleys, quanto mais deles morrerem, melhor...Esse ano ela me paga! Vou ficar na cola dela e vou tornar a vida dela um inferno até que ela se arrependa de ter nascido!!!”
Na verdade Draco não sabia como se distraíra, não tinha nem uma vaga idéia do porque. Só lembrava que ele e Gina estavam lado a lado e haviam esticado a mão direita ao mesmo tempo... se olharam por um momento...e ele estacara em cima de sua vassoura por um instante crucial e ela apanhara o pomo, levando Grifinória à vitória. Até hoje não entendia e estava muito fulo da vida. Lembrando-se da vassoura disse:
-Accio firebolt! –e a vassoura voou pela janela aberta de seu quarto até sua mão estendida.
Ele a montou e começou a voar pelos arredores. O ar batendo em seu rosto fazia com que experimentasse uma maravilhosa sensação de liberdade. Teve vontade de voar para mais longe do que costumava ir. Para onde? Não importava a ele, apenas desejava se perder naquela excitante liberdade. Ainda era de manhã e ele poderia voltar ao anoitecer. Sobrevoou colinas verdes pelo que ele achou ser cerca de três horas. O sol já ia alto quando ele avistou ao longe uma casa que ele teve certeza pertencer à bruxos (só magia parecia ser capaz de segurar um casa tão alta e torta daquele jeito). Viu uma macieira e resolveu descer para descansar e matar a fome comendo maçãs. A árvore ficava apenas a uns cem metros da casa esquisita.
Draco sentou-se encostado contra o tronco da árvore e começou a comer. Depois começou a ficar sonolento pela brisa que brincava em seu rosto e o balançar das folhas da macieira, já estava quase dormindo quando ouviu vozes:
-Gina aonde você vai com a sua vassoura?
-Vou dar umas voltas, não precisa se preocupar! Eu volto antes de anoitecer! –Gina gritou. –Até mais Jorge!
Gina montou sua vassoura e saiu voando. Draco olhou e reconheceu a garota de cabelos ruivos flamejantes, então decidiu seguí-la. “Por que infernizar a vida dela depois se eu posso começar a fazer isso agora?” ele pensou com um sorriso maléfico. Logo sua Firebolt emparelhou com a vassoura dela:
-Oi, Weasley! –Draco disse e se divertiu com a reação da garota.
Gina assustou-se e deu uma freada brusca. Draco freou também.
-Malfoy? O que faz aqui? Cai fora!!! Esse território é da minha família e aqui você não pisa!
-Então aquela casa esquisita é sua? Tinha que ser. Mas para pobretões como você e a sua família aquilo é um palácio. Não sei como não imaginei antes. Ah, deve ser porque imaginava que morassem debaixo de uma ponte.
-Veio me ofender, foi?
-Não, vim fazer o meu trabalho...te irritar ao máximo e fazê-la “babar” em cima da minha Firebolt.
-Bem típico de você...Cai fora ou te derrubo da vassoura!
-Duvido! –Draco falou e um brilho maldoso passou por seus olhos.
-Duvida, é? –Gina disse investindo contra ele no are o garoto se desviou facilmente.
-Hehehe, se quiser me derrubar, antes terá que me pegar. Mas não vai conseguir com essa Cleansweep de 2ª mão. –ele disse e saiu acelerando com Gina em sua cola.
-Você nem sabe voar direito, Malfoy! Eu te alcanço num instante e você verá com quantos paus se faz uma vassoura! –Gina gritou imprimindo o máximo de velocidade em sua vassoura.
Apesar da vassoura de Draco ser melhor que a de Gina, era incrível como a raiva fazia a garota pilotar extremamente bem, melhor até do que ela imaginava poder pilotar. Depois de um tempo Draco se cansou da perseguição e fez uma curva brusca no ar e Gina quase bateu de frente com ele. Ela teve que frear de repente para evitar a colisão, mas isso deu um tranco tão forte (ela estava em altíssima velocidade e a uns 50 metros do chão) que Gina acabou por se desequilibrar e caiu da vassoura. Draco percebendo isso nem hesitou e deu um mergulho preciso, pegando Gina (que soltava um grito agudo de pavor enquanto caía) antes que ela se esborrachasse no chão. Pousou com ela e deitou-a na grama:
-Accio cleansweep! –Draco disse e a vassoura de Gina que estava parada no alto veio até ele –Está tudo bem Weasley. -acrescentou ao ver que a garota ficara em estado de choque e respirava aceleradamente.
Ele decidiu-se por sentar-se ao lado dela na grama.
-Tudo bem? Eu achei que eu ia morrer!!! –Gina respondeu com um olhar de reprovação na direção de Draco.
-E realmente iria se não fosse por mim! Agora engula o que você disse sobre eu não saber voar direito! –o loiro respondeu com um sorriso irônico e o tom de superioridade de sempre.
-Obrigada! –ela agradeceu de má vontade –Como conseguiu fazer um mergulho tão rápido e perfeito? –ela perguntou levantando e mudando de assunto antes que ele a fizesse agradecer de joelhos e beijar seus sapatos.
-Eu sempre fui bom nisso, você é que nunca percebeu. –ele respondeu também se levantando e ainda com um sorriso estampado em sua face.
-Ah, mas não é não. O Harry é melhor do que você e até eu ganhei de você no quadribol. –ela disse desmentindo Draco na cara dura.
Ao ouvir isso de Gina ele fechou a cara “Como ela se atreve a se dirigir a um Malfoy dessa maneira?” e respondeu rispidamente:
-Você me atrapalhou, por isso que eu perdi! Aliás, é só pra isso que você serve, Weasley...você vive para atrapalhar a vida dos outros! E se defende o Potter-Amor-da-Sua-Vida com tanta lealdade, por que não pediu que ele a salvasse? Por que foi que eu te salvei? Talvez seria melhor eu ter ficado parado assistindo o espetáculo...
-É mesmo, Malfoy? Se me acha tão inútil e desprezível assim, por que não deixou que eu morresse simplesmente? Sabe o que isso implica não sabe?
-Sei. Você me deve a sua vida e nós temos uma ligação até estarmos quites.
-Isso mesmo, talvez tivesse sido melhor que eu estivesse morta...Você não quer se afogar para eu salvá-lo ou sei lá? Não quero ter ligação alguma com um Malfoy. –Gina disse gritando horrorizada pelo fato de estar em dívida com um Malfoy, mas inconscientemente se aproximando mais dele.
-Você reclama demais, Weasley. Devia estar me agradecendo de joelhos e ainda por cima com fervor e admiração. E pra que queria que eu me afogasse? Para fazer respiração boca-a-boca? Porque se for assim, não preciso quase morrer...
Draco já estava muito próximo de Gina. Teve uma súbita vontade e se deixou levar, ele pegou a ruiva de surpresa e deu-lhe um beijo que já estava começando a se aprofundar, mas ele logo parou descolando seus lábios bruscamente dos da garota.
-O que foi isso Malfoy?!? –Gina perguntou com muita raiva, seu rosto parecia prestes a explodir.
-Eu não acredito no que eu fiz!!! Eu te beijei...a Weasley pé rapada...oh terei que escovar os dentes por toda a eternidade. –ele disse se afastando dela com uma expressão enojada.
Gina deu um tapa na cara dele:
-Como você é idiota, Malfoy! Ai, que nojo...seu rato loiro, cachorro!
-Rato não! Se você não percebeu é impossível alguém mais gostoso e perfumado que eu. Cachorro até posso ser, mas o que eu mais ouço das garotas é que sou um gato...Você não joga no “outro time”, né Weasley?
-Claro que não seu demente!!! EU TE ODEIO! –ela gritou descontrolada.
-Não, eu te odeio mais. –Draco disse com uma calma que só a irritava mais.
-Duvido muito. –ela respondeu tentando baixar em vão seu nível de zanga.
-E pensar que eu tive a chance de me livrar para sempre de você...
-Se você quer tanto me ver morta então me mate! –ela desafiou Draco totalmente furiosa e olhando diretamente nos olhos dele.
Ele parecia estar considerando a resposta por alguns instantes, mas...:
-Não, eu vou ter o prazer de ver você se esforçar para acabar com a nossa ligação. –ele respondeu simplesmente e sem desviar seus olhos frios dos dela.
-Vai embora agora ou eu não respondo por mim!!! –Gina disse apontando sua varinha para ele.
Draco não duvidou do que a ruiva poderia fazer, por isso não pensou duas vezes para montar sua firebolt e sair ligeirinho dali.

Draco havia chegado na sua Mansão umas 4h da tarde, quando Narcisa veio correndo pelos jardins:
-Onde você estava, Draco? Nem veio almoçar. Eu estava ficando preocupada...
-Estava dando umas voltas para esfriar a cabeça. Estou com fome. –Draco respondeu indiferente.
-Vou mandar que preparem algo para você comer. –Narcisa disse desaparatando.
Depois que Draco comera tudo o que pôde para descontar toda a sua raiva na comida, subiu para o seu quarto e ficou trancado lá o resto do dia.
Ficou horas andando de um lado por outro pensando em suas dúvidas:
“Por que eu não deixei a Weasley morrer? Hoje mesmo eu estava dizendo que queria matá-la. Por que eu a beijei? Como ela consegue me irritar tanto? Draco Malfoy, você realmente é um idiota. Nunca mais eu beijo aquela estúpida ridícula...bem ridícula ela não é...até que é bonitinha....oh eu não acredito que eu pensei isso. Eu odeio aquela garota e sempre vou odiar. Se bem que a boca dela é tão quente e macia...oh eu me odeio também. Quer saber? Eu quero mais é que se f*** aquela garota e aquela família pé de chinelo dela!!! Posso ficar com qualquer garota que quiser ela não é a única em Hogwarts.”
E isso era verdade. (Draco é muito lindo –é o que as garotas costumavam dizer quando o viam passar, apesar de não o levarem a sério e só o quererem para se “divertirem” e se exibir umas para as outras.) E ele realmente era muito lindo, seria um modelo famoso se não fosse antitrouxas. Era muito popular, ficava com qualquer garota que quisesse. Para ele, garotas eram servas com que podia se divertir e trocá-las ao seu bel-prazer. Não precisava ficar com Gina ou será que precisava?

Gina havia voltado com a cara fechada para a toca:
-Que cara é essa maninha? –Rony perguntou ao olhar para Gina.
-Não é nada. –ela respondeu com fúria contida.
-Como nada? Você saiu daqui tão alegre. E agora volta mais cedo e com uma cara de quem quer matar alguém.
-Na verdade eu gostaria... –Gina começou a falar automaticamente e com uma expressão assassina no rosto que fez com que mas Rony a cortasse.
-Gostaria? De matar alguém? –ele pergunta horrorizado.
-...de subir até o meu quarto e descansar, porque estou exausta. –ela completa a frase (não do jeito que gostaria de completar, é claro).
Rony deixou-a passar e observou-a subir as escadas batendo os pés.
Gina ao chegar em seu quarto se jogou em sua cama emersa em pensamentos:
“Que droga ele me beijou e eu nem aproveitei... espera aê, eu pensei besteira... até parece que eu queria beijar aquele idiota sem miolos...Eu odeio o Malfoy!!! Eu acho que não existe ninguém no mundo mais insuportável do que aquele garoto! Tá certo que...ele é lindo mas e daí? Na verdade não passa de um idiota metido... ele é popular e daí? Mas ele é um retardado arrogante... ele é um dos garotos mais cobiçados de Hogwarts e daí? O Harry também é... e falando no Harry eu ainda nem li a carta que ele escreveu para mim.”
Gina levantou-se foi até a escrivaninha, pegou uma carta que estava dentro de uma das gavetas. Alisou o papel e começou a ler o que estava escrito:
“Querida Gina,
Espero que esteja tudo bem com você. Foi realmente uma pena que Dumbledore não tenha deixado que eu passasse as férias aí com vocês. Estou com muitas saudades. Mas amanhã nos veremos na plataforma (Espero ansiosamente!) e você poderá me contar como foram as suas férias. Eu recebi uma coruja de Hogwarts, fui readmitido na equipe de quadribol e agora serei capitão. Lembrei que você me disse que era melhor de artilheira, então você será uma das artilheiras e eu voltarei a ser apanhador. Não vejo a hora de chegar amanhã...
Beijos, Harry”

Gina sorriu satisfeita e seus pensamentos raivosos sobre Draco Malfoy foram substituídos por outros agradáveis que envolviam Harry Potter.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.