O Tunel



Capítulo 13: O túnel

-Draco. –Gina chamou, após o que pareceram horas andando naquele túnel.
-Fala. –o loiro respondeu.
-Aonde dá esse túnel? –ela perguntou, preocupada, há muito que estavam descendo.
-Bem... –ele começou, puxando Gina pela mão, já que ela havia parado de andar –Temos que continuar andando. Eu não sei ao certo pra onde estamos indo, mas tenho um palpite.
-E que palpite seria esse?
-Antigamente eu costumava vir na casa da Belatriz, já que ela é minha tia. É claro que eu nunca fui para as masmorras, mas o fato é que sei que a casa dela é a única em um tipo de encosta. Acho que estamos descendo para o vale.
-E de lá você saberia nos levar de volta pra Hogwarts?
-Hum...Na verdade não. Eu costumava vir com chave de portal, não sei o caminho feito para se chegar até esse lugar.
-Então o que vamos fazer? –a ruiva perguntou taxativamente.
Apesar do tom categórico de querer alguma solução, Draco respondeu com toda dignidade:
-Manter a maior distância entre nós e Voldemort já é uma ótima coisa, ou seja, ao chegarmos ao fim desse túnel, escolheremos um dos lados e...
-Entendi. Concordo. Não estou nem um pouco a fim de descobrir como se realiza esse ritual que o Voldemort quer.
-Eu também não. –ele respondeu, estranho e Gina percebeu.
-Draco, tem algo de errado? –e ele não respondeu, apenas continuava a puxá-la pelo túnel –Draco, eu te conheço. O que está te preocupando?
-É que se escaparmos dessa, poderemos ficar juntos, mas tem um problema.
-Que tipo de problema? –indagou, começando a ficar seriamente preocupada.
-Agora que não está grávida, não precisaria se casar comigo, não é mesmo?
-Draco. Do que é que você está falando? Você bateu a cabeça em algum lugar? Ou será que o cruciatus queimou os seus neurônios? É claro que eu não iria me casar com você só porque ia ter um filho seu. Eu aceitei por amor.
-Você não entende, Gina. Eu estou falido. –confessou.
-Como assim?!?
-O meu pai vai me deserdar e a minha mãe não pode fazer nada contra isso. O único bem que está no nome dela com o meu pai é a Mansão. O resto está apenas no nome dele.
-Eu ainda não estou entendendo aonde você quer chegar. –Gina disse.
“Ou pelo menos não quero entender.” Foi o que pensou.
-Não podemos nos casar. –Draco resumiu.
-Mas por que não? –e fez uma cara sentida –Perdeu a vontade depois de conseguir todo o prazer que queria?!? –perguntou com raiva, tirando sua mão da dele.
-Não é isso! –ele exclamou –Me escuta, Gina. Eu te amo, mas não poderia dar a vida que você merece. É isso.
-Não seja idiota, Draco! Depois que você se formar, você vai arrumar um emprego. E um ano depois eu vou me formar e trabalhar também. Além do mais eu não me importo, a minha família nunca foi rica e você sabe disso.
-Eu sei, mais uma razão pra você merecer tudo do bom e do melhor. Você é boa demais pra mim.
-Quer dizer que quando você tinha dinheiro, eu era o suficiente e agora me tornei um excesso?
-Por que você entende tudo errado, Gina? –Draco perguntou, recomeçando a andar.
-Eu é que pergunto isso pra você, Draco Malfoy. Eu amo você e não o dinheiro da sua família! Quando você vai entender isso?!? –se revoltou, indo atrás dele.
-Então mesmo assim você casaria comigo?
-Sim. Mesmo se você fosse um pé rapado, um mendigo que não tivesse onde cair morto. Se bem que isso é impossível.
-O que é impossível?
-Existir um mendigo tão lindo e refinado quanto você. Além do mais, sempre se pode contar com as agências de modelos.
-Nem pensar em entrar numa coisa dessas. Isso é para trouxas.
-Mas você ia ganhar muito dinheiro, Draco. Além de ter essa aparência abençoada, você tem aquele ar de “Eu posso”.
-Nem pensar. Prefiro passar fome a virar modelo de trouxas.
-Pensando bem, eu acho que você tem razão. Isso não seria uma boa idéia. Você viveria cercado de modelos e eu mataria todas que dessem em cima de você.
-Não, você não mataria. –ele comentou.
-É. –Gina concordou –Talvez não, mas que elas iam se arrepender de dar em cima de você, ah, isso iam.
-Não sabia que era tão ciumenta assim. –Draco comentou, um sorriso irônico brincando em seus lábios.
-Eu defendo o que é meu com unhas e dentes. –Gina murmurou em resposta.
-E eu sou seu?
-Não sei. Diga você.
-Bem...se eu considero que você é minha, não vejo porque você não me considerar seu também.
-Mas então, Draco. Se dinheiro é tão importante pra você, estude bastante e consiga bons N.I.E.M.’s. Assim você poderá escolher entre os melhores empregos.
-Por você eu chegaria até a Ministro da Magia.
-Por mim não, Draco. Por você. Eu já disse que dinheiro não me importa. Eu só quero estar com você.
O loiro parou de andar e virou-se para Gina.
-O que foi? –ela perguntou, curiosa –Eu disse algo de errado? Alguma mentira?
-Abençoado seja o dia em que eu te salvei daquela queda de vassoura ou nunca saberia o quanto Gina Weasley é maravilhosa. –disse e beijou os lábios dela gentilmente.
-Assim você me deixa encabulada, Draco. –ela murmurou, após quebrar o beijo –Eu não sou tudo isso. Tudo o que faço por você, é porque te amo.
-E será que eu sou digno desse amor? –ele perguntou.
-Sem dúvida. A Pedra do Amor julgou nosso amor digno, não é mesmo? –perguntou e ele concordou –Precisamos continuar andando. Vamos.
Draco com sua mão livre e pegou a livre de Gina. Seguiram adiante, apenas com a luz das varinhas a iluminar o caminho escuro e úmido, rumo ao desconhecido.

***

Harry tivera um pesadelo, no qual Voldemort torturava Gina e ele disputava a ruiva com Draco aos murros. Virou-se para o outro lado e tentou dormir. Ficou revirando-se na cama por meia hora, até que resolveu beber um pouco de água da jarra que havia em sua mesa de cabeceira. Enquanto entornava o líquido, seus olhos examinaram o quarto. Todos dormiam, exceto que não eram todos os que estavam ali.
“Por que a cama do Rony está vazia?” o moreno perguntou-se e em seguida se levantou, sentindo-se completamente desperto e disposto a procurar o amigo.
Calçou os chinelos e nem se preocupou em vestir um robe por cima do pijama. E se Rony cometera a loucura de ir sozinho atrás da irmã? Não, ele não queria acreditar nisso. Harry confiava que o ruivo o avisaria e então ele poderia ir junto e prestar o máximo de ajuda que pudesse, utilizar-se de tudo ao seu alcance para encontrar Gina.
Harry saiu do quarto e desceu as escadas. Olhou para o Salão Comunal. A lareira estava acesa e a um primeiro olhar parecia vazia, mas então ele viu. Sentados juntos, numa mesma poltrona, estavam Rony e Hermione, aos beijos.
Harry pensou em Luna e percebeu que agora tinha vontade de beijá-la novamente. Então pensou em Gina. Para Harry, a emoção de beijar alguém que se amava, era equivalente a de ganhar a Taça de Quadribol. Em seguida veio em sua mente a imagem que despedaçara seu coração, quando vira pela primeira vez Draco e Gina se beijarem. Respirou fundo e novamente Luna aparecia em seus pensamentos, dizendo “Deve-se viver um dia de cada vez e é isso o que eu pretendo fazer”.
“É impossível que eu esqueça a Gina de uma vez. A Luna tem razão, eu devo viver um dia de cada vez. Irei esquecer a Gina aos poucos e a Luna vai me ajudar nisso.” Ele pensou.
Balançou a cabeça, como se quisesse afugentar o rosto sorridente e feliz de Gina de sua mente. Era dolorido pensar nela, ainda mais nem sabendo pelo que ela estaria passando.
Novamente Harry olhava para os amigos e não conteve um pequeno sorriso. Os dois continuavam se beijando. Ele lembrava-se como se fosse ontem o quanto fora difícil aqueles dois pararem de fugir e tentarem fingir que não sentiam algo mais que amizade um pelo outro. Depois de anos, muitas brigas e embromação, eles finalmente ficaram juntos.
“Mas era tão óbvio que terminaria assim. Como eles não percebiam isso?”
Após alguns momentos, decidiu que era tempo de tirá-los daquela ocupação. Terminou de descer silenciosamente as escadas e então pigarreou:
-Hem, hem. Parece que não sou o único fora da cama.
Os dois soltaram-se rapidamente e ficaram vermelhos:
-Harry... –Hermione murmurou, sem concluir qualquer frase que pretendesse dizer.
-Eu estava com insônia e vim aqui embaixo. Aí a Mione apareceu e...
-Não me deve satisfações disso, Rony. Nem você, Mione. Por Merlin! Vocês são namorados! Por que eu ficaria surpreso ao ver vocês se beijando?
-Eu não conseguia dormir. Estou preocupado. –Rony confessou.
-Eu também. –Hermione disse.
-Se eu disser que eu também, é muito repetitivo. Além disso, vocês já sabem como estou preocupado com o que possa estar acontecendo com ela. Talvez Voldemort esteja apenas a usando como isca, assim como fez com Sirius.
-Então você acha que a minha irmã está viva? –Rony perguntou esperançoso.
-Provavelmente. Voldemort acharia mais divertido matar a Gina na minha frente. –murmurou sem emoção.
-Isso não é engraçado, Harry. –Hermione censurou.
-Eu não disse que era. Eu disse que Voldemort acharia isso, não eu. Pessoalmente não aprecio o humor macabro dele.
-Harry, como você consegue manter a cabeça no lugar ao falar de Você-sabe-quem? –o ruivo perguntou –Estamos falando de um assassino perigoso, demente e maníaco.
-Voldemort. –Harry enfatizou o nome e Rony fez cara feia –É no fundo um cara vazio e solitário. Pode ser um assassino perigoso, demente, maníaco e muito mais, mas ainda assim é vazio. Ele não conhece o amor. Tenta preencher o vazio com o prazer de ter poder sobre as pessoas. Poder para matar e fazer sofrer quem quiser. Essa é a felicidade dele. Ele tem um prazer doentio em ser diferente dos outros, sempre quis ser o mais poderoso.
-Você parece saber muito a respeito, cara. –Rony resmungou, meio assustado.
-É sério isso, Harry? É medonho o jeito como fala, parece amigo íntimo de Voldemort.
-Eu entendi isso quando conseguia penetrar a mente de Voldemort sem que ele percebesse. Desculpa se eu te assustei, Mione.
-Saber o modo como ele pensa é uma vantagem, não é mesmo? –a morena perguntou.
-É. Sei que o que ele mais odeia depois da morte é o amor. Então ele faz o possível pra destruir o amor no mundo.
-Vocês acham que o Malfoy vai proteger a Gina? –o ruivo perguntou.
Harry nada respondeu, mas Hermione sussurrou um tímido:
-Sim, eu acho.
Houve silêncio por alguns segundos, em que somente o crepitar solitário das chamas na lareira era ouvido. Então Harry disse:
-Se não receber notícias dela até de manhã, eu irei procurar.
-Eu também vou! –Rony disse decido –Não consigo ficar mais de braços cruzados, sem saber o que está acontecendo com a Gina.
Hermione mordeu o lábio inferior quando os dois olharam pra ela:
-Eu vou. É uma péssima idéia sair de Hogwarts nesses tempos de guerra, mas a Gina é minha amiga. –respondeu por fim e abraçou os dois –Tenho que cuidar de vocês, eu sou a única que tem algum senso por aqui.
-Hermione! –os dois exclamaram, indignados.
-Tá bom, tá bom. Eu só quero dizer que vou com vocês e acharemos a Gina, nem que tenhamos que ir até o fim do mundo.

***

-Ah! –Gina gritou, agarrando-se a Draco.
-O que foi, Gina? –perguntou preocupado.
-Um rato! –ela exclamou enojada.
Draco revirou os olhos:
-Vamos indo.
-Mas...
-Não quer sair logo desse lugar? Ficar parada aqui não vai adiantar nada.
-E se tiverem mais ratos lá pra frente?
-Eu estou com você, Gina. Não fique com tanto medo. Voldemort nos causaria maiores danos que ratos.
-Você tem razão, Draco. –e recomeçaram a andar.
Após um bom tempo, Gina resolveu perguntar:
-Do que você tem medo, Draco?
-Como assim?
-Toda a pessoa tem seus medos. Vai me contar os seus, Draco?
-Eu não tenho coisa melhor pra fazer mesmo. –resmungou, dando de ombros –Em primeiro lugar eu tenho medo de morrer, principalmente se a morte for lenta e dolorosa. Também tenho medo de te perder e medo da pobreza.
-Draco, você não vai me perder. E também não vai ser pobre, mesmo que seja deserdado. Pare de falar como se dinheiro fosse a coisa mais importante do mundo. –e ele ficou em silêncio –Dinheiro é mais importante pra você do que eu? –Gina atreveu-se a perguntar.
-Pode ter certeza que já foi. –ele respondeu sinceramente –Mas agora...eu me sinto até estranho por sentir algo tão forte por você.
-Draco, Draco. –ela suspirou –Fico feliz em saber que na sua escala de prioridades eu estou na frente do dinheiro.
-Na verdade está na frente de tudo... –o loiro murmurou timidamente.
Gina não soube o que responder, apenas segurou a mão dele com mais força. Era tão estranho pensar que há alguns meses se odiavam tanto e agora se encontravam completamente apaixonados. Andaram em silêncio por um bom tempo e eis que Draco viu literalmente uma luz no fim do túnel.
-Estamos perto, Gina. –disse confiante.
A grifinória sorriu:
-Isso é ótimo, Draco.
Mal acabara de dizer isso, a ruiva deu um grito. Prontamente, Draco virou pra trás iluminando a cara assustada e contorcida de dor que Gina fazia.
-O que foi?!? –perguntou mais do que preocupado.
-Algo me mordeu. No tornozelo. –ela respondeu e Draco apontou a varinha para baixo –Tá doendo. –ela acrescentou, se apoiando nele.
-Lumus maxima. –Draco disse e todo o lugar se iluminou com uma luz que fez doer os olhos deles já acostumados com a escuridão.
O sonserino viu, dirigindo-se na direção contrária de onde estavam indo, uma cobra verde e preta deslizava para longe da luz.
-Nox. Lumus. Foi uma cobra, Gina. Você consegue andar?
-Não. –respondeu.
-Consegue mancar se apoiando em mim?
-Não, Draco, eu não posso encostar esse pé no chão.
-Tudo bem. –ele disse, tentando manter a calma –Você não pode se mexer muito ou o veneno vai se espalhar mais rápido. Eu tenho, eu tenho que...Férula. –e ataduras se fixaram firmemente ao redor do tornozelo dela –Bem, agora...Eu acho que consigo te carregar até lá fora. Poderia até fazer um mobilicorpus, mas você teria que estar à minha frente, mas vai que tem alguma coisa...Eu tenho que te proteger. Sobe nas minhas costas, consegue?
Gina fez que sim. Ergueu uma perna e Draco a segurou, depois a outra. O loiro ajeitou-a e segurava a varinha de pé com alguma dificuldade.
-Se segura firme, mas cuidado pra não me enforcar. –ele disse.
-Eu não vou te enforcar. –ela sussurrou no ouvido dele.
Draco tremeu e Gina oscilou em suas costas:
-E também não faça isso.
O Malfoy recomeçou a andar, em direção a luz, que parecia pertencer à lua. Passaram-se uns poucos minutos, até que alcançaram a saída do túnel. Era um local com um razoável declive e gramado, banhado pelo luar. À frente se estendia um bosque e mais à frente uma pequena cidade.
-Podemos conseguir comida e abrigo naquela cidade e também um hospital que cuide da sua picada. –o loiro disse.
Gina se sentia mole e muito sonolenta:
-Eu preciso dormir, Draco. –declarou –Não poderíamos dormir aqui um pouco?
O Malfoy sentia-se inclinado a ceder ao apelo da namorada. Não podia ver o rosto dela (ela ainda estava em suas costas), mas pelo tom da voz, ele podia perceber que ela realmente precisava de descanso. Mas...
-Desculpa, meu amor, mas não podemos. Aqui seríamos alvo fácil para os Comensais.
-Mas já estamos até que bem longe da casa da Belatriz. Draco, por favor.
-Sinto muito, Gina, mas não dá. Logo irão perceber que fugimos, isso se já não perceberam. A casa é da minha tia, seria muita sorte nossa se ela não soubesse o fim desse túnel e percorresse o mesmo longo caminho que nós. Mas não, eu prefiro não acreditar na sorte. Ela deve saber exatamente onde termina, é só o que teria que fazer, é aparatar onde nós estamos.
Draco tinha acabado de dizer isso e a ruiva abriu a boca para reclamar, mas nesse instante ouviram um “pop”. Alguém aparatara onde eles estavam.

Capítulo 13: O túnel

-Draco. –Gina chamou, após o que pareceram horas andando naquele túnel.
-Fala. –o loiro respondeu.
-Aonde dá esse túnel? –ela perguntou, preocupada, há muito que estavam descendo.
-Bem... –ele começou, puxando Gina pela mão, já que ela havia parado de andar –Temos que continuar andando. Eu não sei ao certo pra onde estamos indo, mas tenho um palpite.
-E que palpite seria esse?
-Antigamente eu costumava vir na casa da Belatriz, já que ela é minha tia. É claro que eu nunca fui para as masmorras, mas o fato é que sei que a casa dela é a única em um tipo de encosta. Acho que estamos descendo para o vale.
-E de lá você saberia nos levar de volta pra Hogwarts?
-Hum...Na verdade não. Eu costumava vir com chave de portal, não sei o caminho feito para se chegar até esse lugar.
-Então o que vamos fazer? –a ruiva perguntou taxativamente.
Apesar do tom categórico de querer alguma solução, Draco respondeu com toda dignidade:
-Manter a maior distância entre nós e Voldemort já é uma ótima coisa, ou seja, ao chegarmos ao fim desse túnel, escolheremos um dos lados e...
-Entendi. Concordo. Não estou nem um pouco a fim de descobrir como se realiza esse ritual que o Voldemort quer.
-Eu também não. –ele respondeu, estranho e Gina percebeu.
-Draco, tem algo de errado? –e ele não respondeu, apenas continuava a puxá-la pelo túnel –Draco, eu te conheço. O que está te preocupando?
-É que se escaparmos dessa, poderemos ficar juntos, mas tem um problema.
-Que tipo de problema? –indagou, começando a ficar seriamente preocupada.
-Agora que não está grávida, não precisaria se casar comigo, não é mesmo?
-Draco. Do que é que você está falando? Você bateu a cabeça em algum lugar? Ou será que o cruciatus queimou os seus neurônios? É claro que eu não iria me casar com você só porque ia ter um filho seu. Eu aceitei por amor.
-Você não entende, Gina. Eu estou falido. –confessou.
-Como assim?!?
-O meu pai vai me deserdar e a minha mãe não pode fazer nada contra isso. O único bem que está no nome dela com o meu pai é a Mansão. O resto está apenas no nome dele.
-Eu ainda não estou entendendo aonde você quer chegar. –Gina disse.
“Ou pelo menos não quero entender.” Foi o que pensou.
-Não podemos nos casar. –Draco resumiu.
-Mas por que não? –e fez uma cara sentida –Perdeu a vontade depois de conseguir todo o prazer que queria?!? –perguntou com raiva, tirando sua mão da dele.
-Não é isso! –ele exclamou –Me escuta, Gina. Eu te amo, mas não poderia dar a vida que você merece. É isso.
-Não seja idiota, Draco! Depois que você se formar, você vai arrumar um emprego. E um ano depois eu vou me formar e trabalhar também. Além do mais eu não me importo, a minha família nunca foi rica e você sabe disso.
-Eu sei, mais uma razão pra você merecer tudo do bom e do melhor. Você é boa demais pra mim.
-Quer dizer que quando você tinha dinheiro, eu era o suficiente e agora me tornei um excesso?
-Por que você entende tudo errado, Gina? –Draco perguntou, recomeçando a andar.
-Eu é que pergunto isso pra você, Draco Malfoy. Eu amo você e não o dinheiro da sua família! Quando você vai entender isso?!? –se revoltou, indo atrás dele.
-Então mesmo assim você casaria comigo?
-Sim. Mesmo se você fosse um pé rapado, um mendigo que não tivesse onde cair morto. Se bem que isso é impossível.
-O que é impossível?
-Existir um mendigo tão lindo e refinado quanto você. Além do mais, sempre se pode contar com as agências de modelos.
-Nem pensar em entrar numa coisa dessas. Isso é para trouxas.
-Mas você ia ganhar muito dinheiro, Draco. Além de ter essa aparência abençoada, você tem aquele ar de “Eu posso”.
-Nem pensar. Prefiro passar fome a virar modelo de trouxas.
-Pensando bem, eu acho que você tem razão. Isso não seria uma boa idéia. Você viveria cercado de modelos e eu mataria todas que dessem em cima de você.
-Não, você não mataria. –ele comentou.
-É. –Gina concordou –Talvez não, mas que elas iam se arrepender de dar em cima de você, ah, isso iam.
-Não sabia que era tão ciumenta assim. –Draco comentou, um sorriso irônico brincando em seus lábios.
-Eu defendo o que é meu com unhas e dentes. –Gina murmurou em resposta.
-E eu sou seu?
-Não sei. Diga você.
-Bem...se eu considero que você é minha, não vejo porque você não me considerar seu também.
-Mas então, Draco. Se dinheiro é tão importante pra você, estude bastante e consiga bons N.I.E.M.’s. Assim você poderá escolher entre os melhores empregos.
-Por você eu chegaria até a Ministro da Magia.
-Por mim não, Draco. Por você. Eu já disse que dinheiro não me importa. Eu só quero estar com você.
O loiro parou de andar e virou-se para Gina.
-O que foi? –ela perguntou, curiosa –Eu disse algo de errado? Alguma mentira?
-Abençoado seja o dia em que eu te salvei daquela queda de vassoura ou nunca saberia o quanto Gina Weasley é maravilhosa. –disse e beijou os lábios dela gentilmente.
-Assim você me deixa encabulada, Draco. –ela murmurou, após quebrar o beijo –Eu não sou tudo isso. Tudo o que faço por você, é porque te amo.
-E será que eu sou digno desse amor? –ele perguntou.
-Sem dúvida. A Pedra do Amor julgou nosso amor digno, não é mesmo? –perguntou e ele concordou –Precisamos continuar andando. Vamos.
Draco com sua mão livre e pegou a livre de Gina. Seguiram adiante, apenas com a luz das varinhas a iluminar o caminho escuro e úmido, rumo ao desconhecido.

***

Harry tivera um pesadelo, no qual Voldemort torturava Gina e ele disputava a ruiva com Draco aos murros. Virou-se para o outro lado e tentou dormir. Ficou revirando-se na cama por meia hora, até que resolveu beber um pouco de água da jarra que havia em sua mesa de cabeceira. Enquanto entornava o líquido, seus olhos examinaram o quarto. Todos dormiam, exceto que não eram todos os que estavam ali.
“Por que a cama do Rony está vazia?” o moreno perguntou-se e em seguida se levantou, sentindo-se completamente desperto e disposto a procurar o amigo.
Calçou os chinelos e nem se preocupou em vestir um robe por cima do pijama. E se Rony cometera a loucura de ir sozinho atrás da irmã? Não, ele não queria acreditar nisso. Harry confiava que o ruivo o avisaria e então ele poderia ir junto e prestar o máximo de ajuda que pudesse, utilizar-se de tudo ao seu alcance para encontrar Gina.
Harry saiu do quarto e desceu as escadas. Olhou para o Salão Comunal. A lareira estava acesa e a um primeiro olhar parecia vazia, mas então ele viu. Sentados juntos, numa mesma poltrona, estavam Rony e Hermione, aos beijos.
Harry pensou em Luna e percebeu que agora tinha vontade de beijá-la novamente. Então pensou em Gina. Para Harry, a emoção de beijar alguém que se amava, era equivalente a de ganhar a Taça de Quadribol. Em seguida veio em sua mente a imagem que despedaçara seu coração, quando vira pela primeira vez Draco e Gina se beijarem. Respirou fundo e novamente Luna aparecia em seus pensamentos, dizendo “Deve-se viver um dia de cada vez e é isso o que eu pretendo fazer”.
“É impossível que eu esqueça a Gina de uma vez. A Luna tem razão, eu devo viver um dia de cada vez. Irei esquecer a Gina aos poucos e a Luna vai me ajudar nisso.” Ele pensou.
Balançou a cabeça, como se quisesse afugentar o rosto sorridente e feliz de Gina de sua mente. Era dolorido pensar nela, ainda mais nem sabendo pelo que ela estaria passando.
Novamente Harry olhava para os amigos e não conteve um pequeno sorriso. Os dois continuavam se beijando. Ele lembrava-se como se fosse ontem o quanto fora difícil aqueles dois pararem de fugir e tentarem fingir que não sentiam algo mais que amizade um pelo outro. Depois de anos, muitas brigas e embromação, eles finalmente ficaram juntos.
“Mas era tão óbvio que terminaria assim. Como eles não percebiam isso?”
Após alguns momentos, decidiu que era tempo de tirá-los daquela ocupação. Terminou de descer silenciosamente as escadas e então pigarreou:
-Hem, hem. Parece que não sou o único fora da cama.
Os dois soltaram-se rapidamente e ficaram vermelhos:
-Harry... –Hermione murmurou, sem concluir qualquer frase que pretendesse dizer.
-Eu estava com insônia e vim aqui embaixo. Aí a Mione apareceu e...
-Não me deve satisfações disso, Rony. Nem você, Mione. Por Merlin! Vocês são namorados! Por que eu ficaria surpreso ao ver vocês se beijando?
-Eu não conseguia dormir. Estou preocupado. –Rony confessou.
-Eu também. –Hermione disse.
-Se eu disser que eu também, é muito repetitivo. Além disso, vocês já sabem como estou preocupado com o que possa estar acontecendo com ela. Talvez Voldemort esteja apenas a usando como isca, assim como fez com Sirius.
-Então você acha que a minha irmã está viva? –Rony perguntou esperançoso.
-Provavelmente. Voldemort acharia mais divertido matar a Gina na minha frente. –murmurou sem emoção.
-Isso não é engraçado, Harry. –Hermione censurou.
-Eu não disse que era. Eu disse que Voldemort acharia isso, não eu. Pessoalmente não aprecio o humor macabro dele.
-Harry, como você consegue manter a cabeça no lugar ao falar de Você-sabe-quem? –o ruivo perguntou –Estamos falando de um assassino perigoso, demente e maníaco.
-Voldemort. –Harry enfatizou o nome e Rony fez cara feia –É no fundo um cara vazio e solitário. Pode ser um assassino perigoso, demente, maníaco e muito mais, mas ainda assim é vazio. Ele não conhece o amor. Tenta preencher o vazio com o prazer de ter poder sobre as pessoas. Poder para matar e fazer sofrer quem quiser. Essa é a felicidade dele. Ele tem um prazer doentio em ser diferente dos outros, sempre quis ser o mais poderoso.
-Você parece saber muito a respeito, cara. –Rony resmungou, meio assustado.
-É sério isso, Harry? É medonho o jeito como fala, parece amigo íntimo de Voldemort.
-Eu entendi isso quando conseguia penetrar a mente de Voldemort sem que ele percebesse. Desculpa se eu te assustei, Mione.
-Saber o modo como ele pensa é uma vantagem, não é mesmo? –a morena perguntou.
-É. Sei que o que ele mais odeia depois da morte é o amor. Então ele faz o possível pra destruir o amor no mundo.
-Vocês acham que o Malfoy vai proteger a Gina? –o ruivo perguntou.
Harry nada respondeu, mas Hermione sussurrou um tímido:
-Sim, eu acho.
Houve silêncio por alguns segundos, em que somente o crepitar solitário das chamas na lareira era ouvido. Então Harry disse:
-Se não receber notícias dela até de manhã, eu irei procurar.
-Eu também vou! –Rony disse decido –Não consigo ficar mais de braços cruzados, sem saber o que está acontecendo com a Gina.
Hermione mordeu o lábio inferior quando os dois olharam pra ela:
-Eu vou. É uma péssima idéia sair de Hogwarts nesses tempos de guerra, mas a Gina é minha amiga. –respondeu por fim e abraçou os dois –Tenho que cuidar de vocês, eu sou a única que tem algum senso por aqui.
-Hermione! –os dois exclamaram, indignados.
-Tá bom, tá bom. Eu só quero dizer que vou com vocês e acharemos a Gina, nem que tenhamos que ir até o fim do mundo.

***

-Ah! –Gina gritou, agarrando-se a Draco.
-O que foi, Gina? –perguntou preocupado.
-Um rato! –ela exclamou enojada.
Draco revirou os olhos:
-Vamos indo.
-Mas...
-Não quer sair logo desse lugar? Ficar parada aqui não vai adiantar nada.
-E se tiverem mais ratos lá pra frente?
-Eu estou com você, Gina. Não fique com tanto medo. Voldemort nos causaria maiores danos que ratos.
-Você tem razão, Draco. –e recomeçaram a andar.
Após um bom tempo, Gina resolveu perguntar:
-Do que você tem medo, Draco?
-Como assim?
-Toda a pessoa tem seus medos. Vai me contar os seus, Draco?
-Eu não tenho coisa melhor pra fazer mesmo. –resmungou, dando de ombros –Em primeiro lugar eu tenho medo de morrer, principalmente se a morte for lenta e dolorosa. Também tenho medo de te perder e medo da pobreza.
-Draco, você não vai me perder. E também não vai ser pobre, mesmo que seja deserdado. Pare de falar como se dinheiro fosse a coisa mais importante do mundo. –e ele ficou em silêncio –Dinheiro é mais importante pra você do que eu? –Gina atreveu-se a perguntar.
-Pode ter certeza que já foi. –ele respondeu sinceramente –Mas agora...eu me sinto até estranho por sentir algo tão forte por você.
-Draco, Draco. –ela suspirou –Fico feliz em saber que na sua escala de prioridades eu estou na frente do dinheiro.
-Na verdade está na frente de tudo... –o loiro murmurou timidamente.
Gina não soube o que responder, apenas segurou a mão dele com mais força. Era tão estranho pensar que há alguns meses se odiavam tanto e agora se encontravam completamente apaixonados. Andaram em silêncio por um bom tempo e eis que Draco viu literalmente uma luz no fim do túnel.
-Estamos perto, Gina. –disse confiante.
A grifinória sorriu:
-Isso é ótimo, Draco.
Mal acabara de dizer isso, a ruiva deu um grito. Prontamente, Draco virou pra trás iluminando a cara assustada e contorcida de dor que Gina fazia.
-O que foi?!? –perguntou mais do que preocupado.
-Algo me mordeu. No tornozelo. –ela respondeu e Draco apontou a varinha para baixo –Tá doendo. –ela acrescentou, se apoiando nele.
-Lumus maxima. –Draco disse e todo o lugar se iluminou com uma luz que fez doer os olhos deles já acostumados com a escuridão.
O sonserino viu, dirigindo-se na direção contrária de onde estavam indo, uma cobra verde e preta deslizava para longe da luz.
-Nox. Lumus. Foi uma cobra, Gina. Você consegue andar?
-Não. –respondeu.
-Consegue mancar se apoiando em mim?
-Não, Draco, eu não posso encostar esse pé no chão.
-Tudo bem. –ele disse, tentando manter a calma –Você não pode se mexer muito ou o veneno vai se espalhar mais rápido. Eu tenho, eu tenho que...Férula. –e ataduras se fixaram firmemente ao redor do tornozelo dela –Bem, agora...Eu acho que consigo te carregar até lá fora. Poderia até fazer um mobilicorpus, mas você teria que estar à minha frente, mas vai que tem alguma coisa...Eu tenho que te proteger. Sobe nas minhas costas, consegue?
Gina fez que sim. Ergueu uma perna e Draco a segurou, depois a outra. O loiro ajeitou-a e segurava a varinha de pé com alguma dificuldade.
-Se segura firme, mas cuidado pra não me enforcar. –ele disse.
-Eu não vou te enforcar. –ela sussurrou no ouvido dele.
Draco tremeu e Gina oscilou em suas costas:
-E também não faça isso.
O Malfoy recomeçou a andar, em direção a luz, que parecia pertencer à lua. Passaram-se uns poucos minutos, até que alcançaram a saída do túnel. Era um local com um razoável declive e gramado, banhado pelo luar. À frente se estendia um bosque e mais à frente uma pequena cidade.
-Podemos conseguir comida e abrigo naquela cidade e também um hospital que cuide da sua picada. –o loiro disse.
Gina se sentia mole e muito sonolenta:
-Eu preciso dormir, Draco. –declarou –Não poderíamos dormir aqui um pouco?
O Malfoy sentia-se inclinado a ceder ao apelo da namorada. Não podia ver o rosto dela (ela ainda estava em suas costas), mas pelo tom da voz, ele podia perceber que ela realmente precisava de descanso. Mas...
-Desculpa, meu amor, mas não podemos. Aqui seríamos alvo fácil para os Comensais.
-Mas já estamos até que bem longe da casa da Belatriz. Draco, por favor.
-Sinto muito, Gina, mas não dá. Logo irão perceber que fugimos, isso se já não perceberam. A casa é da minha tia, seria muita sorte nossa se ela não soubesse o fim desse túnel e percorresse o mesmo longo caminho que nós. Mas não, eu prefiro não acreditar na sorte. Ela deve saber exatamente onde termina, é só o que teria que fazer, é aparatar onde nós estamos.
Draco tinha acabado de dizer isso e a ruiva abriu a boca para reclamar, mas nesse instante ouviram um “pop”. Alguém aparatara onde eles estavam.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.