Eu não quero liberdade

Eu não quero liberdade




“Maldito Potter!!! Não acredito que estou sendo chantageado... O que eu faço? Eu quero demais esse elixir, mas se eu escolher obter o elixir, o Potter vai matá-la... Talvez não mate, mas eu não posso correr esse risco. Poucos segundos atrás, a Gina quase foi morta por ele. Porém... Se eu escolher salvar a vida da Gina... Droga! Eu tenho palavra e odeio não cumprir minhas promessas. Eu vou cumprir, mesmo que odeie ter que fazer isso. Eu sei o que é mais importante...” ele pensou, olhando furioso para Harry.
-Já escolheu, Malfoy?
-Sim. –Draco respondeu com o máximo de ódio em sua voz –Você é um cretino, Potter. Me pedir pra escolher não é coisa que se faça, seu desgraçado! Você vai arder no inferno por isso!
-Diga de uma vez qual foi sua escolha, Malfoy. –Harry cobrou, impaciente.
Gina engoliu em seco.
“Ótimo! Estou morta. É lógico que o Draco escolheu o elixir. Há apenas um cálice de elixir no mundo e bilhões de mulheres. É óbvio que ele me considera descartável. Como eu pude ficar desse jeito?!? Tão apaixonada por ele... Eu não fui forte o suficiente... Não fui forte o bastante para resistir ao poder do amor. Tanto que eu não vou culpar o Draco quando ele disser que prefere o elixir. Que ele encontre outra mulher que consiga amá-lo... Não será como eu, mas espero que um dia ele se apaixone por ela... Que seja feliz, constitua uma família e se sinta amado... Eu só quero que o Draco seja feliz e não importa se não for comigo. Eu não tive sorte no amor, espero que ele tenha. Espero que ele pare de pensar que é incapaz de amar e que amor é para fracos. Porque enquanto ele pensar dessa forma, ele não poderá ser completamente feliz. Também espero que ele perceba que fazer as pessoas sofrerem no presente irá apagar os erros e memórias ruins do passado; ou que possatrazer paz para si mesmo no futuro. Vingança não é a solução. Não quero que ele mate o Harry por minha culpa. Ele é a única esperança de Voldemort ser derrotado. Eu sei que é angustiante pensar... Nunca mais verei minha família e poderei dizer o quanto os amo e sou grata pelo amor que me dera, nem me despedir eu posso... Não tocarei mais a pele fria do Draco ou os cabelos macios, que vivem caindo sobre seus olhos. Tampouco ouvirei aquela voz sexy e arrastada com seus comentários capazes de me deixar toda vermelha. Não poderei mais admirar seus sorrisos debochados quando me irritava ou aqueles poucos sinceros, que mostravam a sua felicidade com um toque de divertimento. E os olhos do Draco... Ah, aqueles olhos... Azuis acinzentados como o céu em um dia nublado... Olhos que o nublam por inteiro, tornando-o um verdadeiro mistério. Acho que foi por eles que eu me apaixonei primeiro. Eu queria ver por trás da névoa, desvendar o mistério que Draco Malfoy significava pra mim... Quando consegui enxergar através deles, meu coração se rendeu e juntou-se aos estímulos que meu corpo já sentia. Aquelas sensações que fazem você se sentir impotente, como o seu coração bater acelerado quando está com ele ou se sentir desnudada por um olhar penetrante dele que lhe arrepia toda. Essa sou eu, Virgínia Molly Weasley, quase Sra. Malfoy e totalmente... Completamente apaixonada por Draco Thomas Malfoy. Desde já eu o perdôo por não escolher a mim. Eu só sinto por não ter mostrado a ele o quanto o amo... Espero que no futuro ele se lembre de mim... Mas como uma boa recordação, de alguém que o amava e sem reclamar de nada... Apenas por amor, aceitou dar a vida em troca de sua felicidade... Eu não me importo. Desde que ele seja feliz, eu não me importo.”
Por várias vezes Draco abriu a boca para responder, mas não conseguiu. Olhou para Harry, que parecia sério e inabalado. Em seguida olhou para o cálice em sua mão, ele lhe exercia um enorme fascínio. Então se forçou a olhar para Gina. Lágrimas escorriam pelo rosto da ruiva, que ao perceber que Draco a olhava, sorriu.
Era um sorriso melancólico e fez com que o loiro se sentisse culpado. Ele ocultou seus pensamentos (com grande dificuldade), mas ela não.
“Faça o que for melhor pra você, Draco. Apenas nunca se esqueça que eu te amo de verdade e em 1º lugar desejo a sua felicidade.” Foi o que ela pensou.
O Malfoy engoliu em seco ao saber o que ela pensava e em seguida respirou fundo. O pensamento de Gina apenas reforçou a decisão dele. Draco faria o que fosse melhor pra si, o que era mais importante:
-A Gina... –o loiro murmurou.
-A Gina o quê, Malfoy? –Harry perguntou.
-Você entendeu, Potter... Eu escolho abrir mão do elixir.
-Não acredito! –Harry exclamou surpreso e Gina pensou o mesmo.
-Nem eu... –o Malfoy falou mal-humorado.
Gina não tinha palavras. Estava certa de que ele preferiria o elixir.
-Expelliarmus. –Harry disse e apanhou a varinha de Draco no ar –Accio elixir.
A taça foi até Harry, que soltou Gina:
-O Malfoy te ama, Gina. Isso foi um teste. Eu estava atuando. Não pretendia te matar, apesar de parecer. –o moreno sussurrou no ouvido dela, mal mexendo os lábios –Não diga isso a ele.
Gina teve vontade de abrir um enorme sorriso para o Potter, mas seria demasiado suspeito. Portanto, se contentou em andar até Draco:
-Obrigada. –ela falou sorrindo, após abraçá-lo.
O Malfoy ignorou o agradecimento dela:
-O que vai fazer com o elixir, Potter?
-Logo irá descobrir. –Harry respondeu enigmático –Vamos indo. Vocês dois na frente de novo.
Durante a passagem na ponte, não disseram uma palavra. Estavam concentrados demais tentando não pisar em falso e ignorar os crescentes rangidos da madeira.
Quando chegaram novamente ao outro lado, Draco olhou pra Harry:
-Cadê o elixir, Potter?
-Bem... Há uns 5 segundos a taça estava em minhas mãos, mas agora jaz lá no fundo. –respondeu tranqüilamente.
-Potter, seu inútil! Você destruiu! Vou te jogar lá embaixo com as minhas próprias mãos!!!
Draco avançou sobre Harry, que foi pego de surpresa. Os dois foram ao chão, brigando com os próprios punhos:
-PAREM COM ISSO!!!!! –ela gritou, mas de nada adiantou.
Então o chão começou a tremer e algumas pedras caíam do teto.
“O que está acontecendo por aqui?!?” a ruiva perguntou-se, correndo para a porta de pedra, tentando abrir.
Quando encostou a mão na porta, tirou-a como se tivesse levado um choque. Hieróglifos começaram a aparecer cunhados na porta. A ruiva leu e seu desespero aumentou:
-“Você destruiu o maior tesouro da magia egípcia, sofra as conseqüências. Não sairá que droga!
Em seguida voltou-se para onde Draco e Harry estavam tentando enforcar o outro simultaneamente. Viu a varinha de Harry caída ali perto, então pegou-a:
-Vocês são ridículos. Petrificus totalus. –e os dois ficaram como estátuas –Agora me ouçam! Aquela MALDITA PORTA NÃO vai mais abrir. PAREM DE BRIGAR OU IREMOS MORRER!!! Será que VOCÊS NÃO REPARARAM que essa porra está ameaçando desabar? TEMOS QUE TENTAR APARATAR! Finite incantatem. Finite incantatem.
-Aparatem no lugar da floresta em que vocês caíram nessa dimensão. –Harry disse pegando sua varinha da mão de Gina, entregando as dos dois e aparatando em seguida.
Draco e Gina também aparataram. Ao chegar lá, viram que havia um tipo de cano transparente:
-Isso foi uma passagem que eu e a Mione abrimos pra voltar pra nossa dimensão. –Harry explicou –Eu vou na frente e depois vão os dois. –Harry avisou e entrou na passagem.
Seu corpo pareceu ser tragado. Gina pegou a mão de Draco e o puxou para a passagem. A sensação era parecida com a de usar uma chave de portal, mas a velocidade parecia ser muito maior.
Apareceram do lado de fora da casa pela qual haviam entrado no cais abandonado e Harry já estava lá:
-Expelliarmus. Expelliarmus. –Harry murmurou e apanhou a varinha dos dois –Vamos ver Dumbledore com essa chave de portal. –Harry falou, tirando do bolso um grande botão azul turquesa –Será ativada em... três, dois, um... agora! –e todos seguraram o botão.
Os três foram transportados. OS corpos se chocavam ocasionalmente, mas ainda era mais confortável que viajar de uma dimensão pra outra.
Chegaram em uma praia deserta, exceto pelo grande chalé que havia ali perto. [N/A: Eu tirei esse cenário de “As Panteras”]. Harry começou a andar até lá, Draco e Gina o seguiram. Harry bateu três vezes à porta e em seguida eles entraram:
-Bem na hora do chá. –Dumbledore disse calmamente, mostrando a mesa cheia que havia preparado –Sentem-se, por favor. –ele pediu e todos obedeceram –Sirvam-se à vontade.
Draco e Gina agradeceram e seguiram à risca. Com a fome que estavam, comiam sem nem reparar direito o que era:
-Parabéns, Gina. –Dumbledore falou –Vejo que cumpriu a missão. Tenho visto os noticiários e sabido que os Comensais estavam caçando vocês. Mas me contem tudo o que aconteceu.
Gina começou a contar tudo com a ajuda ocasional de Draco, e de Harry no final, mas ocultando as partes constrangedoras.
-Tem uma dívida com o jovem Malfoy, Harry. Apesar de tudo, ele cumpriu a parte dele. Faça o possível para abrandar a pena dele. –e Harry concordou –Quanto a Srta. Weasley, fui eu quem lhe mandou se infiltrar entre os Comensais, portanto não é passível de culpa.
-Eu vou ter que levar o Malfoy pro Ministério, Gina. –Harry comentou.
-Eu vou junto. –ela falou sem hesitar.
-Você não pode, Gina. –Harry disse –Despeça-se dele e sem demorar muito.
-Sigam reto pelo corredor, 2ª porta à esquerda. –Dumbledore disse.
Gina e Draco foram até lá. Era uma sala com vista para a praia e cheia de almofadas coloridas. Entraram e fecharam a porta. A ruiva o abraçou. Draco abraçou-a forte de volta, passando as mãos pelos cabelos dela. Ficaram assim por um bom tempo, apenas sentindo o calor e a respiração do outro, até que Gina levantou a cabeça e puxou Draco pelo pescoço para um beijo. Como ele havia sentido falta de ter a ruiva em seus braços... A beijava sofregamente, era uma necessidade vital.
-Acabou, Draco. Agora podemos ficar juntos. –ela disse, sorrindo abertamente pra ele.
Ele a soltou:
-Não, não podemos. –ele disse, tirando um papel do bolso –Sabe o que é isto? É aquele contrato de dívida bruxa. –e o rasgou em vários pedaços –Agora você é livre, Virgínia.
-O quê? Mas eu te amo, Draco! Tinha até esquecido esse contrato.
-Mas eu não. Eu prometi que se não conseguisse o elixir e nós estivéssemos vivos, você estaria livre. Estou cumprindo essa promessa. Você é livre!
-Eu não quero liberdade! Não esse tipo de liberdade. Que foda-se essa promessa, Draco! Pára de ser burro!!!
-Eu NÃO SOU BURRO! –ele gritou, tentando lutar contra o nó que se formara em sua garganta –VOCÊ ESTÁ SENDO, VIRGÍNIA!
-Mas eu te amo, Draco! Eu não vou conseguir ser feliz sem você. –ela baixou a voz, tentando se acalmar e convencer-se de que era apenas um pesadelo do qual logo iria despertar.
-Vai sim. Por que não arranja um cara como o Di Capizio ou vai até Roma e fica com ele.
-NÃO SEJA IDIOTA, DRACO! Acha que é fácil assim?!? Pois não é!
-Por que não? É fácil pra mim, é fácil pra você. Melhor acabar por aqui. –ele se forçou a dizer.
Draco não conseguia compreender porque era tão difícil dizer o óbvio. Era o melhor, não era? Então porque era um sacrilégio continuar com aquela conversa?
-Mas eu quero você! Eu amo você, Draco Malfoy!
Ele engoliu em seco e resolveu por um ponto final. Tomou fôlego para fazê-lo:
-Mas eu não! Suma da minha frente, Weasley! Vai ser melhor pra todo mundo. Eu não quero mais saber de você. Não quero nunca mais te ver! –ele falou, deu as costas e saiu da sala.
Gina caiu sobre as almofadas, impotente e chorando sem parar:
-O que eu fiz? O que eu fiz pra ele?!? Como posso merecer isso?!? Meu Deus, eu o amo tanto! O que eu vou fazer sem ele...? A minha vida acabou! Ele me escolheu ao invés do elixir... Por quê?!? Se eu soubesse que ia ser assim, teria pedido pro Harry me matar! Como dói... Dói por dentro, profundamente... Por que ele fez isso? Fez eu me apaixonar só pra depois quebrar meu coração? NÃO! Eu não quero acreditar nisso! Por que ele fez isso?!? Me responda, Merlin! ME RESPONDA!
-Eu não sou Merlin. –era a voz de Dumbledore –Mas acho que posso responder a sua pergunta.
Gina sentou-se e olhou para o diretor. Era visível o sofrimento no rosto dela. Olhos vermelhos e já inchados, semblante de quem perdeu o seu tesouro mais precioso:
-Então me diga, Professor. Por favor!
-Porque ele te ama. –Dumbledore respondeu calmamente.
-Como assim?!? Ele disse que não e...e q-que nunca mais...q-queria me ver.
-Se eu não estou enganado, e pensou não estar, ele nunca se apaixonou antes. Pelo menos não com essa intensidade. Então ele não sabe como lidar com isso. Deve pensar que não te ama e só a faria sofrer. Ele não queria quebrar o seu coração...
-Mas ele fez isso! Se me amasse, ficaria comigo!
-Ele pode pensar também que não é o homem certo pra você e que logo encontrará outro melhor e irá esquecê-lo.
-Mas eu não vou! Eu amo o Draco, Professor!
-O tempo é um santo remédio para todas as dores. Eu que você o ama, querida. E esse amor é recíproco. Porém, de certa forma eu me sinto culpado por estar sofrendo agora. Eu a mandei naquela missão.
-Não é sua culpa, Professor. A culpa foi minha. Baixei a resistência justo pra um Malfoy.
-Não se culpe, Virgínia. Foi inevitável, apesar de nenhum dos dois ter planejado. Você o ensinou a amar, orgulhe-se desse feito.
-Mas ele me deixou.
-Eu vi dor nos olhos dele. Parecia que tinha feito a última coisa que gostaria, sacrificado o que lhe dava sentido na vida, um olhar perdido. Foi você que o mudou, Gina. Os olhos são os espelhos d’alma, querida. Eu vi o mesmo sofrimento nos olhos dele que vejo nos seus, tenho certeza disso.
-O Draco é orgulhoso! Um verdadeiro cabeça-dura! Ele nunca vai voltar pra mim. Eu o perdi pra sempre.
-Poder ler os pensamentos de alguém nem sempre significa entender suas razões. Se ele vai voltar atrás ou não, é um mistério. Para isso ele teria que pisar no próprio orgulho. Quanto a você, Gina. Se ele não fizer nada, você pode escolher também permanecer em estado de inércia ou ir atrás dele. Eu sei que o amor de vocês é explosivo, por isso pense se vale a pena. Mas qualquer caminho que vocês escolha trilhar, o faça com o coração e vá em busca da sua felicidade, seja ela com ele ou não.

[N/A: Esse não é o final, então não me matem!]

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