Quer namorar comigo?



E Peter me beijou. E beijou e beijou e beijou. Passamos a tarde juntos conversando, rindo, brincando e nos beijando mais um pouco. Na hora do jantar, nós nos despedimos à porta do Salão Principal e eu dei um beijo singelo na bochecha de Peter. As pessoas à nossa volta comentaram o que viram e fofocaram o que não viram, fazendo-me revirar os olhos impaciente – eu não tinha direito à privacidade por ser filha de quem sou, oras? – e adentrar rapidamente o salão. Sentei-me entre Alvo e Scorpius à mesa do jantar e me servi de costeletas e purê.


- Você demorou hoje, Rose. – disse Scorpius amigavelmente demais para o meu gosto. Engoli a última garfada de costeleta e esperei que ele continuasse. – O encontro foi bom?


- Ótimo. – respondi. – Você não imagina o quanto.


- E por que foi tão bom, Rosie? – perguntou Alvo sugestivamente, elevando as sobrancelhas.


- Talvez porque Peter McCarter beije muito bem. – falei com malícia e levantei da mesa, largando Alvo rindo e Scorpius me olhando com cara de idiota.


No saguão, eu cruzei com Jullianne McCarter; nós nos cumprimentamos e ela me sorriu cúmplice. Apontou para a entrada do salão e eu vi Peter, acompanhado dos amigos, sorrindo para mim. Retribui animadamente e os rapazes lhe deram soquinhos de parabéns no ombro, arrancando uma risada minha. Alvo e Scorpius me alcançaram e viram a cena toda, e meu primo parecia achar tudo muito divertido, porque continuava a rir. Acenei um tchau e segui para o salão comunal com os outros dois em meu encalço. Scorpius estava mal humorado, mas conseguia disfarçar relativamente bem, e Alvo parecia uma menina fofoqueira querendo arrancar algo da melhor amiga do jeito que me forçava a contar o que tinha acontecido à tarde.


- Eu sou seu primo e tenho que zelar pela sua reputação! – disse ele de brincadeira quando eu mencionei como ele parecia um fofoqueiro.


- Sua reputação é pior que a minha, Alvo!


- Eu sou homem!


- Que comentário machista, mas eu prometo relevar se você parar de me perturbar com essa história do Peter. Nós só nos beijamos, ok?


- Certo. – resmungou ele, insatisfeito, cruzando os braços sobre o tórax. Depois ele relaxou e chamou Scorpius, que estivera deitado em silêncio no sofá, para que se juntasse a nós. – Nós já estamos aqui há quase dois meses e ainda não aprontamos nada. Isso está deixando um vazio no meu peito, sabem?


- É verdade. Precisamos tomar providências já! – disse Scorpius, sentando-se no chão ao nosso lado, para que pudéssemos confabular. – Ontem, a Abbott me parou no corredor para me elogiar e dizer que está feliz por não termos aprontado nada.


- Em que ponto nós chegamos? Já estão nos elogiando por bom comportamento! – disse eu de forma dramática, puxando um pergaminho para começar o dever de Transfiguração – O que vamos fazer?


- Já sei! – exclamou Alvo animado. Se havia algo capaz de animá-lo mais que garotas (e olha que elas o animavam bastante) era pregar peças. Seu passatempo preferido sem dúvida alguma. E alguns diziam que James havia puxado ao avô paterno, mas acho que estavam errados. – Adivinhem o que está programado para semana que vem?


- Festa no Clube do Slugue. – eu e Scorpius respondemos com desdém. O velho Clube do Slugue ainda estava em funcionamento, administrado por Leo Roadman, um grande seguidor e admirador do nosso ex-professor de Poções e criador do clube, Horácio Slughorn. Roadman era tão elitista e irritante quanto o Prof. Slughorn e teve prazer em perpetuar a tradição do clube, convidando apenas os mais ricos, ou os mais influentes, ou os mais famosos. Se alguém tivesse esses três requisitos juntos, como era o nosso caso, melhor, e Roadman amava nos bajular, praticamente vivia para isso. E apesar das nossas seguidas recusas aos seus convites, ele continuava a nos chamar para as festas. Mas a julgar pela feição marota de Alvo, Roadman nunca mais nos convidaria para nada.


- Exato. O que acham de darmos uma melhorada nessa festa? – perguntou meu primo, com um sorrisinho maligno capaz de assustar o Comensal da Morte mais perigoso. Eu mordi o lábio inferior e franzi a testa, manias herdadas das mulheres Granger, como eu sempre faço quando estou pensando em algo. – Rose? Você está fazendo aquela cara de novo. No que pensou?


- Fogos do Doutor Filbusteiro, talvez. Ou o Pântano das Gemialidades Weasley. Vejam, se o objetivo real dessa festa é reunir o maior número de pessoas influentes, ou fúteis se preferirem, e se elas se sentem tão bem juntas, por que não mantê-las presas por um tempo? O Pântano seria perfeito para isso e os Fogos, se os usarmos, serão como um gatilho. – eles me olharam sem entender e eu me apressei a explicar. – Em determinado ponto da festa, quando todos estivessem felizes e alegres, poderíamos estourar os fogos dentro da sala e quando as pessoas começassem a correr em disparada para a saída, no velho estilo “salve-se quem puder”, ativaríamos o Pântano e manteríamos todos presos por um bom tempo.


- Genial. – disse Scorpius sorrindo e batendo na minha mão. – E com alguma sorte, conseguiremos acabar de vez com o Clube do Slugue. É tão idiota separar os alunos por médias na escola ou poder aquisitivo ou “minha-mãe-já-saiu-trezentas-vezes-na-capa-da-revista-de-moda-mais-badalada-do-mundo-bruxo!”


- Quem diria que um dia uma Weasley e um Potter seriam testemunhas de um Malfoy falando em igualdade, hã? – brinquei, fazendo Scorpius fechar a cara. Enquanto discutíamos, Jenna Ryans, uma morena bonita do sexto ano, passou por nós olhando demoradamente para Alvo, sacudindo os longos cabelos castanhos. Meu primo, mostrando-se esperto, deu-lhe uma piscadela e ela sorriu, saindo em direção ao buraco do retrato. Assim que ela sumiu de vista, Alvo suspirou e alongou os músculos, pondo-se de pé rapidamente.


- Bom, está na hora da minha caridade do mês. – disse ele, com um sorrisinho maroto.


- Alvo! – repreendi.


- Brincadeira, brincadeira! – respondeu ele, dando-me um beijinho na testa. Depois saiu correndo atrás da garota. Mais uma garota.


- Ele não tem jeito. – disse eu, balançando a cabeça. – Até quando ele vai agir assim?


- Até a hora em que ele se apaixonar. – respondeu Scorpius, com um brilho diferente nos olhos azuis. Uma fichinha caiu na minha cabeça e eu comecei a chutar os nomes de todas as garotas com quem ele já havia ficado ou sequer se mostrado interessado. Ele balançava a cabeça negativamente a cada tentativa minha, mas então um nome despontou em minha mente e eu perguntei cautelosamente, sentindo-me ligeiramente desconfortável.


- Izzy Lancelot?


- Finalmente, Weasley! – riu ele. – Seus cabelos estão até vermelhos por causa do esforço. Quase vejo fumaça saindo.


- Quer dizer que aquela sonserina, com seu beijinho, conseguiu mexer de verdade com você? – eu falei, preferindo ignorar a piadinha sobre o meu cabelo. Ri fracamente, numa falha tentativa de evitar o mal estar.


- Com toda certeza. Acha que eu devo chamá-la para sair? – ele parecia encantado.


- Você que sabe. – respondi, desviando o olhar para as chamas crepitantes da lareira.


- Qual é, Rosie? – ele riu e me deu um empurrãozinho no ombro. – Você é minha irmãzinha. Vamos lá, o que eu devo fazer? – a palavra “irmãzinha” nunca pareceu tão estranha para mim.


- Acho que você não deve se precipitar. Você a conheceu hoje. – disse sem pensar. Quem era eu para falar em sair muito rápido com alguém?


- Você saiu com o McCarter apenas alguns dias depois de tê-lo conhecido. – Scorpius pôs em palavra o meu pensamento e olhou bem para mim. Suspirei confusa e ele percebeu. Não havia nada em mim que ele não percebesse. – O que houve, Rose?


- Nada, Scorpius.


- Você não quer que eu saia com ela, não é? – acusou ele, erguendo as sobrancelhas. Gesticulei descartando a idéia; eu não tinha nada contra Izzy Lancelot. Pelo menos não ainda. – Você está com ciúmes!


- Pelo amor de Deus, Scorpius! – respondi irritada, o sono começando a me tomar. – É claro que eu não estou com ciúmes. Não tem motivo para isso!


- Então posso chamá-la para sair? – eu vi que ele realmente queria aquilo. Relaxei os músculos e sorri.


- Eu não sou sua mãe e não tenho poder algum para te dizer o que você deve ou não fazer, Scorpius. Mas se você quer tanto sair com ela, convide-a para um lanche no Três Vassouras quando formos a Hogsmead no Dia das Bruxas. – ele murmurou um “Isso!” e se levantou. – Aonde vai?


- Chamar Izzy Lancelot para sair, é claro. – respondeu ele como se fosse uma coisa óbvia.


- É quase meia-noite, Scorpius. Lancelot deve estar dormindo. No dormitório feminino. Da Sonserina. Nas masmorras. – expliquei pausadamente e ele murchou.


- Tem razão. – ele coçou os olhos, sonolento, e me deu um beijo na testa. – Certo. Então, boa noite, Rosie. – completou e subiu para o dormitório masculino. Eu suspirei cansada, juntei meus materiais e fui para o quarto.


Por mais exausta que eu estivesse, não consegui dormir e passei metade da noite em claro. Quando finalmente preguei os olhos, o tempo passou tão rápido que logo depois eu já estava de pé me arrumando para o sábado nublado.


Fui me arrastando até o Salão Principal, onde me joguei ao lado de Scorpius à mesa do café. Ele remexia sua colher dentro da tigela de cereais repetidas vezes enquanto Alvo cantarolava animadamente. Enchi o prato de torradas.


- Como foi o encontro ontem, Alvo? – perguntei em meio a um bocejo que fez meus olhos lacrimejarem.


- Não foi um encontro. Jenna e eu nem nos falamos. Não que precisássemos, porque os beijos ocupavam muito do nosso tempo. Mas sem compromisso. – respondeu, dando de ombros.


- Ela foi mais uma na extensa lista de Alvo Severo Potter? – perguntou Scorpius, sem realmente olhá-lo.


- Vocês falam como se eu fosse um grande canalha. – Alvo parecia indignado. – Eu não saio por aí quebrando corações. Antes de ter qualquer coisa com qualquer menina, eu procuro saber se ela quer algo mais sério, se gosta de mim e etc.. porque se eu não quiser e não gostar dela, nós não ficamos e ninguém sai ferido. Viu? Eu sou legal, penso nos outros.


- É, você é extremamente altruísta. – resmunguei, puxando o prato de omeletes para perto. Alvo segurou meu pulso e afastou a travessa de mim. – Ei!


- Rose, pare de comer. Desse jeito você vai ficar enorme. – dei-lhe um tapa no braço e olhei feio para ele, tornando a puxar o prato e me servir de um pouco de omelete.


- Primeiro: essa fome é herança de família, você conhece o papai. Segundo: o Quadribol me mantém em forma. Terceiro: depois de uma noite mal dormida, só comida me manterá de pé hoje. E agora, deixe-me pegar uma panqueca. – briguei, passando por cima do braço dele para garfar uma panqueca, que faria companhia à omelete.


- Hum, você que sabe... aliás, falando em Quadribol...


- A temporada começa em novembro. Vou marcar os treinos para semana que vem, já que não precisaremos selecionar novos jogadores. Odeio seleções.


- Eu também. A maior parte dos alunos só quer ver o trio maravilha da Grifinória bem de pertinho. Não sei como nossos pais agüentavam... – concordou Alvo, esperando que Scorpius anuísse como sempre, mas não houve resposta. – Cara, por que você mexe tanto esse cereal?


- Porque ele vai convidar Izzy Lancelot para sair. – eu respondi e senti uma pedra cair no meu estômago. Afastei o prato ao ver o sorriso malicioso do Alvo. – Perdi a fome.


- O que você ainda está fazendo aqui, Scorpius? – ele perguntou, apontando para a porta do salão, onde havia um grupinho de sonserinos.


- Tomando coragem. – respondeu Scorpius.


- E desde quando te falta coragem para chamar uma garota para sair? – Alvo parecia confuso de verdade e eu senti vontade de socá-lo. Por que ele simplesmente não calava a boca e deixava o assunto de lado?


- Estou tomando coragem porque essa garota me chamou a atenção de verdade. Mas você está certo: eu vou lá falar com ela. – e dizendo isso, Scorpius se levantou e caminhou decidido até onde Izzy Lancelot estava. Nós observamos de longe Scorpius falar e gesticular sem parar, e Lancelot sorrir para ele. Quando ele parou de falar, ela disse alguma coisa e balançou a cabeça afirmativamente.


- E então? – perguntei quando Scorpius voltou para a nossa companhia.


- Tudo certo. Nós vamos ao Três Vassouras no Dia das Bruxas.


- Muito bem, garanhão. – elogiou Alvo, levantando-se. Nós o seguimos para fora do salão. – O que vamos fazer agora? Deveres eu não faço nem por dez galeões. Poderíamos azarar alguém... ah, mas não estou com vontade de ganhar detenção hoje. O que vocês sugerem? Quadribol?


- Vão vocês. – eu disse quando vi Peter atravessar o salão em direção a mim. – Eu vou ficar com o McCarter.


- Tudo bem, mas não se esqueça de nós. – disse Alvo, mas eu sorri e pisquei um olho.


- Como se eu pudesse. – respondi e me virei para Peter. – Olá, McCarter.


- Você ainda me chama de McCarter? – riu ele, abraçando-me pelo ombro.


- É força do hábito. – falei sorrindo enquanto saíamos para os jardins do castelo. Ficamos em silêncio, apenas caminhando e ora ou outra sorrindo um para o outro. Vimos Hagrid parado à orla da Floresta Proibida e eu acenei para ele, que sorriu e piscou um olho indicando Peter. – Veja, Hagrid está rindo de nós.


- Ele é um cara legal. Mas parecia que estava apontando para mim.


- E estava. Foi uma piscadinha cúmplice, mas ele provavelmente estará de olho em nós dois. – Peter ergueu as sobrancelhas, questionador. – Hagrid é o nosso paizão aqui em Hogwarts. Ele foi um grande amigo dos meus pais e tio Harry na escola e nós o conhecemos desde que nascemos. Nas férias, ele vive nos fazendo visitas surpresas. Eu o amo tanto quanto à minha família. – expliquei, olhando carinhosamente para Hagrid à distância. Peter fez um afago em meus cabelos e me beijou ternamente quando nos sentamos debaixo de uma árvore. Ficamos abraçados por alguns minutos até Peter quebrar o silêncio.


- Você, seu primo e o Malfoy são amigos há muito tempo? – perguntou. Não entendi o seu interesse súbito nas minhas amizades, mas não me importei em responder.


- Alvo é meu melhor amigo desde sempre. Não que ele seja meu primo preferido, mas temos uma afinidade muito grande. Costumamos dizer que somos amigos desde antes do nosso nascimento, porque nós nos entendemos melhor do que ninguém. Já Scorpius é meu melhor amigo desde o primeiro dia de aula do primeiro ano. Ele me entende tanto quanto Alvo e consegue perceber como eu estou só de olhar para mim. Os dois reparam em qualquer mudança mínima no meu comportamento. Nós três somos como irmãos e somos inseparáveis. Meu pai e tio Harry não se dão nada bem com o Sr. Malfoy, mas se aturam por nossa causa. – falei, sorrindo para as balizas do campo de Quadribol ao longe, imaginando os meninos treinando. Levantei os olhos para Peter. – Por quê?


- Só curiosidade. – sorriu. – Eu só queria conhecer mais sobre a sua vida, já que pretendo fazer parte dela.


Eu ri.


- E então? Conheceu?


- Deu para o gasto.


- Ah não. Parece que vai chover. – a pior forma de iniciar uma conversa é falar sobre o tempo, eu sei. Mas foi o que surgiu na minha mente na hora, então aproveitei e emendei. – Droga, estava querendo marcar um treino para quarta à noite, mas se estiver chovendo...


- Ainda falta muito para quarta feira, Rose. Talvez nem chova hoje. – como se o clima quisesse provar que Peter estava errado sobre o quão ruim ele estava, um pingo d’água caiu na minha bochecha. Nós rimos. – Ou talvez chova. – e me puxou para um beijo.


A chuva caiu com força total sobre nós e ficamos encharcados em segundos. Mas não nos importamos; na verdade, quem se importa com a chuva quando se tem alguém para abraçar ou, no meu caso, agarrar.


Porém, não duramos muito. Vinte minutos depois, o frio estava insuportável e parecia que nossos ossos estavam congelados sob nossa pele. Nossos lábios estavam arroxeados (e não era nem por causa dos beijos) e os dentes batiam uns contra os outros e os corpos tremiam demasiadamente, na tentativa vã de nos esquentar. Fomos vencidos pela chuva gélida e corremos de volta para o castelo; quando já estávamos sob a segurança do saguão, nós puxamos as varinhas e dissemos “Tergeo”, fazendo a água dos nossos corpos ser absorvida.


Aproveitei que ainda faltava uma hora e meia para o almoço e subi para tirar uma soneca; estava morta de sono por ter passado parte da noite em claro. Peter até tentou me convencer a pedir uma Poção do Sono à Madame Pomfrey, mas eu descartei a idéia afirmando ter sido apenas uma insônia.


Encontrei Alvo e Scorpius cochichando, as cabeças unidas, sentados numa mesa do salão comunal.


- O que estão fazendo? – perguntei. Vi que eles estavam debruçados sobre uma folha de pergaminho coberta de rabiscos e coisas escritas. Os dois sorriram marotamente para mim.


- Estamos mapeando a sala onde vai acontecer a Festa do Clube do Slugue e planejando como vamos arruiná-la. – respondeu Scorpius. – Sente-se aqui e nos dê uma ajuda, capitã.


- Não. – disse, dando um longo bocejo. – Tive insônia e agora estou morrendo de sono. Vou dormir um pouco antes do almoço. Eu confio em vocês para fazerem os planos, depois eu dou uma olhada. Bom, tchauzinho. – despedi-me de ambos e fui para o dormitório. Caí dormindo num instante.


Aquele dia e os outros passaram numa velocidade incrível; as aulas estavam terrivelmente cansativas e qualquer dispersão era motivo para perda de pontos, porque os professores já estavam em ritmo de N.I.E.M’s mesmo sendo meados de outubro. Alguns alunos já começavam a ficar psicóticos; eu, Alvo e Scorpius estudávamos à noite, mas os planos para a festa no clube nos ocupavam mais do que deveriam.


Quarta feira à noite, eu reuni meus seis jogadores para o nosso primeiro treino de Quadribol. As arquibancadas estavam cheias de curiosos que queria assistir ao meu desempenho como capitã. Eu já estava nervosa e a presença deles não estava ajudando.


Apontei a varinha para garganta e murmurei “Sonorus”.


- Por favor! O treino da Grifinória é fechado para todos, por isso peço que se retirem. – obviamente, ninguém se mexeu. Lily surgiu ao meu lado e lançou em si mesma o feitiço para ampliar a voz.


- Vocês ouviram a Rose: fora daqui! Ou eu, como uma boa fisionomista, vou me lembrar do rostinho de cada um de vocês e lhes darei uma detenção. O que acham? – rapidamente todos se levantaram e correram em disparada. Lily sorriu convencida. – Ser monitora é ótimo.


Eu ri.


- Obrigada, prima. – dei-lhe um beijo na bochecha e me virei para o time. – Muito bem, pessoal. É o meu último ano e a Taça de Quadribol seria um ótimo presente de formatura, concordam? E, além disso, nós temos tudo para vencer! Somos o melhor e mais entrosado time da escola e o céu é o limite para nós. O que acham de um tetracampeonato? Estão comigo? – eu ri quando eles gritaram apontando suas vassouras para o céu. Alvo e Scorpius sorriram orgulhosos de mim. – Certo, então vamos começar. Em formação. – seis vassouras ganharam os ares. Abri a caixa e soltei os balaços e o pomo de ouro. Peguei a goles e subi na minha vassoura, dando impulso para me juntar aos outros. – Fred, Joanne, vocês sabem o que fazer: circulem pelo campo rebatendo os balaços contra nós. Lily, você ficará longe de todos, sobrevoando à procura do pomo. Hugo, para as balizas e, bom, você sabe o que fazer também: só nos bloqueie a qualquer custo. Alvo e Scorpius, em formação comigo, vamos treinar aquelas jogadas em que estive pensando. Ok, comecem, façam o que sabem fazer melhor. – as sete vassouras começaram a se mover velozmente.


- Rose, por Merlin, vamos dar um tempo. – pediu Fred, suando até a raiz dos cabelos.


- Tudo bem, por hoje é só. – olhei o relógio. – Desculpe, perdemos o jantar.


- Ah não! – exclamaram todos eles em uníssono. Eu rolei os olhos.


- Alvo, Scorpius, não estão esquecendo nada? – perguntei sorrindo. Imediatamente os dois fizeram um ‘aaaaah’. – Pessoal, podem voltar para a sala comunal, tomem um banho e nos esperem. Nós levaremos comida.


Os outros quatro saltaram das vassouras e correram para seus dormitórios enquanto eu, Alvo e Scorpius partíamos para a cozinha. Entramos no corredor da Lufa-Lufa e paramos em frente ao quadro da fruteira. Scorpius esticou o indicador e fez uma cosquinha na pêra, que logo se transformou em maçaneta. Abrimos a porta e demos de cara com a enorme cozinha de Hogwarts, borbulhando de pequenos elfos domésticos. Mal entramos em seu campo de visão e Lika, a elfo que sempre nos atendia quando íamos à cozinha, apareceu pulando na nossa frente.


- Sr. Potter! Srta. Weasley! Sr. Malfoy! – guinchou ela entusiasmada, puxando as orelhas de abano. – O que podemos fazer pelos senhores?


- Oi, Lika! – disse Scorpius, fazendo um afago na cabeça dela. Lika ficou vermelha e puxou as orelhas para baixo até que elas cobrissem seu rosto. – Pode nos fazer um favor?


- Sim, senhor! – ela respondeu e soltou as orelhas imediatamente.


- Então será que você pode nos arranjar comida? Para nós e para o resto do time de Quadribol? Nós perdemos o jantar. – eu disse e sorri ao ver seus olhinhos brilharem.


- Lika vai agora mesmo, meus senhores! Lika faz tudo o que os senhores quiserem! – respondeu e disparou pelos corredores da cozinha, mal nos dando tempo de agradecer. Rapidamente, ela e mais cinco elfos apareceram carregados de travessas, bandejas, pratos, jarras, copos e talheres. Havia pudim de rins, torta de batata, frango assado e suco de abóbora. Tudo do bom e do melhor.


- Uau! Obrigado, Lika. – agradeceu Alvo de olhos arregalados. Scorpius e eu assentimos também. – Obrigado a vocês também, pessoal. Vocês são ótimos. – os elfos quase caíram no choro ao ouvir o elogio de Alvo e antes que eles começassem a soluçar, nós enfeitiçamos toda aquela comida e a transportamos para o salão comunal.


Encontramos o time já arrumado para dormir, todos de roupões e pantufas, conversando animadamente à beira da lareira acesa. Todos os quatro se viraram para o buraco do retrato quando o cheiro de comida invadiu a sala.


- Graças a Merlin. – disse Joanne pulando de pé e correndo para a mesa. Os outros a seguiram. – Estou morta de fome. Você nos detonou hoje, Rose. – o resto do time, incluindo Alvo e Scorpius, concordou.


- Desculpe, pessoal. Mas a temporada de Quadribol está para começar e logo teremos um jogo contra a Lufa-Lufa. Relativamente fácil, mas depois nós pegaremos a Sonserina. – respondi com um sorriso.


- Não se preocupe, Rose. – disse Lily. – Em três ou quatro meses o prato principal do jantar vai ser picadinho de cobra ao molho vermelho. – nós rimos ao entender a piadinha e Lily sorriu maldosamente, enfiando uma garfada de pudim na boca.


- Você está certa, maninha. Sonserina não é pareo para nós. – concordou Alvo, pisacando-lhe um olho.


- Eu concordo com vocês, mas deixemos o Quadribol para depois. Tudo o que eu quero agora é comer e dormir. – resmungou Hugo, sonolento. Continuamos a comer animadamente até que Alvo, parecendo se dar conta de que estávamos sozinhos no salão, disse:


- O que vocês fizeram para esvaziar o salão comunal?


- Fiz o que só o poder da Monitoria poderia fazer: prometi encombri-los durante toda essa semana se os pegasse fora da cama depois do toque de recolher. – Lily respondeu sorrindo. Nós todos lhe demos tapinhas nas costas como se ela fosse algum gênio do crime com alguma ideia perfeita. Terminamos de comer e empilhamos as travessas, as bandejas, os pratos e os copos na mesa.


- Vamos dormir, por favor. – pediu Fred em meio a um grande bocejo. – Estou quebrado.


- Vamos. – eu disse. Todos nós desejamos boa noite e subimos para os dormitórios.


Os dias seguintes foram um pouco menos exaustivos que os primeiros da semana. Os professores relaxaram o aperto que estavam nos dando, por causa da atmosfera alegre que o Halloween trazia – o que é esquisito, porque alegria não é bem o sentimento que o Dia das Bruxas tem a intenção de alcançar. Sexta feira anoiteceu fria, mas animada: era a noite da Festa de Halloween do Clube do Slugue. E a noite da nossa primeira peça do ano.


Eu, Alvo e Scorpius nos arrumamos e às oito e meia batemos à porta de uma antiga sala de aula magicamente ampliada para receber a festa. Leo Roadman apareceu sorridente, mas seu sorriso se transformou numa careta de espanto ao nos ver.


- Vocês? – perguntou atordoado. Nós três rimos.


- Pensei que tivéssemos sido convidados. – disse Scorpius, fingindo desapontamento.


- Mas se você não quiser a nossa presença... – eu disse, dando de ombros.


- Nós vamos embora. – completou Alvo e nós três viramos as costas. Mal demos dois passos.


- Esperem! – Leo gritou e nós sorrimos antes de nos virarmos. – Podem entrar, vocês são sempre bem-vindos.


-Obrigada, Roadman! – exclamei afetada e arrastei Scorpius e Alvo para dentro.


A decoração era luxuosa e rica. Havia morcegos voando por todo o lado, abóboras que sorriam maldosamente e esqueletos que falavam e se mexiam. A festa era abrilhantada por todos os alunos influentes da escola e mais algumas celebridades do mundo bruxo. Eu não fiquei surpresa ao ver a nova estrela da música pop bruxa, uma loirinha antipática (que Roadman fez questão de me contar que ele mesmo convidara porque suas famílias eram amigas. Arrã) que se intitulava LeFay. Subcelebridades adoravam festas no Clube do Slugue.


E, sim, ela tinha a cara de pau de usar o nome de Morganna LeFay.


Bom, o fato é que o lugar estava bonito, porque até os fantasmas participavam da festa e davam a ela um ar mais assustador. Bandejas com taças de hidromel, canecas de cerveja amanteigada e taças de vinhos dos elfos circulavam por entre os convidados, mantendo-nos aquecidos. De fato, a festa poderia estar agradável não fosse o número absurdo de gente imbecil por metro quadrado. Acredite, era muita gente. E como nós três éramos novatos ali, calhou de sermos o centro das atenções. Como ser simpáticos com as pessoas e incisivos para despachá-las ao mesmo tempo? Estava difícil, mas dávamos conta do recado.


Já passava das onze quando nossa paciência chegou ao limite e resolvemos colocar o plano em prática. Eu lancei os feitiços de proteção pela sala enquanto Alvo cuidava do pântano das Gemialidades Weasley e Scorpius dos fogos do Dr. Filibusteiro. Quando finalizamos, nós nos juntamos no único ponto da sala em que o pântano não alcançaria: a porta. E então, ao meu sinal, Scorpius fez o aceno com a varinha e os fogos de artifício explodiram.


E o caos se instalou naquela sala.


Pessoas corriam, gritavam, trombavam, caíam... um terror. Elas tinham um objetivo simples: alcançar a porta. Mas foram impedidas pelo pântano que Alvo acabara de liberar. Em dez segundos, estavam todos presos ao chão pela gosma verde. Os fogos continuavam a explodir e todos permaneciam gritando e tentando se soltar loucamente. Parecia que Lord Voldemort e seus Comensais da Morte brotaram do chão e reclamaram vingança. Era uma cena patética.


Então, a Profa Jayden nos viu gargalhando e tirou as conclusões corretas.


- Malfoy, Potter, Weasley! Detenção! – gritou ela enfurecida, os olhos inchados e o rosto vermelho. Ela parecia meio demoníaca e suas veias do pescoço saltavam alucinadamente. – E menos 50 pontos!


- É. – eu disse, estendendo as mãos com as palmas viradas para cima. – Estamos de volta à ativa. – e Scorpius e Alvo bateram nelas. Peter podia me livrar da detenção, mas eu duvidava muito que ele o fizesse.


- Livrem-nos disso! Vão nos matar! – gritou Leo Roadman apavorado. Eu não aguentei e soltei uma gargalhada.


- A última coisa que isso vai fazer é matar vocês. – Scorpius disse com indiferença.


- Exato. Os fogos e o pântano tem feitiços próprios de proteção, e Rose enfeitiçou a sala para mantê-los mais seguros. – explicou Alvo como se falasse com crianças de seis anos.


- O único risco que vocês correm é o de ficarem olhando uns para as caras dos outros. Mas não era isso que vocês queriam? Ficar na nobre companhia de pessoas ilustríssimas? – eu dei de ombros. – Então, vocês vão ficar assim paradinhos por meia hora até o pântano começar a se dissolver. Genial, não é? – eu ri cúmplice para eles.


- Se vocês não fossem filhos dos benditos salvadores da pátria – rugiu Lia Cady, uma sonserina nojenta, a inveja transparecendo em cada palavra. – já teriam sido expulsos!


- Ah, então veja a nossa sorte. – implicou Alvo com desdém. Lia tentou se soltar com mais força, mas só fez o pântano engrossar. – Professora, onde e quando será a nossa detenção?  


- Quero os três amanhã às nove na minha sala. – a Profa Jayden disse menos vermelha e diabólica, mas ainda raivosa. – E não se atrasem ou perderão mais 50 pontos.


- Certo. – dissemos os três em uníssono.


- Bom, está na nossa hora. – eu disse fingindo não querer ir. – Relaxem, bebam um hidromel, ouçam uma música. Dancem! Curtam a festa, ela está um pouquinho desanimada. – não sei como não caí dura com os olhares fulminantes que me atacaram em seguida.


- Nós ficaríamos, mas temos mais o que fazer. – disse Scorpius com falso pesar. – Ah, não se esqueçam de não se mexer e não lançar feitiços, ou o pântano vai engrossar cada vez mais e vocês demorarão a noite toda para sair daqui.


- Bom, boa noite. – disse Alvo e nós nos viramos para sair. – Divirtam-se. – concluiu com um sorriso maroto e uma piscadela, e então fechou a porta.


- Estamos ferrados. – resmungou Scorpius. – E eu vou perder meu encontro.


- Calma, cara. – Alvo o consolou, dando tapinhas em suas costas. Depois se virou para mim. – Você pode falar com o McCarter?


- Posso tentar, mas duvido que ele vá nos ajudar. Peter é muito certinho e provavelmente dirá que nós merecemos o castigo. De qualquer forma, detenção não é nenhuma novidade para nós três.


- Vamos dormir, pessoal. – murmurou Scorpius, visivalemente abalado pelo provável cancelamento do seu encontro com Izzie Lancelot. – Amanhã nós resolvemos isso.


- Vamos nessa. – anuiu Alvo e então sorriu. – Mas vocês tem que admitir que foi muito engraçado.


- Hilário! – gargalhei e eles não puderam resistir em me acompanhar. – A cara de desespero deles foi digna de prêmio. Uma imagem para se guardar para sempre na memória. – eu chorava de rir, imaginando todas aquelas pessoas presas ao chão sem saber o que fazer. – E a Cady? Melhor parte da noite!


- Garota irritante e invejosa. – Alvo alfinetou. – Nós poderíamos pegá-la numa brincadeirinha, não é mesmo?


- Seria ótimo. – falei de forma sonhadora. Mas Scorpius já tinha perdido o clima de brincadeira.


- Depois nós pensamos nisso. Vamos cumprir uma detenção antes de pegar outra. – disse ele. Chegamos ao Quadro da Mulher Gorda e ele completou – Abóboras flamejantes. – despedimo-nos e fomos dormir.


Acordei com os primeiros raios de sol, às sete da manhã. Por mais que quisesse virar para o lado e continuar dormindo, precisava enviar um bilhete a Peter. Pouco tempo depois, Barbie já estava empoleirada no parapeito da minha janela com a resposta dele, um bilhete de duas linhas que dizia “Vou ver o que posso fazer e te dou a resposta na hora do café.” Mandei minha coruja de volta ao corujal e me aprontei para a refeição matinal e para o passeio em Hogsmead (eu tinha esperanças de ir). Eram oito e quinze quando encontrei Alvo e Scorpius e nós descemos para o Salão Principal.


- Você falou com o McCarter? – perguntou Scorpius, obviamente relutante. Ele precisava da ajuda de Peter para ir ao encontro, mas não admitiria nem sob tortura, já que os dois implicavam um com o outro quando se conheceram.


- Falei. Ele disse que vai me responder daqui a pouco.


Faltavam quinze minutos para as nove quando Scorpius começou a ficar inquieto. Espichava o pescoço a cada segundo, procurando por Peter.


- Droga! – esbravejou ele. – Onde está o McCarter? Já são quase nove horas e daqui a pouco nós temos que ir. Mas eu não sei se vou! – suspirou cansado e baixou o tom de voz. – É melhor eu procurar a Izzy para avisar que nosso encontro foi cancelado.


Scorpius já estava cruzando o salão quando Peter chegou correndo. Abracei-o e perguntei se ele havia conseguido falar com a Profa Jayden.


- Falei. – ele respondeu ofegante. Parou para respirar e continuou – Ela disse que vocês não precisam vê-la agora. Disse que está de bom humor e que por isso vai adiar a detenção. Vocês ainda terão que cumpri-la, é claro, mas não hoje.


- Ah, Peter! – exclamei dando um beijo estalado na boca dele. – Obrigada.


- Valeu, cara. – disse Scorpius, apertando a mão dele. Alvo sorriu, agradecendo também.


- Mas... – sempre tem um ‘mas’ para estragar tudo. – a professora disse que vai aumentar a detenção de três para sete dias.


- O que? – gritou Alvo, indignado.


- Isso ou vocês perderão o passeio e a festa.


- Ficaremos com a semana. – eu respondi rápido, antes que Alvo dissesse mais alguma coisa. – Olhem, estão indo para os portões! – puxei Peter pela mão e fui seguida por meu primo. Scorpius foi atrás de Izzie e os dois se jutaram a nós logo depois. Nós cinco chegamos a Hogsmead e nos entreolhamos. – Bom...


- Já que eu não tenho companhia para um passeio, vou me juntar à minha irmãzinha e aos nossos priminhos para nos divertirmos. – disse Alvo e rapidamente sumiu de nossas vistas.


- Não se esqueça de nos encontrar depois no Três Vassouras! – gritei sem ter certeza de que ele havia ouvido. – Eu e Peter vamos ao Madame Puddifoot.


- Certo, vemos vocês depois. – disse Scorpius e ele e Izzy nos acenaram um tchauzinho, indo para o Três Vassouras.


Dentro do pub da Madame Puddifoot estava ligeiramente abafado. O lugar estava cheio de casaizinhos e, um pouco timidamente, eu e Peter nos sentamos perto da janela e longe dos olhares dos outros. Pedimos chá e bolinhos, apesar de termos acabado de sair do café da manhã, e nos pusemos a conversar. Passamos enormes três horas papeando e o assunto parecia não ter fim.


- Você pode me visitar no Natal. – disse Peter quando passamos a falar das férias.


- Que bom. E você pode fazer uma visitinha À Toca. Eu até te chamaria para ir à minha casa, mas nós sempre vamos para a casa dos meus avós.


- A Toca? – ele perguntou, intrigado.


- É como chamamos a casa da família Weasley. A Toca é onde meus avós moram desde que se casaram e é para lá que vamos todas as férias.


- Interessante. Nunca ouvi ninguém falar que mora numa toca como algo legal.


- Ah, mas A Toca é ótima. – eu falei rindo. – O terreno é enorme e tem um pomar e um jardim que vive cheio de gnomos. E tem espaço suficiente para uma mini partida de Quadribol. Você vai adorar!


- Imagino que sim. – ele concordou sorrindo, colocando a mão sobre a minha. Ficamos em silêncio por um segundo até que Peter arregalou os olhos e disse, empolgado – Você vai conhecer o Apollo!


- Quem é Apollo?


- Meu cachorro. Um Golden Retriever. – respondeu com orgulho. Eu sorri animada com a ideia de conhecê-lo: eu amava animais. Quaisquer que fossem.


- Você nunca me disse que tinha um cachorro! – acusei, divertida. Peter deu de ombros, meio que se desculpando. – Eu tinha uma Cocker Spaniel chamada Bell, mas ela morreu quando eu tinha uns dez anos.


- Sinto muito. – ele disse, parecendo desolado. Eu dei de ombros.


- Tudo bem, já faz muito tempo. Mas me conta como é o Apollo!


Peter abriu um sorriso orgulhoso.


- Ah, ele é demais. Inteligente, brincalhão e parece que me entende. É como se ele fosse...


- Seu melhor amigo. – completei. – Sei o que quer dizer.


- Exato. – Peter concluiu e terminou seu bolinho. – Você não queria ir à Zonko’s e à Dedosdemel?


- Eu ainda quero.


- Então vamos. Já é meio-dia, daqui a pouco temos que encontrar os outros no Três Vassouras.


A Zonko’s estava apinhada de alunos loucos para encherem os bolsos de besteiras para usarem na escola. Eu me abasteci de Bombas de Bosta, Sabões de Ovas de Sapo, Snap Explosivo, Soluços Doces, Xícara Que Morde Nariz, Chumbinhos Fedorentos, Pó de Arroto e Minhocas de Apito. Saí com uma enorme sacola, que Peter insistiu em carregar. Não deixei, mas prometi que as sacolas da Dedosdemel ele levaria.


Falando na Dedosdemel, nós dois nos divertimos provando os doces esquisitos que estavam em exposição. Comprei uma quantidade considerável de guloseimas, que eu sabia que não durariam dois meses. Havia Feijõezinhos de Todos os Sabores, Sapos de Chocolate, Sapos de Creme de Menta, Tabletes de Nugá, Bombons, Caramelos Cor de Mel, Sorvete de Coco Cor de Rosa, Cachos de Barata, Diabinhos Negros de Pimenta e Chicles de Baba Bola. Peter vasculhava as sacolas, chocado.


- Merlin. – exclamou ele. – Você vai ficar doente, Rose. Vai ter uma intoxicação.


- Relaxe, Peter. Não pareça meu pai.


- Não quero parecer seu pai. Porque aí eu não poderia te beijar.


Eu ri e lhe dei uma piscadela.


- E é isso o que você quer fazer? – perguntei.


- Acredito que sim. – rindo, Peter largou as sacolas, deu um passo e me agarrou num beijo. Quando nos separamos, ele me encarou sério e ficou um segundo em silêncio, deixando-me sem saber o que pensar. Então, completou – Rose, o que acha de tornarmos esse divertimento uma coisa mais séria?


Arregalei os olhos, surpresa.


- Você quer dizer... namorar?


- Bem... é. Nós nos divertimos, não é? – Peter parecia hesitante. – Gostamos de ficar juntos, temos uma boa sintonia... certo?


- Certo. – concordei rapidamente. Era verdade, nós nos divertíamos juntos.


- Então, o que me diz? Você aceita namorar comigo? – meu cérebro trabalhava rapidamente à procura de uma reposta satisfatória, apesar de só haver uma. O que dizer? Sim? Eu gosto dele e ele, de mim. Podemos dar certo, afinal.


Sorri.


- Aceito. – Peter sorriu e me agarrou num beijo apaixonado, parecendo feliz da vida.


Quando finalmente paramos de nos amassar no meio da rua, Peter pegou as sacolas e me estendeu a mão.


- Venha, namorada. Temos que ir ao Três Vassouras. – eu sorri e entrelacei nossas mãos. Seguimos para o pub mais famoso do vilarejo e encontramos Alvo parado à porta.


- Ah, ainda bem. Não queria entrar sozinho e ficar encarando Scorpius babando em cima da garota. – disse ele abrindo a porta para nós. Encontramos Scorpius sentado sozinho numa mesa do fundo.


- Onde está a Lancelot? – perguntei quando nos sentamos ao lado dele. – Não vá me dizer que ela foi embora.


- Não, ela só foi ao banheiro. – disse Scorpius, sorrindo.


- Ela sabe que estamos aqui? – perguntou Alvo. Eu fiz coro, acenando com a cabeça: não queríamos estragar o encontro dos dois.


- Sabe. Ela não se importou com a previsível interrupção dos melhores amigos do acompanhante dela.


- E como ela é? – Alvo, curioso que só, perguntou. Scorpius sorriu, olhou para ele, para mim e para Peter, e disse:


- Demais. Aquela garota é demais.


- Obrigada, Scorpius. – Izzy Lancelot surgiu ao nosso lado, sorrindo, e ao que parecia, havia escutado o elogio dele. – Eu sei que sou demais. – completou e viu que estávamos encarando-a com surpresa. Lancelot riu e se sentou ao lado de Scorpius. – É brincadeira, gente.


Uma sonserina simpática, com pinta de gente boa. Só podia acontecer com a gente.


- Eu tenho que contar uma coisa para vocês. – eu disse para Scorpius e Alvo. Os dois estreitaram os olhos e encararam Peter e depois se voltaram para mim.


- Será que é o que eu estou pensando que é? – disse Alvo.


- Não sei se é o que você está pensando que é, mas sei o que eu estou pensando que é e acho que eu estou pensando que é a mesma coisa que você está pesando que é. Resta saber se o que nós estamos pensando é o que a Rose vai nos dizer. Você vai nos dizer se é o que nós estamos pensando que é? – disse Scorpius. Lancelot olhou para ele com as sobrancelhas erguidas e riu. Eu, por minha vez, encarava-o sem entender o que ele havia dito; sacudi a cabeça, reorganizando os pensamentos e sorri.


- Se vocês pensaram que eu e Peter estamos namorando, devo dizer que vocês estão com o raciocínio bastante rápido.


- Vocês estão namorando? – engasgaram os dois. Lancelot e Peter riram.


- Talvez o raciocínio não esteja tão rápido assim. – falei revirando os olhos. Eles me ignoraram e passaram a encarar Peter.


- Muito bem, McCarter. – começou Alvo, tentando parecer ameaçador. – Quais são suas intenções com...


- Nossa melhor amiga, prima, irmã. – completou Scorpius.


Peter riu e virou para mim:


- Você é tudo isso?


- Ah, eles são loucos por mim. – respondi nada modesta, sorrindo.


- Somos mesmo e temos que zelar pela honra dela! – exclamou Alvo. – Vamos, McCarter, seja homem e responda com sinceridade.


- Tudo bem. – respondeu Peter, erguendo as mãos num gesto de rendição. – Minhas intenções com sua melhor amiga, prima, irmã, são as melhores possíveis.


Alvo e Scorpius se entreolharam e suspiraram ao mesmo tempo. Então, Scorpius disse com aparente descaso.


- Por mim, tudo bem. E você, Al?


- Tudo certo. – riu Alvo e se virou para Peter, estendendo-lhe a mão. – Seja bem-vindo à família, McCarter. – Peter sorriu e apertou a mão de Alvo. Olhei para Lancelot e vi que ela pensava o mesmo que eu, porque quando nos olhamos, ela disse “Homens”; concordei sorrindo.


Algumas cervejas amanteigadas e muitas risadas depois, nós voltamos para a escola. Menos Scorpius e Izzy Lancelot. Ele nos encontrou no salão comunal cerca de uma hora depois.


- E aí, garanhão? – perguntei, sorrindo para ele por cima d’O Pasquim que eu lia. – Por que a demora?


- Como se você já não soubesse. – disse ele, devolvendo o sorriso.


- Se eu soubesse não estaria perguntando. – provoquei e Scorpius me estirou a língua. Parecíamos duas crianças.


- Certo, sua malandrinha. Nós nos beijamos, ok?


- Ok, arrasa-corações. – brinquei, ignorando o bolo que insistia em se formar no meu estômago. Decidi que não era nada; estava tudo bem.


Naquela mesma noite houve a Festa de Halloween, um animadíssimo baile. Dancei a noite toda com Peter e com meus amigos, e me diverti bastante. Scorpius e Izzy ficaram juntos e eu tentei ignorá-los todas as vezes em que eles se beijavam, o que significa que eu os ignorei praticamente a noite inteira. No geral, a festa foi ótima e nós chegamos quebrados ao salão comunal. Eu já dormia antes que cair na cama.


Depois que cumprimos nossa detenção, que consistia na nojenta tarefa de ajudar Hagrid a cuidar dos mais esquisitos animais, os dias pareceram correr e logo estávamos às vésperas do primeiro jogo de Quadribol em meados de novembro.


Eu treinava a equipe com o máximo de empenho possível. Eu queria aquela taça como meu presente de formatura e nada me impediria de conquistá-la. O time reclamava que eu pegava pesado, mas eu via que eles estavam satisfeitos com os resultados dos treinos. Éramos a equipe mais entrosada da escola, visivelmente, e por isso estávamos empolgados e confiantes na manhã do jogo contra a Lufa-Lufa. Depois do café da manhã, nós sete seguimos para o vestiário e encontramos Peter e Izzy nos esperando à porta.


- O que estão fazendo aqui? – perguntei quando os vi.


- Viemos desejar boa sorte. – respondeu Izzy, caminhando até Scorpius. Deu-lhe um beijo, sob os assovios e palmas dos outros. – Boa sorte. Nesse você não vai precisar, mas no próximo...


- Como? – perguntei, parando no meio do ato de abraçar Peter.


- Sou uma das artilheiras da Sonserina e lhes garanto que vão precisar de sorte para nos vencer. – o orgulho sonserino dela finalmente havia aparecido, mas sabíamos que era brincadeira.


- Sorte vai precisar você, porque eu duvido que passe pelo Hugo. – provoquei, rindo. Izzy riu também e encerrou o assunto.


- Tudo bem, boa sorte para todos nós. – virou-se para Scorpius e lhe deu mais um beijo. – Não morra, ok?


- Farei o possível. – respondeu ele sorrindo. – Agora vai.


- Tchau, pessoal. – Izzy se despediu e seguiu para as arquibancadas, que já se enchiam de alunos.


- Peter, você também tem que ir. – eu disse e ele me beijou.


- Boa sorte. – desejou. – Boa sorte, pessoal. Cuidem para que essa jogadora terrível não caia da vassoura.


- Terrível é você, seu míope metido à besta. – reagi, fazendo os outros rirem. – Vá embora, Peter. E quanto a vocês, vamos.


Nós trocamos de roupa e pegamos as vassouras. Eu fiquei de pé no centro do vestiário e os outros seis se reuniram ao meu redor.


- Certo, está na hora. Sei que daremos nosso melhor lá em cima, então não vou me importar se perdermos. – eles olharam para mim, descrédulos. – Ok, vou me importar muito se perdermos exatamente pelo fato de termos batalhado muito por isso. Ah, quem precisa de discurso? Vamos logo, o jogo vai começar.


- O time da Grifinória entra em campo. – escutamos Holly Green dizer ao estádio. – Weasley, Weasley, Malfoy, Potter, Weasley, Robinson e Potter. – a torcida gritou entusiasmada. Meu primeiro jogo como capitã estava para começar. Era a minha grande chance.


Os jogadores da Lufa-Lufa se juntaram a nós, mas não prestei atenção à escalação.


- Capitães, apertem as mãos. – disse Madame Hook. Eu e Greg Dunst nos cumprimentamos e desejamos boa sorte um ao outro. – Montem as vassouras. – todos os catorze jogadores ganharam os ares. Ouvimos o apito e a goles foi posta em jogo.


Mais que rápida, eu capturei a goles e a lancei para Alvo. Ele me devolveu e nós dois, junto com Scorpius, voamos em formação: eu no centro e um deles em cada ponta. Um balaço passou zunindo pelos meus ouvidos, mas consegui desviar por milímetros. Consegui manter a goles comigo e ergui o barço para trás para arremessá-la. Foi isso que o goleiro achou que eu faria, mas lancei a goles para Scorpius no último segundo e ele marcou. 10x0 Grifinória. A nossa torcida gritou, abafando o som dos lamentos da Lufa-Lufa.


O jogo seguiu no mesmo ritmo, com a Grifinória na frente por vários pontos. Lily já havia visto o pomo duas vezes, mas os batedores da Lufa-Lufa conseguiram tirá-la da rota e ela o perdeu de vista. Os primeiros trinta minutos de jogo se completavam quando Scorpius foi atingido na cabeça por um balaço. Senti meu coração parar uma batida e eu gritei enquanto o via cair. Alvo acelerou a vassoura em direção a ele, sob o grito agudo de Izzy Lancelot, que ecoava no estádio. Meu primo conseguiu pegá-lo pouco antes que tocarem o chão e eu consegui respirar. Desci ao lado deles, com o time ao me redor.


- Scorpius! – quem gritava era Izzy, correndo para o campo, com o rosto branco como giz. – Ele está bem?


- Está desmaiado, Izzy. – disse Alvo, preocupado. Virou-se para mim. – Rose, vamos continuar?


- Eu sou contra. Não podemos jogar sem o Scorpius. – eu vi que Alvo ia argumentar quando o Prof. Longbottom chegou correndo.


- Deem espaço, pessoal! – ele disse e nós nos afastamos. Conjurou uma maca e deitou Scorpius nela, levando-o para a enfermaria, com Izzy em seu encalço. Eu comecei a andar atrás dos três, mas Alvo me puxou pelo braço.


- Ele vai ficar bem, não se preocupe.


- Eu sei. – suspirei. – Acha que podemos voltar?


- Tenho certeza.


- Scorpius não iria gostar. – mordi os lábios e mirei os portões do castelo, ao longe.


- Ele gostaria que vencêssemos. Vamos, Rose, dedique os gols a ele.


- Ei, capitã! – gritou Fred. – Nós não treinamos tanto para perdermos por desistência.


- Vocês tem razão. Vamos ganhar esse jogo. – eles gritaram entusiasmados e a torcida os seguiu. Antes de levantaramos voo, eu puxei Lily e falei em seu ouvido – Pegue esse pomo logo.


- Pode deixar, capitã. – ela me piscou um olho e sorriu. Quando estávamos prontos, o jogo recomeçou.


Fred e Joanne voltaram com tudo. Batiam com extrema força nos balaços, mas jogavam limpo. O suficiente para assustar os artilheiros e fazê-los derrubar a goles. Eu e Alvo, com ódio por termos perdido o jogador que era nosso melhor amigo, fizemos mais seis gols antes de Lily capturar o pomo, o que realmente não demorou muito. Placar final: Grifinória 250x40 Lufa-Lufa.


Assim que o jogo terminou, eu fugi da comemoração e corri para a Ala Hospitalar. Scorpius estava com uma faixa enrolada na cabeça, mas estava acordado.


- Graças a Merlin! – exclamei, agarrando-o num abraço apertado e ignorando veementemente a cara feia de Izzy. – Você está bem?


- Eu estava, mas você terminou de me quebrar todo com esse abraço. – disse ele, fazendo uma careta de dor.


- Ah, desculpe! Foi sem querer... – comecei, cheia de culpa.


- Rose, eu estou brincando. Relaxa. – amarrei a cara e ele riu. – Vá para o salão comunal comemorar nossa vitória.


- Como você sabe que ganhamos?


- Você acha que não dá para escutar a gritaria daqui?


- E se fosse a torcida da Lufa-Lufa?


- Impossível. Você nunca deixaria o time da Lufa-Lufa nos vencer. – eu sorri, convencida, e Scorpius retribuiu. Madame Pomfrey chegou para expulsar uma de nós e Izzy agradeceu quando eu me ofereci para sair. Ao sair da enfermaria, encontrei o resto do time.


- Não podem entrar. – eu falei.


- Por que não? – perguntou Joanne, tentando espiar por cima do meu ombro.


- Madame Pomfrey acabou de me expulsar.


- E desde quando você liga para as ordens da velha Pomfrey? – desdenhou Alvo.


- Desde que Scorpius e Izzy querem ficar a sós. – uma sombra de entendimento atravessou o semblante dele. Alvo sorriu e entrou sorrateiramente na enfermaria; parou atrás de um leito próximo ao de Scorpius e fez sinal para o seguirmos. Pegamos apenas o fim da conversa.


- ...morar comigo? – era óbvio que era o final de “quer namorar comigo?”. Sem querer, retesei o corpo e esperei a resposta de Izzy.


- É claro que sim! – ela exclamou e se curvou para beijá-lo.


Saímos de lá rapidamente, antes que eles nos vissem ou que Madame Pomfrey voltasse para nos expulsar, e fomos para nossa comemoração. Passei a noite estranhamente quieta e me convenci que estava apenas preocupada com Scorpius. Só isso.


Dois dias depois, Scorpius já estava sentado conosco, tomando café da manhã. Passava os tempos livres com Izzy, que, assim como Peter, se mostrava cada vez mais integrada ao nosso cotidiano. Assim, passamos novembro e um bom pedaço de dezembro travando guerras de neve, jogando Snap Explosivo e xadrez.


Enfim, o Prof. Longbottom passou a lista dos alunos que iriam para a casa nas férias de Natal. Finalmente um descanso depois dos quatro primeiros meses de aulas. Cinco horas depois do embarque no Expresso de Hogwarts, nós descemos na Estação de King’s Cross, onde encontramos nossa família à espera.


- Pronto para conhecer meus pais? – perguntei a Peter, dando a mão a ele.


- Pronto. – ele sorriu. – E você? Pronta para conhecer seus sogros?


- Nasci pronta. Vamos?


Antes de sequer me cumprimentarem, meus pais miraram minha mão entrelaçada à de Peter.


- Oi, mamãe. Oi, papai. – eu disse, agarrando os dois num abraço e beijando suas bochechas.


- Oi, querida. – respondeu mamãe. Ela sorriu para Peter. – Não vai nos apresentar seu amigo?


- Mãe, pai, este é Peter McCarter, meu namorado. Peter, estes são Rony e Hermione Weasley, meus pais.


- Como vão, senhores Weasley? – Peter cumprimentou, apertando as mãos de cada um. Mamãe sorria para ele, mas papai o olhava de cara feia.


Enquanto Peter conversava com meus pais e Hugo, que havia chegado em seguida, eu olhei à minha volta procurando o resto da família. Lily e Alvo eram abraçados por tio Harry, tia Gina e Teddy; Lucy e Molly já escutavam o falatório interminável de tio Percy e tia Audrey; Roxanne e Fred riam de tio George enquanto tia Angelina tentava calá-los; e Dominique e Louis abraçavam tio Gui, tia Fleur e Victoire.


Foi então que eu os vi: a família Malfoy abraçava Scorpius. E lá estava ela: Samantha Malfoy.

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Comentários (1)

  • Lana Silva

    Poxxaaaaaaaaaaaaaaaaa ela tá afim dele e não percebe....Tô amando *-------------------*

    2011-10-12
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