Tempo



N/a: Aeeee, finalmente o primeiro capítulo de ONM6, bem... eu realmente espero que todos aproveitem essa temporada. Eu apenas queria lhes dar um aviso, este ano será meu ano de trabalho e vestibular, então a pressão está em cima de mim daquele jeito \õ mas eu sinto que conseguirei lidar bem com a pressão, mas eu acho que os capítulos não serão tãããão gigantes quanto antes, mas eu vou dar o meu máximo ok? Espero que curtam o capítulo! Beijos imensos.

Kitai Black


- A música inserida no capitulo é: Boston – Augustana.

~*~



cap1_onm6

Tempo



O vento assoviava conforme atingia o corpo esguio e alvo de uma linda jovem de cabelos negros, seus olhos num verde vivo brilhavam enquanto ela movimentava suas mãos de um lado para o outro. Parada, ali, no centro de um campo florido, movimentando as mãos fazendo com que as flores virassem de um lado para o outro, como se aquela linda jovem trajada com um vestido de seda branco quase transparente fosse à maestra de uma linda sinfonia agridoce.

De longe, em uma das janelas de um magnífico castelo alguém lhe observava, seus olhos num azul sereno, observando cada detalhe da bela jovem, como um lobo atento a cada movimento, a cada respiração.

- Mandou me chamar mestre? – Uma voz ecoava dentro do aposento o distraindo.

Segurou a taça de prata e rubis com mais força em sua mão, se afastando da janela e dirigindo-se para um homem robusto e careca que se encontrava ajoelhado em meio ao salão, a cabeça baixa e humilde, Apus Vega estava longe de ser um de seus melhores e fieis servos, sempre desconfiaria daquele homem.

Saiu da penumbra que o escondia para finalmente revelar seu rosto, belo e pálido, os cabelos curtos e negros e uma elegância pouco vista em rapazes de sua idade. Sorriu abertamente para o homem ajoelhado, sentando-se então em um trono a frente.

- Vega, pensei que já tivesse viajado... – Começou com uma voz serena. – Não sabe o quão fiquei satisfeito em saber que ainda reside aqui.
- Mestre, meus planos foram adiados para mais uma semana... – Apus falava ainda encarando o chão. – Pretendo levar a filha de Gaya para o treinamento o mais rápido possível, mas antes, devemos fazer o marido dela assinar o papel da Anulação.
- Para que ela finalmente assuma o noivado com você, eu já ouvi esse plano antes... – O rapaz fazia um aceno descrente com as mãos. – Ela é realmente uma preciosidade Vega.
- Ela... – Apus engolia em seco. – Sim meu amo, devo concordar.
- Quem diria que a incompetente da Gaya Adhara teria uma filha tão preciosa hum?
- Meu amo Procyon eu deveria lhe falar sobre Gaya e...
- Não, você realmente não deve. – Os olhos do rapaz ganhavam uma tonalidade âmbar. – Acha que sou um idiota Apus? ACHA?
- Jamais meu senhor.
- OLHE PARA MIM QUANDO ESTIVER SE DIRIGINDO A MIM! – Urrou o rapaz arremessando a taça longe e agarrando o colarinho do subordinado o fazendo o encarar nos olhos. – Reze para que a filha de Gaya Adhara seja realmente uma preciosidade caso contrario, eu mesmo farei questão de assisti-lo morrer. Estamos entendidos?
- Sim, meu amo.
- ESTAMOS?
- Sim senhor...

Procyon largara as vestes do homem dando-lhe as costas e caminhando em direção a janela, seus olhos voltando à tonalidade azulada enquanto observava a linda jovem que agora havia parado de movimentar as mãos para encarar o céu estrelado. Um pequeno sorriso brotara nos lábios do rapaz.
- Está liberado Vega, espero não o ver pelo menos nos próximos dois anos.
- Como queira majestade. – Apus fazia uma reverencia exagerada abandonando a sala.

Procyon sorriu de canto, apoiando seu corpo na janela, a filha de Gaya lhe seria uma boa ajuda na guerra que estava por vir.


Leste da Inglaterra Trouxa – Condado de Norfolk



- Parabéns para você, parabéns para você, parabéns querido Luke, parabéns para você! VIVA O LUKE!!! – Os gritos e aplausos ecoavam empolgados na pequena casa trouxa de classe média.

Caios e Nathan batucavam na mesa enquanto Stacy inclinava-se com uma linda criança loira de olhos azuis para soprar ás velinhas de um imenso bolo de chocolate. Assim que a bela mulher loira apagara as velas e sorrira para o filho, Caios correra para acender a luz, sempre com um sorriso na face observando o pequeno filho de sua prima.

- Um ano hum? Quem diria! Daqui a pouco ele já está enchendo essa casa de namoradas... – Comentara o loiro de maneira zombeteira arrancando risadas de Nathan e um olhar assassino da prima. – O que foi Tacy?
- Meu filho não será um babaca! – Ela sentava o pequeno Luke na cadeirinha o servindo de um pequenino prato de bolo.
- Bo...Bo! – Luke tentava falar puxando a colherinha da mão da mãe que o fitava com carinho.
- Eu já vou te dar querido. – Stacy acariciava a cabeleira loira do filho dando-lhe na boca o bolo. – Gostoso hum?
- E eu já vou para casa... – Caios levantava-se da mesa da cozinha.
- Já? – A mulher o encarava séria. – Caios, não são nem dez horas, fique mais um pouco, eu ainda vou ter que dar banho no Luke e colocá-lo na cama, você pode fazer companhia ao Nathan...
- É cara, fique mais... – Nathan franzia o cenho.
- Eu tenho que arrumar umas coisas em casa... – O loiro aproximava-se do pequeno Luke dando-lhe um beijo na cabeça e logo beijando a testa da prima. – Cuide bem do meu futuro Capitão da Sonserina!
- Eu te acompanho até em casa! – Nathan sorria para o loiro lançando um olhar significativo a esposa que concordara com a cabeça.

Cinco meses haviam se passado desde que Anne havia saído de casa, tudo acontecera depressa demais e quase Nathan não conseguira digerir tudo aquilo, afinal, por mais que ele soubesse que mais cedo ou mais tarde sua irmã iria deixar Caios, ele não conseguira crer que aquilo realmente havia acontecido.

Caios era um bom amigo, e aparentemente não havia se dado conta do que havia realmente acontecido, mas aos poucos era visível que a fixa do rapaz estava caindo, Nathan conseguia perceber tal fato pela barba que Caios havia deixado de fazer a um mês e por conta das olheiras debaixo de seus olhos esverdeados que não possuía mais o costumeiro brilho. Anne não dava noticias há cinco meses, cinco meses de desaparecimento, cinco meses de desespero.

- É, chegamos. Realmente pular a cerca do jardim é muito perigo para que eu venha sozinho... – Ironizara o rapaz subindo os primeiros degraus da soleira.
- Em tempos como este, qualquer coisa é perigosa... – Rira Nathan o acompanhando.
- O quê? Vai querer entrar na minha casa também? Não é por nada não, mas não tem nenhum assassino psicótico no meu armário!
- Na verdade eu queria entrar para tomar uma cerveja, Stacy usa desculpas de que não cabem na geladeira e faz um bom tempo que eu não sinto um liquido gelado em minha garganta.
- É, eu acho que eu tenho algumas cervejas... – Caios coçava a cabeça destrancando a porta adentrando a casa.

Nathan o acompanhou, fechando a porta logo atrás de si, a casa estava um completo caos, com restos de comida e sujeira por todo o canto, além de uma perfeita desorganização por todos os lados. O moreno suspirou cansado olhando para uma prateleira intacta onde havia várias fotos de Anne e Caios juntos, em todas as fotos ambos sorriam como se jamais pudessem ser tão felizes novamente.

- Sinto muito Nate, estou sem cervejas... - A voz do loiro ecoava atrás de si.
- Como você está?
- Como eu estou? Bem, eu acho.
- Stacy está preocupada... – O moreno virava-se para encarar o amigo. – E eu sinceramente devo confessar que também estou.
- Qual é, não há motivos para se preocuparem! Por que se preocupariam?
- Caios, Anne se foi.
- Nós só tivemos uma briga, ela vai voltar...
- Já faz cinco meses desde essa briga.
- E daí? Ela pode estar...
- Você sabe que ela se foi, você tem que admitir isso de uma vez por todas Caios, olhe para você! Eu nunca te vi sem fazer barba por tanto tempo, olhe ao seu redor! Isso daqui está um chiqueiro!

Os olhos esverdeados deram um brilho sombrio, Caios parecia buscar ar em algum lugar ao qual estava por demais distante, como se todo aquele espaço de sua sala de estar estivesse diminuído por demais de uma hora para a outra. Então ele caminhou em direção a um dos armários da sala retirando de lá um envelope longo e bege o estendendo a Nathan que permanecia parado como uma estatua atrás de si.

- O que é isso?
- Leia.
- Caios, qual é?
- Leia! – Urrou o loiro desabando em um dos sofás. – Eu recebi essa manhã.

O desespero que Caios demonstrara naquele momento só podia dizer que aquela carta não lhe trazia noticias favoráveis. Nathan sentia pena do que o amigo estava se tornando, durante o tempo em que conviveram, Nathan sentia por Caios uma afeição de irmão, e toda dor que seu “irmão” sentia, Nathan também poderia sentir. Abriu o envelope com cuidado retirando de lá um pergaminho dobrado, desdobrou para finalmente ler a caligrafia de sua irmã, ás palavras dela, ela estava marcando um encontro.

- Ela quer que eu a encontre... – Caios dava um sorriso fraco tornando seus olhos distantes. – Mas ela diz aí que não me ama mais e que precisamos nos encontrar para conversar. Nathan, como ela pode não me amar mais?
- Eu não faço idéia...
- Eu devo ter feito algo muito errado para ela não me amar mais... Nós éramos tão felizes juntos, fazíamos tantos planos, o que foi dar de errado Nate?
- Sentimentos mudam Caios, talvez ela...
- Eu não acredito! Ela não pode deixar de me amar de um dia para o outro!
- Mas já se passaram cinco meses...
- O QUE SÃO CINCO MESES NATHAN? Depois de tudo o que eu e ela passamos, O QUE SÃO CINCO MESES? Ela era a minha vida, eu... Eu me sinto sem rumo sem ela...

Sem rumo, era isso o que Anne havia feito com ele, o deixado completamente perdido. Nathan engoliu em seco tocando com pesar o ombro do amigo, se Stacy o deixasse um dia certamente ele se encontraria tão desesperado quanto Caios, ou talvez até pior. Sentiu Caios desvencilhar de sua mão e caminhar em direção a janela, seu olhar estava perdido na paisagem e tudo o que Nathan desejava era que seu amigo voltasse a ser tão feliz o quanto ele era.

- Eu vou me encontrar com ela em uma sala do hotel Donk’s, amanhã à noite.
- Você quer que eu vá com você?
- Realmente você acha que eu preciso de uma babá? – O loiro forçava um sorriso virando-se para o amigo. – Volte para casa Nate, sua mulher e seu filho precisam muito mais de você do que eu.

O moreno soltara um risinho pelo nariz, Caios poderia não estar mais em Hogwarts, mas ainda sim era um sonserino, e sonserinos possuíam seu orgulho. Deu um tapinha no ombro do amigo para logo girar o corpo e abandonar aquela casa, parando apenas no vão da porta para fitá-lo por cima dos ombros, Nathan esperava que Anne não terminasse de destruir Caios, pois ele já estava debilitado por demais.


Londres – Ministério da Magia Inglês



Uma pilha de papéis, era tudo isso que Blake Zabine conseguia ver a sua frente, além de estar a um ano com sua vida sexual reduzida ele também estava cercado por todo tipo de trabalho que uma pessoa poderia conseguir estar. Bufou irritado afastando uma pilha de papéis a derrubando no chão de seu escritório, enquanto sua linda esposa estava caçando bruxos das trevas nas ruas, ele estava entupido de trabalhos de escritório.

- Uau, sua mesa consegue estar mais amarrotada de coisas do que a minha... – Uma voz zombeteira ecoava pelo escritório fazendo o homem sorrir de canto ao ver duas figuras altas adentrarem a sua sala.

Draco parecia ter envelhecido uns dez anos de um ano para o outro, podia-se até notar os cabelos brancos em meio aos seus fios dourados. Carter não ficava muito atrás, havia emagrecido tanto que Blake sentia realmente vontade de mandá-lo para ser mascote da fome zero, além disso, ele havia ganhado bastantes rugas em sua face de homem de quarenta e cinco anos.

- Não acredito que me privaram de ir às caçadas para ficar aqui cuidando de papéis! – Resmungou levantando-se da mesa.
- Você sabe o porquê de termos feito isso... – Carter franzia o cenho.
- Mas é tão injusto!
- Blake você está falando como se tivesse dezessete anos... – Draco rolava os olhos.
- Ah, não enche o saco! Eu só acho um absurdo ficarmos trancados em escritórios enquanto podemos fazer muito mais estando nas ruas!
- Precisamos permanecer no escritório Blake, Amy também não está contente com isso, mas se estivéssemos nas ruas seriamos um estorvo.
- Ashlee está nas ruas.
- Ela é Auror seu idiota! – Draco acertava a cabeça do amigo com um livro. – De todo modo ás coisas andam esquentando, os ataques só andam aumentando e eu sinceramente estou quase escrevendo um livro só de obituários!
- O que você acha Carter? – Blake tornava-se sério. – O Ministério agüenta segurar essa guerra por mais algum tempo?
- Eu diria que por mais dois anos... Mas do jeito que ás coisas andam, se conseguirmos segurar por um ano já é muito.

O trio trocara olhares sério, a situação estava cada vez mais agravante e tudo o que eles conseguiam fazer era tentar diminuir a situação. Blake espreguiçara-se logo recolhendo os papeis do chão, se papeis iriam ou não ajudar na guerra, ele pouco sabia, mas se no momento estava fazendo alguma diferença, então que lhe mandassem mais papeis! Desabou em sua cadeira enquanto Draco caminhava em direção a janela e perdia seu olhar por lá, Carter debruçara na lareira encarando o fogo, havia tanto tempo que eles não ficavam a sós, parecia que estavam de volta a Hogwarts nos tempos da Sonserina, nos tempos em que não existiam filhos e esposas, apenas os três, os três mosqueteiros de Hogwarts.

- O que te atormenta Carter? – Indagou com uma voz solene fazendo até mesmo Draco se virar para o encarar surpreso.
- Caios. – Murmurou o moreno acariciando a testa e desabando em uma poltrona verde. – Ele anda depressivo desde que a esposa foi embora.
- O que ele queria? – Draco fazia uma careta. – Que ela ficasse com ele sabendo que se o tocasse o mataria? Minha opinião sempre foi que a garota Adhara fosse embora!
- Você realmente é a pessoa mais sentimentalista do planeta. – Blake rolava os olhos. – O garoto deve estar sofrendo, o que eu acho bem plausível já que ele é loucamente apaixonado por Anne.
- Será que eu sempre fui o único a ver que há algo estranho com essa menina? – Grunhiu o homem loiro.
- Bem, vamos pensar? – Blake levantava-se da cadeira. – A família dela é amaldiçoada, ela tem como herança genética o sangue de Merlim e assim os seus poderes também, a família dela é das trevas e oh! Como eu poderia me esquecer, ela quase matou Caios e recebeu treinamento para matar e imobilizar bruxos poderosos desde os três anos de idade! Sinceramente, não vejo nada de estranho com ela.
- Blake tem razão Draco. – Carter coçava a cabeça. – A história de Anne é bem parecida com a minha, eu fui para o lado negro uma vez.
- Mas o fez por amor! – Acusou o loiro como se cuspisse ás palavras.
- E quem lhe garante que ela não faz o mesmo? – Carter sussurrara para si voltando a encarar o fogo.

Blake engoliu em seco encarando a reação de Draco com o canto dos olhos, entre os três Draco sempre iria ser o mais cético, viu o amigo soltar um risinho debochado pelo nariz e voltar a encarar a paisagem pela janela, talvez o silêncio fosse a melhor opção para os três naquele momento em que os nervos estavam à flor da pele.


EUA – Las Vegas – Cassino Ceasar’s Palace



Os olhos castanhos estavam fixos em um álbum de fotos, aparentemente para lhe provocar sua mãe enviara-lhe uma coruja rastreadora para lhe entregar um presente de aniversário, presente este que era um imenso álbum de fotografias com fotos da bela menina loira com todos seus amigos e familiares, pessoas que ela havia deixado para trás.

Riu-se ao encarar uma foto sua abraçada a Caios e a Sirius, esta fora tirada quando a menina finalmente aceitara Sirius como namorado e Caios os convenceu a tirar a foto para registrar o momento, ou melhor, registrar a redenção de Danielle O’Brian. Caios... Por Merlim como ela sentia falta de Caios! Sentia falta das conversas, dos carinhos e até mesmo dos desabafos, ás vezes Danielle acreditava que a única pessoa no mundo que conseguia a entender era ele, seu melhor amigo, Caios Trent.

- Pensando em mim? – Uma voz risonha ecoara no quarto.

A loira limpou algumas lágrimas que estavam rolando de seus olhos para colocar o melhor sorriso na face e virar-se para o belo moreno que estava apenas enrolado em uma toalha e com o corpo inteiramente molhado. Sirius estava mais alto, seu rosto havia ganhado aspectos mais maduros e seu olhar continuava o mesmo, o mesmo olhar de trapaceador.

- Quer mesmo que eu lhe responda? – Ela retrucara divertida.

O moreno arqueou a sobrancelha sentando-se na beirada da cama, ás vezes Sirius podia sentir que Danielle andava se afastando, como se não possuíssem mais os mesmos objetivos de vida. Ela o encarava com seus olhos castanhos e os cílios longos, como se estivesse avaliando cada movimento seu.

- O que é isso? – Perguntou sério puxando o álbum. – Hey! Eu estou bonito aqui! Onde conseguiu isso?
- Minha mãe mandou ontem a noite, você estava com os apostadores... – A loira mordia o lábio inferior.
- Deixe-me adivinhar, coruja rastreadora?
- Sim.
- E você matou a coruja?
- Eu tenho cara de quem mata animais indefesos?
- Dandan, você quer que eu lhe agrade ou diga a verdade?
- Argh! Você é impossível! – Ela bufara. – Eu apenas confundi a coruja e a mandei de volta.
- É... Essa também seria uma boa opção... – Sirius colocava a mão no queixo pensativo, logo voltando a atenção para o álbum. – Por que sua mãe te mandaria esse troço?
- Não é um troço! – Danielle puxava o álbum ofendida. – É importante!
- Oh Danielle, me poupe! São apenas papéis!
- São lembranças!
- Prefiro ás lembranças da mente.
- Você não pode menosprezar o que as outras pessoas gostam ou sentem, apenas por não gostar ou sentir o mesmo!
- Wow! Calminha aí, você não está na TPM está? – O moreno erguia ás mãos em rendimento.
- Na verdade, eu estou apenas pasma de que estamos aqui a quase dois anos e você sequer se deu conta de que ontem foi o MEU ANIVERSÁRIO!

Sirius estancou, os olhos de Danielle estavam marejados e sua voz embargada, por que ela não o avisara que o dia anterior havia sido seu aniversário? Ele não era nenhum gênio da lâmpada mágica para descobrir essas coisas. Levantou-se da cama encarando a loira que já estava de pé abraçada com o álbum.

- Dani... Eu... Sinto muito. Olha, que tal sairmos e eu te comprar uma pulseira cheia de diamantes?
- Pulseira com diamantes? – A face da garota tornava-se pasma. – O que você pensa que eu sou? Uma prostituta? Você faz a merda e vem me recompensar com jóias é isso?
- Bem...
- Urgh! Você é um babaca! – Rosnou adentrando o banheiro e batendo a porta com força.

O rapaz respirara fundo, o que havia de errado em uma pulseira? Danielle andava ficando cada dia mais estranha e isso o estava dando enxaquecas. Resmungou alguns palavrões enquanto se enxugava e se vestia, se ela queria ficar ranzinza ela que ficasse sozinha no quarto, ele iria descer e se divertir no cassino, não tinha de aturar uma garota maluca berrando consigo sem motivo algum.

Danielle o escutou saindo do quarto, ele também fizera menção de bater a porta quando saíra. Fitou sua própria imagem no espelho jogando o álbum contra o mesmo o quebrando em mil pedaços, debruçou-se na pia chorando baixinho, Sirius estava virando um completo imbecil! Las Vegas estava o deixando fora do mundo real e Danielle não suportava mais agüentar aquele tipo de coisa.

Desabou no chão encarando um jornal embaixo da pia, sempre guardava os exemplares do Profeta Diário ali, era um modo de Sirius não saber que ela andava antenada com o mundo bruxo. Leu a primeira capa sobre um ataque a uma cidade trouxa, ela queria estar ali cobrindo aquela matéria, ela DEVERIA estar ali. Apanhou o álbum e o jornal os abraçando forte, que tipo de decisão ela teria de tomar para ter sua felicidade de volta?

Austrália – Camberra – Campo de Treinamento Bruxo



Um belo moreno forte de olhos verdes azulados mantinha os olhos pregados em um belo céu coberto de estrelas, estava feliz, conseguia se sentir bem mesmo preste a ingressar em uma das mais violentas batalhas, mas o motivo de sua felicidade era saber que só precisaria permanecer mais um ano ali, apenas mais um ano de treinamento e ele poderia ter uma carreira promissora no Ministério da Magia.

Recebera a carta de admissão a poucas horas, o próprio Ministro da Magia da Inglaterra o escrevera dizendo que havia recebido mil e um elogios de seus Generais e que ficaria satisfeito se Jay se juntasse a sua tropa de elite no ano que se seguiria. Jay respondera na mesma hora que sim, que seria um imenso prazer servir ao Ministro e aos bruxos de bem. Após enviar sua coruja ele se acomodou na varanda da pequena casa que dividia com Kevin e por lá ficou perdido em seus pensamentos, perdido nas estrelas.

- Cara, você nunca dorme? – A voz risonha ressoava alto o fazendo despertar e encarar os imensos olhos azulados de um rapaz loiro.

Kevin estava um pouco mais alto do que em seus tempos de escola, seus cabelos loiros estavam maiores assim como seus músculos, o que andava causando grandes problemas a Lauren que tentava a todo custo não permitir que nenhuma outra residente cuidasse de seu noivo, é... Kevin estava noivo, quem diria que o pirralho dos Marotos ficaria noivo tão cedo.

- Recebi uma carta. – Respondera Jay com um sorriso imenso.
- Você também? – Kevin alargava o sorriso. – Eu estava com a Lauren, em meio a um amasso sabe? E bem, a coruja pousou na minha cabeça! Essas corujas do Ministério deveriam ser mais bem treinadas.
- Você quer dizer que também foi chamado?
- Claro! Eu sou praticamente a surpresa do mundo bruxo! Ninguém acreditava que eu iria sobreviver mais de dois meses no treinamento e hey! Olhe para mim, estou a mais de um ano e estou VIVO!
- É... Você estar vivo realmente é uma surpresa...
- Eles também falaram algo sobre eu não ter matado ninguém por acidente, mas eu relevei.
- Você não ter matado ninguém por acidente realmente é um milagre! – Gargalhara Jay recebendo um soco no ombro dado pelo amigo.
- Hey! Quem você pensa que é para me bater hum? – Jay dava uma chave de braço no pescoço do amigo dando-lhe um cocão na cabeça. – Você ainda é o pirralho Keke, não deveria subestimar os mais velhos!
- Urghh!!! Me solta Jayzito! Isso dói sabia? – O rapaz se desvencilhava fazendo uma careta cômica.
- E então trabalharemos juntos no Ministério...
- Yep! Você vai me aturar para todo o sempre!
- Kevs eu teria que te aturar para todo o sempre da mesma maneira, trabalhando juntos ou não.
- Isso é verdade... – O loiro analisava. – Só de pensar que daqui a um ano eu posso me casar com a Laulau e trabalhar com você me deixa extasiado.
- As coisas realmente mudaram hum? – Jay levantava-se enfiando ás mãos no bolso na calça jeans.

Kevin apenas concordou com a cabeça, ele sabia o que Jay queria dizer, afinal, todos sempre pensaram que Jay e Caios entrariam juntos para qualquer treinamento e iriam se formar juntos e serem vizinhos e seus filhos amigos etc, etc, etc. Mas o destino não permitiu e eles estavam separados. Kevin sabia o quanto Jay sentia falta do melhor amigo e o quanto Caios também deveria estar sentindo e precisando de Jay. Talvez quando eles voltassem para a Inglaterra, mais maduros, as coisas poderiam voltar ao normal.

- Vamos Keke, vamos dormir, amanhã a maratona de treinos recomeça.


Inglaterra – Londres Bruxa


Um belo loiro atravessava as ruas de Londres, em suas mãos um belo buquê de girassóis se ressaltava. O clima na cidade parecia mais frio do que o normal, ou talvez fosse pelo fato de fazer algum tempo que ele não saia de sua casa na pequena cidade de Norfolk para ir em um lugar movimentado.

Seguira o conselho de Nathan e fizera a barba, acabou por tomando um longo banho e colocando uma de suas melhores roupas, aquela era a chance que ele tinha de levar Anne de volta consigo para Norfolk e ele não iria desistir tão facilmente do grande amor de sua vida. Viu o hotel Donk’s de longe e acelerou o passo, aquele era um dos hotéis mais chiques de toda Londres Bruxa, subiu as escadinhas de mármore branco que ligavam ao hall do hotel, os dois porteiros trajados de uniformes vinho lhe cumprimentaram educadamente abrindo-lhe a porta para a bela visão de palácio que era o hall do hotel.

Aproximou-se lentamente da recepção, podia ouvir cochichos conforme passava pelas pessoas, afinal era a primeira vez em tempos que ás pessoas viam o famoso filho do casal Trent na cidade, certamente ele poderia ser a capa do Profeta Diário da manhã seguinte. Riu com o pensamento debruçando-se no balcão e lançando um olhar gentil a bela recepcionista ruiva que ao fita-lo enrubesceu imediatamente.

- Por favor, creio que a Sra.Trent me aguarda. – Falou com uma voz melodiosa.
- Oh! Sim, claro! Você é o marido dela... – A recepcionista se atrapalhava fazendo um pequeno sorriso nascer nos lábios de Caios, pelo menos ele ainda causava algum efeito nas mulheres. – Ela o aguarda no quarto presidencial, comunicarei a sua chegada.

Caios maneou a cabeça afirmativamente caminhando em direção ao elevador, ele sabia que Anne não se surpreenderia tanto com sua beleza como aquela recepcionista, mas ele esperava que pelo menos causasse alguma reação. Adentrou o elevador endireitando o buquê em seus braços, não tardou até que as portas do elevador se abrissem e dessem espaço para uma linda sala de estar com uma mesa central.

Entrou na sala sem cerimônias, o olhar passeando em cada canto dali em busca daquela que sentia tanta falta, até que a viu. Linda... Estava se aproximando vagarosamente como se flutuasse ao invés de andar, os olhos estavam claros, mais claros do que o comum e isso causou-lhe arrepios até a espinha, ela trajava um vestido negro de linho e os cabelos estavam soltos e ondulados, luvas iam até seu cotovelo e botas negras de couro lhe ressaltavam a palidez de sua pele, para Caios ela nunca estivera tão bela.

- Anne... – Balbuciou.
- Como vai Caios... – Ela murmurara ficando frente a ele.
- São para você...
- Obrigada, mas tenho de recusar.
- Por favor, eu fiz o dono da floricultura louco apenas para lhe trazer esses girassóis.

Anne respirara fundo recebendo as flores e as colocando em um móvel qualquer, permaneceu de costas por algum tempo, seu coração ardia e sua boca parecia seca, ele estava mais belo do que nunca e só Morgana seria capaz de saber a falta que ele lhe fazia não só fisicamente como emocionalmente também. Girou o corpo fazendo sinal para que se sentassem na mesa, assuntos sério deveriam ser tratados em uma mesa de negócios.

- Você está linda.
- Obrigada. – Ela sentava-se indicando para que ele sentasse também.
- Eu senti sua falta... – Caios esticava a mão para tocar a mão da esposa que puxara a mão na mesma hora. – Você não vai me machucar...
- Caios, estamos aqui para tratar de negócios.
- Negócios? – O loiro arqueara a sobrancelha. – Eu não acho que eu e você somos algum tipo de negócio!
- Estamos separados há cinco meses.
- Não, não, não! Você sumiu há cinco meses! E eu estou aqui para te levar de volta!
- Sinto muito que tenha lhe causado tanto transtorno, mas infelizmente eu não pretendo voltar a Norfolk com você.
- Fizeram alguma lavagem cerebral em você?
- Eu me encontro perfeitamente sã, Caios eu apenas...
- Não diga ás palavras que eu penso que vai dizer!
- Eu quero a anulação de nosso casamento.
- ANULAÇÃO? VOCÊ FICOU COMPLETAMENTE DOIDA?

A morena levantara-se da mesa fazendo o loiro a imitar, Caios a puxara pela mão a forçando o encarar nos olhos, ela possuía os lábios trêmulos e ele só sabia que ela fazia aquilo quando segurava o choro.

- Anne, o que pensa que está fazendo, estamos juntos nisso... Eu estou com você, eu posso proteger você.
- Seria capaz de se proteger de mim? – Ela desvencilhava-se tornando a se sentar na mesa como se buscasse calma. – Eu quero a anulação Caios.

Caios engolira em seco sentando ao lado da morena, seus olhos verdes estavam sérios ele nunca havia sentido tanto medo de perder Anne quanto naquele exato momento.

- Me diz... Me diz o porque de você querer se separar de mim.
- Eu vou me casar com Apus Vega. – Ela despejara com a voz trêmula, por que sempre ela falhava em omitir seus sentimentos perto dele? Isso era injusto, por que ela sempre tinha que ser transparente para aquele homem? Engoliu em seco ao vê-lo soltar um risinho pelo nariz.
- Você acha mesmo que eu vou deixar isso acontecer? – Ele finalmente falara levantando-se bruscamente da cadeira a derrubando ao chão.

Anne o imitara, ás lágrimas já não estavam mais contidas em seus olhos que estavam ficando cada vez mais claros, ela respirou fundo voltando-se para o loiro com uma fúria mal contida, como ele não poderia perceber que se ficassem juntos ele seria morto? Como ele não poderia ver que o mundo dela não existiria caso ele não estivesse vivo?

- O que você quer de mim?
- Anne, eu não vou permitir você se casar com ele.
- Você não vê o quanto me machuca? – Ela despejara. – Não vê o meu lado, apenas o seu? Eu não posso ficar com você Caios, você não entende!
- Eu sei da maldição, eu sei o que pode acontecer!
- Então se afaste de mim! – Anne gritara empurrando o loiro de leve.
- Fora de cogitação, eu não farei isso! – O loiro segurava firmemente os pulsos da menina a fazendo o encarar nos olhos. – Como eu posso desistir da coisa mais importante da minha vida?
- Eu quero a anulação, meus advogados já prepararam tudo... – Anne tentava se afastar. – Eu irei hoje a Norfolk pegar as minhas coisas...
- Anne, não faça isso.
- Vá embora, por favor... – A morena se afastava e adentrava um dos quartos e fechava a porta.

Caios ficara lá parado observando o nada, como ela poderia simplesmente lhe mandar embora? Ela era a sua vida! Respirou fundo dando ás costas, quem sabe ela indo à noite a Norfolk ela não amolecia vendo o quão eram felizes juntos e lhe dava uma nova chance? Ele tinha de ter esperanças, tinha que ser firme. Respirou fundo saindo do quarto fechando a porta logo atrás.

Anne abrira a porta do quarto olhando a sala, o rosto banhado por lágrimas e a dor no coração que ela não sentia a séculos. Escutou algumas palmas, virou o rosto e viu Apus encostado na janela lhe aplaudindo, virou a face com raiva tornando a entrar no quarto e batendo a porta atrás de si, Apus apenas sorriu e maneou a cabeça negativamente, ás vezes para se encontrar a plenitude deve sofrer no caminho.



Os olhos azuis brilhavam conforme encaravam um arsenal de espadas, espadas poderosas da antiguidade, espadas que poderiam matar em menos de dois segundos. Torceu os lábios em um sorriso de escárnio, ele era o dono de tudo ali, ele era o mais poderoso de todos os bruxos e ele iria reinar como governante supremo.

Tomou uma das espadas nas mãos a analisando com respeito, ninguém nunca fora capaz de lhe vencer, desde criança sempre fora temido até mesmo pelos pais. Maneou a espada nas mãos, a girando e fazendo posições de ataque para finalmente voltar a colocar na parede ao lado das outras. Quem seria capaz de lhe desafiar algum dia?

- Meu senhor... – Uma voz ecoava atrás de si o fazendo se virar com os olhos brilhando em fúria fazendo a pessoa se jogar no chão imediatamente o pedindo perdão.

Desde seus quatro anos de idade que era encarado como Senhor, como Majestade, desde pequeno mandou e desmandou em todos, mas estava começando a ficar cansativo. Sempre os mesmos incompetentes lhe servindo, sempre lhes causando dores de cabeça, precisava de novos e poderosos serventes para logo se livrar de inúteis como aquela que estava ajoelhada a sua frente.

Gaya Adhara estava ali, trajada com vestes deslumbrantes e jóias de família, jóias aquelas que Procyon julgava jamais serem dignas de serem usadas por aquela mulher patética. Passou pela mulher em direção a sua sala do trono, fazendo um pequeno gesto com a mão para que ela o seguisse.

A mulher levantou-se do chão agilmente endireitando o longo vestido roxo e seguindo o mestre para a magnífica sala feita de prata, ouro e bronze. Gaya o temia, sempre o temera desde que o conhecera quando este ainda era um recém nascido, seu falecido marido, Adônis, costumava dizer que Procyon seria a reencarnação do próprio demônio, e olhando para aqueles olhos perigosos, Gaya concordava com o marido.

- Já me causou grandes desgostos nesse ultimo ano... – Procyon declarava sentando-se no trono e encarando a mulher a sua frente que permanecia de pé cabisbaixa. – Primeiro o ataque ao casamento da filha dos Malfoy’s, depois falhou em uma missão de ataque a aldeia trouxa nas proximidades de Yorkshire e para finalizar seu exemplar e triunfal ano, você matou um dos nossos por engano. Gaya, Gaya, Gaya, você realmente me implorou para me livrar de você.

Gaya ficara tensa, os olhos arregalados e sem vida, estava falhando a algum tempo e ela sabia que Procyon não era piedoso com aqueles que falhavam consigo. Engoliu em seco dando um passo para frente, o homem já estava de pé lhe encarando como uma pantera negra de olhos vermelhos prestes a lhe atacar.

- O que eu devo fazer com você? – Ele perguntara perigosamente.
- Meu senhor, perdão! – A mulher caíra de joelhos segurando ás vestes do rapaz e o encarando em piedade. – Eu não falharei mais meu amo, eu serei mais competente, eu juro meu amo, dê-me uma nova chance...

Procyon se afastara um pouco para encarar a face da mulher, ela estava com medo, ela chegava a tremer de tanto medo. Sim, ele era um monstro fadado a causar terror nas pessoas que lhe encarassem de perto, afinal, seus olhos sempre ganhavam a tonalidade rubra quando estava nervoso. Desde pequeno fora assim, até mesmo sua mãe o temera. Soltou uma risada alta e sarcástica, além de estar tendo pensamentos ridículos estava tendo que lhe dar com a mãe de sua futura “Preciosidade”.

- Minha cara Gaya, se eu lhe permitir uma chance e você falhar, o que pensarão de mim?
- Eu jamais falharei mestre! Dessa vez não...
- Você realmente quer uma nova chance? – O moreno voltava a caminhar em direção ao trono sentando-se e descansado o queixo em uma das mãos, os olhos agora voltavam a tonalidade azulada e serena.
- Sim, é o que mais desejo mestre.
- Então lhe darei uma missão, mas você a cumprirá sozinha. – Procyon sorria abertamente. – Eu quero a cabeça de Stacy Adhara, Nathan Adhara e Luke Adhara em minha mesa de jantar de amanhã.

O rosto da mulher empalidecera, Procyon parecia se divertir com isso, Gaya apenas ajoelhara-se e beijara-lhe os pés em gratidão, recuou as botas com nojo encarando com desgosto a mulher a sua frente.

- Sim meu mestre, eu cumprirei, muito obrigada mestre! – A ruiva começava a se retirar ainda cabisbaixa.
- Mais uma coisa Gaya. – A voz de Procyon ecoava divertida. – Quero todas ás jóias de sua família em meu cofre ainda hoje.
- Ás jóias? – A mulher se exaltava.
- Creio que não seja surda... – O homem sorria-lhe de canto. – Agora retire-se, sua presença me causa ânsias.

Gaya deixara a sala tropeçando nos próprios pés, Procyon erguera-se do trono para fitar a própria imagem em um dos espelhos da imensa sala, seus olhos estavam claros, mas ainda assim continuavam perigosos, perigosos e felinos.



A limusine negra atravessava ás ruas do Condado de Norfolk, sentada confortavelmente dentro desta, uma linda mulher de cabelos negros e olhos esverdeados encontrava-se. Seus lábios num tom de vermelho escuro e sua pele de porcelana só intensificava sua beleza, beleza... Como se Anne precisasse dela! Já não bastava ser venenosa e poderosa, ela também tinha de herdar uma beleza desumana, sentia-se enojada, para que serve a beleza se ela só causa dor e sofrimento?

Não dera-se conta quando a limusine parou e surpreendeu-se quando a porta do veiculo fora aberta por um senhor de uniforme, Joseph, seu motorista pessoal. O velho lhe oferecera a mão que fora aceita de bom grado, o vento estava frio e Anne sabia que era por conta de suas emoções, ela conseguia controlar muita coisa quando se estava sentimental por demais, por isso deveria ser fria e calculista, só assim para se controlar.

- É uma bela casa... – Joseph comentara.
- Sim... – Concordou dando alguns passos até a cerca de madeira. – Joseph mantenha o carro a ponto de partida, não tardarei.
- Sim madame! – O velho corria para a direção.

Virou a face para frente o vendo aparecer na soleira da porta, ele estava lá, lindo como sempre trajando apenas uma regata azul e calças folgadas negras, os pés desnudos tocando a madeira e o olhar perdido em sua face. Endireitou o casaco bege e a bolsa negra que usava para atravessar os jardins de maneira imponente.

- Você veio... – Caios finalmente falara ao vê-la subir alguns degraus.
- Vim pegar minhas coisas. – Respondeu seca atravessando a porta da sala sendo seguida pelo rapaz.

A casa estava limpa e arrumada, como se alguém tivesse acabado de arruma-la, além disso havia um cheiro delicioso de comida francesa, Anne prendeu a respiração ao ver a mesa da sala de jantar aposta e com velas vermelhas acesas ao centro e sua comida favorita: Steak au Poivre, uma comida típica francesa que Anne amava desde que era garotinha, mas ela só havia dito isso a Caios uma vez, jamais imaginou que ele se lembrasse.

- Há também vinho tinto de 1876, Coq au Vin e Petit Gateau. – Caios comentava atrás da mulher. – Jante comigo Anne...
- Não posso, Vega me aguarda, jantaremos juntos.
- Vega? Esqueça ele! Seu lugar é comigo em nossa casa! – O loiro despejara virando a garota para o encarar. – Eu amo você.
- Eu só vim lhe entregar uns papéis e pegar minhas coisas...
- Papéis? Que papéis.

Anne afastara-se um pouco do loiro retirando de sua bolsa prada dois rolos de pergaminho os estendendo ao rapaz e logo se dirigindo ao segundo andar, ela ainda pôde ver Caios desabando no sofá da sala enquanto lia cada palavra daqueles documentos.

Seguiu pelo corredor do segundo andar, este estava idêntico a antes, girou a maçaneta dourada da porta branca que ligava a seu antigo quarto o entrando sem cerimônias, o quarto estava arrumado e com o cheiro dele, oh, como o cheiro dele a fazia bambear as pernas. O cheiro avassalador e tentador, sentou-se na cama sentindo a maciez do edredom, edredom que compraram juntos. Virou a face deparando-se com uma foto de seu casamento, a única foto que tiraram, ela estava trajada de negro e Caios a abraçava e beijava em sua bochecha com carinho, apanhou o porta retratos entre os dedos o acariciando e logo retirando a foto e guardando dentro de sua bolsa.

Limpou uma lágrima teimosa que lhe escorrera dos olhos e abrira o armário, todas suas vestes coloridas estavam ali, deu um sorriso triste murmurando um feitiço e fazendo com que todas virassem pó e em seguida. Caminhou em direção ao banheiro onde vários frascos de perfumes seus estavam, recolheu todos os guardando na bolsa e retirando um paninho e despejando um pouco de perfume de Caios neste.

Não havia mais nada seu naquele quarto, caminhou em direção ao segundo andar, Caios estava estático encarando um notebook, os pergaminhos estavam ao lado do aparelho e Caios apenas digitava algumas coisas, Anne respirou fundo esticando a mão coberta pela luva de couro e o tocando no ombro.

- Como você pode alegar para o juiz que não me ama mais, quando todos sabem que é mentira? – Caios sussurrou.
- Nós éramos jovens Caios, eu vi o casamento com você como uma saída da vida que levava com minha mãe.
- E agora você decidiu a ter a mesma vida de antes? – Ele a encarava sobre os ombros.
- Eu não sou como Nathan, eu sou diferente, eu não me contento com uma vida sem luxo.
- Anne, eu sou rico, podemos morar em uma mansão se quiser.
- Poderia me dar jóias antigas todos os dias? – A garota ria sarcástica.
- Vega é perseguido pela policia, ele é mau! Você sabe disso!
- Eu não sou a melhor pessoa do mundo também.
- Você é uma boa pessoa. – Ele a corrigia. – Apenas me responda, eu não te fiz feliz?
- Sinto muito, mas não. – Anne o encarava nos olhos, dizer aquilo era como ser perfurada por milhões de espadas e ter seu coração dilacerado, mas ela precisava fazer aquilo.
- Você seria mais feliz longe de mim? – Caios baixava os olhos.
- Sim, eu teria minha plena felicidade. Você tentou me mudar Caios, eu estava sendo alguém que não sou, roupas coloridas e sorrisos...
- Me perdoe. – Ele murmurara lhe estendendo os pergaminhos. – Espero que possa ser feliz agora.
- Você assinou? – Anne se surpreendia.
- De repente a fixa caiu... – Caios voltava a atenção ao notebook. – Eu sou incapaz de te fazer feliz, na verdade, sou incapaz de fazer qualquer pessoa que amo feliz, mas eu juro que tentei Anne.
- Eu sei que tentou... – A menina sussurrara enfiando os pergaminhos na bolsa.

Caios enterrara a face nas mãos e Anne passou as mãos pelos seus cabelos loiros em um leve carinho, colocando a mão na testa do rapaz ela beijou a própria mão e se afastou, Caios permanecera daquele jeito por algum tempo, erguendo a face quando escutara a porta se fechar. Arregalou os olhos, o que ele estava fazendo? Como ele podia desistir dela assim? Correu para o lado de fora ao ponto de vê-la adentrar na limusine.

- Anne... – Sussurrou. – ANNE!!!

Correra até o carro, mas este fora se afastando, a chuva despencava em sua pele enquanto ele corria atrás da limusine que cada vez ficava mais distante, gritava, mas ela não respondia, ela partia, apenas o abandonava.

- CAIOS! – Escutou a voz de Nathan atrás de si. – Por Merlim, está congelando! Venha, vamos para casa!

Não soube como Nathan o conseguiu levar dali, mas a verdade era que estava completamente arrasado.

Anne chorava dentro da limusine, os olhos perdidos nas paisagens que se passavam, ver Caios correndo atrás do veiculo foi doloroso, mais doloroso ainda fora não poder ir até ele e lhe abraçar e dizer que o amava tanto e que tudo iria ficar bem. Limpou uma das lágrimas logo vendo um lençinho sendo oferecido, Vega estava lá sentado a sua frente com um olhar severo e decidido, apanhou o lenço e limpou ás lágrimas, não deveria chorar, aquela fora a última vez.

- Você está preparada Anne? – A voz do homem era séria.
- Meu destino já foi selado antes mesmo deu nascer Apus.
- Então prepare-se para o treinamento.

Anne maneara a cabeça em afirmação voltando a encarar a paisagem, agora ela não tinha mais volta.

EUA – Las Vegas


Sirius sacudia um bolo de notas de cem dólares nas mãos, podia ver com o canto dos olhos algumas garotas na outra mesa lhe acenarem e se insinuarem, era incrível como que as garotas em Las Vegas conseguiam ser por demais safadas. Afrouxou a gravata batendo a mão na mesa pedindo que lhe dessem mais cartas e sendo prontamente atendido, seu sorriso não poderia ser maior, sua vida era uma festa.

- Sirius... – Uma voz feminina o chamava pelas costas o fazendo se virar e encarar os olhos castanhos e sérios de Danielle. – Precisamos conversar.
- Pessoal, pessoal, pessoal! Quero que conheçam a minha futura esposa, DANIELLE! Aplausos para ela sim? – O moreno sorria batendo palmas para a garota junto de vários velhos na mesa.
- Sirius. – Danielle grunhia. – Precisamos conversar.
- Agora? – O moreno arregalava os olhos. – Mas eu estou jogando, até pedi mais cartas!
- Escute bem Sirius Zabine, eu preciso ter uma conversa com você e eu juro que se não for agora não será nunca mais. – Rosnou a loira se afastando da mesa.

Sirius bufara, Danielle andava sendo insuportável, fizera um gesto para os amigos de mesa e correra atrás da loira que já o esperava dentro do elevador.

- Não precisava de tudo isso sabe? – Resmungou. – Me fazer de idiota na frente dos meus amigos.
- Amigos? – Danielle o fitava pasma. – Você está louco? Eles não são seus amigos! Eles são velhos viciados em jogos e interesseiros! Seus amigos são Caios, Kevin e Jay! Lembra-se deles?
- Você anda sendo tão escandalosa!

Danielle lançara um olhar mortificado ao rapaz saindo do elevador e entrando no imenso quarto que ocupavam juntos, Sirius a seguiu com ás mãos nos bolsos e a face retorcida em fúria, odiava quando Danielle o tratava como se tivesse apenas cinco anos de idade, era ridículo!

- Recebi outra coruja rastreadora. – Danielle falara.
- Quer ir para os braços da mamãe? – Zombava Sirius desabando na cama.
- Stacy foi quem mandou, Caios não está bem.
- Ora mande a mulher dele cuidar dele!
- ELE É NOSSO AMIGO! – Danielle urrara arremessando uma almofada do sofá no rapaz que estava deitado na cama. – EU ESTOU FARTA DO MODO QUE VOCÊ VEM SE COMPORTANDO!
- Eu? Eu ando super bem, você que parece que surtou de uma hora para a outra!
- Sirius, eu quero ser jornalista, eu quero cobrir matérias, eu quero estar nessa guerra e quero estar do lado de Caios!
- Se você quer cometer suicídio cobrindo uma guerra, tenha pelo menos consciência do que está deixando para trás! – O moreno rosnava levantando-se da cama. – Mas se bem que... É o Caios não é? Sempre foi o Caios!
- Do que você está falando?
- Você só surtou porque o Caios não está legal, sabe Danielle acho que você ainda não se tocou que ele não te quis e ficou com a gostosona da Adhara!
- Você se supera em quesito de infantilidade Sirius Zabine!
- Não sou eu que estou indo para a guerra! – Vociferou o moreno. – Você é uma completa egoísta que só sabe pensar em você!

A loira riu, ela havia renunciado ficar ao lado dos pais por ele e agora era assim que era tratada. Bufou caminhando em direção ao armário e retirando uma imensa mala e começando a jogar todas suas roupas e acessórios dentro da mesma. Sirius a encarava de maneira indiferente, apenas dando alguns passos e a segurando pelo braço a forçando o encarar.

- O que foi? Vai embora?
- Você me acha egoísta por querer seguir meu sonho, me chama de maluca por eu não conseguir fingir que não tem nada acontecendo e para completar nunca vê o meu lado! Eu cansei disso Sirius.
- Cansou? Como assim cansou?
- Você passa madrugadas jogando e o dia dormindo, esquece do meu aniversário, dá mole para as mulheres do cassino e simplesmente ignora minhas vontades! Aqui só existe você e você e eu não suporto mais isso!
- ENTÃO VA EMBORA DANIELLE! SE EU TE DESAGRADO TANTO SE MANDA!

O moreno virou ás costas desaparecendo do quarto, Danielle engoliu o choro terminando de fazer ás malas, quando foi que ela e Sirius ficaram tão distantes?

 Augustana - Boston


In the light of the sun, is there anyone? Oh it has begun...
Na luz do sol, Existe alguém? Oh Começou
Oh dear you look so lost...
Oh querida você parece estar tão perdida,
Eyes are red and tears are shed
Os olhos estão vermelhos e as lágrimas estão vertidas,
The world you must've crossed, you said
Este mundo que você deve ter cruzado, você diz...


Danielle fechara a última mala fitando uma fotografia em que ela e Sirius tiraram no primeiro dia que chegaram a Las Vegas, ambos faziam caretas e se mostravam felizes, tão jovens, tão inocentes e felizes. Limpou com agressividade ás lágrimas que rolavam de seus olhos. Dirigindo-se ao telefone e pedindo para que lhe pedissem um táxi e alguém para pegar suas malas. Subiu na cama retirando uma placa do teto onde havia vários bolos de dinheiro, retirou uma gorda quantia afinal agora precisaria se sustentar sozinha.

You don't know me
Você não me conhece,
You don't even care... oh yeah
Você nem se quer se importa... oh yeah
She said, you don't know me
Ela disse, você não me conhece
You don't wear my chains... oh yeah, yeah...
Você não desgasta minhas correntes... oh yeah, yeah



Sirius encontrava-se encostado na porta vitral do hotel, viu um táxi chegando e parando, franziu o cenho ao ver um dos atendentes do hotel carregar ás malas de Danielle até o táxi e as colocar devidamente no porta malas. Ela realmente estava indo embora. Respirou fundo adentrando o hotel, Danielle estava ao lado da recepcionista retirando do cofre suas jóias pessoais.

Essential and appealed...
Essencial e apelado,
Carry all your thoughts
Carregue todos os seus pensamentos
Across and open field...
Através de um campo aberto
When flowers gaze at you...
Quando as flores olharem em você...
They're not the only ones
Elas não são as unicas
Who cry when they see you
Que choram quando te vêem
You said
Você diz.


Os olhos castanhos da loira se cruzaram os olhos cinzentos do moreno, ambos se encararam com mágoa durante um curto tempo, Sirius apenas lhe dera as costas ressentido seguindo em outra direção. Danielle prendera o choro terminando de guardar o resto das jóias em sua bolsa e agradecer a recepcionista que a fitava com um carinho descomunal.


You don't know me
Você não me conhece,
You don't even care... oh yeah
Você nem se quer se importa... oh yeah
She said, you don't know me
Ela disse, você não me conhece
You don't wear my chains... oh yeah, yeah...
Você não desgasta minhas correntes... oh yeah, yeah


Qual era o preço a se pagar para realizar todos seus sonhos? Bem, o preço estava sendo alto naquele momento e Danielle poderia confessar que estava sendo doloroso também, estar deixando Sirius era como estar deixando uma parte sua para trás. Fitou por cima dos ombros não o encontrando, ele não iria se despedir. Entrou dentro do táxi mandando ir para o aeroporto, a cabeça estava metralhada de memórias e sorrisos dele.

She said I think I'll go to Boston
Ela diz eu acho que vou para Boston...
I think I'll start a new life
Eu acho que vou começar uma nova vida,
I think I'll start it over, where no one knows my name
Eu acho que vou começar de novo, onde ninguém sabe meu nome
I'll get out of California, I'm tired of the weather
Eu vou sair da Califórnia, eu estou cansada do tempo,
I think I'll get a lover and fly'em out to Spain
Eu acho que vou conseguir um amor e voar para a Espanha...


Sirius enchia um copo com whisky em seu luxuoso quarto, o céu estava repleto de estrelas, mas naquele momento nenhuma delas ousava brilhar para si. Virou o copo de uma vez na boca, ele não iria atrás de Danielle, ela havia feito sua escolha e ele respeitaria, ele não era do tipo de mendigar amor de ninguém, se Danielle não o queria mais, havia quem o queria! Mas ele sentiria uma falta quase fatal dela, isso ele poderia admitir para si mesmo.

I think I'll go to Boston,
Eu acho que vou para Boston,
I think that I'm just tired
Eu acho que estou apenas cansada,
I think I need a new town, to leave this all behind
Eu acho que eu preciso de uma nova cidade, pra deixar isto tudo pra trás...
I think I need a sunrise, I'm tired of the sunset
Eu acho que preciso de um nascer do sol, Eu estou cansada do pôr do sol,
I hear it's nice in the summer some snow would be nice... oh yeah
Eu ouvi que é agradável no verão, um pouco de neve poderia ser bom... oh yeah


Danielle comprara a passagem no aeroporto, os olhos vagos e determinados, estava cansada, precisava voltar para casa, Sirius não precisava dela, Caios estava precisando e muito pelo que Stacy descreveu na breve carta. Ouviu o numero do vôo ser chamado e caminhou em direção ao portão de embarque, ela esperava que Sirius a perdoasse algum dia.

Boston...where no one knows my name, yeah
Boston, Onde ninguém sabe meu nome, yeah
No one knows my name...
Onde ninguém sabe meu nome...
No one knows my name...yeah
Onde ninguém sabe meu nome... yeah
Boston... no one knows my name
Boston... Onde ninguém sabe meu nome...
Boston... no one knows my name
Boston... Onde ninguém sabe meu nome...


O avião decolara, Sirius encontrava-se na varanda de seu quarto quando vira um avião passar em cima de seu hotel, suspirou e retornou ao quarto, ás vezes a felicidade de Danielle não era ficar ao seu lado, ele só esperava que alguém a pudesse devidamente a fazer plenamente feliz.

~*~


OBS: Vocês já conferiram Segredos II? É um extra dessa fic! Escrito pela fabulosa e genial Dani W.B! Confiram o primeiro “segredo” deste capítulo lá:

* http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=31860


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