Arrependimentos



Arrependimentos


 


Os olhos cerrados, a pele pálida como papel, os lábios com leves cortes rubros e os cabelos negros longos davam aquela linda mulher  certo ar mórbido, quanto tempo  ela estava naquela maca? Ah, sim... Quarenta e oito longas horas... Os médicos trabalhavam arduamente para mantê-la viva, enquanto ela mesma, aparentemente, lutava pela morte.


 


Lauren suspirava vendo o corpo de Anne Adhara, Merlim! Ela não reagia a nada! A nenhuma droga de cirurgia, a nenhum feitiço de cura, nenhuma poção, nenhum remédio... Parecia que ela se entregava a morte a cada segundo que se passava e isso lhe deixava cada vez mais irritada. Anne Adhara havia passado por tudo aquilo para morrer daquela forma? Onde estava a famosa justiça divina?


 


- Concentre-se Sanders! – O médico ao seu lado lhe chamara atenção enquanto mais um tubo era enfiado no pulmão de sua amiga a fim de drenar todo o veneno que Procyon havia depositado com sua adaga.


 


Respirou pesado encarando o vidro atrás de si, estavam todos lá, todos estavam lhe depositando confiança para salvar a vida de Anne, todos estavam ali a quarenta e oito horas aguardando noticias dela, aguardando que ela abrisse os malditos olhos castanhos esverdeados para que uma lista de desculpas fosse ouvida. Certamente o primeiro a se desculpar seria ele...


 


Caios Trent estava com a testa encostada no vidro e o os dedos batendo levemente no mesmo, causando um som um tanto quanto irritante, entretanto o loiro parecia pouco e importar se estava incomodando alguém com seus barulhos repetitivos, seus olhos verdes, com olheira arroxeadas, mantinham-se firmes, aflitos e com pouca esperança.  Necessitava que ela abrisse aqueles olhos, que ela lhe dirigisse pelo menos um olhar de fúria, ele apenas queria tocá-la e lhe implorar pelo seu perdão, por não ter corrido atrás dela, por ter permitido que ela passasse por tantas coisas horríveis. Sentia-se oficialmente um lixo.


 


- Caios... – Aquela voz... Aquela maldita voz... Ele não iria testar sua paciência naquele momento iria?


 


Respirou fundo e girou os olhos ignorando, tinha certeza que alguma mente brilhante iria impedir que aquele ser imbecil prosseguisse com o que quisesse fazer ou falar.


 


- Eu preciso falar com você! – Jay o chamara novamente.


- Agora não James. – Respondeu com pesar e cansaço.


 


Pelo visto ninguém estava muito a fim de impedir que Jay fizesse alguma burrada, ninguém se manifestara para tirá-lo dali. Puxou o máximo de ar para os pulmões para finalmente encarar o rosto ávido do melhor amigo, que possuía os punhos fechados como se isso lhe desse mais coragem para falar o que precisava falar.


 


- Eu a amo! Eu a amo Caios! E... E quando ela sair dessa, porque eu sei que ela vai sair, ela vai ser minha! Eu vou pedi-la em casamento e... E você não vai me impedir desta vez! Ouviu? Eu vou...


 


James jamais terminaria aquela frase, o punho fechado de Caios lhe acertara certeiro na boca o fazendo cambalear para trás, os olhos banhados em fúria e angustia fizeram com que todos ao redor congelassem. Jay estava ao chão, com a boca e o nariz ensangüentados, encarando o melhor amigo com surpresa e terror.


 


- Repete. – Silabou.


- Já chega!  - Gritara Stacy colocando-se no meio de braços abertos.


- Repete se for homem. – Silabou novamente ignorando a prima.


- Calado Potter não ouse responder sua mula! – Emmy se metia ajudando o moreno a se levantar. – Isso aqui é um hospital e não um ring de luta livre!


- Solte-o Gordon! – O loiro alterara a voz afastando Stacy da sua frente. – Deixe que ele fale o que  tem que falar, vamos lá James! REPETE!!!


 


Nathan que até então mantinha-se sentado, ficou de pé caminhando em direção aos dois amigos, Caios franziu a testa dirigindo o olhar ao moreno que esticara as mangas da blusa.


 


- Vamos lá Trent... – Nathan murmurara. – Vamos lá para fora.


- Hã? Ficou louco Nathan? – Stacy exclamara.


- Eu não tenho nada contra você Nathan! – Rosnara Caios. – James e eu temos que resolver esse assunto e pelo visto não dá para adiar mais!


- CALA A BOCA TRENT ! – Urrou Nathan. – Se alguém tem algo para resolver aqui somos nós dois! É A MINHA IRMÃ QUE ESTÁ NESSA MERDA DE CTI! AGORA CALA A BOCA E VAMOS RESOLVER ISSO COMO HOMENS!


 


Caios franziu o cenho seguindo Nathan Adhara pelo corredor sem sequer pronunciar qualquer palavra, Emmy respirara fundo conforme ajudava James a se levantar.


 


- Eles vão... Vão mesmo? – Indagou Jay.


- Só pode ser brincadeira. – Stacy acariciava a têmpora. – Por Morgana, parece que estamos de volta a Hogwarts! Ou melhor, ao tempo das cavernas onde tudo se resolve na pancadaria!


- URUUUUU!!! – Kevin saltava para frente de todos. – Preciso de pipoca, adoro luta livre! Mas sem pipoca não dá... Vem Luke, você hoje vai entender quando eu te falo que as brigas do seu papito com o Caiozito eram realmente divertidas!


- KEVIN MALFOY, NÃO OUSE LEVAR MEU FILHO PARA ASSISTIR ESSA BAIXARIA!!!  - Stacy berrava correndo atrás do irmão e do filho que já estavam bem a frente.


 


Carter suspirou observando os jovens se afastarem em velocidade, assim como grande parte do hospital, aparentemente uma briga entre Nathan Adhara e Caios Trent era quase como a copa de quadribol, ninguém queria perder. O homem levantou-se e caminhou até o vidro ao qual podia observar Anne, os médicos ainda trabalhavam arduamente, mas a menina não se manifestava.


 


- Vamos Adhara... – Sussurrou sentindo seus olhos lacrimejarem. – Se você morrer Caios jamais vai me perdoar, nem eu mesmo vou me perdoar.


- Eu também não me perdoaria. – Uma voz severa ecoava atrás de si.


 


Virou-se com pesar encarando a vasta cabeleira branca e os olhos amedoados daquele senhor de idade, Cold Malfoy mantinha-se de pé com as mãos enfiadas no bolso e uma carranca pouco vista em seu semblante pacifico.


 


- Sr. Malfoy eu...


- Escute Carter... – Cold coçava a cabeça. – Ela é uma boa garota, meio sanguinária, mas ainda assim uma boa garota.


- Eu sei disso...


- Caios tem sorte de amar uma mulher tão forte e se amado pela mesma.


- Sr. Malfoy eu não tenho palavras para...


- Meu neto esta possesso com você, e digamos que eu também estaria no lugar dele, entretanto, você deveria parar de pensar como vai se desculpar com ele e começar a tentar encontrar uma solução para isso! Para essa maldição.


- Não é simples assim! Acha que eu não gastei horas procurando uma solução? Desculpe a franqueza Sr. Malfoy, mas eu...


- Você está preocupado com o mundo Bruxo, o ministério e bla, blá, blá. Diga-me Carter, quando é que essa síndrome de herói barato vai passar e vai dar espaço para você começar a querer salvar o que verdadeiramente importa? Sua família.


 


Um frio passara pela espinha do moreno que voltou a encarar o vidro, Cold Malfoy, pai de sua esposa, apoiara a mão direita em seu ombro e lhe deu alguns tapinhas amigáveis, para então girar os tornozelos e começar a seguir pelo corredor.


 


- Aproposito, apostei com Johnny, cinqüenta galeões que Nathan dará uma surra em Caios, acha que ele ficará chateado?


 


Carter soltou um risinho pelo nariz, maneando a cabeça afirmativamente, aquele homem jamais deixaria de ser um maroto.


 


~*~


 


A rua sempre lhe pareceu reconfortante, principalmente quando se tratava de fugir de perguntas e problemas, odiava ter de encarar pessoas lhe colocando em um pedestal por ter investigado, feito e acontecido. Odiava que o encarassem como heroizinho imbecil, esse papel já tinha dono, era de Caios e James!


 


Observava atentamente as luzes do jardim do hospital, estas que acendiam e apagavam constantemente não estavam tão entediantes quanto os barulhinhos dos grilos. Levou um cigarro a boca procurando o isqueiro no sobretudo marrom para acende-lo, não o encontrando apanhou a varinha acendendo uma chama na ponta da mesma a levando para acender o cigarro, mas quando esta chegava-se próxima demais apagava, repetiu o ato umas três vezes, entretanto a mesma continuava a apagar. Resmungou um palavrão inaudível virando a face para então perceber uma mulher loira de pé atrás de si.


 


Os cabelos curtos e os lábios num tom marrom escuro lhe proporcionava certo tipo de amadurecimento descomunal, a blusa de gola alta marrom e o sobretudo vermelho lhe deixavam ainda mais linda, Merlim... Ela nunca esteve tão linda e irritante quanto naquele exato momento.


 


- Importa-se? – Indagou com ironia apontando para o cigarro.


- Na verdade importo. – A loira declarava sentando-se ao seu lado e retirando o cigarro da boca do rapaz que encarara o chão com pesar.


 


Danielle O’Brian pela primeira vez na vida parecia buscar palavras para aquele momento e Sirius sentia-se de certa forma em êxtase com aquele fato, ela, a jornalista sabe-tudo-e-mais-um-pouco, parecia rendida, sem saber de absolutamente nada, sem saber nem como agir, em uma briga confusa interna entre a razão e a emoção.


 


- Olha Sirius... – Começou engasgando.


- Cale a boca Danielle, por Morgana cale a boca... – Ele declarou cerrando os olhos acinzentados e maneando a cabeça negativamente.


- Eu preciso falar! Você não entende Sirius? Eu pensava que você era um completo sem noção insensível!


- Mas eu sou tudo isso Danielle, eu sou egoísta, infantil, insensível... Eu sou tudo isso e mais um pouco! Por Merlim não faça como os outros, não comece a me colocar num pedestal, porque sinceramente eu não pertenço a ele! Eu sou Sirius Zabine! Um trombadinha que sem querer caiu na grifinória e ninguém sabe como!


- Eu sei como! – A loira manifestou com os olhos marejados. – Você fez tudo àquilo pra me proteger, você protegeu todo mundo e tentou proteger a Adhara! Você é corajoso e zela pelos outros... Sirius eu...


- Se me pedir desculpas agora nós vamos brigar feio O’Brian! – Ele rosnou levantando-se da grama isolando o cigarro.


 


A loira levantou-se em seguida ficando frente a frente com o moreno que tinha os olhos mais lindos que ela já vira, o acinzentado de Sirius possuía um brilho diferente, algo que fazia seu estomago rodar e cair, parecia que sua respiração jamais seria a mesma observando aqueles malditos olhos acinzentados.


 


- Sirius... – Murmurou.


- Você é minha O’Brian... – Ele sussurrou aproximando como uma serpente a hipnotizando. – Você é minha e está com outro cara, e agora vai querer me pedir desculpas por estar com outro cara? Não... Por favor, não faça isso... É doloroso demais...


- Eu... Eu...


- Escute O’Brian... – Ele colara seu corpo ao dela sussurrando em seu ouvido. – No final das contas é comigo com quem você quer voltar para casa, então vamos deixar de ser hipócritas...


- Eu estou com Caios! – Ela afastara-se de brusco o observando tremula.


- Aparentemente você está com ele na teoria. – Sirius sorria de canto cruzando os braços na altura do peito. – Assim como ele está com você na teoria, porque na prática ele está com Anne, ele sempre esteve com ela, ele sempre a amou, assim como você Danielle é minha e é assim que as coisas devem ser.


 


Sirius aproximou-se novamente abaixando o rosto dando um beijo demorado na bochecha da loira que sentira todos os poros de seu corpo reclamarem, um arrepio alastrava-se por sua espinha e uma vontade louca de que aquele homem descesse os lábios para os seus se tornou surreal, teve de se controlar para não enlaçar o pescoço do mesmo e o beijar até que o mundo acabasse.


 


- Quando toda essa merda acabar eu ainda estarei aqui. – Ele declarou então se afastando e retirando um cigarro do bolso o acendendo rapidamente antes que ela não o permitisse fazer. – E você ainda estará aí esperando por mim...


- O que...


- O que eu estou falando? Estou falando O’Brian é que se eu quisesse roubar você de Caios eu roubava, mas eu não sou como Jay que gosta de roubar a mulher dos outros, eu prefiro que a mulher venha até mim.


 


E então ele apartara e a deixara ali, desnorteada, zonza e sozinha, sentiu-se fraca ao desabar na grama fofa, Merlim como ele conseguira a deixar com as pernas assim? Como ele conseguia ter esse efeito surreal a ela? Mordeu o lábio inferior afundando a cabeça entre ás mãos, aquele sempre seria Sirius Zabine, o controlador de toda a situação.


 


Ouviu um barulho estranho, várias pessoas começavam a ocupar os jardins, ergueu-se da grama ainda desnorteada ficando na ponta dos pés, ás pessoas faziam uma roda e aparentemente alguém estava no meio, alguém que...


 


- MAS SÓ PODE SER BRINCADEIRA! – Gritou tropeçando nos próprios pés conforme corria para assistir aquilo que lhe parecia impossível.


 


 


 


Caios estava frente a Nathan, ambos haviam tirado as camisas para assim deixar as mulheres do hospital ainda mais ourissadas, Stacy mantinha o semblante fechado enquanto Kevin recolhia algumas das apostas.


 


- Parem com essa idiotice! – Gritou Stacy.


- Fique fora disso Stacy! – Ordenou Nathan. – Tem muito tempo que eu e Trent temos que acertar algumas contas... Podemos começar pelo fato dele TER  PERMITIDO A MINHA IRMÃ A PASSAR POR TANTA COISA, PELO SIMPLES FATO DELE NÃO SER HOMEM O SUFICIENTE PARA PROTEGÊ-LA!


 


Caios respirou fundo se posicionando, Nathan debochava, andando em círculos fazendo com que o sangue de Caios Trent fervesse a cada momento, com uma vontade imensa de bater  na face de Nathan até que seu braço cansasse.


 


- O que foi Trent? – Nathan lhe dirigia uma olhar superior, típico olhar que ele lhe dirigia em tempos de Hogwarts. – Se esqueceu do que minha irmã enfrentou enquanto você se atracava com a O’Brian?


 


Aquela provocação...  Fora o bastante.


 


 


 


Caios dera alguns passos para frente como um tigre perigoso, seus olhos brilhavam em fúria enquanto Nathan mantinha-se passível lhe desafiando com o olhar.


 


- Não é verdade Trent?  Você se esqueceu de Anne como uma criança se esquece de um brinquedo velho.


- CALA A BOCA NATHAN!!!


 


O punho de Caios Trent parara na face de Nathan, que girara o corpo tempo o suficiente para acertar o estomago do loiro, Caios se contorcera mas logo dirigira mais alguns socos e chutes, Nathan revidara com velocidade, defendendo com o braço direito o chute de Caios, chutando o joelho do loiro que caira ao chão e lhe dera uma rasteira.


 


Nathan erguera-se num pulo assim como Caios, as pessoas se afastavam conforme ambos brigavam insandecidamente, Caios girou o punho no ar acertando a face de Nathan que dera um típico sorriso torto para então socar o peito de Caios o empurrando para trás com uma força incrível.


 


Caios batera com força as costas na arvore, o bastante para pegar impulso e voltar-se com fúria contra Nathan, o moreno desviara de alguns golpes, despejando alguns em Caios, o loiro possuía sangue na sobrancelha e nos lábios, enquanto Nathan possuía apenas um leve arranhão na bochecha.


 


- É assim que você vai brigar na guerra Trent? É assim que pretende defender alguém? FRACO! VOCÊ ESTÁ FRACO!


- CALE A BOCA ADHARA, CALE A BOCA!!!


- TENHA CONCENTRAÇÃO SEU IMBECIL! – Urrara Nathan se defendendo com facilidade de mais um golpe de Caios.


O loiro estremecera, Nathan se mexia rápido demais, nunca havia visto tanta destreza nos movimentos do amigo, ele se mexia como uma pantera, mal conseguia enchergar quando o Nathan se mexia.


 


- CONCENTRAÇÃO!!!


 


O corpo de Nathan se movimentara ficando atrás de Caios o paralizando conforme o loiro se debatia tentando se soltar, Nathan o prendia ainda mais com um mata leão, a face de Caios fora aderindo uma coloração avermelhada, Nathan ignorava os berros atrás de si, queria apenas que Caios entendesse...


 


Caios cerrara os olhos e então numa força tremenda se soltou do mata leão, girando numa velocidade quase tão descomunal quanto a de Nathan, chutou o joelho do mesmo fazendo as pernas do moreno falharem e Nathan cair ao chão, girando rápido o corpo para não levar um chute de Caios. E então Caios o ergueu segurando pelo seu pescoço e o encarando nos olhos com fúria.


 


Nathan se soltara com facilidade e lhe dirigira um soco na face, soco que Caios poderia ter defendido, mas não o fez, manteve-se imóvel a todo momento. Então Nathan sorrira, respirara fundo e se afastara.


 


- NATHAN! – Gritara Stacy.


- Já chega... Ele já entendeu.


- Hã? Entendeu? – Indagara a mulher pasma.


 


Caios respirara fundo erguendo a cabeça e caminhando em direção ao amigo.


 


- Obrigado Nathan.


- Sempre que precisar... – Nathan lhe dirigia um sorriso torto.


 


Kevin carregava Luke em seu colo vibrando com o que havia visto, ás pessoas se afastavam aos poucos conforme Nathan e Caios seguiam lado a lado para dentro do hospital. Danielle sorrira aliviada assistindo a cena, Nathan fora o único a ter sensibilidade de perceber que tudo o que Caios precisava naquele momento era extravasar de alguma forma, e Nathan havia conseguido tal fato,  de uma maneira insana, mas mesmo assim havia conseguido.


 


 


Os olhos abriram-se lentamente o verde esmeralda cintilava meio a noite sombria, a mulher erguera-se do chão sacudindo a poeira em suas vestes negras, passeara os dedos sobre os cabelos tentando desembaraçá-los em vão. Onde estava? Não fazia idéia. Havia alguns mendigos na rua, encolhidos no canto conforme ela passava, aquela sensação lhe dava um arrepio na espinha como se ali fosse o pior lugar do mundo.


 


A ultima coisa que se lembrava era dos olhos amarelos de Procyon e da dor da lâmina em seu corpo, talvez ela estivesse morta e ali fosse o inferno. Que decepção, esperava que o inferno fosse um pouco mais terrível, aquele local ali era praticamente uma colônia de férias.  Suspirou cansada sentando-se em um canto mal iluminado, apoiando a cabeça sobre os joelhos, talvez assim fosse melhor, longe de tudo e de todos.


 


- Que situação patética. – Uma voz conhecida ecoara.


 


Anne erguera os olhos mal podendo crer na visão a sua frente, ele estava ali, uma cicatriz mantinha-se em seu pescoço onde uma espada havia passado a um tempo atrás. Engoliu em seco, ver Apus Vega depois de ter decapitado sua cabeça chegava a lhe dar náuseas.


 


- Apus... – Murmurou.


 


Ele lhe dera um sorriso torto lhe erguendo a mão, Anne a tomou com pressa logo se livrando da mesma para dar ao homem o mais forte dos abraços, só Merlim sabia a falta que ele havia feito naquele tempo todo.


 


- Não acredito que permitiu Procyon te matar. – Resmungou o homem a afastando levemente. – Ou melhor, quase te matar.


- Ás vezes morrer não é tão cruel...  -  A morena baixava os olhos. – Aqui é o inferno?


- Inferno? – Apus gargalhara alto. – Você acha que o inferno seria tão pacifico assim? Poupe-me Anne... Não creio que ainda é tão inocente...


- Digamos que é a primeira vez que eu morro... – Ela rira sem graça.


- Morre? Oras não seja tola! Ainda não morreu!


- Então como é que eu estou aqui vendo você que por sinal está morto? Eu não sou tão imbecil quanto pensa Vega!


 


Apus lhe dera algumas palmadinhas na costas para então sentar-se me um latão de lixo e a encarar divertido, Anne girara os olhos sentando ao lado do homem que a puxara com um braço para um abraço firme.


 


- Aqui Anne, aqui é o purgatório, onde sua alma aguarda o julgamento, onde você vai pagar seus pecados...  – O homem dera um suspiro triste. – Você está aqui porque está desistindo de lutar, está abandonando a vida para ir para o vale dos mortos.


- Talvez seja melhor assim...


- Melhor assim? – Apus franzia o cenho.  – Depois de tudo que você passou, de tudo o que precisou fazer, você ainda não deseja seu lugar ao Sol? Por Morgana...


- Talvez meu lugar ao Sol seja apenas quieta, morta... Eu estou cansada Apus.


- Você tem aliados agora! Todos descobriram a verdade...


- E isso só me trouxe mais problemas! Você não viu? Luke... Ele... Se algo tivesse acontecido com ele eu jamais me perdoaria!


- As coisas acontecem Anne por um motivo, uma razão, não cabe você a querer dominar o destino.


- O meu destino já foi selado muito antes deu nascer.


- Seu destino é lutar, essa guerra é sobre você também!


- Eu sei... – As lagrimas grossas rolaram dos olhos da morena. – Mas olha isso tudo, quantas pessoas vão sofrer, morrer por causa dessa guerra! Eu estou cansada disso Apus, farta para te dizer a verdade... Se eu voltar eu...


- Você vai sofrer, vai se machucar, vai machucar os outros, mas... No final tudo dá certo, você precisa se agarrar pelo menos a alguma coisa boa, o que acha que aquele imbecil do Trent vai sentir se você morrer? Ele não vai ajudar em nada na guerra! Vai entrar em crise existencial e vai deixar aquele palerma do Potter liderar as tropas, aiiii sim, vai fuder tudo! Você tem que estar lá, você tem que ajudá-los a comandar esse espetáculo.


 


A morena lançou um olhar de agradecimento ao homem que lhe afagou os cabelos e lhe depositou um beijo na testa.


 


- Eu não posso fazer essa escolha por você, ninguém pode... Mas se você escolher voltar, basta desejar com todas as forças isso...


- Aonde você vai?


- Voltar para o meu lugar ao Sol... – Riu o homem. – Digamos que o sol lá é bem quente...


 


Apus saltara da lata de lixo caminhando pela nevoa para então desaparecer em seguida, os olhos de Anne brilhavam como esmeraldas o que a tornava ainda mais diabólica, respirou fundo cerrando os orbes, teria de pensar se deveria ou não retornar para aquele local, deveria pesar os prós e os contras um de cada vez.


 


 


Nathan desabara no banco duro do corredor, acariciou o pescoço algumas vezes até enterrar a face dentre as mãos, sentia-se um completo inútil, lá estava sua irmã semi-morta e ele ali, sem poder fazer absolutamente nada, quão imbecil isso parecia? Na visão dele, parecia muito.


 


- Obrigado... – Caios murmurou apoiando a testa no vidro do CTI. – Foi melhor sair na mão com você do que com Jay...


- Digamos que se você e Jay tivessem saído na mão não seria lá muito reconfortante de ver... – Riu-se Nathan. – Além do mais, tinha muito tempo que você não levava uma surra minha...


- Surra? Quem que levou surra aqui? 


 


O moreno riu-se levantando-se do banco e se colocando ao lado do amigo, apoiou com cuidado a mão no ombro de Caios, respirando fundo como se criasse coragem para falar o que tinha que ser dito.


 


- Olha Caios... – Começou vacilante.  – A vida muitas vezes dá algumas voltas, coisas acontecem e nós não temos a capacidade de encontrar a razão para isso acontecer, quando estávamos no sétimo ano em Hogwarts, eu jamais diria que um dia iria lutar ao seu lado ou que casaria com Stacy e teria Luke... Muito menos que minha mãe iria se suicidar...


- Nathan. – Cortara o loiro sério. – Eu sei que você quer dizer que talvez não seja para mim e Anne...


- Você sabe que é impossível você ficar com ela. – Nathan despejara. – Um dos dois vai sair morto nessa história, até que se encontre uma cura para a maldição da minha família.


- Mas eu quero tentar...


- Antes de querer ter algo com Anne, você deve ser cavalheiro com Danielle...


 


A cor sumira da face do loiro, Danielle... Merlim! Ele havia se esquecido dela! Como poderia? As coisas tinham acontecido tão rapidamente que ele nem se dera conta que ainda tinha um compromisso um tanto sério com a mulher. Bateu na testa, naquele momento ele sim poderia ser chamado de burro e não Jay.


 


Um apito ecoara na CTI atraindo a atenção dos dois jovens, os aparelhos ligados a Anne ecoavam um barulho agudo e insuportável o que levou uma bela correria de médicos e enfermeiros no corredor, vários entravam nas salas e faziam massagens no corpo da morena como se aquilo de alguma forma fosse traze-la a vida. Com o passar dos minutos o barulho diminuiu até sumir, Caios soltou um suspiro aliviado encarando o semblante de desespero de Nathan, só de sonhar que Anne poderia morrer ali bem na frente deles era quase como arrancar-lhes o coração do peito.


 


- Caios, Nathan... – Uma voz doce os chamava.


 


Lauren estava ali, trajada toda de branco, com um típico sorriso puro nos lábios, a ex-corvinal era certamente a mulher mais inteligente que eles conheciam e com toda certeza a que eles mais confiavam em salvar Anne.


 


- Como ela está? – Indagou Nathan aflito.


- É melhor conversarmos no consultório da sua avó Caios, creio que Melanie não se importará de ceder a nós um pouco de privacidade.


 


Ambos trocaram olhares significativos conforme seguiam Lauren pelos corredores, Nathan estalava os dedos como se todo o nervosismo pudesse sumir apenas com tal gesto, os olhos de Lauren possuíam um foco diferente, assim como seu semblante sério demais. Viraram no corredor e entraram em um consultório confortável, a escrivaninha de metal dava um contraste com o ambiente clean, levando a todos a respirar fundo  e se sentarem de uma vez só.


 


- Eu não sei ser enrolada, e sinceramente eu acho que vocês me odiariam se eu o fizesse. – A morena suspirara. – Anne está fora de risco de vida, por enquanto...


- Por enquanto?  - Indagou Nathan.


- Por alguma razão o corpo dela parece estar em duvida se vive ou não, é uma coisa bem estranha se querem saber a minha opinião própria... Aparentemente ela parece não ter vontade nenhuma de viver.


- Como ela pode não ter vontade de viver? – Desabafara Caios.


- Olha Caios... Não é por nada não, mas no lugar dela eu também não teria... – Lauren mordia o lábio inferior. – Pensem na vida dela como está! O que ela passou... Merlim... É muita coisa para o psicológico de uma pessoa.


- O que devemos fazer para ajudar? – Nathan murmurara.


- Bem, o veneno atingiu o coração dela, ou seja, ela sempre vai ter problemas cardiovasculares... Ela não pode ter nenhuma emoção muito forte por agora... Mas creio que quando ela despertar, daqui a vinte horas alguém deva estar com ela sabe? E... Bem... Acho que nem você e nem Caios deveriam estar perto dela neste momento.


- Hã? Como assim eu não posso estar perto dela? – O loiro levantava-se afoito. – Você tem noção do que está falando Lauren?


- Sim eu tenho noção do que estou falando. Anne está em recuperação Caios, o corpo dela é guiado pela mente, e a mente dela quer que ela morra! Para completar o problema no coração dela... Se ela acordar e deparar com um de vocês dois ela pode não agüentar! Estou lidando com Anne como minha paciente Caios e se eu tiver que proibir sua entrada no CTI até ela ter condições, eu irei fazer isso!


 


Caios bufara indignado, andara pela sala de um lado para o outro enquanto Nathan mantinha-se sério encarando os orbes verdes de Lauren que não piscara nenhum segundo sequer. O moreno ergueu-se da cadeira e caminhou lentamente até a janela encarando o luar durante alguns segundos.


 


- Acho que vocês devem entrar em um consenso em colocar uma pessoa para estar com ela quando ela acordar... Alguém que também a ame, assim como vocês...


- Eu não acredito que vou dizer isso... – Caios resmungara. – Coloque Jay com ela.


- Jay?  - Lauren e Nathan exclamavam em uníssono.


- É um único imbecil além de mim e Nathan que a ama incondicionalmente, é o único que vai dar segurança a ela... E  espero que aquele retardado não crie nenhum tipo de emoção forte!


 


Nathan dera um meio sorriso maneando a cabeça negativamente,  Lauren riu-se conforme murmurara um “Vou cuidar de tudo” e os deixava sozinhos mais uma vez. O moreno caminhou até o amigo apoiando a mão no ombro do mesmo com compreensão.


 


- Acho que temos vinte horas para você ser cavalheiro com Danielle e para arrumarmos um lugar seguro para tirar Anne daqui o mais rápido possível, algo me diz que Procyon não vai ficar satisfeito ao saber que ela está viva.


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (3)

  • Lanaa Ashlee Potter

    Kiki... Cada capitulo voce me supreende. A briguinha do Caio e do Nathan fpoi completamente emocinante. Ah estava com saudade do Cold,, ele faz tanta falta ..E o Luke... vai ser pirado que nem o tio? UHSUIA'AAAAAh o Sirius, ele é divino. Sempre supreendente. Espero que ele e a Danielle fiquem juntos. Mas o Jay e o Caios brigarem de novo é completamente sem noção. O Jay não entende que a a Anne sempre o viu como amigo? Ele deveria ficar com a Emmy. Eles mudaram tanto desde a epoca de Hogwarts. Talvez menos o Kevyn, o Cold o Blake. Ah sou mt fã dos ONM's . Sempre estou relendo as historias. São perfeitas. Beijos e continue escrrever.  

    2011-07-14
  • Eris

    Oii Kiki!! Que surpresa boa um novo cap, nossa por onde começo? A Anne não querer viver não é surpresa, acho q no lugar dela tbm não sei se iria querer já q msm se ela acordar as perspectivas não são boas, um encontro com Apus ta seguindo uma linha cada vez que a Anne quase morre elaz encontra alguem q morreu pra protegê-la ou ajudá-la.  Um coisa que me intriga eh daonde o Jay tira essa esperança pra continuar amando a  Anne desse jeito, já que ela nunca o corresponde com um sentimento além de amizade o.o E a cena Nathan Caios foi definitivamente pra falar e o Nate eh um maroto de fato, já que relamente os entende. Sirius sendo sempre surpreendente ao respeitar as decições da Daniele apesar de saber q provavelmente ela o quer ( afinal eles moraram juntos por bastante tempo, ) è bom quando aparecem os personagens das outras temporadas, e ver como os dessa amadureceram O.o fora de Hogwarts e com mais uma guerra eminente( esses bruxos parecem não gostar de ter paz kkk e o Keke qro mais cenas dele !! saudades delas Esperando ansiosamente o proximo cap bjus2

    2011-07-12
  • BunnyPo

    UAU. Simplesmente UAU.Sério, mesmo.Por favor, só, por favor continue essa história o mais rápido possível.Não fiquei surpresa pelo fato do Nathan ter ajudado do Cacazitinho a estravasar. em ONM5 o Caca fez a mesma coisa com o Nate-Nate. Foi algo profundo. Como só dois verdadeiros amigo saberiam fazer. Assim como em ONM5 o Caios sabia o que fazer para extravasar a raiva do Nate. Agora em ONM6 o Nate soube o que fazer para extravasar a raiva do Caios. Ai essa amizade deles é de fazer qualquer um chorar.E o SIRIUUUSSSSS. MEU DIVOOO.Nossa! Perfeito. Como sempre: Um confiado que está certo.Amei.E o Keke... Ai, ai... Está treinando o Luke para ser uma espécie de "Cold-Blake-Keke" ou seja, mais um personagem super engraçado e meio retardado... Estou sendo modesta. O Keke é MUITO retardado, e isso é o que eu mais gosto nele (e no Blake e no Cold tmb). Parabéns Kitai.Continue assim.Bjus de uma fã

    2011-07-02
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.