Cinco Palavras



- Eu preciso sair daqui – disse Hermione em tom meio infantil – não agüento mais ficar deitada.


- Pensassem nisso antes de se enfiarem em uma floresta e quase serem mortos – disse Rony - agora fica quieta ai. – Gina e Harry nem se metiam naquela briga, apenas ficaram ali para não pensarem que eles estavam fazendo ‘outras coisas’ e para passar um tempo com Hermione que não queria passar mais nenhum minuto deitada, apesar de toda dolorida a garota tentou levantar três vezes.


- Quando você vai sair daqui? – perguntou Gina por fim


- Espero que logo, não quero passar o natal aqui. – disse ela jogando a cabeça no travesseiro. – a enfermeira entrou quando a garota tinha acabado de dizer aquilo.


- E não vai, sua recuperação está sendo impressionante, acho daqui a pouco mesmo estará pronta para deixar a Ala hospitalar.


- Que ótimo – ela exclamou.


- Quanto as suas malas eu recomendaria pedir a ajuda de alguém para arrumar, por que você pode estar melhor, mas é melhor não fazer força nesses 3 dias.


- Pode deixar, eu faço suas malas Mione – disse Gina automaticamente – eu fiz as minhas ontem, vou ter tempo livre agora – Hermione sorriu


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Os meninos ficaram na Ala hospitalar até Madame Pomfrey dizer que precisava fazer uma nova troca da bandagem das costas de Hermione que já havia recuperado o braço quebrado e de todos os cortes completamente, e só precisaria tomar uma dose de um tônico antes de dormir para acabar com as dores do braço, Gina já tinha subido para arrumar as malas da amiga, os garotos deixaram o local meio sem assunto, alias, todos os assuntos se voltavam para perguntas que nenhum deles poderia responder: Como será o natal com Draco Malfoy na casa dos Weasley?. Pode parecer bobagem, mas isso deixava Rony mais confuso do que quando pensava no momento que teria de falar com Hermione, por que afinal, ele meio que tecnicamente ele tinha acabado o namoro (tecnicamente porque ninguém sabia se era válido terminar algo com alguém que está inconsciente) e ele tinha julgado mal a garota quando o único garoto a visitar Hermione tinha sido Malfoy.


Harry deixou Rony terminando de arrumar sua mala e desceu para o SC, ficou sentado ali observando o movimento de pessoas que entravam e saiam, alguns abraços apertados e depois e simplesmente se virou para a janela, para não ter de ver algumas despedidas muito entusiasmadas, lembrou de Draco e Lillyth, dos dois conversando na porta da Ala hospitalar e depois saírem, ele não tinha visto nenhum dos dois desde àquela hora, o moreno foi trazido de volta a realidade com alguém cutucando seu ombro.


- Você não devia está arrumando a mala? – Gina se sentou ao seu lado com um meio sorriso.


- Já terminei, achei que estivesse fazendo as de Hermione.


- Também já terminei, ela é muito organizada, não tinha lá muita coisa pra arrumar... – silêncio – mas diz aê porque você está aqui sozinho? – ela perguntou ele suspirou antes de responder.


- Nada, não tem nada para fazer


- Hum... – Novo silêncio, na verdade os dois tinham muito a dizer, pois, apesar de passarem os últimos dias juntos eles realmente não tinham feito nada, nem dito anda um ao outro, eles sabiam que teria de ter aquela conversa, mas nenhum sabia como começar, até que tentaram dizer algo... ao mesmo tempo coisas do tipo:


“Hey eu... Sabe aquilo... Na verdade eu... Preciso te dizer... Fiquei feliz... Foi bom... Agora você já sabe... pode ser besteira, mas...”


Harry se calou e olhou para Gina que disse por fim.


- Eu... Eu gosto de você – disse Gina pausadamente. Ela sabia que tinha de começar e terminar aquilo ali e de preferência agora e rápido, como puxar tirar band-aid rápido em um único puxão, para evitar que a ferida sangrasse mais que o necessário – realmente gosto. Olha eu fui completamente idiota durante esses meses – disse ela evitando de olhar para Harry que ouvia tudo em silêncio e parado – desculpe por todo o ódio que eu senti, eu perdi a razão... você.... você nem sabe as coisas absurdas que eu cheguei a pensar – a garota finalmente se forçou a olhar para Harry – era algo tão forte, e cada vez que eu imaginava você com Lilly, que eu imaginava você com outra garota parecia que a morta que estava na minha frente, como se fosse a única saída – ela soluçou mas controlou o choro, passou alguns minutos calada até que continuou – Harry eu realmente achei que poderia te matar, fui tão egoísta – de repente o choro que ela tanto evitava voltou e marejou seus olhos – Tão egoísta, tão invejosa quando você deu tanta atenção a outra garota, eu queria morrer, mas aquele ódio não deixava eu fazer isso é te deixar aqui vivo e feliz, ai como fui estúpida.


Gina não conseguiu, mas impedir que lágrimas corressem pelo seu rosto silenciosamente, ela encarou o tapete, por um momento esperando alguma resposta de Harry, resposta que não veio. Até que Gina decidiu que tinha feito o certo, desabafar para Harry era o melhor que poderia ter feito, Hermione a aconselharia a isso, dizer a verdade, por mais que ela doa, por mais que no final não seja como nossas expectativas eram, a verdade era melhor que a mentira, era melhor que alimentar sentimentos ruins, a culpa não poderia mais atormentá-la, não existiria mais ódio porque os dois vivam uma amizade transparente, e a dor... Bom a dor seria a lembrança de tudo que tinham passado a lembrança que pelo menos no fim ela tinha feito a coisa certa, “a primeira coisa certa em meses” pensou a ruiva ironicamente, ela suspirou e olhou rapidamente para Harry que parecia encarar o mesmo ponto no tapete que ela, ele parecia trabalhar nervosamente para absorver o que Gina dito, a garota achou que não agüentaria mais ficar ao lado de Harry, imaginando então como seria o natal na mesma casa abarrotada de gente, não teria como fugir dele, não aquilo não era uma questão de fuga, mas de amenizar as ‘lembranças’ nem que seja um pouco, era uma maneira de lembrar que ela tinha toda uma vida para viver, algumas pessoas dependiam dela, e se aquilo estava terminando assim é porque ela se iludiu ela viu o jardim mais verde e foi atrás, não sabendo que o jardim mais verde é sempre do vizinho, e quando nossas flores começam a secar lembramos de cuidar do nosso jardim, e se cuidarmos bem ele pode ficar tão verde quando o que almejamos, ela esperava conseguir ressuscitar todas as flores que tinha matado.


Ela ainda olhava para o chão enquanto silenciosas lágrimas desciam lentamente e pensando que tinha acabado realmente, ele não tinha nada a dizer, ela não conseguiria dizer mais nada sem abrir o berreiro, e antes que ela pudesse se levantar ela sentiu dedos encontrarem seu rosto e limpar o rastro úmido que seu choro deixava, ela se virou para Harry é deparou com ele olhando seriamente pare ela, tão sério que seu estomago despencou, ela até começou a achar melhor que ele não dissesse nada, por eu agora ela sentia que ele ia dizer algo é ela não estava com nenhuma vontade de ouvir.




- Gina... eu sou péssimo para fazer isso, mas... por favor pare de chorar – ele disse com uma voz neutra, a garota se controlou por um momento colocando as mãos no rosto, ok ela tinah de ouvir, mas por que olhar para ele? – agora... me desculpe, eu fui um idiota, nada disso teria acontecido se eu não fosse um covarde – Sem entender nada Gina conseguiu deter as lágrimas, mas ainda não queria olhar para Harry ela sabia de cor todo o discurso sentimental e cuidadoso que Harry iria fazer, usando a maneira mais delicada para ela não chorar, pois bem ela não queria chorar. Com os dedos firmes ele tentou fazer Gina olhar para ele, mas ela relutou até que ele decidiu por passar o braço pela costa de Gina e abraçá-la, ela a puxou para si fazendo ela ter de levantar a cabeça, então ela desistiu e fez o que ele queria ela olhou para Harry, ele ainda estava sério, mas algo divertido passava pelo seu rosto, ela sentia ele querer sorrir por alguma coisa, quando ele fixou os olhos verdes nela “É injusto ele me olhar assim!”. – Eu fui um covarde, por ter deixando você esperando todo esse tempo, você sempre esteve ao meu lado e eu adiei, foi uma grande burrice minha deixar alguma dúvida em você –


“É, foi burrice dele me deixar acreditar que a gente tinha algum futuro!”


- Mas não vou deixar isso nem mais um minuto. Gina o que você fez durante esse tempo eu devia ter visto que era por que você estava sentindo algo, e eu também, só que eu fui tolo, eu não entendi, eu não entendia o quanto... Quanto eu te amava, quanto eu te amo, você sempre conseguiu ser direta, eu sempre fugi desse momento, eu fui covarde demais para falar pra você que te amava – Gina não acreditava no que Harry dizia parecia que o mundo a sua volta estava dando voltas, mas ao mesmo tempo cada palavra de Harry colava um pedacinho do coração de Gina. Ainda encarando ela ele disse por fim.


- Eu também te amo viu? – o rosto da ruiva se iluminou e seu estomago dançou um tango enquanto se beijavam lentamente, o tempo poderia ter parado para eles.


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Hermione ficou feliz por poder finalmente levantar daquela cama, aquela maciez começava a incomodar quando se passava muito tempo deitada. Assim que terminou de trocar as bandagens madame Pomfrey deu mil e dois conselhos para Hermione, sem peso, sem correria, sem desgastes, e boas noites de sono (mas depois de tanto tempo dormindo a garota achou aquilo um absurdo), depois foi realmente liberada, a castanha sorriu e olhou pro criado mudo ao lado dela, ela não tinha reparado, mas o livro amarelo estava ali, debaixo de um pequeno vaso de narcisos. Ela pegou ele discretamente e saiu dali.


Foi caminhando apertando o livro com os dedos frios e de repente ela soube perfeitamente para onde deveria ir. Mudou o curso para a biblioteca que estava aberta mas não tinha ninguém ali. Madame Pince ficou receosa de deixar a garota ficar sozinha na biblioteca, mas Hermione a convenceu de que nada aconteceria, ela não subiria nenhuma escada. Caminhou diretamente para o fim das estantes e mirou a parede de pedra sólida, ela baixou os olhos para o livro em suas mãos e abriu, o poema estava ali incompleto, e assim que ela tentou livrar a segunda pagina, o livro se fechou e uma pesada porta aberta se materializou, a garota entrou ali sem medo do escuro, sem medo quando a porta se fechou, e sem medo de tentar abrir o livro novamente ele se abriu com facilidade em uma página qualquer, Hermione nem prestou atenção, apenas esperou até ver uma mulher de pele morena e cabelos curtos incrivelmente ondulados, olhos cor de mel que olhavam Hermione com um olhar bondoso, da última vez que Hermione a tinha visto ela estava descalça, mas desta vez estava calçada, uma sapatilha branca de princesa que tinha pequenas pedrinhas que Hermione suspeitava ser cristal.


- Estava esperando por você – disse ela docemente, depois ela seguiu para abraçar Hermione, foi muito estranho como pode concluir Hermione, foi um abraço frio, quase como se o vento tivesse se apertado contra ela, mas ao mesmo tempo parecia ser um abraço tão sólido, a garota achou que aquilo a faria sentir todas as feridas da costa, mas não sentiu dor alguma. A mulher se soltou de Hermione e olhou para ela – você conseguiu.


- Meus amigos e eu conseguimos... – Hermione se soltou de vez do abraço daquela mulher, e depois olhou para o diário – acho que eu vim te dar isso, ninguém vai mais precisar.


- Claro que não – a mulher estendeu as mãos para pegar o livro, Hermione não deixou, ela encarou a mulher novamente, dessa vez ela percebeu que momento algum ficou afetada, cansada ou anda que tinha sentido da última vez.


- Porque não estou sentido nada desta vez?


- Por que você quebrou a linha do ritual, me livrou disso e daqui – ela disse olhando para a sala imaculadamente branca em que estavam.


- Você não está mais presa aqui?


- Não. Poderia sair se quisesse – disse ela dando de ombros – mas, quase 150 anos aqui, estou com medo de sair, esperava ver você mais uma vez para deixar esse lugar para sempre, tenho de seguir em frente não? Existe algo além da morte, claro que existe, e um dia vamos descobrir o que, parece que hoje é o meu dia – ela não olhava mais para Hermione, apenas para o livro. Posso lhe fazer uma pergunta?


- Só se você responder uma minha primeiro – disse Hermione estrategicamente, da última vez uma pergunta da garota havia ficado sem resposta. A mulher sorriu e a castanha encarou aquilo com um sim.


- Qual seu nome? – perguntou ela rapidamente.


A mulher encarou Hermione e hesitou por um minuto antes de suspirar


- Vai responder minha pergunta certo?- perguntou a mulher em tom de incerteza.


- Assim que responder a minha – disse ela acenando com a cabeça e apertando o livro entre os dedos.


- Depois de tudo você precisa mesmo saber não? É Leticce.


- Leticce? Leticce Jane Varwe? – você que era a mediadora do primeiro ritual? – a mulher ou Leticce suspirou


- A camponesa que obteve poderes depois de perder quatro amigos em uma noite misteriosa, e sua tia-avó em algumas dezenas de graus.


- Quer dizer que você, antes, era trouxa? Como eu? Somos da mesma família? E de você que partiram todos meus poderes?


- Apenas uma pergunta era o trato, agora foram mais 4 – Hermione por um minuto achou que Leticce não responderia as outras perguntas, mas a mulher deu uns passos e começou a falar. – Sim eu nasci trouxa é meus poderes só apareceram na noite em que Regina, Wallace, Thomas e Alice morreram, todos me culparam é por isso fiquei presa aqui, sem poder passar até que algum descendente da minha família interrompesse a linha do ritual, como você a rompeu parece que somos familiares e fico feliz de que você saiba aproveitar tão bem esses poderes, por mais que eles tragam tantos riscos.


Hermione ficou calada, agora era a vez de Leticce perguntar e ela entendeu que era seu momento.


- Minha única pergunta e saber se você leu o poema depois de tudo. – Hermione fez uma cara confusa, ela continuou – bem acho que não, Hermione, eu quero que você leia o poema novamente, assim que você terminar, eu terei partido, deixe o livro na sala e assim que você sair da sala ela desaparecerá, sem lembranças do que se passou entendeu? – a castanha fez que sim e abriu o livro na primeira página e começou a ler, meio sem jeito porque o poema era incompleto.


No mundo da magia


Descobrimos que não se precisa de uma varinha


Para a verdadeira mágica acontecer


Mas fique atento


Assim como uma moeda


Ela também tem suas duas faces


E geralmente nós encaramos com a pior dela


Como um dado viciado


Para cair do lado errado


Só é preciso ouvir quatro relatos


Quando o destino decide brincar


E preciso saber controlá-lo


Amor, Medo, Raiva e Inocência


Por que andam sempre juntas?


Como saber reconhecê-las


Aconselho a descobrir rápido


A chave para a saída é olhar para dentro de si e ver que


Por mais que raiva nós domine


Por mais que o medo fale mais alto


Por mais que a inocência pareça ser a resposta para nossos atos


É o amor que...


A garota parou da última vez que tinha lido aquilo, ele terminava ali, desta vez havia mais cinco palavras.


Faz-nos tomar as escolhas certas.


Leticce desapareceu, o livro foi deixado sobre a mesa é a porta de ferro se fechou pela última vez.

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