2000 páginas



Capítulo 3 –2000 páginas- Lily Evans

Eu sentava com os meus amigos na grama, perto do lago. Era uma sexta feira, e como já tínhamos tido as ultimas aulas, resolvemos curtir o começo do final de semana.

A nossa primeira semana de aula tinha sido normal. Aulas, aulas e mais aulas. Lição, lição e mais lição. Estávamos felizes de que era final de semana.

Uma coisa inacreditável aconteceu essa semana. James estava legal comigo. Ele não era mais aquele garoto chato, mas sim um mais legal, educado, simpático. Esse sim foi o James que eu encontrei nas férias.

Ao meu lado, Lene olhava para o lago, paralisada. Parecia uma mania. Ela fazia a mesma coisa quando comia, a não ser quando conversava com as pessoas. Eu achava isso muito estranho antes, mas depois de ver que a Lene fazia isso toda hora, me acostumei.

Dorcas e Emmeline conversavam baixinho, mas nem tão baixinho. Eu conseguia ouvir praticamente tudo, e elas ainda estavam sentadas ao lado da Lene.

Do meu outro lado, James conversava sobre esportes com Remus e Sirius. Olhei para ele, e não conseguia mais parar de olhar. Ele realmente era lindo. Esse é um fato totalmente inegável. Nenhum dos outros meninos se comparavam a ele, mas Sirius era bonitinho, e Remus também.

Ouvi risadas altas e conhecidas. Flá e Manô chegaram.

“Oi gente.” Falaram elas em uníssono.

“Oi.” Todos respondemos juntos.

Elas se sentaram ao lado de Dorcas. Começaram a conversar com a gente.

“E aí, como foram de férias?”

“Fomos bem...” Eu respondi, e acho que fui a única.

Elas pararam de falar, o que foi um ato incomum na vida das duas. Elas viviam falando e rindo, principalmente a Manô. Ficamos lá conversando por um bom tempo, numa boa, aproveitando a tarde.

Quando me dei conta, já era um pouco tarde, e eu tinha que tomar banho para jantar depois. Avisei todos que eu ia sair, e logo fui seguida pelas meninas e pouco depois pelos meninos também.

Chegando no dormitório, como sempre, dei uma olhada no quadro de avisos. Havia um aviso novo, que dizia: “Alunos do sétimo ano lerão o livro ‘Aprendendo Bruxaria’ de 2000 páginas para semana que vem. Favor pegar os livros na sala do diretor de suas casas.”

Eu até leria em uma situação comum, mas acho que o fato de eu estar apaixonada por James Potter me deixa desconcentrada. Eu não sabia o que fazer, porque algum jeito de ler o livro eu tinha que arrumar.

Tomei meu banho, me troquei e fui para o jantar, junto com as meninas e com os meninos. Sempre íamos juntos.

“Quem vai comigo depois do jantar na sala do Dumbledore?” Eu falei.
“Eu vou.” Respondeu James, seguido por Sirius, Remus, Pete, Lene, Dorcas e Emmeline.

Até lá eu tinha que bolar uma resposta, por Dumbie sabia que eu era boa aluna e que faria uma tarefa dessas sem qualquer problema. E eu não podia chegar na sala dele e dizer: “Dumbie, eu não vou conseguir ler o livro, dá mais tempo pra gente. É que eu to apaixonada pelo James, o que e desconcentra da escola.”

Sem contar outro motivo. Todos os meus amigos estariam na sala, e se soubessem por algum acaso, a teoria de qualquer um estaria confirmada.

Fiquei fora da conversa dos outros, ainda pensando em uma boa justificativa para o Dumbie.

Demorei muito para conseguir achar finalmente uma resposta para dar. Eu, Lene, Dorcas e Emmeline acabávamos a sobremesa, enquanto James, Remus, Pete e Sirius tinham colocado os muffins de baunilha com gotas de chocolate em seus pratos a pouco tempo.

Era simples. Eu diria que estava trabalhando em um livro, o que me toma praticamente todo o tempo livre, o que me impede de ler 2000 páginas em uma semana. Eu até leria o livro, mas em duas semanas no mínimo.

Todos levantamos da mesa e fomos em direção a sala de Dumbledore. A águia girou e subimos a escada numa fila indiana, afinal a escada era bem estreita.

Algo que me lembrei enquanto subia era que eu era provavelmente a única com uma desculpa. Só eu me livraria, enquanto todos eles teriam que ler.

[...]

“Dumbledore, temos uma pequena reclamação a fazer.” Remus falou, com ar importante, embora parecesse só um idiota tentando ser formal pelo jeito que falou.

Lene e eu seguramos os risos. Era falta de educação rir na sala do diretor, e mesmo ele sendo bom do jeito que era, seria muito mal-educado.

“Digam.” Dumbledore respondeu.

“Teremos que ler um livro de 2000 páginas para semana que vem. Não dá para alongar um pouco o prazo?” Sirius perguntou.

“Acho que sim. Sabem quem mandou que lessem o livro? Eu nem sabia da tal história. Vocês tem permissão para ler até a semana que vem.” Dumbie disse, e de fato todos nós ficamos tranqüilizados.

Ele permitiu que fôssemos embora, e descemos as escadas. Chegando lá embaixo, esperamos a águia se fechar e todos saímos pulando pelo corredor. Foi a coisa mais divertida que eu já fiz na escola.

Chegamos na sala comunal da Grifinória e lá ficamos por um bom tempo, só conversando. Amanhã era sábado, então não tínhamos hora para acordar mesmo.

Começamos a contar piadas, e embora muitas delas fossem sem graça, todo mundo MORRIA DE RIR. Eu deveria estar vermelha nas bochechas, de tanto rir (sempre acontecia comigo). Naquele tempo em que ficamos lá, todos rindo juntos, curtindo a vida, eu tinha esquecido totalmente de uma coisa. Eu gostava do James. Mesmo que eu me esquecesse por um tempo, eu ainda lembrava depois.

Ultimamente ele realmente tinha mudado, o que me impressionou. Não estou mentindo, porque ano passado James era muito, MUITO chato. Eu tenho quase certeza de que ele sabe que eu gosto dele. Se ele realmente souber eu não sei como ele descobriu, não mesmo.

Eu tinha mesmo que conversar com ele, mas eu tinha vergonha. Lene então, depois de eu ter explicado para ela, resolveu conversar com ele. Ela me disse que não seria nada sobre mim, mas eu desconfiava.

Dorcas e Emmeline foram se deitar. Eu segui elas, morrendo de sono. Foi nessa hora que Lene aproveitou para conversar com James e eu consegui dar uma espiada.

[...]

“Lene, o que você conversou com o James ontem a noite? Era de mim?”

“Não, relaxa, era de outro assunto.”

Eu continuava desconfiando de alguma coisa, mas por outro lado, Lene era minha melhor amiga, o que me fazia confiar nela.

Ainda não tínhamos aula, mas combinamos de pegar os livros que íamos ler depois do café da manhã. Como sempre, tomamos café todos juntos e seguimos para a sala da professora Shurbrook, a diretora da Grifinória.



Ela entregou os livros para todos nós, e nem comentamos o fato de termos uma semana a mais para ler. Shurbrook obviamente nem desconfiou. Tudo bem, qualquer coisa a gente pedia uma carta de autorização do Dumbledore.

Depois de guardar os livros nos dormitórios fizemos a mesma coisa que fazíamos todo final de semana em Hogwarts. Se sentar perto do lago, aproveitando o dia quente do final do verão.

Domingo também não foi um dia muito diferente, tirando que Dorcas agora estava ficando com Remus. Nada de mais, eu tinha praticamente toda a certeza de que eles acabariam juntos algum dia.

[...]

Segunda feira. Aulas. A primeira era de História da Magia, muito chata. Eu sentava ao lado da Manô, pois Grifinória e Corvinal sempre tinham aulas de História da Magia juntas as segundas feiras.

Minha vontade era sentar ao lado da Lene ou da Emmeline, pois eram as únicas que sabiam do meu segredo.

Eu ia mandar um bilhete para Lene, perguntando se ela tinha mesmo falado sobre mim com o James. Escrevi em um pequeno pedaço de pergaminho a pergunta, para ver o que ela respondia.

Não fiquei surpresa ao ver a resposta. “Não.” Foi só o que ela respondeu. Eu tinha que confiar nela, afinal ela era minha melhor amiga. Eu sempre confiei, e porque agora eu estava desconfiando.

Tentando prestar atenção na aula e no professor Mr. D (era como a gente chamava ele, de Mr. Dumb, enquanto o nome verdadeiro dele era Mr. Dean, ele nem se tocava, pois as iniciais eram as mesmas) eu não conseguia parar de olhar para James, que sentava do meu lado direito. Ele era totalmente perfeito. Bem mais do que aquele Nick que eu encontrei no trem.

Desligada, a ficha caiu de que eu estava na escola quando um bilhete caiu na minha mesa. Peguei, abri e li. Não demorou para que eu reconhecesse a letra.

“Depois da aula eu preciso falar com você.”

“Ta bom, eu te espero.”

Eu não fazia a mínima idéia do que Lene queria falar comigo. Será alguma coisa do gênero “Eu também gosto do James ou Emmeline é minha melhor amiga agora.”?

[...]

“O que você queria me falar Lene?”

“Que eu falei de você ontem sim com o James, mas não queria que você soubesse pra não ficar brava comigo.”

“Lene, você devia ter me falado a verdade no bilhete.”

Saí andando, nervosa. Era exatamente por isso que eu tinha começado a desconfiar dela. Minha vontade mesmo era não falar com ela por alguns dias. Ela mentiu para mim PORRA!

Nunca pensei que Lene faria isso. Ainda bem que tínhamos o segundo período livre, para fazer qualquer coisa, que não quebre as regras, é claro.

Primeiro pensei em sentar na grama e ler um bom livro, pois estava sol. Assim me distrairia de tudo no mundo, só pensaria em Anne Frank, que eu estou lendo. Depois pensei em ler também, só que na sala comunal.

Qualquer coisa, desde que me distraísse da vida real.

Peguei meu livro no meu dormitório e fui até lá fora. Achei um lugar perfeito. Estendi minha toalha e deitei. Comecei a ler o livro.

Enquanto eu lia eu pensava. Será que minha vida era mesmo tão ruim quanto eu achava? Talvez não, porque eu tinha uma casa, uma família, amigos, NÃO VIVO NUMA ÉPOCA DE GUERRA, como Anne Frank.

Quando deu o tempo do segundo período, saí correndo em direção ao dormitório para guardar as minhas coisas e pegar meu material escolar.







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