Trato das Criaturas Mágicas

Trato das Criaturas Mágicas



Enquanto estava em Hogwarts, a disciplina de Trato das Criaturas Mágicas nunca havia chamado a atenção de Hermione. Sabia que aquela matéria deixava Harry feliz porque deixava Hagrid feliz. E apesar de Hermione saber que Hagrid não era lá muito inteligente, nem muito sensato ou discreto, o meio-gigante era excelente guarda-caça e ainda melhor como professor da tão polêmica disciplina.


Mais interessada em Defesa de Arte das Trevas, Runas Antigas e Transformação, Hermione pouco prestara atenção nas aulas de Hagrid, mas lembrava-se da aula em que o grandalhão levou uma acromântula bebê para fazer uma pequena demonstração da anatomia. Era coisa esdrúxula e gozada, mas a anatomia de uma acromântula era quase igual a de uma aranha normal. Sabia que o duto de veneno ficava perto da presa (ou quelícera, para os estudiosos, como Hagrid explicara) na parte dianteira da aranha, o cefalotórax. Sabia que o pulmão ficava na parte interna do exoesqueleto, próximo ao chão e que o coração, a parte mais sensível da aranha, ficava na parte traseira da aranha, exatamente no abdome.


Era estranho rever toda aquela aula dada por Hagrid agora que aguardava a morte. Entretanto, enquanto observava a presa da aranha sepulcral aproximar-se de seu corpo, fazia todas as anotações mentais como se houvesse alguma esperança de sair daquela situação.


Se tivesse lembrado disso antes, teria apontado seu feitiço ao abdome da aranha, ao invés de apontar para a cabeça, a parte mais resistente.  Em sua mente, criou naquele segundo, uma pequena alucinação em que se libertava da paralisia e atacava subitamente a aranha, matando-a instantaneamente.  


Era engraçado como o ser humana gosta de se enganar, de imaginar que ainda resta uma última esperança. Havia tanta coisa que gostaria de fazer e gostaria muito de poder abraçar seus filhos uma última vez. Virou o rosto com a dificuldade interposta pelo veneno paralisante e naquele milésimo de segundo em que esperava para ser finalmente dilacerada pela aranha, divisou o casulo de Malfoy e, apesar de todo o seu corpo estar coberto de uma espessa teia, Hermione pode ver um de seus olhos azuis olhando fixamente  para ela. Ela piscou, pois surgiram lágrimas em seus olhos. E ele também piscou como se tivesse entendido o que ela queria dizer.


“Eu te amo”, Hermione movimento os lábios para pronunciar essas palavras. Nenhum som se ouviu de sua boca, mas o olho de Malfoy encheu-se também de lágrima.


Hermione sentiu uma dor lancinante em seu ombro, onde a rainha fincou a presa, mas , para a sua surpresa, a acromântula sepulcral retirou-a no instante seguinte.


- MALDIÇÃO!! – disse a rainha com aquela voz horripilante. – Tirem o capuz dessa infeliz... há algo nele que me desagrada... – ordenou a rainha a outras duas aranhas.


Elas se aproximaram de Hermione e tentavam a todo custo tentar remover o capuz, mas algo acontecia. Elas puxavam o capuz e ele retornava a sua pele, como se fosse elástico.


Era mais do que um capuz para disfarçar odores, como Malfoy dissera, aquele era um capuz encantado para protege-la e com ele, a rainha não ousaria beber de seu sangue.


- PAREM, IDIOTAS! – ordenou a rainha às acromântulas menores – NÃO VAI ADIANTAR. DEIXEM-NA QUE SAIA DA PARALISIA. ENTÃO, ELA MESMA TIRARÁ ESSE MALDITO CAPUZ... OU VOU SUGAR ESSE CASULO PARA O QUAL ELA TANTO OLHA.


Hermione sentiu seu coração pulsão, pois viu quando os quarenta olhos da rainha sepulcral apontaram para o casulo de Malfoy...


“Não... Draco não”, pensou Hermione, incapaz de mexer os próprios lábios. Seus olhos se arregalaram. Preferiria morrer a vê-lo esvair-se de vida...

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Comentários (2)

  • Jess Mesquita

    A um bom tempo comecei a ler essa fanfic e pensei qeu tu tinha a abandonado. Fiquei muito feliz quando vi a continuação. Como tu para numa hora dessa??? aguardo anciosa o próximo capitulo =)

    2012-11-12
  • Landa MS

    Cade o resto? Não deu nem pra sentir o gostinho da emoção espalhar pelo corpo. Fiquei quereno muito mais. 

    2012-11-12
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